Com o agravamento da crise migratória na Europa, muitas imagens resumiram turbilhões de sentimentos de povos e etnias diferentes, que em pleno século XXI fogem de conflitos e de condições subumanas para criar uma família com dignidade.
Entretanto, outra imagem rodou as telas do mundo também e, desta vez, resgatou a fé na humanidade: perto da cidade de Szeged, na mesma região da Hungria, um garotinho foi clicado oferecendo aos guardas um biscoito. O registro foi feito pelo repórter da NBC, Carlo Angerer, que publicou em seu Twitter.
Cena desconsertou não só os guardas, como muitas pessoas ao redor do mundo. (Carlo Angerer)
A foto vem à tona num momento em que o governo conservador da Hungria reforça a sua repulsa aos migrantes, uma vez que até o início de outubro uma cerca de quatro metros de altura será finalizada na divisa com a Sérvia, dando ares de Guerra Fria aos conflitos. Outros países, como a Dinamarca, têm reagido de forma parecida, fechando suas fronteiras aos refugiados e cancelando trens internacionais.
A verdade é que os imigrantes continuam a chegar – aproximadamente 175 mil passaram pela Hungria em 2015, mais de 10% da população local – mas, de acordo com o primeiro-ministro Janos Lazar, “a cerca de quatro metros será adequada para proteger o país, principalmente se policiais estiverem patrulhando o outro lado.”
No mesmo documento encaminhado ao STF, em que pede para tomar depoimento do ex-presidente Lula, delegado destaca que pretende ouvir também o tesoureiro da campanha de Dilma, José de Filippi Júnior
Rui Falcão. Foto: Gabriela Bilo/Estadão
Por Andreza Matais, Talita Fernandes, Beatriz Bulla e Julia Affonso
A Polícia Federal quer ouvir, na Operação Lava Jato, o presidente do PT, Rui Falcão, e José Filippi Júnior, tesoureiro das campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e da presidente Dilma Rousseff, em 2010. Os nomes do líder petista e do tesoureiro constam do rol de políticos, inclusive ex-ministros dos dois governos Lula e Dilma, submetido pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira, 9.
O pedido é do delegado Josélio Sousa, que integra a força-tarefa da Lava Jato perante o Supremo. ao STF. A PF pede 80 dias para tocar as apurações alegando ‘dimensão dos fatos e a quantidade de investigados nos autos’.
Nesta etapa da investigação, a PF mira em quadros importantes do PT, PMDB e PP. Os três partidos estão sob suspeita de lotearem diretorias da Petrobrás, entre 2004 e 2014, para arrecadar propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos com empreiteiras organizadas em cartel. O esquema instalado na estatal foi desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato.
A PF não imputa a eles nenhuma prática de ilícitos, mas avalia ser importante ouvir suas versões sobre o esquema na Petrobrás. A PF suspeita que Lula pode ter sido ‘beneficiado pelo esquema em curso na Petrobrás, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo’.
Rui Falcão é presidente do PT desde 2011. Desde que o escândalo da Lava Jato estourou e atingiu seu partido, ele tem reiterado que todas as arrecadações de recursos para as campanhas eleitorais foram lícitas.
Do PT, a PF quer ouvir além de Lula, Rui Falcão e José de Filippi, os ex-presidentes da Petrobrás José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli, o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula), a ex-ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti e o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho.
As investigações incriminam o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, preso desde 15 de abril por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. O petista nega taxativamente ter arrecadado propinas para a sua legenda.
Do PP, a PF pede ao Supremo para ouvir o ex-ministro de Cidades Mário Negromonte e Daniela Negromonte. Do PMDB, o delegado mira no lobista Jorge Luz, no ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, já condenado em duas ações da Lava Jato, na 1ª Instância, e em Maria Cléia Santos de Oliveira, assessora do senador Valdir Raupp (PMDB-RO). COM A PALAVRA, O PT
Por meio de sua assessoria de imprensa, o PT informou ‘que não vai se pronunciar pois não tem conhecimento oficial dessa demanda da Polícia Federal’
A pós uma série de notícias relacionadas às vulnerabilidades do Android, a Google começou a tomar ações que visam aumentar a segurança da plataforma. Prova disso é que, a partir dessa semana, a empresa começou a distribuir a primeira de uma série de atualizações mensais para as versões 4, 5,6, 7 e 9 da linha Nexus compatíveis com a versão 5.1.1 do sistema operacional.
Além disso, a companhia também lançou uma atualização de segurança para o Nexus Player, aparelho baseado na plataforma Android TV. Entre as mudanças realizadas estão correções que impedem que certos aplicativos baseados em SMS escondessem notificações que revelavam que certas ações podiam custar dinheiro aos consumidores.
Mesmo que a Google tenha liberado a atualização, a maneira desigual como o Android é distribuído significa que nem todos os consumidores devem recebê-la. Além de muita fabricantes apostarem em versões modificadas da plataforma, há certas operadoras que simplesmente se recusam a distribuir todas as atualizações disponíveis para a plataforma por motivos que nem sempre são esclarecidos.
Dessa forma, somente os produtos da linha Nexus têm a garantia de receber os pacotes, contanto que eles tenham sido adquiridos em sua forma desbloqueada. O site Ars Technica contatou empresas como Samsung, LG, HTC, Motorola e Sony para tentar descobrir como elas vão lidar com as novas filosofias de segurança da Google, mas até o momento nenhuma delas respondeu aos questionamentos.
As fortes chuvas no Japão, que causaram transbordamentos de rios, enchentes e deslizamentos de terra na região nordeste do país, afetaram também a comunidade brasileira. Muitas famílias relatam ter perdido tudo e agora contam com a ajuda do governo e de conterrâneos para recomeçar a vida.
"Perdi todo o investimento de anos de trabalho", desabafa Alex Yoshinori Sakaue, 34, que tinha uma lanchonete e restaurante há 16 anos no centro de Joso, uma das cidades mais afetadas pelas tempestades e que concentra um grande número de brasileiros.
"Os carros sendo arrastados e a correnteza forte no meio da rua me lembraram as cenas do tsunami de 2011."
Sakaue contou à BBC Brasil que, durante a manhã de quinta-feira, mesmo com a chuva forte, abriu as portas do estabelecimento para mais um dia normal de trabalho.
"A rua começou a encher de água e, de repente, do nada, em questão de minutos, alagou tudo. Fechamos a lanchonete, fomos para casa e tentamos subir para o andar de cima o que dava e ficamos esperando o resgate", lembra o brasileiro, que mora ao lado do próprio negócio, numa casa de dois andares.
Da janela da casa, viu a frota de carros da família, que também mantém uma escola brasileira, sumir na água.
"No meio do desespero, vi um casal japonês com um bebê de três meses encurralado pela enchente. Desci, pulei na água, que já estava na altura do queixo, e conseguimos levá-los para dentro de casa", conta Alex.
"Agora só resta descansar um pouco e recomeçar a vida", resume.
O Japão acordou nesta sexta-feira ainda em choque com os efeitos das chuvas torrenciais que forçaram mais de 90 mil pessoas a abandonar suas casas.
As imagens captadas pelas TVs japonesas realmente lembraram o tsunami que varreu o litoral da mesma região em 2011.
Cenas de casas e carros arrastados pela força das águas e famílias resgatadas de helicóptero foram mostradas ao vivo durante toda a quinta-feira. Nesta sexta-feira, a imprensa japonesa continua a falar sobre a tragédia.
Até agora, três mortes foram confirmadas e cerca de 25 pessoas continuam desaparecidas.
De acordo com a Agência Meteorológica do Japão, as fortes chuvas foram causadas pela passagem do tufão número 18, que fez chover, em apenas um dia, mais do que o dobro do previsto para todo o mês de setembro.
Outro brasileiro que perdeu tudo o que tinha em Joso foi Ussuy Egyro, 38. Há 14 anos no Japão, ele conta que chegou a tempo de ver as conquistas de anos de trabalho em fábrica serem tragadas pelas águas, que invadiram seu apartamento.
"O mais caro eram os equipamentos de filmagem. Foram seis câmeras fotográficas e filmadoras", lamenta ele, que postou um vídeo no perfil dele no Facebook, no qual aparece chorando de desespero ao chegar perto do apartamento. "Só queria salvar minhas cachorras que estavam lá dentro", explicou.
Além dos cães (que estavam em cima da cama e do tatame, que flutuaram), tudo o que conseguiu retirar do apartamento foram dois travesseiros, um pacote de pão e um cacho de banana.
"Não me importo com os bens materiais. Agora vou trabalhar para comprar tudo de novo", garantiu o brasileiro, que ainda ajudou outros colegas que tiveram casas e apartamentos inundados.
"Fui ao abrigo e a situação está complicada, pois as pessoas estão dormindo em papelão e não têm água para tomar banho nem roupa para trocar", contou.
A região de Ibaraki e de Tochigi, as províncias mais afetadas, concentra uma grande comunidade brasileira. Cerca de 1,5 mil brasileiros moram somente em Joso.
Segundo informações do Consulado-Geral do Brasil em Tóquio, cerca de 200 brasileiros estão em abrigos do governo. Outras centenas foram para casas de parentes e amigos e alguns continuam ilhados em suas casas, aguardando resgate.
Milena Ishikawa, 39, é outra que perdeu tudo o que tinha na casa. Ela e a família viram a água subir muito rapidamente e só tiveram tempo de sair e ir para um hotel próximo da estação.
"Agora estamos ilhados, esperando a água baixar para ir para um abrigo", contou, por telefone, à BBC Brasil.
Há 12 anos no Japão, Milena disse que esta foi a primeira vez que viu uma enchente desta proporção. "Assim que for possível, vou voltar para casa para ver se tem como salvar alguma coisa."
Diversas organizações sem fins lucrativos e grupos espalhados pelo Japão iniciaram campanhas para ajudar os decasséguis que perderam tudo com as enchentes.
"Estamos recolhendo roupas, fraldas e leite em pó, principalmente", contou Patrícia Hiromi Agostinho Komatsu, uma das que tem ajudado os desalojados.
O consulado do Brasil em Tóquio também centraliza uma campanha de arrecadação de roupas e mantimentos.
De acordo com o ministro Marco Farani, cônsul-geral do Brasil em Tóquio, mais de 3 mil e-mails foram enviados para brasileiros que vivem naquela região.
"Perguntamos se estavam bem e se precisavam de alguma coisa", detalha o diplomata, que deixou a repartição em estado de alerta para eventuais casos urgentes.
"Na semana que vem, uma missão consular vai verificar in loco a situação dos brasileiros. Vamos levar também uma psicóloga e um médico brasileiro", detalhou.
A proposta de que o suicídio assistido seja legal na Inglaterra e no País de Gales foi rejeitada na quinta-feira por parlamentares britânicos, na primeira votação sobre o assunto em quase 20 anos.
O projeto para permitir que adultos com doenças em estágio terminal pudessem dar fim a sua vida com supervisão médica recebeu 330 votos contra e apenas 118 a favor.
A votação foi acompanha por um debate acalorado, em que os defensores do chamado suicídio assistido argumentaram que a nova legislação permitiria uma "morte digna e pacífica", enquanto opositores a consideraram "totalmente inaceitável"e que poderia dar margem para abusos.
A proposta determinava que pessoas com uma expectativa de vida de menos de seis meses poderiam pedir uma prescrição médica para uma dose letal de medicamentos, que seria administrada por elas mesmas.
Esta foi a primeira vez desde 1997 que os parlamentares votaram sobre o suicídio assistido, tema que vem dividindo a opinião pública no Reino Unido.
A rejeição do projeto significa que a lista de países onde o "direito de morrer" é garantido permanece ainda bastante restrita.
Em abril de 2002, a Holanda tornou-se o primeiro país do mundo a legalizar a eutanásia e também descriminalizou o suicídio assistido.
O país impôs, no entanto, uma série de condições: é preciso que a doença diagnosticada seja incurável e que o paciente esteja sofrendo de uma dor "insuportável", sem perspectiva de melhora.
O paciente ainda deve fazer o pedido de auxílio para morrer estando ainda "totalmente consciente" e manter este desejo ao longo do tempo.
A parte mais controversa da nova norma é provavelmente a previsão da idade para a prática, sendo permitida para pacientes a partir dos 12 anos, apesar de que aqueles com até 16 anos precisam ter a autorização dos seus responsáveis legais.
Membros da Associação Médica Cristã afirmam que a legislação saiu de controle desde então, com um aumento de 15% dos casos em 2014, para 5 mil suicídios assistidos.
Mas um estudo publicado no periódico científico The Lancet em 2012 contradiz esta crença, ao afirmar que o número de pessoas que morreram com eutanásia ou suicídio assistido não aumentou depois da lei.
É talvez o país mais conhecido por sua permissão legal ao direito à morte.
Isso se deve em parte à famosa clínica Dignitas, que oferece este tipo de serviço e tem sido muito procurada por pacientes terminais que viajam para a Suíça para dar fim a suas vidas.
A lei do país permite o suicídio assistido, desde que não seja por "motivos egoístas", como para evitar pagar pelo apoio necessário ao paciente, por exemplo, ou antecipar o recebimento de uma herança.
Tal transgressão é prevista como crime pelo Código Penal suíço. Para evitar uma condenação, quem prestou o auxílio deve provar que o paciente sabia o que estava sendo feito e que tenha feito um pedido "sincero" para que fosse dado fim à vida ao longo de um período de tempo.
A Bélgica descriminalizou a eutanásia em 2002. Foi o segundo país a fazer isso, depois da Holanda.
Médicos podem auxiliar pacientes em sua morte desde que haja um longo histórico entre as duas partes. Ambos devem ser belgas e residir permanentemente no país.
Os pacientes devem ter uma condição médica irreversível e estar passando por um "sofrimento mental ou físico constante que não pode ser aliviado".
Eles só podem sofrer eutanásia se tiverem manifestado desejo para tal antes de ingressar em um estado vegetativo. E o médico deve estar presente no momento da morte.
Em fevereiro de 2010, o país tornou-se o primeiro a legalizar a eutanásia também para crianças.
No país, a decisão sobre a legalidade do suicídio assistido cabe a cada Estado, sendo permitida em cinco deles (Washington, Oregon, Vermont, New Mexico e Montana) enquanto a eutanásia ainda é ilegal em todo os Estados Unidos.
No Oregon, o primeiro Estado a legalizar o suicídio assistido, é permitido desde 1997 que médicos prescrevam coquetéis de droga em doses letais para pacientes terminais.
Os pacientes devem ter mais de 18 anos, estarem conscientes do que estão fazendo e terem menos de seis meses de vida. Ainda é necessário fazer dois pedidos verbalmente e um por escrito, diante de uma testemunha.
Em 2014, os Estados de Washington, Vermont e Montana aprovaram legislações nos moldes do Oregon.
Luxemburgo têm leis para eutanásia e suicídio assistido desde 2009, similares às da Bélgica e baseadas no princípio de "liberdade de consciência" dos médicos.
Na Colômbia, o primeiro caso de suicídio assistido foi autorizado pelo ministério da Saúde em julho. Ovidio González, de 79 anos, sofria de câncer em estágio terminal.
Na Alemanha, é permitido que um médico prescreva um coquetel letal a pedido do paciente. O tema está sendo debatido no Legislativo, que pode estabelecer novas regras sobre o suicídio assistido até novembro.
O mesmo vem ocorrendo na Província de Quebec, no Canadá, onde já foi aprovada uma lei que prevê uma sedação paliativa e auxílio médico para morrer. A legislação entrará em vigor em dezembro.
As duas práticas são proibidas no Brasil. O Código Penal classifica o suicídio assistido como um crime contra a vida por meio de seu artigo 122, que veta o ato de "induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar auxílio para que o faça".
O crime é passível de pena de dois a seis anos de prisão quando o suicídio é consumado, ou de um a três anos caso isso não ocorra, mas resulte em lesão corporal grave.
A pena pode ser duplicada caso o ato seja praticado por "motivo egoísta" ou se a vítima for menor de idade ou tiver sua "capacidade de resistir diminuída".
A eutanásia é considerada um homicídio simples, por meio da combinação do artigo 121, que trata do ato de "matar alguém", e do artigo 29, que estende a culpabilidade e as penas aplicadas a um crime a "quem, de qualquer modo, concorre" para ele.
Desde 2006, o Conselho Federal de Medicina (CFM) autoriza por meio de uma resolução que médicos interrompam o tratamento de um doente terminal, se este fosse o desejo do paciente, uma prática conhecida como ortotanásia.
A medida foi suspensa em 2007 por liminar da Justiça Federal emitida a pedido do Ministério Público Federal (MPF), para o qual tal prática só poderia ser autorizada por meio de lei.
No entanto, em 2010, a liminar foi anulada pela Justiça a pedido do próprio MPF após o órgão mudar de opinião quanto ao tema.