quinta-feira, 10 de setembro de 2015

POR QUE ESCONDES TEU ROSTO E NÃO TE PREOCUPAS COM NOSSA AFLIÇÃO? Salmo 43,25

 Refugiados
 Europa, há milhares de menores de idade que viajam sem seus pais, tendo a Áustria e aAlemanha como destinos. “Neste ano, Berlim já recebeu mais de 1.000 menores refugiados desacompanhados”, afirma Robin Schulz-Algie, da ONG Save the Children, que admite que a sua organização não está preparada para atender a esses jovens.
Em sua grande maioria, os menores não acompanhados são meninos entre 15 e 18 anos, e viajam junto com amigos ou irmãos, informa o representante da Unicef em Skopje (Macedônia), Bertrand Desmoulins. Eles formam a parte menos visível da tragédia dos refugiados, pois se misturam a outras famílias e se confundem com a multidão. Na Macedônia, segundo dados oficiais, são 942 as crianças refugiadas sem pais; mas é provável que esse número seja bem maior. “A maioria não quer ser registrada pelas autoridades como menores. Querem seguir viagem rapidamente e temem que isso gere atraso em seu percurso”, afirma Kate O’Sullivan, que trabalha na Save The Children na Grécia.Na Suécia, os centros de acolhimento calculam que 700 crianças chegam semanalmente desacompanhadas e em condições desesperadoras. As instituições que atuam em seu socorro são unânimes em considerar que se trata do grupo mais vulnerável dentre os refugiados, sendo vítimas de abusos e das redes de traficantes de pessoas, para os quais eventualmente acabam até mesmo trabalhando.
No final do ano passado, somente na Alemanha, havia 17.000 crianças e adolescentes refugiados sem familiares, conforme outras fontes da ONG, que, em 2013, estimou em 5.858 meninos e 726 meninas o total de crianças que chegaram à Europa sem nenhuma proteção familiar. Algumas delas tiveram até mesmo de pagar pela travessia até a Europa trabalhando para os traficantes de pessoas. Um adolescente eritreu de 16 anos relatou à ONG que foi obrigado a trabalhar em um campo na Líbia, que ali apanhava e, certa noite, chegou a ter um braço quebrado por causa dos golpes recebidos. Um outro jovem foi recrutado por uma rede de traficantes na Turquia. O menino acabou assumindo a direção de um barco que viajou até a Grécia, onde comprou um bilhete para a Europa, e os traficantes, assim, não correram o risco de ser presos.
Las rutas de la inmigración hacia la UE
A travessia dessas crianças continua em solo europeu. “Ao chegar à Grécia, elas dormem em acampamentos superlotados ou nas ruas e praças públicas, sem acesso suficiente a água, comida e serviços básicos. A situação tem se deteriorado nas ilhas gregas. Há milhares de pessoas, a violência só aumenta, e as crianças, tanto as que viajam sozinhas quanto as que estão com seus familiares, vivenciam tudo isso”, relata O’Sullivan. Segundo testemunhos, muitos menores de idade, nos centros de acolhimento, preferem ficar sem comer durante dias ou evitar o banho, com medo de ser violentados.
Maite Pacheco, diretora de Sensibilização e Políticas da Infância da Unicef na Espanha, admite que, em muitos casos, esses menores emigram com autorização dos pais. Andrés Conde, diretor-geral da Save The Children, expõe os motivos por trás dessa escolha difícil: “Trata-se de adolescentes que, para os pais, já são quase adultos e que, diante da situação de violência em que vivem em seus países, obtêm o seu apoio na decisão de emigrar. É uma opção extremamente dolorosa para eles”. Conde esboça o cenário com o qual esses jovens se depararão em países como a Áustria ou a Alemanha da seguinte maneira: “O fenômeno tem levado a um transbordamento da capacidade de alojamento dos países ricos”. Se a Europa não reagir rapidamente, esses menores acabarão acampando em quadras poliesportivas ou em estações ferroviárias ou rodoviárias das cidades abastadas da Europa.
A agência da ONU para a infância conclama a Europa a agir de forma rápida para abrigar esses jovens e lhes garantir assistência médica e educacional. As autoridades terão de definir, como no caso dos adultos, quais deles têm direito a asilo e quais fizeram a viagem apenas por razões de ordem econômica. Pacheco observa o seguinte: “Nenhum desses menores que viajam sozinhos ou com amigos o faz por vontade própria. São produto da guerra e da crise em que vivem os seus países de origem”. Para o dirigente da Unicef, a imagem de toda essa tragédia está contida em uma fotografia, em que alguns meninos exibem um cartaz dizendo “por favor, parem com a guerra, e então não iremos mais para a Europa”.

Política monetária tem de manter vigilância diante de maior prêmio de risco, diz BC

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central detectou recente aumento de riscos que têm afetado os preços dos ativos e, por isso, reforçou a mensagem sobre a necessidade de uma postura vigilante em meio ao período de ajustes na economia que pode ser mais longo e mais forte, abrindo o caminho para voltar a subir os juros básicos.
Neste contexto, a autoridade monetária informou que o cenário de convergência da inflação a 4,5 por cento pelo IPCA no final de 2016 tem se mantido "apesar de certa deterioração no balanço de riscos", alterando avaliação de até então de que esse cenário vinha se fortalecendo.
"Elevações recentes de prêmios de risco, que se refletem nos preços de ativos, exigem que a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta", trouxe a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC divulgada nesta quinta-feira, elaborada antes do anúncio do rebaixamento do rating do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, na noite passada, que tirou o selo internacional de bom pagador do país.
Na semana passada, o BC encerrou o ciclo de aperto monetário iniciado em outubro de 2014 ao manter a Selic em 14,25 por cento ao ano, reforçando a sinalização de que a taxa básica de juros permanecerá nesse patamar por período prolongado.
Na ata, o BC divulgou que a projeção para a inflação em 2015 piorou no cenário de referência, permanecendo acima do centro da meta --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. Por outro lado, a estimativa para 2016, no mesmo cenário, foi reduzida e encontra-se em torno do alvo de 4,5 por cento.
Ainda assim, o BC explicitou em diversos trechos a piora do cenário macroeconômico. "A perspectiva de nova mudança de trajetória para as variáveis fiscais, implícita na proposta orçamentária para 2016, afetou as expectativas e, de forma significativa, os preços de ativos".
O dólar tem disparado sobre o real nas últimas semanas e, até a véspera, acumulava alta de mais de 40 por cento. Nesta sessão, chegou a superar o patamar de 3,90 reais, mais um fator de pressão sobre a inflação.
"É um BC que vai ficar em compasso de espera para ver os desdobramentos da volatilidade doméstica, sobretudo ligados aos eventos da agenda da política fiscal", afirmou o economista-chefe do banco J.Safra, Carlos Kawall.

"Se não avançarmos nessa direção e continuarmos vendo o câmbio em território muito desvalorizado... acho que a gente corre risco de vermos elevação da taxa de juros", acrescentou ele, que mantém a projeção de alta da Selic no segundo trimestre de 2016, caso o cenário fiscal não deteriore muito. 

Polícia prende quadrilha de fraude em loterias no DF e em 5 estados Ao menos 54 mandados judiciais são cumpridos em Goiás, Bahia, São Paulo, Sergipe, Paraná e no Distrito Federal

 postado em 10/09/2015 09:15 / atualizado em 10/09/2015 10:11
Uma operação da Polícia Federal, nesta manhã de quinta-feira (10/9) cumpre mandados de prisão e apreensão contra suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em fraude a pagamentos de prêmios de loterias da Caixa Econômica Federal (CEF). Na ação, intitulada “Desventura”, cerca de 54 mandados judiciais são cumpridos em Goiás, Bahia, São Paulo, Sergipe, Paraná e no Distrito Federal. Entre os suspeitos estão um ex-jogador de futebol da seleção brasileira e um doleiro. Até por volta das 9h40, sete pessoas haviam sido presas, entre eles o líder da organização criminosa.

Do total de mandados, cinco são de prisão preventiva, oito de prisão temporária, 22 conduções coercitivas – quando a pessoa é levada para depoimento e depois liberada – e 19 de busca e apreensão em São Paulo, Bahia e Goiânia.

Segundo a investigação, os valores dos prêmios que não eram sacados pelos ganhadores deveriam ser destinados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Em 2014, ganhadores de loteria deixaram de resgatar 270,5 milhões em prêmios da Mega-Sena, Loteca, Lotofácil, Lotogol, Quina, Lotomania, Dupla-sena e Timemania.

Ajuda de correntistas
Correntistas do banco, escolhidos por movimentarem grandes volumes financeiros, participavam do esquema criminoso recrutando gerentes da Caixa Econômica para serem utilizados na fraude. Após conseguirem as informações privilegiadas, o grupo entrava em contato com os gerentes, para que eles viabilizassem o recebimento do prêmio por meio de suas senhas, validando, de forma irregular, os bilhetes falsos.

Durante as investigações um integrante da quadrilha chegou a ser preso quando tentava aliciar um gerente para o saque de um bilhete de loteria no valor de R$ 3 milhões. Poucos dias depois de liberado pela polícia foi executado em condições que ainda estão em investigação. Um doleiro, que também participava do crime, já havia sido identificado em outros delitos como fraude na utilização de financiamentos do BNDES e do Construcard e liberação irregular de gravame de veículos.

Os envolvidos responderão por organização criminosa, estelionato qualificado, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, falsificação de documento público, evasão de divisas.

Galáxias anãs capazes de formar estrelas são descobertas no Chile

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(Arquivo) Uma equipe multinacional de astrônomos descobriu que as galáxias anãs e irregulares são capazes de "incubar" e dar vida a estrelas - uma descoberta-chave no estudo da origem do universo
Uma equipe multinacional de astrônomos descobriu que as galáxias anãs e irregulares são capazes de "incubar" e dar vida a estrelas - uma descoberta-chave no estudo da origem do universo, conseguida graças à utilização do potente telescópio Alma, no norte do Chile.
Antes desta descoberta, a comunidade científica considerava que apenas as grandes galáxias - como a via Láctea, onde está a Terra - apresentavam condições físicas para dar vida a estrelas.
O estudo que realizaram na galáxia anã batizada WLM "consiste em encontrar as zonas onde estrelas se formam em galáxias que são muito pequenas e que são as primeiras galáxias" do universo, disse à AFP nesta quarta-feira Mónica Rubio, astrônoma chilena que liderou o estudo que levou à descoberta.
Este resultado é importante para a comunidade científica porque "as estrelas são a base de como evolui o universo, já que quando o universo nasce somente há gás e de alguma maneira consegue formar as primeiras estrelas", explicou a especialista.
Rubio destacou a importância de contar com a potência do radiotelescópio localizado no deserto do Atacama (norte), denominado ALMA (Atacama Large Milimiter/submilimiter Array, na sigla em inglês), instrumento que permitiu detectar o fraco sinal emitido pelo monóxido de carbono, que deixa em evidência os processos de formação estelar e o que permitiu aos especialistas chegar à descoberta.

Governo cogita reajustar imposto de renda e da gasolina para tapar rombo Gestão Dilma quer mudar tarifas por meio de decreto para não depender do Congresso

Os ministros da Fazenda do Brasil, Joaquim Levy, e da Espanha, Cristóbal Montoro, no dia 7, em Madri. / VICTOR LERENA (EFE)
Sem saída para tentar reduzir o rombo de 30,5 bilhões de reais nas contas públicas previsto para o próximo ano, o Governo Dilma Rousseff (PT) cogita aumentar os impostos de renda de pessoas físicas e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE). As propostas são, respectivamente, do ministro da Fazenda,Joaquim Levy, e do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), e ainda estão sob análise da equipe econômica.
Os valores dos reajustes que seriam pagos pelos contribuintes não foram informados e seriam feitos por meio de decretos presidenciais, para não precisar passarem, no caso do IR num primeiro momento, pelo crivo do Congresso Nacional. Se oficializados, seriam o segundo aumento consecutivo sobre dois dos impostos que mais arrecadam no país, o primeiro incide diretamente sobre salários e o outro, na bomba dos postos de combustíveis, já que é cobrado um percentual sobre a comercialização de todos os derivados de petróleo, do gás natural e do álcool.
Já no caso da CIDE, seu reajuste renderia mais 15 bilhões de reais anuais para os cofres públicos. Assim, o déficit de 30,5 bilhões de reais estaria perto de ser equacionado. No último reajuste da CIDE, em janeiro deste ano, a gasolina subiu em média 22 centavos de real para o consumidor final. Esse aumento tem a digital de Michel Temer e tem também o objetivo de conseguir o apoio de governadores e prefeitos. A razão é que 30% do que for arrecadado é repartido com Estados e Municípios.A possibilidade sobre o aumento do imposto de renda foi aventada nesta terça-feira por Levy durante reunião da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris. “Esta é a discussão que a gente está tendo agora, e que eu acho que tem que amadurecer mais rapidamente no Congresso”, disse o ministro a jornalistas na França, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo. A arrecadação com essa medida pode superar os 10 bilhões de reais em um ano.
Mesmo sugerindo reajustar a CIDE, Temer disse que aumentos de tributos só devem ocorrer em última hipótese, mas não devem ser opção descartada desde já. "Temos que evitar remédios amargos, quando se fala em remédios amargos, tem que ser o menor deles”, ressalvou ele, rebatendo a presidenta, que em seu pronunciamento nas redes sociais na segunda-feira, ensaiou um mea-culpa sobre erros em sua primeira gestão que contribuíram para o agravamento da crise financeira. “Alguns remédios para essa situação, é verdade, são amargos, mas são indispensáveis”, declarou.
Essa proposta do vice-presidente seria oficialmente apresentada em um jantar na noite desta terça-feira para governadores, ministros, senadores e deputados do PMDB. O encontro ocorreu também como um gesto do ex-articulador político do Governo para ouvir o seu partido e decidir se reforça ou reduz o apoio aos petistas.

Outros impostos e cortes

relator do Orçamento no Congresso Nacional, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), acredita que uma das principais saídas para reduzir o déficit é criar novas taxas. Ele, no entanto, diz que não cabe ao Legislativo sugerir os impostos. “Só estou apresentando sugestões de cortes”, afirmou. Ainda nesta semana, Barros deve apresentar seu relatório na comissão e não descarta reduções dos repasses para programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.
Esta medida é descartada pelo Governo, apesar de admitir uma diminuição no ritmo do programa habitacional. “Se olhar o que está proposto no Orçamento de 2016, vai verificar que programas importantes, como o Bolsa Família, os programas de transferência de renda em geral, estão absolutamente preservados”, afirmou o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini.
Assim, outras alternativas estudadas pela gestão petista seriam aumentar os impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) e o sobre Operações Financeiras (IOF). Juntas, as duas arrecadam cerca de 62 bilhões de reais ao ano. O tamanho do reajuste não foi divulgado pela equipe econômica.
O problema foram as reações negativas, especialmente à menção de Levy sobre aumentar o imposto de renda. Há cerca de 20 dias o Governo lançou um “balão de ensaio” para tentar medir qual seria a receptividade do Congresso e da sociedade quanto à recriação da CPMF (o imposto do cheque). Com uma recepção negativa e com uma base fragilizada, a gestão Rousseff enterrou a sugestão, ao menos por enquanto. Na semana passada a presidenta se reuniu com líderes da base aliada e com os presidentes das duas Casas no Congresso Nacional e notou ela notou que não teria o respaldo do Legislativo para algumas de suas ações. É essa etapa que ela quer agora, ao menos num primeiro momento, descartar. 

‘Dilma é linda’, diz argentino criador de dieta da presidente Marcia Carmo De Buenos Aires para a BBC Brasil

Máximo RavennaImage copyrightBBC Brasil
Image captionMáximo Ravenna é autor da dieta que fez Dilma Rousseff emagrecer 17 kg e se diz 'tiete' da presidente
Em seu momento de popularidade mais baixa, a presidente Dilma Rousseff mantém ao menos um admirador fiel: o autor da dieta que a fez emagrecer 17 kg em menos de um ano, o médico argentino Máximo Ravenna.
Em entrevista à BBC Brasil em sua clínica em Buenos Aires, o médico disse que Dilma "é linda, inteligente, culta, amável, nada pedante, nada arrogante".
Dilma e Ravenna se conheceram no ano passado, pouco antes de ela assumir o segundo mandato.
Ele contou detalhes do encontro que tiveram no Palácio da Alvorada, acompanhados por "dez ministros" que fizeram o seu mesmo tratamento para emagrecer, além de médicos da clínica Ravenna em Brasília e da presidente. Ravenna contou que ficou "emocionado" ao conhecê-la pessoalmente.
"Foi uma relação fantástica e até fui um pouco cholulo (tiete) ao pedir uma foto com ela", disse, sorrindo.
"Eu disse, 'presidenta, não sei se a senhora conhecerá o Ravenna (de verdade), porque estou emocionado de estar aqui com a senhora'", conta. "Ela respondeu, 'não sei se poderei ser eu mesma porque estarei sendo vigiada pelo senhor neste jantar'."

Bacalhau sim, vinho não

O prato servido foi bacalhau, e Ravenna recusou o vinho porque costuma obedecer a mesma receita que recomenda a seus pacientes: baixa ingestão de calorias e nada de bebida alcoólica.
Segundo ele, os dois conversaram longamente sobre assuntos diversos.
"Ao contrário do que pensam alguns brasileiros, a presidenta Dilma é uma mulher muito preparada. Sabe muito de história, de China, de tudo. E éramos duas pessoas conversando apaixonadamente".
Ele disse que houve "muita química" entre os dois e que a respeita por sua trajetória.
"Por mais que se equivoque ou não com a economia e etc, eu a vejo como uma pessoa coerente com sua própria história."
Image copyrightReuters
Image caption'Ela já demonstrou que tem tendência para engordar e precisa estar atenta, saindo para ler um livro, para andar de bicicleta, como tem feito', diz Ravenna

'Precisa estar atenta para não engordar'

Para Ravenna, a presidente deve estar sempre atenta para não voltar a engordar, seja por motivos de euforia ou de estresse - ante a grave crise econômica e política do país, as críticas à condução da economia, a dificuldade em unificar a base aliada e os protestos populares.
Os dois se falaram por telefone duas ou três vezes após aquele jantar de apresentação, e agora ela continua sendo atendida pela equipe de Ravenna em Brasília.
"Ela está bem e eu disse que ela tem de manter entre 62 e 69 (quilos). Mas ela já demonstrou que tem tendência para engordar e precisa estar atenta, e longe das áreas de risco (de tentação pela comida) - saindo para ler um livro, para andar de bicicleta, como ela tem feito", disse.
De calça jeans, sapatos de couro marrom, paletó, colete e camisa branca, Ravenna é um homem magro - diz praticar atividades físicas com regularidade.
É uma metralhadora na hora de falar sobre sua receita para emagrecer, sobre os que a criticam - por ser muito restrita em termos de calorias - e sobre as comidas e "condutas" que engordam.

Estilo polêmico

Autor de cinco livros sobre suas dietas, ele afirma que em 23 anos, desde que inaugurou sua primeira clínica, 78 mil pacientes já passaram por suas sedes na Argentina, no Brasil, no Paraguai e na Espanha. E ninguém morreu de fome, disse.
Na recepção de um dos dois edifícios da clínica, no bairro de Colegiales, um quadro com fotos de pacientes mostram "o antes e o depois" de quem obedeceu ao seu "sistema".
Para Ravenna, que é psicanalista e clínico geral, determinados alimentos, como o carboidrato, podem ser um "vício"; o açúcar e a farinha "provocam a mesma dependência que a cocaína" e as pessoas com compulsão pela comida devem ter um limite – "como se você tivesse um filho que começa a experimentar drogas e você tem que dizer chega".
Ele mesmo conta que seus críticos acusam suas clínicas de serem "campos de concentração".
Nutricionistas brasileiros rejeitaram sua dieta - que restringe o consumo diário a entre 800 e mil calorias -, dizendo que ela pode provocar perda de massa muscular e de água. Ele responde dizendo que ela pode ser complementada com vitaminas e magnésio e garante que as pessoas não passam fome.
"Eu seria Josef Mengele (médico nazista do campo de Auschwitz) se fizesse isso (causasse danos à saúde dos pacientes) e estaria aqui respondendo a processos, o que não aconteceu; não dormiria e desistiria da medicina", diz.
Para ele, "agressividade ao organismo" é receitar remédios para emagrecer, diuréticos ou cirurgia para redução do estômago.
Quanto a outro de seus clientes famosos, o ex-jogador de futebol Diego Maradona, que voltou a engordar, Ravenna afirma que "ele emagreceu 25 quilos quando era meu paciente, mas depois achou melhor fazer a redução do estômago. E se sentiu tranquilo, magrinho e comendo de tudo, voltou a engordar e o estômago cresceu de novo."
Image copyrightBBC Brasil
Image captionBaixa quantidade de calorias de sua dieta e motivo de críticas a Ravenna
Durante as duas horas de entrevista, Ravenna admitiu que se inspirou em métodos de consumo de baixas calorias como Atkins e Howard, e chama seus críticos de ignorantes: "acho que nunca frequentaram congressos internacionais".
Ele também repetiu algumas se suas frases mais polêmicas: "Os fins de semana são uma fábrica de gordos"; "O pão é um assassino"; "Assim como as mulheres devem fazer check-up com o ginecologista, o gordo deve visitar permanentemente com o 'gordologista'".
Na parede atrás da sua cadeira destacam-se vários diplomas, incluindo cursos na Universidade Harvard.

Terapia de grupo

Ravenna defende o livre consumo de frutas, legumes, verduras, carne vermelha, peixes, mas de menos frango (que pode, segundo ele, ser mais gorduroso e menos saudável do que um bife por exemplo). Ele sugere quatro alimentações diárias em porções pequenas. E pede que seus pacientes frequentem diariamente uma espécie de terapia grupal para motivá-los a emagrecer e a não cair na tentação e voracidade da comida.
Ele orienta os grupos também nos fins de semana e algumas vezes por ano viaja com alguns deles. Comem no máximo 500 calorias diárias – 800 já são consideradas poucas pelos seus críticos.
Ele sugere que, além do estômago, é preciso lembrar da força da mente. Seu tratamento pode incluir meditação e técnicas de respiração e é baseado nos pilares clássicos de dieta – alimentação, atividade física e mente -, mas com "firmeza".
"Se uma pessoa que está fazendo o tratamento diz insistentemente no grupo, 'ah, não consigo parar de comer', eu digo que procure outra clínica que dê muita comida", diz. "Mas falo sério e também com afeto porque cada paciente é, sinceramente, uma pessoa que merece meu carinho, minha atenção."

Brasil rebaixado: com perda de grau de investimento, dólar e juros podem ficar mais caros Adriano Brito e Ruth Costas Da BBC Brasil em São Paulo

Escritório da S&P em Nova York (Foto: Henny Ray Abrams/AP)Image copyrightAP
Image captionAgência de classificação de riscos Standard & Poor's é a primeira a tirar do Brasil selo de bom pagador
Em meio à crise política e econômica, o Brasil teve sua nota de crédito rebaixada nesta quarta-feira pela agência Standard & Poor's (S&P). Com isso, o país perde seu grau de investimento pela agência, ou seja, status de bom pagador, e entra no grau especulativo – a nota caiu de BBB- para BB+.
A agência ainda sinalizou uma tendência negativa, ou seja, risco de o país ter a nota rebaixada novamente – o que os economistas já alertam que deve ocorrer.
Em seu comunicado, a S&P diz que “os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuaram a aumentar”, tendo reflexos sobre “a capacidade e a vontade do governo” em submeter um Orçamento para 2016 “coerente com a significativa sinalização de correção” da política econômica no segundo governo Dilma Rousseff.
O país ainda tem grau de investimento nas outras duas principais agências de classificação de risco – Moody’s e Fitch. Segundo André Perfeito, economista-chefe da consultoria Gradual Investimentos, a tendência é que elas sigam, porém, o rebaixamento feito pela S&P, e que, mesmo antes disso, o país já seja afetado.
“Vamos supor que eu seja um fundo de pensão que, para investir em um país, precisa ter ao menos duas agências dizendo que ele país é OK. Se de repente há três, mas o país perde uma, eu posso já decidir sair de forma antecipada”, afirmou ele, ao lembrar que esse rebaixamento já era esperado.

Metas

Em seu comunicado, a S&P diz acreditar que o perfil de crédito do Brasil ficou ainda mais fraco desde o fim de julho, quando a agência revisou a tendência do país para negativa. “Naquele momento, sinalizamos o avanço dos riscos à execução das políticas de correção então em curso decorrente da dinâmica no Congresso Nacional”.
Para Perfeito, a tendência é que, uma vez que o grau de investimento já tenha sido perdido, governo “relaxe” no cumprimento das metas fiscais.
O ministro Joaquim Levy e a presidente Dilma Rousseff (Foto: Antonio Cruz/Ag. Brasil)Image copyrightAg. Brasil
Image captionS&P lembrou, em seu comunicado, que alertou para os riscos ao ajuste fiscal de Dilma e Levy
Embora o comunicado da Standard & Poor's cite a apresentação do projeto de Orçamento para 2016 do governo com uma previsão de deficit, o especialista vê em outro aspecto um peso maior para a decisão da agência de rebaixar a nota brasileira.
“A questão não era nem tanto mais o superavit primário ou não, na minha opinião. E sim que os juros nominais (encargos sobre a dívida) explodiram em 2015 no Brasil”, afirmou. Segundo o economista, até julho o pagamento desses juros chegou a R$ 278 bilhões, 95% a mais que no mesmo período do ano passado – ampliando a dívida pública bruta.

Efeitos

De acordo com Perfeito, o principal problema no país não foi o aumento das despesas, mas “uma queda brutal das receitas”.
Para ele, o dólar pode avançar ainda mais e chegar aos R$ 4. “Vai ter uma elevação, talvez, dos juros mais longos. O crédito pode ficar um pouco mais caro”, disse sobre os efeitos do rebaixamento no cotidiano dos brasileiros.
“A perda do grau de investimento afeta a economia como um todo”, explicou Alessandra Ribeiro, economista da consultoria Tendências.
Segundo ela, o rebaixamento provoca uma queda nos investimentos, fazendo com que as empresas enfrentem mais dificuldades para se financiar – o que acaba afetando, como consequência, emprego e renda.
Em nota, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que o governo "reafirma seu compromisso com a consolidação fiscal", em esforço para "equilibrar a economia" e complementando medidas tomadas desde o início do ano, "que já têm se refletido no processo de reequilíbrio das contas externas e na queda das expectativas de inflação para 2016 e 2017".