quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Série inédita brasileira mostra salto da desigualdade no começo da ditadura Com método de Piketty, estudo de Pedro Ferreira de Souza constrói histórico desde 1927 Dados do 1% mais rico pós-64 refutam ideia de desigualdade como efeito do milagre Medeiros: “A desigualdade do Brasil é disfuncional para a democracia”

AMPLIAR FOTO
Tanques em Brasília em 1964. / ARQUIVO DF - SENADO
É preciso crescer o bolo para depois distribuí-lo. O debate sobre a frase clássica da ditadura brasileira para explicar o salto dadesigualdade na década de 1960 acaba de ganhar um novo capítulo. Série histórica inédita sobre a concentração de renda nas mãos do 1% mais rico da população do Brasil, de 1927 a 2013, mostra que a acumulação de renda no topo da pirâmide deu um salto nos primeiros anos de regime militar. Os novos números identificam um aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres antes domilagre econômico. Ou seja, não foi apenas em decorrência do crescimento acelerado da economia iniciado em 1968 —e da demanda insatisfeita por trabalhadores mais qualificados provocado por ele— que a alta da desigualdade se deu. As medidas dos anos de recessão e o ajuste do começo do período, que incluíram isenções fiscais, arrocho salarial e repressão a sindicatos, foram determinantes para a reversão rápida, entre 1964 e 1968, de uma trajetória de queda da disparidade
  • SEm 1965, a fração recebida pelo 1% mais rico, considerando apenas os rendimentos tributáveis brutos (só o passível de pagar tributo), era cerca de 10% do bolo total. Apenas três anos depois, a cifra vai a  16%. Em outras palavras, se em 1965 o 1% mais rico ganhava cerca de 10 vezes a renda média do país, em 1968 esse número subiu para 16 vezes. É a partir desse patamar, já alto, que durante o milagre, a disparidade segue aumentando.
O assalariado vai querer ganhar mais apenas para consumir; a empresa desejará maiores lucros para investir, criar novas fábricas, novos empregos, de que o país precisa – logo, ela tem prioridade
Texto da Veja, em 1972, em reportagem que citava a visão da ditadura: crescer primeiro
As conclusões acima fazem parte dos resultados preliminares do estudo feito por Pedro Ferreira de Souza, pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da UnB. Souza integra um núcleo pioneiro do estudo da desigualdade no Brasil, que vem usando, pela primeira vez sistematicamente, informações das declarações doImposto de Renda de quase um século de registros tributários brasileiros. Ao lado de Fabio Castro e do orientador Marcelo Medeiros (UnB e IPEA), utiliza a mesma metodologia do francês Thomas Piketty, que deu novo impulso ao debate global sobre as consequências econômicas e sociais da desigualdade com seu livro O Capital do Século 21 (2014).
Piketty não tratou de Brasil em seu livro —há dados apenas de Argentina e algo da Colômbia— e a maior parte da reflexão do francês está voltada às economias desenvolvidas. Por isso, os dados de Souza também ajudam a inserir a economia brasileira e da América Latina nos novos estudos sobre a desigualdade e a trajetória dela no tempo. O pulo do gato desta linha de pesquisa está em, ao usar dados do imposto de renda, corrigir distorções na medição de desigualdade que aparecem quando se utilizam pesquisas de amostragem como a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE. No Brasil e no resto do mundo, esse tipo de pesquisa acaba subestimando a renda dos ricos: quer porque eles são menos acessíveis, quer porque têm menos habilidade ou intenção de falar de maneira precisa sobre seus ganhos.
Fonte: Elaboração do autor a partir de publicações da Receita Federal e órgãos predecessores, Ministério da Fazenda, IBGE e outros.
"A emergente literatura sobre 'top incomes' (a concentração de renda no topo) conseguiu operar uma mudança nas interpretações da desigualdade nos países desenvolvidos. A ambição da análise dos meus dados é contribuir para isso no Brasil. Mudar o ponto de vista ajuda tanto a iluminar novas dimensões de antigos fenômenos quanto a revelar mudanças e características até então pouco visíveis”, escreve Souza.

Um debate acalorado

Com seus dados sobre o período da ditadura, o pesquisador de 33 anos está enveredando por uma discussão que movimentou os principais nomes da literatura econômica do país nos últimas décadas. Foi um debate extremamente acalorado nos anos 70, quando saíram os dados do Censo daquele ano. As cifras registraram, em comparação ao Censo de 60, uma alta da desigualdade.
Numa época de polarização ideológica e rejeição à ditadura, duas principais correntes se firmaram. De um lado, estavam o brasileiro Rodolfo Hoffmann e o americano Albert Fishlow que apontavam para o arrocho salarial  —o salário mínimo, já descontada a inflação, perdera 20% do seu valor real entre 1964 e 1967—, além da repressão, como fator de importância na desigualdade. O outro lado se firmaria em 1972, quando veio à luz o hoje clássico estudo de Carlos Langoni, que seria depois presidente do Banco Central nos anos 80. Usando dados exclusivos do Censo e outros dados tributários cedidos pelo então ministro Delfim Netto, Langoni usou a chamada teoria do capital humano para apontar o nível de educação como principal fator isolado para explicar o aumento da desigualdade. Como o Brasil crescia a taxas altas no milagre, a demanda por profissionais qualificados era maior que a oferta deles no mercado, forçando o aumento dos salários e, portanto, da renda, dos que estavam nesse topo.
Fonte: elaboração do autor a partir de publicações da Receita Federal e órgãos predecessores, Ministério da Fazenda, IBGE e outros.
Obviamente, nenhuma das duas correntes explicava o todo, ainda mais quando se levaria tempo até ter dados organizados e anuais. Para complicar o panorama, a ditadura viu no estudo de Langoni um meio de construir a narrativa do “bolo em crescimento”, o que carimbaria a análise dele por muito tempo.
A solução que a ditadura deu para a crise econômica e fiscal de 1964 a 1967 foi fazer um ajuste recessivo brutal. Por vários caminhos, as decisões político-econômicas diminuíram o custo do trabalho e aumentaram os ganhos de capital
Pedro Ferreira de Souza
"A filosofia do ministro pode ser assim entendida: se a riqueza nacional cresce de 100, não é possível distribuir senão esses 100; daí uma política ter que optar: quem ficará com essa nova fatia, ou com a maior parte dela? A resposta é esta: o assalariado vai querer ganhar mais apenas para consumir; a empresa desejará maiores lucros para investir, criar novas fábricas, novos empregos, de que o país precisa – logo, ela tem prioridade”, escreve a revista Veja em 1972 sobre a filosofiade Delfim Netto citando o trabalho de Langoni. Pelo texto, o jornalista Paulo Henrique Amorim ganharia o Prêmio Esso, o mais prestigioso do jornalismo.
Na interpretação de Souza, a série histórica da desigualdade no Brasil que ele produziu faz o debate pender para Fishlow e Hoffmann quase quatro décadas depois. “Tudo mudou muito rapidamente após a ruptura institucional em 1964 e não há nenhuma explicação melhor para o salto da desigualdade. A solução que a ditadura deu para a crise econômica e fiscal de 1964 a 1967 foi fazer um ajuste recessivo brutal. Por vários caminhos, as decisões político-econômicas diminuíram o custo do trabalho e aumentaram os ganhos de capital”, descreve o pesquisador.
A questão está longe de soar ultrapassada. No prefácio da terceira edição do estudo de Langoni lançado em 2005, outro expoente do estudo da desigualdade do Brasil, Marcelo Neri, da FGV e ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos sob Dilma Rousseffescreve: "Ouso dizer que o estudo de Langoni não foi superado. Seja pela atualidade da técnica utilizada (...), seja pelos resultados substantivos, que permanecem tão atuais quanto antes".
"A ironia da história é que o argumento de Langoni pode ter sido relativamente pouco relevante para entender a mudança na desigualdade na década de 1960, mas certamente é relevante, pelo menos parcialmente, para entender os níveis e tendências da desigualdade no Brasil nas últimas décadas”, diz Souza, que passou o último ano na Universidade da Califórnia (Berkeley), sob a supervisão do francês Emmanuel Saez, parceiro de Piketty.
Com a série histórica, Souza não joga luz apenas no imbróglio da ditadura. Em seu trabalho, o pesquisador relaciona os ciclos políticos brasileiros e a desigualdade. Houve aumento dela durante a Segunda Guerra Mundial, quando a incipiente indústria nacional foi beneficiada pela forçada substituição de importações. No período depois e até a chegada na ditadura, há queda no índice, que chegou ao ponto histórico mais baixo. Sobre os dados de antes de 60, também inéditos, o pesquisador diz que ainda não tem uma interpretação definitiva sobre a queda da desigualdade: era um ciclo democrático, de substituição de importações, de urbanização. Uma pista é que na Argentina, também uma economia primária em transformação, o comportamento é parecido.
"O que os dados do Pedro (Souza) estão mostrando é que o caso brasileiro, de certa forma alinhado com o caso argentino, sinalizam que as explicações clássicas da desigualdade talvez não sirvam para todos os países do mundo. Talvez a gente precise de um outro tipo de explicação. Talvez não exista uma explicação geral, mas sim explicações locais", diz Medeiros, seu orientador na UnB.
Assim como nos anos 60 e 70, os 80 são de alta da desigualdade mais uma vez, mas, pondera o pesquisador,  há “ruído” na tabela por causa da hiperinflação. É possível, afirma, apontar que a partir de "algum momento dos anos 1990", já na democracia, a desigualdade começa a cair.
O 1% mais rico na França tem 10% da renda, nos EUA a taxa é de 20%. No Brasil, 25%, a mais concentrada e desigual entre as grandes economias 

Ciclos políticos e Governo Lula

Parte dos dados tributários, usados em trabalhos conjuntos dele com Medeiros e Fabio Castro, também complexifica a trajetória da desigualdade na era Lula-Dilma. Se as medições baseadas na PNAD mostraram uma queda da desigualdade depois de 2001, os números calculados com base nos dados tributários mostram uma estabilidade (mesmo na PNAD, há estabilidade em 2012 e 2013 no índice). Ou seja: pode ter havido redistribuição de renda, e consequente maior bem-estar, para grupos da base da pirâmide sem que isso tenha mexido na fatia relativa ao 1% mais rico. Por causa disso, na tabela da desigualdade no topo, há pouca alteração. O dado que contestava a narrativa sobre queda de desigualdade sob Lula provocou controvérsia durante as eleições presidenciais no ano passado.
“A pergunta que mais me fascina é: sob que condições sociedades democráticas e capitalistas conseguem redistribuir renda? A ênfase da literatura de top incomes é no papel de choques mais ou menos exógenos, principalmente a Segunda Guerra, para a queda da desigualdade”, conta Souza. Ele lembra que, ao contrário do que o senso comum pode induzir a pensar, os países desenvolvidos tiveram, no começo do século 20, patamares de desigualdade próximos ao dos países latino-americanos e do Brasil na mesma época. Agora, as taxas se afastaram: enquanto o 1% mais rico na França tem 10% da renda, nos EUA a taxa é de 20%. No Brasil, 25%, a mais concentrada e desigual entre as grandes economias para as quais há dados.
“Não há casos bem conhecidos de países que tenham saído de um nível brasileiro e gradualmente, sem sobressaltos ou catástrofes, tenham chegado a níveis de desigualdade franceses, por exemplo. Não quero soar pessimista, talvez inventemos algo para resolver isso”, lança o pesquisador, sem muita convicção. É um pensamento sombrio, ainda mais quando o país em crise discute como sair do maior retrocesso do PIB em 25 anos sem perder o que avançou em termos de combate à desigualdade e pobreza no período.

Funcionária do gabinete de Teori Zavascki morre sem atendimento no Hospital de Base

Publicado em 

Uma funcionária do gabinete do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), morreu sem atendimento adequado no Hospital de Base de Brasília.
A mulher de 44 anos passou mal no trabalho na última quinta-feira (29), foi socorrida no posto médico do STF e levada às pressas para o pronto socorro.
Ao chegar ao Hospital de Base, ela precisou ser submetida a aplicação de desfibrilador cardíaco, mas o equipamento estava quebrado, segundo o relato de assessores do ministro.
Ela, então, foi transferida para o Hospital do Coração, mas chegou sem vida.
O relator da Lava-Jato está inconformado.

Governo estima R$57 bi em pedaladas em 2015, incluindo encargos

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O governo calculou que as chamadas "pedaladas fiscais" somarão 57,013 bilhões de reais no final deste ano, incluindo encargos da dívida, segundo documento enviado à Comissão Mista de Orçamento (CMO) e obtido pela Reuters nesta quarta-feira.
Desse total, 22,438 bilhões de reais são referentes aos pagamentos em atraso ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros 20,737 bilhões de reais ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Também há 1,509 bilhão de reais relativos à Caixa e 12,329 bilhões de reais ao Banco do Brasil BBAS3.SA.
Com isso, se o governo for obrigado a pagar esses passivos à vista, o setor público consolidado poderá amargar déficit primário de 117 bilhões de reais neste ano. O pior número que havia surgido era de rombo de 115 bilhões de reais, num cenário que também considera a não obtenção de receitas com leilão de hidrelétricas. [nL1N12T3CB]
O Tribunal de Contas da União (TCU) ainda não decidiu se o pagamento das pedaladas deverá ser de uma só vez ou poderá ser parcelado.
De acordo com fonte do Palácio do Planalto, o governo negocia com o TCU para acelerar a decisão, e existe uma tendência que o órgão aceite o parcelamento. A intenção é que os débitos com os bancos públicos possam ser parcelados em até 60 meses (cinco anos), uma proposta defendida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. No entanto, mesmo com o parcelamento, a interpretação do governo é que todo o montante da dívida deve ser colocado no Orçamento deste ano como déficit.
Sem contar os encargos da dívida, as pedaladas fiscais --pagamentos que o governo deveria ter feito a bancos públicos por conta de programas sociais e subsídios-- somarão 51,488 bilhões de reais no final deste ano, segundo cálculos do governo enviados à comissão.
Os números foram entregues após parlamentares da oposição na CMO pedirem detalhes sobre o pagamento das pedaladas e seu impacto sobre as contas públicas.

O governo tenta aprovar no Congresso nova mudança na meta fiscal deste ano, que era de superávit primário equivalente a 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais).

"Furacão da CPI" critica GDF no Facebook após comentário de Rollemberg Governador disse que secretário de Segurança Pública e comandante-geral da PM vão ficar no cargo, e a ex-assessora parlamentar rebateu

Reprodução/Facebook

Denise Rocha, que ficou conhecida como o Furacão da CPI do Cachoeira em 2012, aproveitou as redes sociais para comentar a situação dos serviços públicos de Brasília. Em um post do Facebook do Correio, onde o governador Rodrigo Rollemberg afirma que não aceitou a demissão de comandante da PM, Denise comentou: “Não deveria aceitar também deixar os hospitais sem médicos e as escolas sem professores”.

O comentário repercutiu entre os leitores. “Cala boca que você nem usa o serviço público”, respondeu um deles. Denise entrou no debate com os internautas sobre a situação do governo do Distrito Federal.

Furacão

A ex-assessora parlamentar ganhou fama quando teve um vídeo íntimo divulgado na internet. Na época, ela trabalhava para o senador Ciro Nogueira (PP-PI). A CPI do Cachoeira investigava as atividades de Carlinhos Cachoeira no ramo de jogos ilegais no Goiás. Nogueira era um dos parlamentares que fazia parte da comissão.

Yamaha quer fazer carro com emoção de moto Montadora exibe esportivo no Salão de Tóquio, que segue até domingo (8). E recusa rotulo de marca só de moto: 'somos uma empresa de mobilidade'.

 Yamaha é marca de... Aficionados por veículos responderão "motos". Mas a resposta poderia ser ainda "motor de barco", "quadriciclo", "carrinho de golfe", até "teclado" e "saxofone". A empresa japonesa se desdobra em diversas áreas e, no Salão de Tóquio, quer mostrar mais uma faceta: a de fabricante de carros.
Um lustroso superesportivo é a maior atração no estande da marca no evento que termina neste domingo (8). Há quem diga que o Sports Ride Concept está lá apenas para chamar a atenção. Mas a montadora diz que pretende entrar nessa briga e tem como meta o ano de 2020.
Yamaha Sports Ride Concept (Foto: YOSHIKAZU TSUNO/AFP)Yamaha Sports Ride Concept (Foto: YOSHIKAZU TSUNO/AFP)
Yamaha Sports Ride Concept (Foto: Divulgação)Yamaha Sports Ride Concept (Foto: Divulgação)
Na verdade, este objetivo corresponde à data que a montadora colocou para começar a fabricar um compacto urbano chamado Motiv, também apresentado em Tóquio, em 2013.
O compacto e o esportivo são frutos de chassis criados por Gordon Murray, que desenhou para a McLaren na Fórmula 1.
Exibida ao lado do carro, a estrutura do esportivo, de fibra de carbono, é chamada de novo iStream e "estabelece novos padrões de leveza, rigidez e segurança para chassis", disse o designer ao site "Autocar".
Assim, o carro pesa apenas 750 kg, de acordo com a Yamaha. Com espaço para dois ocupantes, tem 3,90 m de comprimento, 1,72 m de largura e 1,17 m de altura.
Masato Suzuki, gerente de desenvolvimento de veículos-conceito, disse ao G1 que, com essa estrutura e a do Motiv, a Yamaha poderá produzir diversos tipos de carros, não necessariamente um superesportivo cupê, mas minivans e SUVs, que estão em alta no mercado mundial, além de compactos.
Chassi de fibra de carbono do Yamaha Sports Ride (Foto: Divulgação)Chassi de fibra de carbono do Yamaha Sports Ride (Foto: Divulgação)
O desafio de fabricar
Segundo Murray, esse chassi também é mais barato e rápido de ser produzido. E seria lucrativo mesmo em volumes de produção considerados não tão altos, como 1.000 a 350.000 carros/ano. Além dele, Murray e sua parceira, a empresa japonesa Toray, continuam trabalhando em outros tipos de estrutura, como a de fibra de vidro, do iStream original, que é a do compacto Motiv.
Suzuki afirma que ainda há muito a ser definido para que a Yamaha entre no ramo dos carros: será necessária criar uma estrutura complexa para a fabricação em diversos estágios. "Temos a tecnologia para criar a estrutura, mas não temos, por exemplo, a estamparia", explica.
Yamaha Sports Ride Concept (Foto: Divulgação)Yamaha Sports Ride Concept (Foto: Divulgação)
Ainda assim, a Yamaha se recusa a ser chamada de marca "de moto". "Nós somos uma empresa de mobilidade", corrige Kenji Otsuki, gerente de comunicação global.
O namoro da Yamaha com o mundo dos carros não é novo. Além da longa história na Fórmula 1, a empresa produziu o Toyota 2000GT e forneceu motores para modelos como o Ford Taurus SHO e o Volvo XC90. O sonho de colocar um carro com sua marca nas suas chegou a sobreviver com o OX99-11, projeto dos anos 90 engavetado em meio à crise econômica no Japão.
 
'Cockpit' de moto
No entanto, ao ser questionado sobre como a Yamaha pretende atrair clientes em um segmento tão competitivo quanto o de carros, Otsuki afirmou que a montadora pretende levar para os veículos de quatro rodas a emoção da moto.
Tanto que o interior do esportivo desenhado por Dezi Nagaya, ex-Toyota, tem o banco do motorista dividido por uma estrutura que lembra um tanque e permite que ele "monte" no assento (assista no vídeo acima).
O painel de instrumentos imita o de moto e é "coberto" por uma bolha. O escapamento alto também lembra esses veículos. Não foram divulgadas informações sobre o motor do superesportivo. O compacto Motiv utilizaria um 1.0 de 3 cilindros, que desenvolve de 70 a 82 cavalos.
Yamaha Motiv foi um conceito mostrado em 2013 (Foto: Divulgação)Yamaha Motiv foi um conceito mostrado em 2013 (Foto: Divulgação)
Yamaha Sports Ride Concept (Foto: Divulgação)Yamaha Sports Ride Concept (Foto: Divulgação)
Yamaha Sports Ride Concept (Foto: Divulgação)Yamaha Sports Ride Concept (Foto: Divulgação)

Baiano e Costa fazem acareação a partir desta quinta-feira em Curitiba Delatores da Operação Lava Jato estarão frente a frente na Polícia Federal. Teor da divergência não foi divulgado pelas defesas, nem pelos policiais.

Paulo Roberto Costa e Fernando Baiano fazem acareação nesta quinta-feira (Foto: Reprodução/TV Globo)Paulo Roberto Costa e Fernando Baiano fazem
acareação nesta quinta-feira
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Uma acareação entre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o lobista e operador da Lava Jato Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, deve ocorrer nesta quinta-feira (5), emCuritiba. A informação foi confirmada pelas defesas de ambos e pela Polícia Federal.
Os dois são investigados pela Lava Jato e, além de serem réus em processos originados na operação, também já foram condenados em ações penais por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Eles também integram o rol de delatores.
De acordo com a assessora de João Mestieri, que é o advogado de Fernando Baiano, a acareação será às 14h, na sede da Polícia Federal (PF). O lobista está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana da capital paranaense. Já Paulo Roberto Costa cumpre prisão em regime semiaberto diferenciado, no Rio de Janeiro.
A acareção entre eles está prevista para continuar também na sexta-feira (5). Embora as defesas e a PF tenham confirmado as datas, não há informações sobre o teor das divergências entre eles.
Por serem delatores, os dois estão sujeitos a perder os benefícios da colaboração premiada, caso tenham mentido ou omitido fatos criminosos que tenham participado ou presenciado.
Fernando Baiano
Fernando Baiano é apontado por procuradores como operador do PMDB no esquema  o partido nega as acusações. Neste papel, segundo o Ministério Público Federal (MPF), ele atuava na negociação de propinas e na distribuição de dinheiro que saía da estatal para os envolvidos nos crimes.
Preso em novembro do ano passado, quando a 7ª fase da operação foi deflagrada, Fernando Baiano deve ser solto dia 18 deste mês, graças ao acordo de delação premiada que ele fechou com o MPF. Ele já foi condenado a 16 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em processo de contratação de navios-sonda para a estatal. Na ocasião, ele operou U$S 15 milhões de propina e, segundo o delator Júlio Camargo, deste total US$ 5 milhões foram pagos ao presidente da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Conforme Camargo, Fernando Baiano era sócio oculto de Cunha.
Baiano ainda responde a mais um processo que envolve pessoas ligadas à empreiteira Andrade Gutierrez.
Paulo Roberto Costa
Embora tenha sido condenado em vários processos da Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras foi beneficiado com o acordo de colaboração premiada que celebrou com o Ministério Público Federal. Em troca das penas menores, ele foi um dos que denunciou o esquema de desvio de recursos da Petrobras.
No regime semiaberto diferenciado, Paulo Roberto Costa deve voltar para casa todos os dias, no máximo, até as 20h e não sair nos fins de semana. A partir de 1º de outubro de 2016, ele passará ao regime aberto e poderá, inclusive, viajar, desde que tenha autorização judicial.
Foi um carro no nome de Costa que levou a Polícia Federal a mudar o foco das investigações da Lava Jato. Inicialmente, a operação seguia os passos de uma quadrilha de doleiros chefiada porAlberto Youssef. No entanto, pouco antes da prisão do grupo, os policiais encontraram um carro que pertencia a Costa, mas que estava registrado no endereço de Youssef.
Ao ser preso, os policiais acreditavam que Costa era apenas mais um membro da quadrilha ou que tinha usado os serviços deles para lavar dinheiro da empresa que criou após sair da Petrobras, a Costa Global. A empresa de consultoria foi o primeiro elo entre a participação de Youssef no esquema de desvios da Petrobras.
O ex-diretor foi preso junto com a quadrilha, em março de 2014, na deflagração da Lava Jato. Dias depois, conseguiu um habeas corpus da Justiça, mas voltou a ser preso. Após dois meses na prisão, decidiu colaborar com as investigações e detalhou como funcionava o esquema.
Foi a partir dos depoimentos dele que os policiais desvendaram como funcionava a distribuição de recursos desviados da Petrobras. Empreiteiras que mantinham contratos com a estatal superfaturavam os valores dos serviços que prestavam, por meio de contratos aditivos às obras. Parte dos valores do superfaturamento era usado para pagar propina a diretores da Petrobras e também para abastecer o caixa de partidos políticos, no caso o PT, PMDB e PP.
Paulo Roberto Costa virou diretor da Petrobras em 2004, por indicação do ex-deputado federal José Janene (PP), morto em 2010.  Costa permaneceu no cargo até 2012, quando pediu demissão e abriu a empresa de consultoria.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Quarta-feira, 04/11/2015, às 20:29, por Thais Herédia Pedaladas 'obscenas'

Augusto Nardes, durante julgamento das contas de Dilma no TCU (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)

Finalmente terminou o mistério sobre os "restos a pagar" das pedaladas do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e seu ex-parceiro Arno Augustin. Sob a direção de Joaquim Levy o governo ainda deve R$ 57 bilhões aos bancos públicos e ao FGTS. Agora que o buraco cavado está assumido e reconhecido, resta saber de quanto vai ser o rombo final das contas públicas este ano. Por enquanto, o déficit pode chegar a R$ 119 bilhões – vai depender de alguma entrada surpresa de recursos até dezembro, ou do sucesso do leilão de hidrelétricas no final do mês. 

A maior parte das "pedaladas" é devida ao BNDES, quase R$ 22,5 bilhões – reflexo da diferença entre a taxa de juros básica da economia, definida pelo Banco Central, e a taxa cobrada pelo banco de desenvolvimento para financiar empresas. A TJLP (taxa de juros de longo prazo), de uso exclusivo do BNDES, ficou em 5% durante 2013 e 2014. No mesmo período, a taxa Selic saiu de 7,25% para 11,75%. A diferença variou de 2,25 pontos percentuais até 6,7pp.

A partir de janeiro deste ano a TJLP começou a subir e agora está em 7% ao ano –  com a Selic a 14,25%, a diferença fica em 7,25pp. Este custo está "contratado" por princípio, já que o BNDES foi criado para fomentar o desenvolvimento e aumentar as taxas de investimento da economia. O ponto intrigante da história recente é que, mesmo com o governo injetando mais de R$ 400 bilhões em financiamentos nos últimos cinco anos, os investimentos despencaram, principalmente de 2014 para cá. Ou seja, o país está pagando um baita subsídio para estimular o investimento, que por sua vez, estimularia o emprego, que por sua vez, estimularia o crescimento – para nada.

Ex-ministro de Dilma e atual diretor-presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos não se acanhou ao chamar os juros cobrados no Brasil de "pornográficos". O mesmo adjetivo caberia muito bem às "pedaladas fiscais" praticadas por Mantega e Augustin. Elas não só foram ilegais, como são um retrato da arrogância e temeridade das ações do ex-ministro e do ex-secretário do Tesouro – "pedaladas obscenas" também serve.

Para fechar o capítulo BNDES, vale a ressalva de que custear as operações do banco vai continuar saindo caro e comprometendo o orçamento federal. Não há vislumbre de que o BC comece a reduzir a taxa básica de juros e, mesmo que o governo resolva subir mais um pouco a TJLP, a diferença vai persistir alta e sendo paga pelo Tesouro Nacional. Depois da decisão do TCU de enquadrar a administração da presidente Dilma Rousseff pelas "pedaladas", espera-se que agora tudo seja tratado com transparência e responsabilidade.

Voltando ao déficit total das contas públicas em 2015, há poucas chances dele diminuir. Não vai dar para contar com nada do Congresso Nacional no que diz respeito às medidas de ajuste fiscal - emperradas na fogueira de vaidades da política. Se quiserem parar de atrapalhar, os congressistas podem aprovar a MP 688, que trata da questão do risco hidrológico do setor elétrico e autoriza a cobrança de outorgas no leilão de hidrelétricas já existentes. Sem isso, o leilão marcado para o dia 25 deste mês pode ser um fiasco por falta de interessados. Investir num setor tão complicado e ainda sob uma nuvem de insegurança jurídica, crise econômica e política, não parece ser um bom negócio. Deste leilão o governo espera arrecadar R$ 17 bilhões que podem reduzir um dedinho do buraco fiscal este ano. Mais que isso, nem mesmo se a CPMF fosse aprovada hoje.