Avião da Malaysia Airlines desapareceu no dia 8 de março de 2014 (foto: EPA) •SÃO PAULO•ZLR
(ANSA) - Pedaços de uma asa foram encontrados na manhã desta quarta-feira (29) na costa da ilha francesa de La Réunion, no oceano Índico. O território fica a leste de Madagascar, relativamente próximo ao local onde teria caído o voo MH370, da Malaysia Airlines, em 8 de março de 2014. No entanto, segundo os investigadores, ainda é muito cedo para dizer se os destroços pertencem ao Boeing 777 da companhia malaia. Os materiais foram achados pela Força Aérea da França, e a polícia da ilha afirma que eles aparentemente ficaram na água por volta de um ano. O avião desapareceu com 239 pessoas a bordo enquanto ia de Kuala Lumpur, na Malásia, a Pequim, na China. Em janeiro deste ano, o seu sumiço foi declarado oficialmente um acidente pelo governo malaio. Os investigadores acreditam que ele tenha caído no sul do oceano Índico, mas até hoje não foi descoberta nenhuma pista que ajudasse a solucionar o maior mistério da aviação civil. (ANSA)
Um ex-conselheiro de Nicolas Sarkozy, Patrick Buisson.
Um ex-conselheiro de Nicolas Sarkozy, Patrick Buisson, foi acusado nesta quarta-feira em uma investigação sobre pesquisas de opinião encomendadas pelo Palácio do Eliseu durante o mandato do então presidente francês (2007-2012), que teve uma de suas empresas beneficiadas.
Pierre Giacometti, outro colaborador do antigo chefe de Estado francês, teve sua prisão preventiva decretada nesta quarta à noite por razões similares, dentro da mesma investigação em curso.
Patrick Buisson, influente conselheiro oriundo da extrema direita hoje rompido com Sarkozy, foi indiciado por favorecimento, uso indevido de ativos e abuso de fundos públicos corporativos, segundo uma fonte judicial.
O caso, chamado "pesquisas do Eliseu", é sobre a regularidade dos contratos celebrados ao abrigo dos cinco anos Sarkozy pela Presidência francesa, com nove institutos de pesquisa. Entre eles estavam particularmente a empresa Publifact, pertencente a Buisson, e a de Pierre Giacometti, Giacometti-Peron.
A polêmica explodiu em 2009, quando o Tribunal de Contas francês esmiuçou um contrato assinado com a Publifact de 1,5 milhão de euros sem levar em conta "possibilidades oferecidas pelo mercado".
Uma associação anticorrupção, a Anticor, apresentou uma denúncia no ano seguinte, mas a Justiça iniciou a investigação somente no final de 2012 - quando Sarkozy deixou a presidência, derrotado pelo socialista François Hollande.
De acordo com a ação apresentada pela Anticor, algumas das pesquisas encomendadas não teriam relação com o gabinete presidencial, entre elas a que tratou da percepção dos franceses sobre o relacionamento entre Nicolas Sarkozy e Carla Bruni, ex-modelo que virou sua esposa.
Vários outros ex-assessores próximos ao ex-presidente foram ouvidos no início de junho, como parte da investigação. Sarkozy é protegido pela imunidade presidencial, uma vez que estava no Eliseu no momento dos supostos crimes.
No comando da Câmara dos Deputados, um dos quadros mais importantes do PMDB precisa decidir se dá início a um processo de impeachment do presidente da República.
Esse cenário, que nos futuros meses pode vir a ser realidade para Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é conhecido pelo hoje deputado estadual Ibsen Pinheiro (PMDB-RS).
Presidente da Câmara durante o processo de impeachment de Fernando Collor, em 1992, o peemedebista, de 80 anos, disse à BBC Brasil não ver agora uma crise política que justifique afastar Dilma Rousseff. Mas que há, sim, potencial para isso.
Ele afirmou que Cunha deveria mostrar sua inocência em relação às acusações na Operação Lava Jato – segundo um delator, o peemedebista recebeu US$ 5 milhões (mais de R$ 15 milhões) de propina no esquema de corrupção na Petrobras, o que ele nega.
Gaúcho de São Borja, Ibsen é jornalista e advogado – foi promotor e procurador. Comandou a Câmara de 1991 a 1993, mas acabou cassado em 1994 após ser ligado ao escândalo dos Anões do Orçamento e ficou inelegível por oito anos. Hoje, preside o PMDB gaúcho.
Confira os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil - Como o senhor vê esses movimentos que pedem o impeachment de Dilma?
Ibsen Pinheiro - Vejo muitos movimentos político-partidários que considero desautorizados pela realidade. Não acho que exista um clima de impeachment por qualquer critério técnico do Tribunal de Contas [da União], do Judiciário. Uma crise política, que gera às vezes efeitos inesperados, primeiro tem que se instalar como tal.
Estamos numa crise econômico-social e também administrativa, que é a incapacidade do poder público de responder à crise econômica. Não estão presentes os elementos da crise política. Há um grau de artificialismo nessas palavras de ordem. O que pode ocorrer é que as circunstâncias mudem.
BBC Brasil - São apontadas duas razões para afastar Dilma: uma é via TSE, pelas eventuais doações ilegais de campanha por empresas da Lava Jato, e outra via Congresso, caso o TCU condene as "pedaladas fiscais".
Ibsen - Não posso imaginar que uma circunstância tão dramática como o afastamento de um governo eleito ocorra por decisão de sete juízes do tribunal eleitoral ou por ministros do TCU, por uma questão técnica.
Qualquer questão de campanha se resolve nos limites da Justiça Eleitoral. Ela não tem o condão de interferir, nesse grau, na vida do país. Assim como uma decisão do TCU. O Congresso, ao examinar uma questão dessa natureza, não dispensa os aspectos técnicos. Mas os determinantes são os critérios políticos.
Não nego que haja um potencial que possa desembocar numa crise institucional. Alinho três fatores que podem produzir esse resultado: crise econômico-financeira, incapacidade do poder público de responder a ela e falta de gosto ou jeito da presidente para lidar com esses temas.
BBC Brasil - Vê chances de o Congresso afastá-la?
Ibsen - Lembro de que, em 1992, tive de interromper tudo para receber parlamentares australianos. A chefe da delegação pediu licença para abordar temas do Brasil, estavam muito ligados na nossa crise.
E perguntou: "o senhor acha possível que, após 20 anos de ditadura, o primeiro presidente eleito seja afastado? Acha possível somar dois terços de votos?". Respondi: “Dois terços, acho impossível. Mais fácil é a unanimidade.”
Numa circunstância de normalidade, não há dois terços para afastar um presidente. Agora, a anomalia resultante de uma crise política pode criar um ambiente tal que os votos [como] no caso de Collor sejam meramente simbólicos. O combustível foi a crise.
BBC Brasil - Como o senhor vê o papel do PMDB?
Ibsen - O PMDB está condenado a uma espécie de dupla militância. É parceiro do governo na sua sustentabilidade, mas não gêmeo univitelino, porque não é o centro do governo.
Com todo o seu tamanho, o PMDB é periférico. Tem compromisso com a ordem institucional, com o apoio ao governo na sua preservação. Mas, se o governo for atingido, talvez tenha de demonstrar que não é o governo.
BBC Brasil - A Lava Jato colocou o PMDB em posição desconfortável. Como avalia isso?
Ibsen - O que fica sob suspeita é toda a atividade político-partidária. Um pouco por suas distorções, e aí os partidos merecem o grau de culpa, mas também porque a repercussão das distorções da política é maior que a de outras áreas da vida institucional.
Nosso sistema público tem funcionamento precaríssimo. O Judiciário acumula processos numa quantidade absurda, não responde às necessidades da população.
A política é criminalizada num grau que não é injusto pelas deformações, mas é pela falta de isonomia, pois toda a máquina pública tem a eficiência comprometida.
BBC Brasil - Como avalia a presidência de Cunha na Câmara?
Ibsen - Em algumas coisas teve um papel positivo, como o de colocar a Casa para deliberar e trazer à pauta questões relevantes. Outra é a Câmara não agir como anexo do Executivo. Isto ocorreu com as presidências petistas.
É claro que não é preciso, nem possível, ignorar a pauta do governo, a vinda do Senado. Mas a Câmara deve ter independência.
Desagrada que ele tenha abandonado, na reforma política, o centro da questão, para ficar na periferia. Também não me agrada ver um ou outro ato de mera hostilidade ao Executivo.
BBC Brasil - Como vê o rompimento dele com o governo, acusando-o de prejudicá-lo na Lava Jato?
Ibsen - Não acho que isso tenha causado [um problema institucional] porque não mudou essencialmente o posicionamento dele. Sobre a investigação, não tenho meios de opinar. Não posso ser solidário sem saber dos fatos, mas também não posso condená-lo.
Entendo que, para aquilo que tenha de administrar como árbitro, não vá praticar facciosismos. Vai administrar com imparcialidade as relações com os demais poderes. Espero que assim seja.
Quanto às acusações, tem a seu favor a presunção da inocência. Mas, num clima dessa natureza, quase que se inverte o ônus da prova. É preciso, pelo menos ao agente político, mostrar sua inocência. Não basta dizer que a acusação tem que demonstrar a culpa.
BBC Brasil - Cunha deveria deixar a presidência da Câmara? A acusação combina com o cargo?
Ibsen - Pode até não combinar, mas o afastamento de alguém eleito pelos representantes do povo pode ser uma violação. Diferente é o ministro que, acusado, procura o presidente e diz: "meu cargo está à sua disposição, me afasto para não causar constrangimento".
Não é adequado o chefe de um Poder se afastar por uma acusação, isso seria um precedente perigoso.
BBC Brasil - O senhor é do PMDB, presidia a Câmara e comandou um processo de impeachment. Vê paralelo com o momento atual?
Ibsen - O paralelo que vejo é um pouco forçado, mas é uma projeção. O impeachment do Collor, em setembro, ou mesmo agosto, tinha uma lógica avassaladora, avançava com grande ímpeto. Mas, se recuarmos a março, abril, é parecido com o ambiente atual. Não havia clima para cogitar o afastamento.
O processo de impeachment que acolhi, se não me engano, foi o 14º ou 15º pedido. Os anteriores mandei arquivar. Alguns, muito bem fundamentados. E mandei arquivar, pura e simplesmente.
BBC Brasil - Por que?
Ibsen - Um processo de impeachment não é um processo penal, é político. Têm que estar presentes todas as circunstâncias do processo político, a representatividade dos autores do pedido, no caso os presidentes da ABI, OAB, o ambiente no país, a opinião pública. E estas condições, presentes em agosto, não estavam em março.
Qualquer tentativa de adivinhar seria um pouco arriscada agora. Se hoje não há, não sei se ali adiante não haverá as condições para um processo semelhante.
BBC Brasil - O rompimento entre Cunha e governo pode antecipar um processo de impeachment?
Ibsen - Não acho que o presidente da Câmara, na solidão do seu gabinete, que é onde tudo termina, deixe de perceber todas as implicações de um processo dessa natureza. Ninguém chega ao cargo para decidir as questões com seus humores.
É por isso, aliás, que esse tipo de decisão é solitária. O presidente da República, da Câmara, do Senado escuta. Mas decide sozinho.
BBC Brasil - Recorda-se do momento de sua decisão no caso Collor?
Ibsen Pinheiro - Lembro muito. Ouvi tanto lideranças políticas como assessores. Mas sempre tive clareza de que a decisão de acolher o processo era minha. A decisão de levar ao plenário e sobre o rito também. Por melhor que fosse a assessoria, e por mais competentes que fossem as opiniões políticas que recolhia, no fim é presidente da Câmara que decide. E essa decisão é política.
Cunha não vai decidir essas questões com seus humores. Pode até dizer algumas coisas que correspondam seus humores. Mas quem o conhece pode achar que isso é também um processo calculado de impacto. Acho eu. Na decisão ele será equilibrado como deve ser o chefe de um dos Poderes da República.
BBC Brasil - O senhor passou por um processo de cassação, ficou inelegível. Alguma mágoa?
Ibsen - Não fui vítima de uma conspiração que alguns tivessem urdido. Fui vítima de uma conjugação. Tinha alta visibilidade e não tinha poder político. Isto faz de você um alvo. É cogitado para presidente da República, é lembrado. Isso desperta em torno do seu nome o ambiente de conflito político. E você não tem a aparelhagem que é o cargo de líder, presidente. Voltei para a planície.
Isto numa análise do quadro. Numa análise pessoal, aprendi algumas coisas. Uma delas é que o ódio só faz mal ao seu depositário. Não a seu alvo. Considero-me um privilegiado, meu sofrimento se desfez em vida, e é tão frequente que isto só se supere no obituário.
BBC Brasil - Pensa em voltar à Câmara?
Ibsen - Não penso. Já não me candidatei em 2010, estava no mandato 2007-2011. Acho que tive um bom mandato, dediquei-me à Justiça tributária, especialmente à questão dos royalties.
Acredito que teria uma eleição relativamente tranquila, mas não quis voltar. Fui de lá afastado pela cassação. Acho que queria, talvez como sentimento íntimo, voltar e sair por vontade própria, e não pela alheia. Acredito que cumpri isso.
Dois em cada três policiais do país dizem que já tiveram colegas próximos vítimas de homicídio fora de serviço. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e cujos resultados serão divulgados nesta quinta-feira (30), no Rio.
Percepção dos policiais no país
Pesquisa mostra medos e riscos enfrentados
Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública
O percentual de policiais que tiveram colegas mortos fora do expediente (68,4%) é maior, inclusive, que o de profissionais que dizem ter perdido um colega assassinado em serviço (60,6%).
Ainda de acordo com o estudo, 74,7% dos agentes de segurança no Brasil dizem já ter sofrido ameaças durante o combate ou a investigação de crimes; mais da metade (51,4%) relata ter sofrido ameaças também fora do serviço.
A pesquisa, intitulada ‘Vitimização e risco entre profissionais do sistema de segurança pública’, foi feita em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e com a Secretaria Nacional de Segurança Pública e ouviu 10.323 policiais militares, civis, federais, rodoviários federais, agentes penitenciários e integrantes do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal em todos os estados do país. O estudo foi realizado entre os dias 18 de junho e 8 de julho.
Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, a pesquisa mostra o quanto os policiais estão expostos durante suas trajetórias profissionais. “Os policiais são reconhecidos no Brasil pelas violações de direitos. Mas eles também são vítimas de violações dos seus próprios direitos, que passam despercebidas.”
“É um cenário triste. Mas trata-se de um dado esperado. A percepção de discriminação que o policial tem está intimamente ligada à desconfiança da população. Só 30% afirmam confiar na polícia. Isso porque, desde 1988, com o advento da Constituição, que tecnicamente rompe com o momento autoritário do país, muito pouco se mudou no modelo de segurança pública. As pessoas se afastam dos policiais porque eles são tidos como violentos. As instâncias responsáveis pela área direta ou indiretamente precisam pensar em mecanismos de modernização”, afirma Samira.O estudo mostra que 64,2% dos agentes dizem ser discriminados em razão da função que exercem. A reclamação de que são alvos de preconceito da população recai também sobre o círculo de convívio dos filhos: 22,5% dizem que eles já sofreram discriminação na escola ou na comunidade.
O número de agentes que relatam situações degradantes no trabalho é grande: 62,8% dizem já ter sofrido assédio moral ou algum tipo de humilhação. Um terço (32,3%) afirma ter sido vítima de violência física durante algum treinamento.
Rotina A pesquisa revela ainda que os agentes costumam adotar hábitos específicos no dia a dia para evitar serem alvos de retaliação ou violência: 36%, por exemplo, escondem o fato de serem policiais ou agentes prisionais de conhecidos. Quase metade (45,5%) jamais deixa à mostra a farda ou o distintivo no trajeto casa-trabalho. E 61,4% evitam usar transporte público. “Esse dado chama bastante a atenção. São pessoas que têm que garantir o direito de ir e vir e não têm o deles assegurado. São pessoas que têm que esconder sua profissão”, afirma Samira.
Os agentes também relatam insegurança durante a prática profissional e elencam alguns motivos para isso. A impunidade, com 64,6%, é o principal. Mais da metade (52,7%), no entanto, também coloca a falta de equipamento pessoal de proteção como fator preponderante.
“Isso é um alerta para as corporações, para os comandos, porque mostra como os profissionais se sentem em relação às condições de trabalho. A gente o tempo todo cobra eficiência, redução de indicadores de criminalidade. E é um dever cobrar. Mas pouquíssima gente olha as necessidades dos policiais. Em muitos casos, não há coletes ou eles não são adaptados, por exemplo, para a mulher que vai atuar”, afirma a diretora-executiva do fórum.
De acordo com a pesquisa, 39,9% dos policiais têm receio de serem assassinados em serviço. Essa percepção varia entre as regiões do país. No Sul, esse índice sobe para 55,3%; no Sudeste, ele fica em 34,5%.
Distúrbios psicológicos Para Samira, outro dado que merece destaque é o de policiais diagnosticados com algum distúrbio psicológico: 16,4%. “É um número muito alto. E como as corporações enfrentam isso? Basta ver as estruturas de atendimento. Quando muito, se existem, estão só nas capitais ou regiões metropolitanas. Isso sem contar o preconceito dentro das corporações quando um profissional procura um psicólogo. E esse percentual diz respeito apenas aos diagnosticados. Ou seja, o contingente deve ser muito maior.”
De acordo com a pesquisa, 86,5% dos ouvidos são homens, 56,4% têm de 25 a 40 anos e 44,1% trabalham em capitais. Além disso, 43,7% se declaram brancos, 9%, negros, e 44,7%, pardos.
Windows 10, novo sistema operacional lançado pela Microsoft, traz de volta o menu iniciar, que havia sido abandonado na versão anterior, o Windows 8 | Foto: Microsoft
A Microsoft lançou nesta quarta-feira o Windows 10, novo sistema operacional que estará disponível como atualização gratuita para usuários dos antecessores Windows 7, 8 e 8.1.
O lançamento é ambicioso: a Microsoft, que ocupa 90% do mercado com o Windows, quer alcançar um bilhão de usuários em computadores até 2017. Nos próximos meses, virá ao mundo o Mac OS X El Capitan, nova aposta da Apple, segunda colocada no segmento.
Os primeiros a receber a nova versão serão os usuários dos Windows 7, 8 e 8.1 que já tenham feito a reserva da atualização, oferecida nos últimos meses na área de notificações do sistema.
O Windows 10, porém, não estará imediatamente disponível para todo mundo. Segundo a Microsoft, os usuários serão avisados em "ondas", a partir desta quarta, sobre quando poderão fazer a instalação.
Isso deve ocorrer logo em algumas máquinas, mas em outras pode demorar "semanas ou meses", segundo a própria empresa diz em seu site.
Para quem não tem direito à atualização gratuita, o Windows 10 estará à venda nas versões Home (R$ 329,99) e PRO (R$ 559,99).
O sistema também terá versões para tablets, smartphones e Xbox One, entre outros. A Microsoft promete ainda um funcionamento sem problemas, por meio de um app, na integração com aparelhos que rodam Android, iOs e Windows Phone.
O fim do Internet Explorer
Uma de suas novidades mais importantes é o Microsoft Edge, um novo navegador que permite escrever notas diretamente sobre páginas da internet e compartilhá-las ou salvar suas leituras favoritas, entre outras opções.
"Tínhamos que fazer mais do que produzir uma nova versão do navegador. Precisávamos de uma nova forma de fazer as coisas", disse Charles Morris, gerente de programas da companhia.
O novo navegador permite fazer buscas na barra de endereços, sem a necessidade de ir ao buscador ou uma barra de pesquisa, como já faz o Google Chrome.
Também incorporou um "hub", local em que os dados de navegação são armazenados. Com um clique, é possível acessar favoritos, lista de leituras, histórico e downloads em andamento.
VITÓRIA DA CIDADANIA E DE TODOS OS ADVOGADOS.
A Ministra Nancy Andrighi, Corregedora do CNJ, acaba de deferir o pedido de liminar, formulado por nós, um grupo de 60 advogados, determinando aos presidentes dos tribunais que, imediata e pessoalmente, tomem as providências necessárias para a manutenção em funcionamento dos serviços essenciais da Justiça. Mais uma vez reafirmamos nosso reconhecimento à legitimidade da greve, sendo absolutamente justo o pleito dos servidores por r...eajuste, haja vista a inflação acumulada no período de nove anos sem aumento. Em defesa da advocacia, solicitamos àquele órgão que se fizesse respeitar o dispositivo legal que determina a manutenção de um contingente mínimo de forma a não paralisar completamente o judiciário, o que traz graves danos não apenas aos advogados, como a toda sociedade. Em seu despacho, a ministra determina a completa desobstrução do acesso às dependências das serventias, a regularização dos atendimentos nas varas e secretarias, distribuição de processos e recursos. Determinou ainda que se encaminhe à Corregedoria do CNJ o nome dos juízes que deixarem de cumprir tais determinações.
"Chega de doutrinação marxista. Basta de Paulo Freire". A frase, que aparecia em uma faixa durante a manifestação contra o governo Dilma Rousseff em Brasília, em março de 2015, causou polêmica nas redes sociais e provocou até uma resposta da ONU, defendendo o educador brasileiro famoso mundialmente pela teoria da pedagogia crítica.
Considerado patrono da educação no Brasil desde 2012, Freire dá nome a institutos acadêmicos em países como Finlândia, Inglaterra, Estados Unidos, África do Sul e Espanha, mas, em sua terra natal, tem sido criticado por manifestantes e articulistas pelo que consideram sua "influência esquerdista" no ensino.
O historiador e doutor em Educação José Eustáquio Romão, seu amigo pessoal e especialista em sua obra, discorda: "Paulo Freire nunca foi aplicado na educação brasileira. (...) Ele entra (nas universidades) como frase de efeito, como título de biblioteca, nome de salão."
Em entrevista à BBC Brasil, ele diz que as ideias e o método de alfabetização de adultos criado por Freire já serviram de base para políticas públicas em diversos países, mas ainda se resumem a experiências pontuais no Brasil.
"Estou convencido de que se aplicarmos hoje (o método), acabamos com o analfabetismo no Brasil em um ano", afirma.
Segundo os dados mais recentes do IBGE, o Brasil ainda possui 13 milhões de analfabetos, apesar da diminuição do índice nos últimos anos.
Romão, que é um dos fundadores do Instituto Paulo Freire e, atualmente, diretor de mestrado e doutorado na Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo, passou os últimos 15 anos em busca do manuscrito perdido do livro Pedagogia do Oprimido, obra mais conhecida e traduzida do educador pernambucano, morto em 1997.
O manuscrito, que contém trechos inéditos do livro – publicado nos Estados Unidos em 1970 e proibido pelo regime militar brasileiro até 1974 – sobreviveu à ditadura chilena nas mãos de Jacques Chonchol, ex-ministro de Agricultura no governo de Salvador Allende (1970-1973). Agora, foi devolvido ao Brasil.
Confira alguns dos principais trechos da entrevista.
BBC Brasil: Como o senhor descobriu a existência do manuscrito? E como o encontrou?
José Eustáquio Romão: Foi uma busca de 15 anos. Algumas vezes ele (Paulo Freire) dizia para nós, que éramos amigos mais próximos, que gostaria de rever o manuscrito antes de morrer. Mas, pelo que a gente sabia, os originais do livro tinham sido datilografados.
Paulo era muito desorganizado. Ele escrevia até em guardanapo quando tinha uma boa ideia. Então um de seus amigos juntou essa papelada e datilografou em 1968. Quando Paulo falava de manuscrito, eu achava que ele estava delirando.Mas não estava.
Ele foi um dos primeiros a ser preso pelos militares, em abril de 1964, porque havia sido convidado a fazer parte de um projeto do governo João Goulart após o sucesso da sua experiência de alfabetização de camponeses no Rio Grande do Norte, em 1963.
Após 70 dias na prisão, ele conseguiu se exilar na Bolívia e, de lá, foi para o Chile, onde conheceu o ministro Jacques Chonchol, uma figura de destaque na política chilena, que articulou a eleição de Salvador Allende. Chonchol chamou Paulo para trabalhar com ele e os dois ficaram amigos.
Anos depois, Paulo foi convidado a ensinar aos doutores em Harvard (nos Estados Unidos), mesmo sem nenhum título, por causa de seu método de alfabetização de adultos. Antes de ir, decidiu copiar os originais de seu livro e dar este manuscrito de presente ao casal Chonchol.
Só que, depois de Allende, Chonchol era o homem mais visado pela polícia do (general Augusto) Pinochet. Ele só não foi morto no palácio junto com Allende (no golpe militar chileno, em 1973) porque estava em missão, mas chegou a Santiago no dia do golpe. Avisado pelos amigos, ele fugiu pela cordilheira (dos Andes). No fim, foi parar na França e ficou 20 anos no exílio.
A polícia de Pinochet invadiu a casa de Chonchol em Santiago, levou uma série de documentos e queimou livros. Mas o manuscrito de Paulo Freire parecia um documento sem importância, então ficou intacto. Anos depois, a irmã do ex-ministro conseguiu sair do país para visitá-lo na França e levou o manuscrito, achando que poderiam ser documentos pessoais.
Quando eu finalmente consegui localizá-lo, Chonchol me disse que várias vezes teve a tentação de doar o manuscrito para a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em Paris, mas resolveu não fazê-lo. Eu consegui convencê-lo a devolver o manuscrito para o Brasil.
Romão: A parte do livro em que Paulo Freire fala sobre a "teoria da ação revolucionária" não existe em nenhuma edição em nenhuma parte do mundo. O que nos faz supor que os (editores) americanos tiraram diversas partes – eu já fiz uma leitura comparada e comprovei que não estão lá.
Eles tiraram coisas que acharam um pouco mais perigosas para a ideologia liberal norte-americana. Não fazem por mal, mas por princípio ideológico. É uma teoria de esquerda mesmo, diz que o sujeito da história não são as lideranças, é o coletivo das massas oprimidas. Americano não vai admitir isso, nem os Democratas.
Romão: A família dele nos autorizou a fazer mil exemplares do texto, mas não a vendê-los. Estamos distribuindo uma versão digitalizada a editores e às grandes bibliotecas do mundo, para que as novas edições se baseiem nisso aqui.
O manuscrito atualmente está escondido, eu o escondi. Ele vale milhões. Além disso, não queremos que suma novamente (risos).
BBC Brasil: Que relevância teria uma nova edição deste livro num momento em que setores da sociedade fazem duras críticas ao PT - do qual Freire foi membro fundador – e à influência dele na educação brasileira?
Romão: Alguns críticos falam muita bobagem, dizem que a educação brasileira está ruim por que Paulo Freire está sendo aplicado. Primeiro, Paulo Freire nunca foi aplicado na educação brasileira. Estamos lutando para ver se ele entra nas universidades até hoje.
Ele entra como frase de efeito, como título de biblioteca, nome de salão. Isso eu já vi no Brasil inteiro. Mas o pensamento dele não entrou até hoje.
BBC Brasil: Por que não?
Romão: Antes eu achava que era porque ele não tinha títulos e o Brasil é um país muito credencialista. Isso a gente deveria aprender com os norte-americanos, que o convidaram para Harvard. Eles não fazem questão de diploma, fazem de competência.
Paulo nunca fez Pedagogia, nunca fez licenciatura. Fez Direito à noite, um curso mal feito, abandonou a profissão na primeira causa. Mas era um gênio.
Lendo com mais calma e profundidade a obra dele, vejo que ele faz uma inversão intelectual tão violenta que os intelectuais tremem nas bases. Todos eles têm a mania de considerar que devemos partir da teoria para iluminar a realidade, e Paulo Freire desmonta isso. Ele diz que a legitimidade do conhecimento só vem da prática.
BBC Brasil: Como você responde a críticas sobre o viés de esquerda na obra de Paulo Freire?
Romão: Eu não tenho o conceito de ideologia que (a filósofa) Marilena Chauí tem. Ela considera que ideologia é algo ruim, para mim é apenas a visão de mundo. Todo discurso é ideológico no sentido de que parte de determinada perspectiva, do olhar de quem olha.
Quem faz esse tipo de crítica está considerando que seu próprio discurso não é ideológico. Ao meu juízo, é menos ideológico (de maneira negativa) quem revela a sua visão de mundo logo no início, porque prepara o interlocutor para dizer "há outras visões de mundo, há outras ideologias que interpretariam isso de maneira diferente".
Há um grupo conservador que considera Paulo Freire de extrema esquerda. E há o grupo de esquerda que considera Paulo Freire conservador, idealista. Quem tenta conciliar teorias, como ele tentou conciliar – sem fazer ecletismo – leva tiro de todos os lados.
BBC Brasil: A obra de Freire também é criticada por ter referências a figuras como Che Guevara (guerrilheiro argentino) e Mao Tsé-Tung (líder comunista chinês).
Romão: Quero que me apontem o texto de Paulo Freire em que ele insiste tanto em Mao Tsé-Tung.
BBC Brasil: Pedagogia do Oprimido tem uma referência...
Romão: Ele faz apenas uma referência a uma teoria das mais amenas de Mao. Marx dizia que o motor da história é a classe operária. E Mao dizia que não, que existe o motor, mas que a fagulha do motor são as classes médias, que desencadeiam acontecimentos.
Ele diz que o povo pode fazer coisas irracionais e, por isso, tem que haver coordenação do processo revolucionário e isso nem sempre ocorre pelo proletariado. Marx e os marxistas ortodoxos, inclusive, devem ter se revirado no túmulo com essa.
Além disso, Paulo não aceita o maoísmo puro, nem o marxismo puro. Aliás, ele usava uma metáfora interessante, dizia que era "um barbudo no meio de dois barbudos": Jesus Cristo e Karl Marx.
Por isso, há repercussões políticas importantes na teoria dele. Os freireanos não propõem eliminar o opressor e, sim, salvá-lo também, a partir do momento em que os oprimidos se libertam.
BBC Brasil: O que Paulo Freire diria sobre a violência no regime comunista chinês, no soviético e no cubano?
Romão: Tem um texto seminal dele, que está na Pedagogia da Autonomia, em que ele diz que somente a consciência fanática, que ele chama de fundamentalismo, leva ao processo de violência e destruição.
Ele diz que a tendência do oprimido – ao incorporar o discurso, os valores e a atitude do opressor – é a violência física ou simbólica.
Por isso mesmo a humanidade só avança quando os oprimidos deixam de tentar imitar seu opressor. Quando eles não querem trocar de lugar com o opressor, mas mudar as relações de opressão. E por isso que é raro na história isso ocorrer.
BBC Brasil: Como você responderia aos críticos que dizem que é ruim ter Paulo Freire sendo lido por estudantes porque isso pode, de alguma maneira, "transformá-los em esquerdistas"?
Romão: Não significa transformá-los em esquerdistas porque o que Paulo Freire mais insiste é "não me repita".
Esse é o princípio fundamental da metodologia freiriana de construir conhecimento: "não me repita, mas se considerar que alguma ideia minha resolve algum problema da realidade, reinvente essa ideia em cada contexto". Não sei que influência maléfica nos alunos seria essa.
BBC Brasil: Algum país realmente aplicou as ideias de Paulo Freire na educação?
Romão: Um país muito simpático ao conjunto da obra do Paulo Freire é a Finlândia, que avançou muito na educação. Cuba também acabou com o analfabetismo com base no método. A Coreia do Sul também. Para você ter uma ideia, o maior seminário internacional sobre Paulo Freire foi realizado na Universidade Nacional da Coreia do Sul há três anos. Estávamos lá debatendo com todas as autoridades coreanas e todos os freirianos do mundo.
Há projetos freirianos na Hungria, no Japão... tem um grupo trabalhando com a alfabetização de decasséguis que sofrem por ir viver lá e não dominar o idioma. Estão usando o método de Paulo Freire para alfabetizá-los na segunda língua. Os grupos que estão tendo sucesso são os que reinventaram. Aplicaram só os princípios, mas têm pontos de partida que são bem diferentes.
O Brasil não aplica sequer esse método. Há experiências de sucesso pontuais, mas isso não é usado como política. Sei também que na Armênia agora estão fazendo uma grande experiência com as ideias de Paulo Freire. E no País Basco.
Certa vez, eu estava no deserto de Góbi, na Mongólia, com o povo nômade, em missão. Em uma tenda, vi os criadores de cabra sendo alfabetizados por dois professores. Eu não entendia nada do que eles falavam, mas um nome soava meio familiar. Era Paulo Freire. Eles estavam com o último capítulo da Pedagogia do Oprimido nas mãos, traduzido para o chinês, que trata justamente do método de alfabetização.
Romão: Fui a Angicos, no sertão do Rio Grande do Norte, porque lá, Paulo Freire, com um grupo de estudantes – nenhum deles de Educação – alfabetizou primeiro uma turma de 30 e, no final, 300 camponeses. Por que hoje a gente começa com uma turma de 30 adultos e termina com três? Por que eles não aguentam o curso?
Conseguimos conversar com os alfabetizados daquela época. Eu saí convencido de que, se aplicarmos hoje o que fizeram lá, acabamos com o analfabetismo no Brasil em um ano. É tão simples.
A pessoa precisa aprender que as letras constroem as palavras, mas não vai ter interesse nenhum se não souber pra que a palavra serve na sua vida. Por isso, um "círculo de cultura" substitui a aula. Nele, você vai discutir a vida das pessoas. Parece que está perdendo tempo, mas em um mês eles são alfabetizados, com 40 horas de aula.
Tenho uma experiência escrita à mão por uma pessoa que foi alfabetizada por ele em Brasília, a famosa experiência do tijolo. Tijolo foi uma palavra (usada por Paulo Freire como) "geradora" porque (os alunos) eram operários da construção civil, estavam construindo Brasília.
Ele mostrou aos alunos um tijolo físico, o partiu e colou nele as sílabas da palavra tijolo. E pediu que as pessoas formassem outras palavras a partir daquelas sílabas. As pessoas primeiro gravaram mentalmente as sílabas e as combinaram: jiló, laje, etc. Uma senhora, no entanto, fez uma frase: "Tu já lê". Estava alfabetizada.
A gente, que trabalha com alfabetização, sabe que a pessoa só começa a ler na hora em que dá um clique. Esse clique é a grande descoberta do Paulo Freire.