postado em 31/03/2016 06:00 / atualizado em 31/03/2016 06:41
Ex-líder dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que, ao lado vice-presidente da República, Michel Temer, foi um dos principais articuladores do desembarque da legenda, diz que a gestão petista está caindo de podre. Em entrevista ao Correio, evitou ao máximo falar de um eventual governo Temer, mas, nas entrelinhas, deixou evidente que os principais atores políticos do partido já começam a configurar a composição política de um novo mandato. “Eu acho que, se o Temer assumir, teremos mais condições de reconstruir uma base política com outro eixo, que não é o eixo do PT, e fazer uma mudança de rumo para o Brasil, mudança que o PMDB tem condições para fazer”. Perguntado sobre a participação do PSDB e até do PT, Jucá repete o mantra de que “Temer tem que governar com os melhores”.
Assim como outros caciques da legenda, o peemedebista teve o nome envolvido na Operação Lava-Jato. Questionado se um governo Temer também teria a agenda paralisada pela Lava-Jato, o peemedebista diz que não há previsão, mas que é melhor apostar em um novo cenário. Demonstrando certo desconforto, o senador afirma que não se pode usar a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já virou réu em processo sobre o esquema de corrupção na Petrobras, para deslegitimar o processo de impeachment. “O PMDB não é Eduardo Cunha”. O senador ressalta que Temer, mesmo tendo assinado créditos suplementares no exercício da Presidência da República, não pode ser responsabilizado pelas pedaladas fiscais. “Vocês me desculpem, mas o Michel Temer não responde por isso”.
Por que o PMDB saiu do governo?
Assim como outros caciques da legenda, o peemedebista teve o nome envolvido na Operação Lava-Jato. Questionado se um governo Temer também teria a agenda paralisada pela Lava-Jato, o peemedebista diz que não há previsão, mas que é melhor apostar em um novo cenário. Demonstrando certo desconforto, o senador afirma que não se pode usar a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que já virou réu em processo sobre o esquema de corrupção na Petrobras, para deslegitimar o processo de impeachment. “O PMDB não é Eduardo Cunha”. O senador ressalta que Temer, mesmo tendo assinado créditos suplementares no exercício da Presidência da República, não pode ser responsabilizado pelas pedaladas fiscais. “Vocês me desculpem, mas o Michel Temer não responde por isso”.
Por que o PMDB saiu do governo?
O quadro da economia é de extrema gravidade, o Brasil deve ter um ponto de inflexão, caso contrário teremos um quadro de insolvência de alguns setores. Em janeiro, não tivemos um deficit de R$ 10 bilhões porque entraram
R$ 11 bilhões da arrecadação do ano passado. Em fevereiro, o deficit do governo foi de R$ 25 bilhões, voltamos à era pré-Real. A taxa de juros do cheque especial hoje é maior do que na época anterior ao Plano Real, de 450% em média. Então são dados que, agregados ao desemprego, à paralisação da economia e à venda de imoveis, à inadimplência, os cinco maiores bancos do Brasil provisionaram R$ 150 bilhões — isso de provisão de inadimplência. Temos uma situação onde podemos ter um governo quebrado, os estados não estão pagando, e essa é uma linha que tem que mudar.
O problema é só econômico?
Eu não entro em questões pessoais com a Dilma, fui líder da Dilma durante um ano e já havia sido líder do Lula também; não tenho nada contra a Dilma, mas a questão é a seguinte: um país como o Brasil funciona calcado em algumas bases, que são a segurança jurídica, credibilidade do governo e expectativa. Hoje, o governo não tem segurança jurídica, não fornece credibilidade. Os últimos anos foram intervencionistas na economia e, por conta de tudo isso, o governo não consegue dar um cenário para a economia, então não se tem uma previsibilidade. Toda vez que um agente econômico tende a não prever, ele tende a ser mais conservador do que deveria ser.
Qual a parcela de culpa do PMDB nesse quadro?
Primeiro, no governo do presidente Lula ajudamos bastante e ocupamos alguns ministérios setoriais. Eu era líder do governo, sempre disse as coisas que eu achei que deveria. O Brasil virou um player mundial, calcado em expectativas positivas. No governo da presidente Dilma, o PMDB continuou em ministérios setoriais, mas a política econômica recrudesceu, ela virou uma política econômica ideológica, passou a discutir tabelamento de lucro, a discutir regulação do mercado, de preços, ela passou a fazer coisas que foram corroendo o sistema de credibilidade. O PMDB não tem nenhuma inferência na política econômica do governo. O Michel (Temer) nunca foi ouvido para nada, fez-se apenas uma tentativa de colocar o Michel na coordenação política. Com alguns meses se retirou isso, terminou em conflito. Então, se você disser que o PMDB tem responsabilidade no governo, tem. Em 2014 o PMDB disputou a chapa? Disputou, mas quero lembrar que, em 2014, 40% dos votos foram contrários à coligação, quase metade do partido já estava rachado. De lá para cá, a situação piorou, o isolamento do Michel foi maior e a visão do governo se fechou nela mesma. E me permitam lembrar o seguinte: no começo do governo da Dilma, a política era de escantear o PMDB e construir um novo Brasil que era a área do Lula querendo criar um centrão calcado em Cid Gomes, que era do Pros, e do Kassab, do PSD.
Sair agora não pode parecer oportunismo?
De forma nenhuma. Pelo seguinte: desde 2014, no dia em que Eduardo Campos morreu, eu anunciei o meu apoio ao Aécio. Se você pegar a minha entrevista, você vai ver que eu falo que a economia está equivocada, que o governo era intervencionista e eu não apoiaria. Fui até o Michel e disse: “Michel, meu amigo, eu não vou votar em você. Se eu votar em você, estou votando na Dilma, essa política econômica não está dando certo e o país vai quebrar”.
Neste momento há uma perspectiva de poder real do PMDB, e vocês desembarcam justamente nesse momento…
Mas porque o quadro foi se agravando.
Por que agora?
Vamos desconstruir aqui o discurso do PT. Eles dizem: vocês têm responsabilidade porque vocês estavam juntos. Se estivéssemos no mesmo avião, o PT era o piloto e nós eramos os comissários de bordo. A gente apenas dizia: apertem os cintos, aqui está seu saquinho para vomitar e, se acontecer alguma coisa, é para enganar os passageiros, então pilotos nós não fomos. Segundo, o PMDB não está saindo só agora, nós não estamos ungindo um golpe, isso está errado. O PMDB está se posicionando de acordo com a cobrança da sociedade. Não foi o PMDB quem colocou 1,4 milhão de pessoas na Avenida Paulista, nenhum partido faria isso. Não foi o PMDB que pegou os empresários e fez com que eles pagassem anúncios clamando o impeachment, como fizeram ontem com aquelas páginas amarelas. Então veja bem, os partidos políticos representam a sociedade, se manifestam da forma como está se manifestando. Se os partidos não se reorientarem para interpretar o desejo dessa sociedade, nós não estaríamos representando essa sociedade.
Muitas das pessoas que estão na rua levam cartazes contra a corrupção. E muitos dos atores do PMDB estão envolvidos na Lava-Jato...
Espera aí, ninguém está envolvido, as pessoas foram citadas. Eu repito um mantra que é fundamental para as pessoas entenderem isso: estamos em uma democracia, todo mundo é igual. Então qualquer um, em uma democracia, pode ser investigado. Do presidente da República ao menor funcionário, se houver alguma dúvida, tem que se prestar conta disso. Não há nenhum demérito em ser investigado, eu fui. Falaram três coisas ao meu respeito, uma delas é que eu estava em um almoço e o Paulo Roberto chegou. Eu não tenho nenhuma relação com o Paulo Roberto, zero. Segundo, que a UTC fez uma doação para a campanha do meu filho, o Ricardo fez a doação, eu tenho o recibo e, junto com o recibo, eu peço uma declaração de que o dinheiro é legítimo, é regular, que não tem nada de errado, eu agreguei isso na declaração, por cuidado meu. O que eu quero dizer é o seguinte, ser mencionado não é o problema, agora o demérito não é ser investigado, é ser condenado, na hora das condenações, os condenados caem fora. Você não pode dizer que o Brasil vai parar e que o centro do país vai ser a Lava-Jato, a operação é muito importante…
A Lava-Jato não atrapalhou o governo Dilma então?
Atrapalhou, claro.
E por que não vai atrapalhar o futuro governo do PMDB?
Não vai atrapalhar o futuro governo do PMDB.
Qual é a diferença?
Porque nós temos uma operação que foi detectada pelo tesoureiro do PT e pelo partido operando o governo, você não tem isso no PMDB. Nos temos alguns nomes citados que estão sendo investigados, a Lava-Jato tem investigações em CPF e em CNPJ, o CNPJ do PT está na Lava-Jato, o do PMDB não está, são algumas pessoas do PMDB que estão sendo investigadas.
Não parece reducionismo o senhor falar em algo pontual quando tem um vice-presidente da República citado…
Citado, não acusado. Não tem acusações contra o Michel.
Mas o senhor, por exemplo, o senhor aparece em três momentos da Lava-Jato, na lista do Janot, onde o Paulo Roberto fala que o senhor é um dos beneficiados…
Ele não diz que eu sou um dos beneficiados, ele diz que foi lá pedir um apoio…
O senhor é citado na Delação do Delcídio…
Dizendo o quê? Que ele me considera um cara preparado, que eu conheço bem o sistema financeiro e que o grupo do PMDB indicou bem. Eu não indiquei ninguém, eu sou oposição ao governo. Agora se o delírio do Delcídio vai paralisar o país é vocês quem vão escolher.
Qual a sua opinião em relação ao impeachment da presidente, o senhor é a favor?
Hoje, eu sou a favor do impedimento.
Por quê?
Porque hoje ela perdeu todas as condições de governabilidade e de conduzir o país. A credibilidade, o risco financeiro, o risco social, as pedaladas fiscais, juntando tudo isso…
Há quem defenda que, nas pedaladas, o Michel Temer também estaria envolvido.
Olha, assinando um decreto (de crédito suplementar). Você já tem jurisprudência sobre isso. Vocês me desculpem, mas o Michel Temer não responde por isso.
Então ele não poderia ser questionado sobre isso em um eventual governo?
Não poderia.
Qual a diferença?
Quem determina as operações é a cadeia de comando, o Michel não está na cadeia de comando. A cadeia de comanda era a Fazenda, a Secretaria do Tesouro e a Dilma. A questão é a seguinte, não se tira um governo por um fato indeterminado, não se tirou o Collor por causa do Fiat Elba. O governo apodrece e cai, o governo está caindo por culpa dele, não é o PMDB nem o PSDB que está tirando.
Mas o impeachment será mais jurídico do que político?
Não, a decisão é política, os questionamentos é que são de cunho jurídico e político. O Collor foi tirado por uma decisão política ou jurídica? Foi uma decisão política. Ele foi julgado no Supremo depois disso, e o que aconteceu com ele? Ele foi absolvido. O Supremo mandou devolver o mandato do Collor?
Qual vai ser a diferença do governo Temer?
Não sei, porque ainda não tem governo Temer. Eu acho que, se o Temer assumir, teremos mais condições de reconstruir uma base política com outro eixo, que não é o eixo do PT e fazer uma mudança de rumo para o Brasil, mudança que o PMDB tem condições para fazer.
Na avaliação do senhor, o país não vai ficar muito conflagrado na eventual gestão do Temer?
O país já está conflagrado. A questão é a seguinte, quem estará de um lado, quem vai ficar do outro e onde estará a maioria. Hoje, nós temos uma conflagração e o governo não tem a maioria. Então, não adianta colocar um embate, porque na hora em que o PT coloca para votar ele não ganha, perde.
E qual é o tamanho que o Lula sai dessa história?
Não sei. Não terminou. Agora não gosto de ver o Lula na situação que ele está, porque ele fez um grande trabalho, é um grande brasileiro, ele contribuiu com o país, entrou nessa correnteza de erros.
Foi um erro nomeá-lo?
Não sei. Mas é lamentável ver Lula nessa situação.
E se a Dilma escapar?
Não sei. Depende. Deixa eu te fazer uma pergunta. O PMDB está entregando os cargos, vão fazer um loteamento e vão vender para os partidos para tentar ter votos? Estão tentando pegar os votos e estão construindo uma tática, que no meu entender, é vergonhosa e equivocada, que é a tática da covardia? É fazer com que os caras não apareçam para votar. Então, veja a situação em que o governo está. Não é dizer vá lá defender, é se esconder e não vir aqui (no Congresso). Eu quero saber qual parlamentar vai fazer este papel. Então vai se ter um ministério, que sexta-feira anunciarão, e eu não sei quem vai ser o ministro, quem vai aceitar. E este ministério que ela vai nomear com 45 dias, é um ministério que tem prazo de validade, ela está dando só em troca de voto. Será que depois que ela construir, ela vai manter estas pessoas ou ela vai fazer de novo, dizer uma coisa e depois da campanha vai fazer outra? Agora ela está numa campanha para ficar e depois vai jogar fora os ministros com quem ela negociou votos? Ou ela vai governar com este time que ela acabou de montar para ter 180 votos? Se ela vai ter base parlamentar e discurso político para reconstruir o país, não sei.
Eduardo Cunha não causa constrangimento?
O Eduardo Cunha está respondendo a uma série de investigações, ele está lá tocando a Câmara dos Deputados. Mas veja bem, o PMDB não é Eduardo Cunha, e não estamos discutindo nada de grupo de governo com o Michel. Não tem essa discussão. Nós vamos aguardar os fatos.
Por
Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira
Todo esse
mar de lama de corrupção, enriquecimentos ilícitos, nos dar a certeza da
putrefação da política já que não existe ideologia. Um mandato parlamentar
concede ao mau político a fazer negociatas com o erário público de interesses
pessoais, sem o mínimo interesse com os sérios problemas e dificuldades
enfrentadas pela nação, se esquecendo de que a pátria não é um sistema, nem uma
seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a
tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados,
a comunhão da lei, da língua e da liberdade. O voto no Brasil precisa deixar de
ser obrigatório, pois a democracia séria e justa contempla esses benefícios a
todos que não se identifiquem com as propostas de candidatos.
“Provérbios
12,34. A Justiça faz a grande a Nação, o pecado é a vergonha dos povos.”