quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Pela 1ª vez na história, Brasil tem três presidentes em um só dia




Montagem (agências)
Image copyrightEPA/AFP/REUTERS
Image captionConjunção de fatores propiciou ineditismo histórico
Uma conjunção de fatores propiciou um inedistimo histórico nesta quarta-feira: pela primeira vez, o Brasil teve três presidentes em um único dia.
O inusitado ocorreu por uma sucessão de desdobramentos que tiveram início por volta das 11h com a votação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado Federal.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o afastamento definitivo da petista foi aprovado pela maioria dos senadores. Dilma já estava afastada do cargo desde o dia 12 de maio, quando o Senado aprovou a abertura do processo.
Em seguida, foi feita a comunicação oficial ao presidente interino Temer. Às 17h, ele foi empossado como presidente no plenário do Senado.
Mas Temer já estava com a viagem marcada para esta quarta-feira para a China, onde participará da reunião do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo.
Por causa disso, com a saída do peemedebista do país, o cargo passou a ser ocupado pelo atual presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Maia, que está à frente da casa desde julho em um mandato-tampão após a renúncia do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deve comandar o país até o retorno de Temer, na próxima terça-feira.
"Nunca houve algo do tipo (um dia com três presidentes) na história. É a típica jabuticaba brasileira", afirmou por telefone à BBC Brasil o historiador brasileiro José Murilo de Carvalho.

Impeachment

Ao fim de um processo que durou cerca de nove meses, Dilma Rousseff teve o mandato cassado no Senado por 61 votos contra 20. Ela, no entanto, manteve o direito a exercer função pública, conforme votação ocorrida em separado após a aprovação do impeachment.
Depois do anúncio de que havia sido destituída definitivamente do cargo, Dilma fez um rápido pronunciamento à imprensa afirmando que o impeachment foi o "segundo golpe" que sofreu na vida e que o governo de Temer enfrentará uma oposição "enérgica e determinada".
Segundo a petista, a decisão de destitui-la não teve "qualquer justificativa constitucional".
"O golpe não foi apenas contra mim. Isso foi apenas o começo. Vai atingir indistintamente qualquer organização progressista e democrática. O golpe é contra o povo, é contra a nação, é misógino, é homofóbico, é racista", disse.
Ela também prometeu que "não desistirá" e que continuará sua jornada "contra o retrocesso, a agenda conservadora e pelo reestabelecimento pleno da democracia".

Polícia Civil desarticula cartel das próteses no Distrito Federal


Michael Melo/Metrópoles


Operação investiga o pagamento de propina feito por empresas a médicos ortopedistas que realizam cirurgias de coluna e de quadril em hospitais particulares. Em alguns casos, procedimentos são feitos sem necessidade. Um servidor da Secretaria de Saúde está envolvido



A poeira da Operação Drácon, que investiga distritais em um suposto esquema de corrupção, ainda nem assentou e uma outra ação policial mira desvios de recursos da saúde. A Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) deflagrou, nesta quinta-feira (1°/9), uma investida para desarticular um esquema criminoso envolvendo cartel formado por hospitais, médicos e empresas fornecedoras de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs).


Estima-se que cerca de 60 pacientes foram lesados em 2016 somente por uma empresa. O esquema movimenta milhões de reais em cirurgias, equipamentos e propinas. Segundo a Polícia Civil, o grupo tentou matar um paciente que ameaçava denunciar a quadrilha, deixando um arame de 50 cm na jugular dele. Além disso, há casos de cirurgias sabotadas para que o paciente fique sendo operado e gerando lucro para o esquema, utilização de produtos vencidos e troca de próteses mais caras por outras baratas.
Nas primeiras horas da manhã, agentes foram às ruas para cumprir 21 mandados de busca e apreensão, 12 mandados de prisão (sete temporárias e cinco preventivas) e quatro conduções coercitivas (quando a pessoa é obrigada a depor) em várias regiões do DF, como as asas Sul e Norte e o Lago Sul. Um dos mandados tem como alvo o Hospital Home, na 613 Sul (foto de destaque). Um coordenador da Secretaria de Saúde também é alvo da operação.
Autorizada pela 2ª Vara Criminal de Brasília, a operação é uma parceria com as promotorias de Defesa da Vida (Provida) e de Proteção ao Sistema de Saúde (Prosus) do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Vinte e um promotores participam da ação.
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Cofres e dinheiroNa casa dos envolvidos, a polícia apreendeu cofres e dinheiro. Na residência de um médico foram localizados R$ 50 mil em espécie. Outros R$ 100 mil estavam no imóvel de outro alvo da operação. Além de reais, os agentes encontraram 90 mil em dólares e euros.
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Organização criminosa
A Operação Mister Hyde — em alusão ao filme de terror “Dr. Jekyll and Mr. Hyde” — investiga o pagamento de propina feito por empresas fornecedoras a médicos ortopedistas que realizam cirurgias de coluna e de quadril em hospitais particulares. Em alguns casos apurados pela investigação, os profissionais chegam a lesionar os pacientes para tornar necessária a utilização de placas e fios de titânio durante as operações.
Quanto mais materiais caros usados nas cirurgias, maior a propina recebida pelos médicos, que chegam a lucrar até 30% a mais sobre o valor pago pelos planos de saúde pela operação.
“Uma verdadeira organização criminosa se formou ao redor da doença das pessoas. Esse esquema conta com a participação de médicos, hospitais e as empresas que vendem os materiais. As fornecedoras pagam propina para terem seus produtos usados pelos médicos. São eles que escolhem quais materiais querem usar durante a intervenção cirúrgica. Quem não paga não vende e acaba engolido pelo cartel”, explicou uma fonte ouvida peloMetrópoles.
Além dos pacientes, que correm risco de sofrer sequelas provocadas pelas lesões intencionais, o outro alvo do esquema são os planos de saúde, que acabam pagando mais caro por uma cirurgia que não necessitaria de órteses ou próteses. A propina geralmente é paga por depósito nas contas dos médicos ou então entregues em espécie nas proximidades dos hospitais onde ocorrem as cirurgias.
Alvo da operação Mr. Hyde, o Hopital Home foi citado pela CPI da Saúde do Distrito Federal como uma das cinco empresas que terão seus sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados. Elas teriam sido beneficiadas com o repasse de recursos liberados após acerto de suposto pagamento de vantagem a deputados distritais, no escândalo do bonde da propina. O Home teria recebido R$ 5 milhões em emendas.
Confira os números da operação:
  • 21 mandados de busca e apreensão
  • 12 mandados de prisão (sete temporárias e cinco preventivas)
  • Quatro conduções coercitivas
  • Sete médicos e um servidor da Secretaria de Saúde estão entre os alvos
  • Prisão de dois sócios da empresaTM Medical
  • Condução coercitiva de um diretor do Hospital Home
  • 240 policiais civis, entre delegados e agentes
  • 21 promotores do MPDFT
  • 21 agentes de segurança do MP



MPDFT e Polícia Civil deflagram operação contra esquema no fornecimento de órteses e próteses




Publicado em CB.Poder

Promotores de Justiça e policiais civis deflagraram nesta manhã (01/09) a Operação Hyde, com cumprimento de 5 mandados de prisão preventiva, 8 mandados de prisão temporária, 4 conduções coercitivas e 21 de busca e apreensão.
Entre os alvos está o Hospital Home, na L2 Sul.
Autorizada pela 2ª Vara Criminal de Brasília, a operação envolve médicos, hospitais e empresas que prestam serviços de saúde para fornecimento de órteses e próteses.
A operação é uma parceria da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil, com as Promotorias de Defesa da Vida (Provida) e de Proteção ao Sistema de Saúde (Prosus) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
A suspeita é de que tenha sido constituída uma organização criminosa que envolva procedimentos médicos desnecessários com o uso de órteses e próteses de qualidade inferior ou com data de validade vencida, compradas com preços superfaturados.

'Peso da caneta' e articulações regionais definiram voto dos vulneráveis

Informações são que pesaram nos votos cargos em seis ministérios e arranjos nos estados. Mas nenhum dos lados saiu totalmente satisfeito, já que direitos políticos de Dilma foram mantidos com o apoio do PMDB

por Hylda Cavalcanti, da RBA publicado 31/08/2016 18:36

FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/FOTOS PÚBLICAS
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Renan Calheiros, do tipo que gosta de ficar bem com todos, decidiu votar pelo impeachment e contra a perda de direitos de Dilma
Brasília – Na eleição que determinou o afastamento definitivo de Dilma Rousseff hoje (31), os senadores pró-impeachment ganharam dois apoios. Um deles foi o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que preferiu não se abster e se posicionou pelo impeachment. Outro foi do senador Telmário Mota (PDT-RR), adversário feroz de Romero Jucá (PMDB-RR), mas que manteve entendimentos com o Planalto para conseguir cargos de segundo escalão no seu estado e virou de última hora. Jucá, ontem, dizia que não queria calcular um último voto, mas eram grandes as possibilidades de puxar mais um parlamentar para o lado de Michel Temer.
O senador, ex-ministro do Planejamento – que teve de deixar o governo provisório por conta de ter sido flagrado em gravações divulgadas durante delação premiada do ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado – é bastante próximo de Michel Temer e estava falando de Oto Alencar (PSB-BA), que se dizia indeciso. Mas neste caso não conseguiu êxito.
Informações de bastidores são de que foram negociados cargos para evitar que mudassem de lado Hélio José (PMDB-DF), João Alberto Souza (PMDB-MA), Roberto Rocha (PSB-MA), Romário (PSB-RJ), Edison Lobão (PMDB-MA) e Fernando Collor (PTB-AL).  Os ministérios que poderão ceder estas vagas negociadas, por meio de cargos em agências e lotados nos estados de cada senador, estariam pré-definidos: seriam Transportes, Agricultura, Turismo, Esporte, Ciência e Tecnologia e Agricultura.
“Não conseguimos barrar o golpe, mas ficou claro que pesou entre os senadores o fato de terem levado em conta questões regionais e alianças nos seus estados. O que prova que houve, sim, uma conscientização dos colegas de que não houve crime por parte da presidenta Dilma e uma grande preocupação do governo até então provisório com o aumento das articulações feitas nos últimos dias com vários senadores, pelo ex-presidente Lula e ministros de governos do PT”, afirmou o líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE).
“Valeu foi o peso da caneta. Foi o que falou mais alto. Quanto ao PMDB, soube ser o PMDB de sempre e já mostra que Temer assumirá sem governabilidade, porque os integrantes do partido fizeram questão de cravar sua posição dúbia livrando a presidenta da proibição de exercer direitos políticos”, disse, por outro lado, um deputado do DEM. Este deputado não conseguiu esconder a contrariedade com o fato de os peemedebistas terem votado, na segunda votação do dia, com os aliados de Dilma.
Na prática, o recado do grupo aliado ao governo que assume hoje foi claro para Michel Temer. Quem estava na dúvida e resolveu apoiar o impeachment não abrirá mão das barganhas e compromissos assumidos. Mas por outro lado mostrou que não está integrando a ferro e fogo a base aliada do seu governo, mesmo fazendo parte dele. Também vai lhe dar trabalho para construir coalizões e garantir consensos, no sentido de obter a aprovação de matérias importantes no Congresso.
Para se ter ideia, enquanto 20 senadores votaram contrários ao afastamento de Dilma Rousseff, 32 votaram contra a perda dos seus direitos políticos. Fazem parte da lista desta segunda votação ex-ministros e parlamentares que tiveram presença forte nos governos do PT. E que quiseram passar um recado de que não poderiam ser infiéis com a sigla que integram, mas não deixariam os petistas totalmente na mão.
Fazem parte desta posição Jader Barbalho (PMDB-PA), Eduardo Braga (PMDB-AM), Edison Lobão (PMDB-MA), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Roberto Rocha (PMDB-MA). No caso de Barbalho, ele ensaiou nos últimos dias que tinha sido bem tratado pelo PT e só seguiu com o PMDB por ter ligações históricas com a sigla que integra. Seu filho, Helder Barbalho, saiu do ministério dos Portos, no governo Dilma, para ocupar a pasta de Integração Nacional, no governo Temer.
Mas Barbalho chegou a receber a visita de Lula em casa e teria dito ao ex-presidente que a questão que interferiu no seu voto foi “regional” e tem como pano de fundo uma ambição pessoal. Barbalho acha que está saindo da política e está numa idade em que, tem dito aos mais próximos, “não teme mais nada, nem deve nada a ninguém”. Mas gostaria de, antes disso acontecer, deixar o caminho traçado para Helder ser governador do Pará. E considera as articulações com o governo de Michel Temer, por conta dos arranjos de peemedebistas em municípios paraenses, vitais para isso.
No caso dos senadores do Maranhão, as questões foram mais intrínsecas. Eles questionaram vários pontos com representantes do PT, incluindo o próprio Lula e, no caso de alguns, até com o governador do estado, Flávio Dino, que é do PCdoB. Também falaram, por outro lado, com  integrantes da articulação política do governo Temer. Foram prometidos a eles pelo governo até então interino, ministérios e cargos de diretoria em bancos públicos.
Mas teria pesado mesmo nessas tratativas que terminaram culminando na decisão de continuarem a favor do impeachment, o impacto da família Sarney sobre este apoio e a formalização de algum tipo de comprometimento conjunto diante das eleições majoritárias em 2018 no estado, o que não conseguiu ser objeto de um acordo.
Sendo assim, os maranhenses preferiram se manter como estavam, embora fazendo o “carinho” de não votar pela perda de direitos para Dilma.

Rivalidades estaduais

Outra prova de fogo disse respeito a estados onde o PMDB enfrenta divergências com o PSDB, dois partidos que estão juntos na base aliada do governo Temer. Destacam-se, entre esses casos, o Amazonas, onde a briga é entre o ex-governador Eduardo Braga (PMDB) e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), e o Paraná, onde têm interesses eleitorais para os mesmos cargos, posteriormente, o atual governador Beto Richa (PSDB) e o senador Álvaro Dias (PV).
“O dia de hoje ficará para a história não apenas pela consolidação dos atos de covardia, traição e confirmação de mau caratismo por parte de tanta gente neste Congresso, mas também pelas tenebrosas transações firmadas, como diz a música do Chico Buarque”, comentou Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Em relação a Fernando Collor, não houve propriamente uma mudança de votos, mas uma esperança por conta da conversa que ele teve no sábado com Dilma Rousseff, desfeita pouco depois. E uma expectativa observada por trocas intensas de olhares do ex-presidente e hoje senador com dois aliados fiéis do seu governo em 1992: Romero Jucá e Renan Calheiros.
Collor abriu seu discurso dizendo que já passou por isso, que votaria pelo afastamento da presidenta e que embora fosse contrário à divisão de votações entre o impeachment e a perda de direitos políticos, no seu caso não houve tal divisão. Demonstrou, com a fala,  certa resignação ao fazer uma comparação entre o que houve com ele e Dilma, mas contou com um apoio implícito dos dois senadores, como se dissessem: "Estamos lembrados de tudo e estamos aqui", conforme afirmaram deputados que assistiram à sessão.
Já Renan Calheiros, que é dado a um estilo de "morde e assopra" e tem procurado, ao longo de sua história política, ficar de bem com todos, deu a deixa sobre o fato de que iria votar pelo impeachment e contra a perda de direitos da presidenta em meio a trocas semelhantes de olhares e acenos com petistas. Calheiros, antes de se pronunciar pela segunda vez, ouviu a defesa feita pelo senador Jorge Viana (PT-AC), que discursou olhando para ele num clima de entendimento.
Para muitos observadores, estava sendo selado ali, um pacto prévio, firmado entre eles provavelmente na tarde ou noite de ontem, que foi o que definiu, de vez, a manutenção dos direitos políticos de Dilma com o aval dos outros peemedebistas.
A votação terminou sendo marcada por tons emocionados, como se esperava. E discursos buscando mais conciliação, como o de Renan e acusações aos favoráveis ao impeachment de “canalhas” por Lindbergh Farias (PT-RJ), que lembrou a fala do então ministro Tancredo Neves em 1964, quando o Senado considerou vago o cargo de João Goulart.
Passou, ainda, por respostas do neto de Tancredo, Aécio Neves (PSDB-MG), que disse que se o avô estivesse vivo votaria pelo impeachment, sem dar mais explicações, bem como por novas argumentações irritadas de senadores como Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) tentando desconstruir a ideia de que houve um golpe no país.
“Agora é dar continuidade à luta. A história dos que estão do lado correto não terminou”, acrescentou Lindbergh. No íntimo, para parlamentares tucanos, os senadores contrários ao impeachment, que já previam o resultado do afastamento da presidenta havia semanas, terminaram sendo mais bem sucedidos do que esperaram. E, em reservado, estão comemorando o bom resultado que conseguiram obter assegurando os direitos políticos da presidenta.
Os petistas negam esse entendimento dos tucanos. E Dilma já deixou claro, do Palácio da Alvorada, que a luta continua e que a oposição ao que chamou de "governo de corruptos" será ferrenha.
Quanto a Temer, que segue esta noite para China como presidente do Brasil, terá de pensar nos remanejamentos que fará nos ministérios e nos consensos que terá de buscar para manter uma base com a qual atue em sintonia.

O presidente Michel Temer está inelegível pela Lei da Ficha Limpa?


Rafael Barifouse

Michel TemerImage copyrightAFP
Image captionTemer assumiu a Presidência da República, mas pode ter problemas se quiser disputar o cargo em 2018
Com a posse definitiva de Michel Temer como presidente da República, sua situação perante a Justiça eleitoral voltou ao centro do debate. Afinal, ele está ou não inelegível?
Temer foi condenado em maio por unanimidade pelo plenário do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por ter feito doações ilegais para as campanhas de 2014 de dois candidatos a deputado federal do seu partido, o PMDB, no Rio Grande do Sul.
O valor total doado (R$ 100 mil) representou 11,9% de seus rendimentos em 2013, ultrapassando o limite legal de 10% da renda de uma pessoa física estabelecido em lei.
O caso transitou em julgado, ou seja, não cabe mais recurso - e Temer foi condenado a pagar uma multa de R$ 80 mil.
Seu caso se enquadra, portanto, entre aqueles previstos pela Lei da Ficha Limpa, segundo a qual ficam inelegíveis por oito anos a partir da data da condenação a "pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral", como o TRE-SP.
Mas restou uma dúvida quanto à situação de Temer, porque, como destacou sua assessoria da época da condenação, ainda que ele tenha reconhecido ter doado R$ 16 mil além do limite legal por um "erro de cálculo", "em nenhum momento foi declarada pelo TRE sua inelegibilidade".

Alerta

Urna eleitoralImage copyrightABR
Image captionTRE-SP pediu inclusão de 'notação de inelegibilidade' no cadastro de Temer
De fato, o termo não consta no acórdão de sua condenação. Ao mesmo tempo, o tribunal enviou à 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, onde Temer está cadastrado, um comunicado para que seja incluída em sua ficha essa condenação.
O texto da mensagem diz que "foi transmitida mensagem eletrônica à 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, para o comando do ASE 540 - inelegibilidade no Sistema ELO em nome de Michel Miguel Elias Temer Lulia".
À BBC Brasil, a assessoria de imprensa do TRE-SP esclareceu que esse comunicado é um "trâmite" comum da Justiça eleitoral e serve para alertar, caso ele se candidate a um cargo público no futuro, sobre uma condenação que pode impedi-lo de concorrer.
"Mas a Justiça Eleitoral não pode decretar sua inelegibilidade agora", disse a assessoria do tribunal. "Isso caberá ao juiz responsável ao avaliar o pedido do registro de sua candidatura", caso esta ocorra.
Isso está em concordância com a nota enviada à imprensa pela assessoria de Temer. "Só a Justiça pode declarar alguém inelegível. Qualquer manifestação neste sentido é especulação e precipitação", afirmou o comunicado.
Se Temer pedir esse registro, será informado que há um possível impeditivo e terá um prazo para se defender.
O caso será julgado pelo colegiado do Tribunal Superior Eleitoral se ele for candidato à Presidência ou por um juiz do TRE-SP se quiser concorrer a outros cargos.




Temer faz estreia internacional em China pragmática mas 'apreensiva' com relações bilaterais

01/09/2016 06h42 - Atualizado em 01/09/2016 06h53

Presidente participará nos dias 4 e 5 de setembro do encontro do G20 - grupo que reúne as maiores economias do mundo; chineses tinham boa relação com gestão petista e estão de olho em relações de novo governo. com EUA.

Mariana SchreiberDa BBC

Michel Temer (c) é empossado presidente da República em cerimônia realizada noCongresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira, 31, após a cassação de Dilma Rousseff   com a aprovação de 61 senadores.  (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)Michel Temer é empossado presidente da República em cerimônia realizada no Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira (31) (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
Em meio a certa cautela internacional quanto ao processo de impeachment que derrubou o governo de Dilma Rousseff, o presidente Michel Temer, agora confirmado definitivamente no cargo, embarcou para a China, onde participará nos dias 4 e 5 de setembro do encontro do G20 - grupo das maiores economias do mundo.
É fácil entender sua pressa nos últimos dias para encerrar o julgamento. De um lado, a ocasião dá a Temer um palco de destaque para sua estreia internacional, já que estarão presentes no encontro os líderes mais importantes do mundo, como o presidente americano, Barack Obama, e a nova primeira-ministra britânica, Theresa May.
De outro, lhe garantirá uma recepção amigável do país anfitrião, já que a China, pragmática nas suas relações externas, está mais interessada em construir um bom relacionamento com o novo governo brasileiro do que em se preocupar com a legitimidade ou não do processo que lhe alçou ao poder.
Sob o comando do Partido Comunista desde 1949, o governo chinês não costuma interferir em questões de política interna de outros países. Mesmo antes de concluído o julgamento de Dilma, já estava cofirmado um encontro entre Temer e o presidente Xi Jinping, para 17h desta sexta-feira, em Hangzhou, cidade próxima a Xangai onde ocorrerá o G20.
A premiê britânica Theresa May, durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (20) em Berlim (Foto: TOBIAS SCHWARZ / AFP)Premiê britânica Theresa May, participará de encontro do G20 (Foto: Tobias Schwarz / AFP)
Apreensão chinesa
Não que o processo de impeachment tenha sido visto com tranquilidade pelo governo chinês, acredita Evandro Menezes de Carvalho, professor de direito internacional da Fundação Getúlio Vargas, que visita com frequência o país.
Pelo contrário, a mudança causou apreensão, já que Pequim tinha construído uma boa relação com Brasília durante os governos petistas, inclusive com a criação dos Brics - grupo de grandes nações emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - e o fortalecimento do G20, ainda no governo Lula.
No entanto, consumada a troca de governo no Brasil, o foco agora é reconstruir a boa relação, observa Carvalho. Ele, que já atuou como professor visitante na Fudan University, em Xangai, conta que tem sido constantemente questionado pelos chineses sobre o novo governo.
"Estive lá em agosto e era muito evidente por parte da academia e algumas pessoas de governo a curiosidade em saber qual vai ser o direcionamento da política externa de um eventual governo Temer", disse à BBC Brasil, pouco antes de o Senado concluir o julgamento de Dilma.
"Eles estão preocupados em entender como se relacionar [com a nova administração]. Então essa é uma pergunta que me faziam muito: o Temer vem ou não vem? Vem com quem? Como são as pessoas? Do que eles gostam? Como a gente trata? Há uma preocupação de estabelecer um canal de diálogo, uma boa relação imediata, sem deixar que questões políticas-ideológicas interfiram na estratégia de relacionamento", acrescentou.
Comitiva
Acompanham Temer na viagem o presidente do Senado, Renan Calheiros, e os ministros José Serra (Relações Exteriores), Henrique Meirelles (Fazenda), Blairo Maggi (Agricultura) e Maurício Quintella (Transportes).
Carvalho observa que a troca de governo através do impeachment acabou afetando as conversas nos últimos meses. Inclusive o Brasil teria sido pouco atuante nas reuniões preparatórias para o G20, já que ficou algumas semanas sem embaixador, devido à substituição de Roberto Jaguaribe por Marcos Caramuru.
Dilma Rousseff impeachment opção 2 (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)Dilma Rousseff deixou o poder após decisão do Senado (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
"A mudança de governo, tal como está se dando, preocupou o governo chinês e de certo forma impactou nas relações. Eles já estavam acostumados, já tinham estabelecido a base de uma relação que perdurou quase 14 anos com governos do PT, onde teve de fato uma série de iniciativas, sobretudo nos anos Lula", nota o professor.
Foi, por exemplo, já no segundo ano da administração petista, 2004, que houve a criação da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), o que elevou a relação entre os dois países ao status de "parceria estratégica global".
Carvalho nota que a China considera importante a relação com outros países emergentes e que não trata essas nações da mesma forma que as potências europeias e os Estados Unidos.
O governo chinês, inclusive, valoriza muito o G20 (em contraponto ao mais restrito G7) e fez pesados investimentos de infraestrutura para a realização da cúpula em Hangzhou. Com objetivo de reduzir a poluição e o trânsito, mandou fechar fábricas próximas da cidade e decretou feriado durante o evento.
"Existe uma questão geopolítica, uma apreensão chinesa, para entender bem como vai ser esse novo governo brasileiro na relação com os Estados Unidos. E se isso vai ou não afetar os interesses chineses", observa o professor.
"É uma questão que parece estar subentendida nas perguntas que me fizeram bastante: se os negócios chineses vão ser prejudicados em função do que supostamente eles atribuem a uma proximidade maior do perfil do governo Temer com os Estados Unidos", ressaltou.
Durante o G20, também estão previstos encontros bilaterais de Temer com os governantes de Itália e Espanha no dia 5. Reuniões com Árabia Saudita e Japão ainda estão sendo negociadas.
O presidente também se reunirá no dia 3 com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, o brasileiro Roberto Azevêdo, que foi eleito para o cargo com apoio do governo Dilma.
'Maior parceiro'
A China desde 2009 é o maior parceiro comercial do Brasil, comprando principalmente matérias-primas, como soja e minério de ferro, e nos vendendo produtos industrializados.
Dessa forma, o foco da conversa de quarenta minutos entre Temer e o Xi Jinping será a economia. O presidente brasileiro deve priorizar três temas:
Temer deve falar ao presidente chinês sobre as reformas que pretende implementar no país para promover o ajuste fiscal, assim como apresentar oportunidades de investimento dentro do plano de concessões que está sendo elaborado para a área de infraestrutura.
Há expectativa de que Xi Jinping convide Temer para retornar ainda este ano à China para uma visita de Estado. Nesse tipo de encontro, diferentemente da reunião durante o G20, o presidente iria com uma grande comitiva de ministros e empresários para uma série de encontro entre as autoridades dos dois países.
Da parte da China, há grande interesse em construir uma ferrovia transoceânica ligando o Atlântico e o Pacífico, através do Brasil e do Peru, para baratear seu comércio com a América Latina.
Gigantesco, o projeto ainda está longe de sair do papel. Devido à diferença de bitolas dos trilhos de Brasil e Peru, exigiria a construção de um enorme centro de conexão no meio da floresta amazônica, com relevante impacto ambiental
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Marcela Temer vai assumir cargo no governo

"Ela é advogada e muito preocupada com as questões sociais", disse o presidente em exercício Michel Temer



BRASIL PROGRAMA SOCIALHÁ 1 HORA
POR NOTÍCIAS AO MINUTO


O presidente em exercício Michel Temer já havia adiantado, ainda como interino, que, caso fosse efetivado no cargo, convocaria sua mulher, Marcela, para assumir alguma função na área social. Primeira-dama a partir dessa quarta-feira (31), quando Temer foi empossado, Marcela atuará no “Criança Feliz”, nome provisório do programa coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social.


De acordo com o jornal O Globo, o foco do programa, que será lançado na terceira semana de setembro, em um grande evento no Palácio do Planalto, será o atendimento às 4 milhões de crianças de zero a quatro anos do Bolsa Família. "Ela virá para a área social. Vai trabalhar intensamente" declarou Temer.
O ministro Osmar Terra, idealizador do programa, conta que as crianças de até mil dias (pouco menos de três anos) serão atendidas em casa, semanalmente, para avaliação médica, pedagógica e psicológica.
"Como foi dito há alguns meses pelo presidente, Marcela assumirá seu primeiro desafio no governo atuando neste programa social. É mãe e tem todos os predicados para ajudar nesta área", disse um auxiliar presidencial.