Após quatro anos de um Governo de coligação centro-esquerda e seis anos de recessão, a oposição de direita tenta regressar ao poder nas primeiras eleições gerais na Croácia desde que aderiu à União Europeia, em 2013.
As sondagens mostram a conservadora Coligação Patriótica, liderada pelo partido HDZ, na dianteira, mas a confortável distância que tinha nos últimos meses foi eliminada pela aliança no poder, a Croácia A Crescer, liderada pelos social-democratas (SDP) e pelo primeiro-ministro, Zoran Milanovic.
Algumas vozes sustentam que a entrada no país, desde meados de setembro, de mais de 300.000 migrantes que se dirigem ao norte da Europa, forneceu a Milanovic uma distração bem-vinda, após um mandato dececionante em que falhou na criação de reformas muito aguardadas.
O chefe do executivo parece ter atravessado a ténue linha que separa a manifestação de compaixão e a defesa de interesses nacionais, primeiro, tratando com dureza a vizinha e ex-inimiga Sérvia e, mais recentemente, firmando um acordo para transportar migrantes pela sua fronteira partilhada de comboio.
Com uma campanha rica em retórica nacionalista, a oposição, liderada pelo ex-diretor dos serviços de informações Tomislav Karamarko, também contribuiu para a crise, primeiro exigindo controlos fronteiriços mais rígidos e, depois, criticando o tratamento dado pelo Governo aos migrantes.
Sendo a Croácia um país onde muitos sentem empatia com os refugiados, porque estiveram também eles deslocados em consequência da guerra nos anos 1990, o bloco de direita pareceu ter dificuldades sobre como abordar melhor essa questão.
As batalhas económicas que o país trava poderão não ser de imediato identificadas pelos estrangeiros que visitam pela primeira vez a capital, Zagreb, e as suas ruas elegantes e movimentadas e os cafés da moda.
Mas os problemas são agudos: a economia da Croácia tem um dos piores desempenhos da União Europeia, com a dívida pública em quase 90% do Produto Interno Bruto (PIB) e 16,2% de desemprego em setembro, 43,1% do qual entre jovens.
Embora se espere o retorno ao crescimento de quase 1% este ano, analistas dizem que faltaram à campanha eleitoral propostas reformistas sólidas.
ANC // JMR
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