quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Google, Netflix e Microsoft se unem para criar novo formato de vídeo Alliance for Open Media possui ainda por Intel, Cisco, Amazon e Mozilla. Grupo quer criar formato transmitido por qualquer banda de internet.

Um grupo de sete companhias de tecnologia se uniram para formar a Alliance for Open Media, uma entidade voltada a criar um novo formato de vídeo que tenha tecnologia aberta. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 1º, por Amazon, Cisco, Google, Intel, Microsoft, Mozilla e Netflix.
Os gigantes tentarão desenvolver um novo tipo de conteúdo capaz de aliar alta qualidade de vídeo, áudio, imagem e que seja capaz de ser transmitido por streaming para todo tipo de dispositivo de forma mais ágil.
Além disso, o novo formato será feito para rodar na internet, poderá ser transmitido por qualquer largura de banda e ser exibido em telas de quaisquer aparelhos, seja lá quais forem suas resoluções ou configurações de imagem.
A Alliance for Open Media não informou em que estágio estão os trabalhos para a criação do novo formato nem quando pretende apresentá-lo. A organização se limitou apenas a comunicar que ainda neste ano divulgará informações de como outras empresas poderão aderir.
A entidade reúne empresas interessadas na disseminação de vídeos adaptáveis, desde criadoras de softwares e hardwares como Intel, Microsoft e Cisco a desenvolvedores de serviços conectados como plataformas de vídeo e navegadoras, como Mozilla e Google. Há ainda no grupo as produtoras e distribuidoras de conteúdo Amazon e Netflix.
“A expectativa dos consumidores para a entrega de vídeo continua a crescer, e corresponder à expectativa deles requer a energia concentrada de um ecossistema inteiro”, afirmou Gabe Frost, o diretor-executivo da Alliance For Open Media.

Ex-presidente » "Na vida a gente paga pelos erros", diz Lula

No dia em que a Polícia Federal indiciou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto por envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que alguns petistas cometeram “erros” e disse que “na vida a gente paga pelo erro”.

Segundo Lula, no entanto, as falhas cometidas pelos companheiros não podem contaminar todo o partido. “O PT tem um milhão e não sei quantos mil filiados. É evidente que em uma família deste tamanho existe o risco de alguns companheiros terem cometido erros. Na vida, quando a gente comete erro a gente paga pelo erro. Temos defeitos, mas ninguém fez mais do que nós fizemos por este país”, disse Lula, na terça-feira, na cerimônia de lançamento do Memorial da Democracia, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.

Protestos

O ex-presidente classificou o momento atual como “delicadíssimo”. Para ele, as manifestações contra o PT e o governo Dilma Rousseff mostram uma “irracionalidade emocional da sociedade”. Lula, porém, separou os manifestantes em dois tipos e disse que o partido não pode reclamar de quem vai às ruas cobrar melhorias.

“A única coisa é que temos que medir as consequências, se estamos fazendo aquilo que nós nos propusemos a fazer. E a gente tem que medir a pressão para saber por que eles estão se manifestando”, disse.

A frase foi interpretada como um recado a Dilma. O outro tipo de manifestante, segundo Lula, é aquele que sai de casa para pedir a volta dos militares ao poder, o fim das cotas nas universidades públicas e outros “retrocessos”. Para Lula, contra esse tipo de ato o PT tem de “pelejar”.

Lula ainda fez um ataque indireto ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Tem presidente que fez reunião enquanto era presidente com empresário para arrecadação. A imprensa finge que não ouve”, disse o petista em referência ao fato de FHC ter reunido empresários no Alvorada, no fim de seu mandato, para colher contribuições para o Instituto FHC. Lula tem sido alvo de ataques após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviou a investigadores da Operação Lava Jato informações sobre doações de empreiteiras investigadas ao seu instituto.

À vontade no sindicato que foi seu berço político, Lula fez piada com o prefeito Fernando Haddad, que era aguardado, mas não apareceu. “Vai ver ele (Haddad) está vindo a 50 km por hora. Ou então de bicicleta”, disse, em referência à redução da velocidades nas vias da cidade e às ciclovias - duas marcas da gestão do prefeito.

AMÉRICA LATINA » Mobilização permanente na América Latina O poder sindical murcha na América Latina Região assiste a uma onda de protestos que exprimem a rejeição global aos que mandam Em protesto anti-Dilma, Sergio Moro vira herói e Renan é vaiado nas ruas

Manifestação contra Dilma Rousseff em São Paulo em agosto. / AGENCIA ESTADO
É lugar-comum dizer que a atividade política se tornou uma campanha permanente. Os governantes falam à população por meio de um proselitismo incessante. Nas grandes cidades da América Latina se nota um comportamento simétrico: a democracia está sulcada por um protesto permanente. Os cidadãos percorrem avenidas para expressar com o corpo suas demandas. Como se ao marketing dos que os governam eles opusessem seu antimarketing. Apesar de se espraiar por toda a região, o fenômeno carrega significados muito distintos.
É claro que este estado de assembleia é a variação local de uma corrente planetária. A expansão das redes sociais e as transmissões de TV em tempo real levam o mal-estar social às ruas, seja em Madri, em Túnis ou em Nova York. Mas há peculiaridades regionais. Uma delas é o declínio do poder sindical de convocação, que três décadas atrás determinou a queda das ditaduras militares. Agora exercem uma pressão específica, mais curta e despolitizada.
Mesmo assim, continua havendo um tipo de protesto inspirado em reivindicações específicas, atreladas a organizações sociais. O exemplo mais claro é o dos estudantes chilenos, que desgastaram Sebastián Piñera e facilitaram a volta de Michele Bachelet. As marchas dos professores mexicanos contra as reformas de Enrique Peña Nieto seguem, respeitada a distância, um modelo semelhante. Assim como os “piquetes” dos produtores agropecuários argentinos, que em 2008 bloquearam as principais rotas do país para resistir ao aumento de impostos. Todas essas iniciativas são promovidas por entidades com as quais se pode negociar.

Ao longo da última década, surgiram manifestações de outro tipo. Carecem de uma face institucional identificável. Organizam-se por meio das redes sociais. E exprimem uma rejeição global aos que mandam. Nessa modalidade se encaixam os panelaços argentinos de 2012 e 2013; os protestos venezuelanos de 2014; as mobilizações brasileiras, que se ergueram contra o preço dos serviços e derivaram para uma rejeição generalizada à gestão de Dilma Rousseff; e as marchas equatorianas contra Rafael Correa. Manuel Castells batizou essas manifestações de wikirrevoluções, porque são construções coletivas e emitem uma mensagem fragmentada e até contraditória. Impossível imaginá-las sem o Twitter e sem o Facebook. O Governo mexicano entendeu bem isso, e é acusado de usar um sistema de robôs de Internet para desmanchar protestos organizados nessas redes. Nessas mobilizações já não são canalizadas exigências “associativas” negociáveis.Ainda com essas características, no México a multiplicação de “vigílias” atinge proporções fora do normal. Há em média três protestos por dia percorrendo alguma avenida da capital federal. Os Governos são permissivos porque ainda pesa sobre eles o dramático precedente de 1968, quando Gustavo Díaz Ordaz gerou o massacre estudantil de Tlatelolco.
Até há pouco mais de 30 anos as crises eram 'solucionadas' com um Golpe Militar
Na Venezuela, na Argentina e no Equador surgem demandas de caráter institucional, relacionadas à independência judicial e à liberdade de imprensa. O problema da corrupção está sempre presente.
Não é por acaso que estas manifestações com reclamações gerais ocorram em países onde existe um grande desequilíbrio de poder. Ou seja, democracias pouco competitivas, cuja cena eleitoral é dominada por uma força monopolista. Os protestos de rua são a saída rudimentar encontrada por setores da população que carecem de um instrumento institucional eficaz para limitar quem está no poder.
Como, além disso, a falta de uma organização de oposição dá força às inclinações hegemônicas dos governantes, a esfera pública se transforma em um campo de batalha ideológico. A capacidade de diálogo se reduz a zero com as consequências vistas no Equador e na Venezuela: a reação policial e militar diante dos que protestam é cada vez mais agressiva.
O caso brasileiro é diferente. Ali ocorreu uma circunstância especialíssima: o descontentamento dos que queriam substituir Dilma Rousseff se somou ao desencanto de seus próprios eleitores, que interpretam o atual ajuste econômico como uma traição à exigência das urnas. A popularidade da presidenta caiu a 7% oito meses depois da reeleição.
Há uma razão pela qual as manifestações se tornam mais intoleráveis para os Governos da Argentina, Equador ou Venezuela do que para os do México, Brasil ou Chile. Kirchner, Correa e Hugo Chávez chegaram ao poder cercados por protestos populares. Essa circunstância alimentou o mito de toda liderança carismática: o caudilho é a encarnação “do povo”. A presença “do povo” nas praças, insatisfeito e ofensivo, torna-se insuportável porque corrói esse imaginário. Por isso os governos populistas não estariam diante de cidadãos que se manifestam de forma voluntária, mas sim de uma conspiração, maquinada pelos Estados Unidos para desestabilizar as administrações populares e assim garantir privilégios que estão sendo ameaçados por uma ressaca marinha igualitária. Correa, Maduro e Cristina Kirchner recitam esse mantra. O PT brasileiro, por sua vez, delega a mesma explicação a intelectuais periféricos.
Os Governos mais populistas começam a rachar devido à estagnação da economia
Mesmo assim, no Brasil surgiram sinais de uma nova época: houve protestos importantes no Nordeste, onde o PT concentra seu eleitorado. Essa característica combina com o que acontece no Equador. Correa já não enfrenta somente as classes médias republicanas, contribuintes inquietos porque a corrupção dilapida seus impostos. As mobilizações mais recentes contaram comsindicatos e associações indígenas. É um estigma similar ao de Maduro, que precisou suportar a oposição do movimento estudantil, que tinha sido um suporte inicial de Chávez. Na Argentina o Governo peronista enfrenta os principais sindicatos peronistas.
Os Governos populistas começam a sofrer o desmoronamento de sua base. É compreensível. A América Latina é a região que menos cresce. Segundo a Cepal, este ano a expansão será de apenas 0,5%. Cai o consumo e aumenta o desemprego. Em 2002, começou uma onda de bonança graças ao aumento do preço das commodities e à baixa taxa de juros internacional. O cientista político Andrés Malamud afirma que, entre 2006 e 2014, se reelegeram dez presidentes na região, e apenas um saiu do poder sem concluir seu mandato. Um contraste formidável com os 20 anos anteriores: 13 presidentes foram desalojados antes do tempo.
A mobilização permanente projeta uma imagem de instabilidade. Quando autores como Kathryn Hochstetler são relidos, percebe-se que sem protestos não há queda de Governos. Mas também não é possível fazer isso apenas protestando. Ao descontentamento das ruas se deve somar a perda do controle parlamentar.
A encenação de rua dos conflitos confirma que os sistemas políticos latino-americanos sofrem disfunções de longa duração. No entanto, há um motivo para o otimismo. As interrupções institucionais se regulam pelos procedimentos previstos nas Constituições. Até há pouco mais de 30 anos o nó górdio da crise era cortado com um sanguinário golpe militar. É preciso comemorar, então, uma gigantesca evolução.

Menino morto em praia fugia de Kobane, dominada por EI Corpo de criança de 3 anos foi encontrado afogado em uma praia

A foto de Aylan foi divulgada em um momento em que a Europa sofre seu pior fluxo migratório desde o fim da Segunda Guerra Mundial (foto: EPA)
A foto de Aylan foi divulgada em um momento em que a Europa sofre seu pior fluxo migratório desde o fim da Segunda Guerra Mundial (foto: EPA)
03 SETEMBRO, 08:21ISTAMBULZBF
(ANSA) - O menino sírio Aylan Kurdi, de 3 anos, cuja foto de seu corpo morto em uma praia do município costeiro turco de Bodrum chocou o mundo ontem (2) e ativou os debates sobre a crise migratória que atinge a Europa, estava fugindo da cidade de Kobane, que há meses é dominada pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI, ex-Isis).
De acordo com a imprensa turca, Aylan viajava com sua família e tinha partido da Síria com o objetivo de chegar ao continente europeu via ilha de Kos, na Grécia. No entanto, a embarcação em que estava naufragou e matou 12 pessoas, entre elas seu irmão Ghalib, de 5 anos, e sua mãe. O único que sobreviveu ao acidente foi o pai, que agora pretende voltar à Síria para enterrar sua família no país natal.
A tragédia causou comoção na Turquia e a foto de Aylan morto na praia, com seu corpo sendo carregado por um militar, foi publicada milhares de vezes nas redes sociais por internautas do mundo todo que se sentiram indignados com a crise migratória.
A rota entre Bodrum, na Turquia, e Kos, na Grécia, é relativamente curta, mas não menos perigosa. Algumas pessoas tentam fazer a travessia à nado e outras, em embarcações ilegais. De acordo com agências humanitárias, somente no mês passado, dois mil imigrantes fizeram este trajeto.
A foto de Aylan foi divulgada em um momento em que a Europa sofre seu pior fluxo migratório desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Além da Grécia, a Itália e a Espanha são portas de entrada para imigrantes devido à proximidade com o Mar Mediterrâneo e à curta distância com países do norte da África palcos de conflitos, como Tunísia, Líbia e Egito.
Refugiados da Síria, Paquistão e a Afeganistão diariamente também recorrem à opção da rota balcânica, que é feita pela Macedônia, Sérvia e Hungria. (ANSA)
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'Impotentes e frustrados' são os mais agressivos na internet, diz psicóloga Ricardo Senra - @ricksenra Da BBC Brasil em São Paulo

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Image captionPamela Rutledge é diretora do Media Psychology Research Center (Centro de Pesquisas sobre Psicologia e Mídia), na Califórnia, dedicado a estudar a relações entre a mente e a tecnologia
Impotência, frustração e uma necessidade de se impor sobre outras pessoas. Assim, a psicóloga americana Pamela Rutledge, diretora do Media Psychology Research Center (Centro de Pesquisas sobre Psicologia e Mídia), na Califórnia, avalia a agressividade de muitos "comentaristas" de redes sociais em tempos de polarização política no Brasil.
Referência em um ramo recente da psicologia dedicado a estudar as relações entre a mente e a tecnologia, Rutledge ressalta que as pessoas "são as mesmas", tanto em ambientes físicos quanto virtuais. Mas faz uma ressalva sobre a impulsividade de quem dedica seu tempo a ofender ou ameaçar pessoas nas caixas de comentários de sites de notícias e páginas de política:
"Já estamos acostumados com a ideia de que nosso comportamento obedece a regras sociais, mas ainda não percebemos que o mesmo vale na internet".
Além da polarização política ou ideológica, a especialista comenta a ascensão de temas como diversidade sexual, racismo e machismo ao debate público, graças às redes sociais.
"Tudo isso já acontecia, mas não tínhamos conhecimento."
Leia os principais trechos da entrevista.
BBC Brasil - Estamos mostrando o nosso 'lado negativo' nas redes sociais?
Pamela Rutledge - As pessoas são as mesmas, online ou offline. Mas a internet tem a ver com respostas rápidas. As pessoas falam sem pensar. É diferente da experiência social offline, em que você se policia por conta da proximidade física do interlocutor. Nós já estamos acostumados com a ideia de que nosso comportamento obedece a regras sociais, mas ainda não percebemos que o mesmo vale na internet.
BBC Brasil - No Brasil, a polarização política tem levado pessoas com visões distintas a se ofenderem e ameaçarem, tanto em comentários em sites de notícias quanto nas redes sociais. A internet estimularia o radicalismo?
Image copyrightGetty
Rutledge - As redes sociais encorajam pessoas com posições extremas a se sentirem mais confiantes para expressá-las. Pessoas que se sentem impotentes ou frustradas se comportam desta maneira para se apresentarem como se tivessem mais poder. E as pessoas costumam se sentir mais poderosas tentando diminuir ou ofender alguém.
BBC Brasil - Os comentários na internet são um índice confiável do que as pessoas realmente acreditam?
Rutledge - Depende do tópico. Mas as pessoas que tendem a responder de maneira agressiva não representam o sentimento geral.
BBC Brasil - As pessoas com opiniões menos radicais têm menos disposição para comentar do que as demais?
Rutledge - Sim. Porque os comentários agressivos têm mais a ver com a raiva das pessoas do que com uma argumentação para mudar a mente das outras. Quem parte para a agressividade, não está dando informações para trazer alguém para seu lado, estas pessoas querem apenas agredir.
BBC Brasil - A "trollagem", gíria de internet para piadas ou comentários maldosos sobre anônimos e famosos, muitas vezes feitos repetidamente, é vista por muita gente como diversão. Há perigos por trás das piadas?
Rutledge - No caso das celebridades que são alvo da ''trollagem'', os fãs vêm defendê-las, então, elas não costumam precisar tomar qualquer iniciativa. No caso dos anônimos, a recomendação é usar ferramentas para solução de conflitos, como encorajar seus amigos e conhecidos a não serem espectadores, mas a tomarem atitudes em defesa do ofendido. Isso não significa discutir com os autores das ofensas, porque isso alimenta os ''trolls'' e é isso que eles querem.
BBC Brasil - Os procedimentos de segurança do Facebook e do Twitter sãosuficientes para proteger os alvos de bullying?
Image copyrightPA
Rutledge - Seria ingênuo esperar que qualquer companhia, mesmo do tamanho do Facebook e do Twitter, seja capaz de monitorar e ajudar neste tipo de situação. E não dá para deixar só para as empresas aquilo que devemos ser responsáveis, nós mesmos. É importante que as pessoas entendam como funcionam as ferramentas e seus mecanismos para privacidade. Se a conclusão for que o Facebook não oferece o suficiente, que as pessoas se posicionem e reclamem: ''Não é suficiente''.
BBC Brasil - Que tipo de doenças são ligadas ao uso da internet ou das redes sociais?
Rutledge - A resposta simples é não, não há doenças causadas pela internet. Há preocupações recorrentes com o vício em internet ou em redes socais. Mas vícios são doenças bastante sérias e a internet não cria personalidades com vícios. As pessoas usam as redes da mesma forma que usam álcool, jogos, chocolate, ou qualquer outra coisa que mascare problemas maiores.
BBC Brasil - Problemas como...?
Rutledge - Falta de autoestima, depressão. É importante chegar à real causa do vício, apenas cortar a internet não muda nada.
BBC Brasil - Temas como diversidade sexual, racismo e machismo, vistos como tabus até recentemente, são hoje bastante populares online. Como vê estes tópicos ganhando atenção?
Rutledge - É sempre positivo que as pessoas debatam e desenvolvam seu conhecimento sobre temas. Mesmo que a conversa termine de forma negativa, isso ainda vale para que se perceba o que está acontecendo a seu redor. Afinal, tudo isso já acontecia, mas não tínhamos conhecimento – e isso significa que estamos nos aproximando da possibilidade de transformá-las.
BBC Brasil - Quais são os conselhos para os pais ajudarem seus filhos a não embarcarem nas ondas de ódio das redes sociais?
Rutledge - A primeira coisa é conversar com as crianças desde muito cedo sobre tecnologia. Muitos evitam porque não entendem bem a tecnologia. Mas a tecnologia é apenas o "lugar" onde as coisas estão acontecendo; o principal ainda são os valores. Então, se algo está acontecendo em qualquer plataforma que os pais não conheçam bem, a sugestão é que chamem as crianças e peçam que elas deem seu ponto de vista. Aí sim eles poderão entender como as crianças estão lidando com a questão e, a partir daí, decidir quais devem ser as preocupações. A responsabilidade pode ser compartilhada. É importante ensinar os filhos a pensarem criticamente.
BBC Brasil - Muitos acham que ler históricos de conversas dos filhos ou usar apps para controlá-los é a melhor forma de ajudar as crianças. O controle é uma boa saída?
Rutledge - Os pais precisam entender que devem escutar seus filhos. Claro que cada situação tem suas características, mas geralmente controlar significa que você não conversou com eles e não lhes deu oportunidades para tomar decisões.
O problema é que, em algum momento, eles vão precisar tomar decisões por si mesmos e você não vai estar ali, nem o seu "app de controle". Então, é muito melhor dialogar, e isso costuma ser muito difícil para os pais, que tendem dizer o que os filhos devem fazer, sem conversa.

TJ nega liberdade a policial do DF presa por atirar no namorado Amigo diz que ela estava com ciúme e não aceitou o fim do relacionamento. Vítima é diretor do Minas e foi atingida nas costas, queixo e abdômen.

Arma encontrada em carro de policial suspeita de atira contra namorado em Brasília (Foto: Polícia Militar/Divulgação)
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal negou o pedido de habeas corpus feito pela defesa da policial civil presa em flagrante por atirar três vezes contra o namorado. O crime aconteceu no fim de julho, na 108 Sul. O homem é diretor do Minas Tênis Clube e foi atingido nas costas, no queixo e no abdômen.
Relator do caso, o desambargador César Loyola disse que não houve ilegalidade na prisão de Paula Baptista. Ele argumentou que os depoimentos e documentos “demonstram os suficientes indícios da autoria e a materialidade do crime”.
“Ela não aceitou [o término do namoro] e deu nisso aí”, afirma. Rodrigues disse que o crime ocorreu por volta das 22h, perto da igreja na quadra.A vítima, Carlos Augusto Conforte, havia sido levada em estado gravíssimo ao Hospital de Base, onde passou por cirurgia. Amigo do diretor do Minas, Márcio Rodrigues, o crime foi causado por “ciúme, fim de relacionamento”.
O diretor do Minas, Gustavo Conforte, e a namorada em foto publicada por ela em rede social (Foto: Facebook/Reprodução)Carlos Conforte, e a namorada em foto publicada
por ela em rede social
(Foto: Facebook/Reprodução)
O vice-diretor do clube, Natal Rodrigues, afirmou ao G1 que o colega não corre risco de ficar tetraplégico, porque os tiros não atingiram a coluna. “Ele está melhor, teve uma nova infeccção, mas fez cirurgia de intestino e já temos notícias boas.”
A policial permanece presa na carceragem da Delegacia de Operações Especiais da Polícia Civil. Ela foi indiciada por tentativa de homicídio qualificado. A pena, em caso de condenação, pode chegar a 20 anos.

Garoto ganha bolsa de estudos após devolver R$ 1,6 mil achados no lixo Mãe e padrasto de jovem de Brasília estão desempregados. Ele afirma sonhar em ser militar ou engenheiro.

Um colégio particular de Brasília decidiu premiar o garoto Lucas Yuri Bezerra, que devolveu uma carteira com R$ 1,6 mil achada no lixo mesmo com os pais desempregados, com uma bolsa de estudos integral no ensino médio. O garoto de 16 anos não descansou até devolver o valor ao dono, mesmo sem ter pista nenhuma de quem ele era. O incidente aconteceu no dia 11 de agosto, em Samambaia.
Eu nunca teria condição de pegar. A mensalidade está entre R$ 800 e R$ 1,2 mil. Eu sinto que valeu muito a pena, principalmente para ele. Vale muito a pena ser honesto. Ele foi muito bem recompensado, muito bem reconhecido"
Cíntia Marques da Silva,
mãe do garoto
A diretora pedagógica da instituição, Maria Anisail Alves, afirmou ao G1 que a concessão da bolsa foi "natural" para a escola. O benefício também foi dado à irmã do garoto de 14 anos. A instituição fica na 604 Norte.
"Na  situação atual do país, ele é um sinal de esperança para toda a sociedade brasileira", disse. "Buscamos, junto com a excelência acadêmica, formar pessoas abertas à comunhão e à transcendência, favorecer a experiência e a assimilação de um conjunto de valores universais, a fé na dignidade da pessoa humana e em sua marca divina."
Demitida um dia antes de o filho achar a carteira no caminho da escola, a ex-profissional de marketing Cíntia Marques da Silva conta que chorou de felicidade ao ver o primogênito dar exemplo de honestidade. Ela também disse acreditar que o retorno que o menino teve, com o reconhecimento da atitude, tem sido "bem melhor" do que se ele tivesse agido de forma diferente.
“Eu nunca teria condição de pegar. A mensalidade está entre R$ 800 e R$ 1,2 mil. Eu sinto que valeu muito a pena, principalmente para ele. Vale muito a pena ser honesto. Ele foi muito bem recompensado, muito bem reconhecido", afirma a mãe.
"O sonho dele sempre foi estudar em uma escola particular. Ele ficou louco com os laboratórios. Com certeza ele vai se dedicar mais às aulas. Ele já está preocupado, ‘mãe, e se eu não conseguir tirar nota tão boa?’. Está ansioso”, completa Cíntia.
Lucas Yuri achou a carteira no caminho para o Centro de Ensino Fundamental 312. Inquieto durante a aula, chamou a atenção da professora, que recomendou que ele procurasse a coordenação da escola. O dinheiro pertencia a um pedreiro aposentado, que por engano deixou o item no lixo quando saía para levar a mulher ao médico.
Lucas Yuri, que devolveu carteira com R$ 1,6 mil achada no lixo no DF, e a mãe (Foto: Cíntia Marques da Silva/Arquivo Pessoal)Lucas Yuri, que devolveu carteira com R$ 1,6 mil achada no lixo no DF, e a mãe (Foto: Cíntia Marques da Silva/Arquivo Pessoal)
“Quando aconteceu, imaginava que era algo comum. Nunca imaginei que daria essa repercussão toda. Fiquei muito orgulhosa. Toda vez que eu lembro, tenho vontade de chorar. Tive muito trabalho para criar ele. Fui mãe solteira, eu o tive muito nova. Muitas coisas eu que aprendo com ele. Vê-lo tomando uma atitude dessas é muito legal”, afirmou.
Cíntia conta que o menino nasceu de um relacionamento que ela teve na adolescência. Ela chegou a morar com o pai dele, com quem teve outra menina, mas decidiu encerrar a união depois de descobrir que foi traída. A família passou necessidade, e a mulher decidiu voltar para a casa dos pais com as crianças.
Mensagens trocadas entre Lucas Yuri e a mãe (Foto: Reprodução)Mensagens trocadas entre Lucas Yuri e a mãe
(Foto: Reprodução)
“Deixei de comer algumas vezes para dar para ele”, lembra a desempregada. “A gente passou muita coisa nessa vida, mas o Lucas sempre foi um menino muito bom. Trabalha desde o ano passado. Entrava às 5h30 e nunca reclamou. E não quer que a irmã trabalhe, quer que ela só estude. Ele me dá muito orgulho, é uma bênção.”
O garoto estuda pela manhã e trabalha no período da tarde, de segunda à sexta, como auxiliar administrativo de um hospital. Ele recebe meio salário mínimo pelo trabalho, além de pouco mais de R$ 200 de pensão dos avós paternos. Sonhando em ser militar ou engenheiro, o menino se diz surpreso com a reação das pessoas à atitude de devolver o dinheiro.
“Na verdade, assim, fico um pouco triste por ser algo que vire notícia. Queria que fosse algo mais frequente. Algumas pessoas estão surpresas por eu ter feito isso, mas eu não entendo, não é motivo para isso”, declarou ao G1. “Quando eu vi o dinheiro, imediatamente eu pensei na situação financeira da minha mãe e do meu padrasto, mas em momento algum eu pensei em tirar aquele dinheiro para mim. Não era meu.”
Lucas chegou a ser criticado por colegas, que o chamaram de “burro” por ter devolvido os R$ 1,6 mil. A mãe diz que o menino ficou triste com a situação e que por isso se esforçou durante o dia para animá-lo.
“Ele perguntou se eu me decepcionei por ele ter devolvido. Passei o dia inteiro lembrando do olhar dele, por causa do xingamento dos colegas. Aquilo me doeu. Mandei mensagem dizendo que eu tinha muito orgulho dele”, conta.
Bom exemplo
Lucas Yuri Bezerra, de 16 anos, achou a carteira no caminho da escola. Dentro havia R$ 1,6 mil, o orçamento de uma oficina mecânica e um telefone anotado, mas nenhum documento. “Achei que alguém tivesse jogado fora. Dei para o meu amigo brincando. Ele acabou jogando para cima, também brincando. Quando ela subiu é que a gente viu o dinheiro. Ele catou e saiu correndo, dizendo que era dele. A gente conversou, e eu o convenci a devolver.”
A coordenadora Rivânia de Araújo ajudou o menino a encontrar o dono quase dez horas depois que a carteira foi achada. O pedreiro aposentado Benício Eleutério, de 66 anos, acabou deixando a carteira no lixo quando saía para levar a mulher ao médico. Ela sofre de problemas no joelho e anda com dificuldades.
De volta em casa, ele lembra de ter se desesperado ao não encontrar o dinheiro. “Fiquei louco sem saber o que fazer, porque não tinha mais nenhum tostão. Fiquei pensativo”, diz. “[Quando buscou a carteira na escola] Fiquei muito feliz de ver que ainda tem gente boa no mundo, porque a gente vê muita gente que não presta. Mas ainda tem gente que vale muito. Esse dinheiro é essencial, era tudo o que eu tinha.”O dinheiro – correspondente a todo o benefício que recebe – seria utilizado para pagar as contas de casa, abastecer o carro e comprar remédios. O idoso só notou que tinha perdido a carteira quando chegou ao Hospital Universitário deBrasília, a quase 25 quilômetros de distância.
A devolução aconteceu na escola, e Eleutério acabou descobrindo que Lucas é neto de um amigo. A avó do garoto, Docarmo Alexandre da Silva, se disse orgulhosa da postura dele.
“Achei um gesto muito bonito, fiquei muito emocionada. Não esperava outra coisa dele, ele é um menino muito abençoado”, declarou ao G1.
O dinheiro não era meu. Então não era certo. Mesmo que eu não achasse o dono, eu não conseguiria gastar. Simplesmente não era meu. Não podia gastar, mesmo sem saber. Se eu gastasse, sentiria que eu tirei o dinheiro de alguém"
Lucas Yuri Bezerra, estudante que achou a carteira do pedreiro aposentado
Mesmo tendo três irmãos e com a mãe e o padrasto desempregados, Lucas diz que em momento algum cogitou ficar com os R$ 1,6 mil.

“O dinheiro não era meu. Então não era certo. Mesmo que eu não achasse o dono, eu não conseguiria gastar. Simplesmente não era meu. Não podia gastar, mesmo sem saber. Se eu gastasse, sentiria que eu tirei o dinheiro de alguém”, explica. “Fiquei realmente preocupado de não achar.”
A coordenadora Rivânia de Araújo conta que questionou colegas do jovem e que poucos disseram que teriam a mesma atitude que a dele. “Muitos disseram que não entregariam, até porque não tinha documento.”
“[A sensação é de] Dever cumprido. A gente está vendo só notícia ruim da nossa periferia, aqui emSamambaia, e quero crer que, como o Lucas Yuri, têm muitos Lucas aqui na escola”, completou a coordenadora.
O pedreiro aposentado Benício Eleutério Sobrinho, que deixou por engano a carteira no lixo no DF (Foto: Raquel Morais/G1)O pedreiro aposentado Benício Eleutério Sobrinho, que deixou por engano a carteira no lixo no DF (Foto: Raquel Morais/G1)