domingo, 30 de agosto de 2015

EI já executou 3,1 mil pessoas na Síria em 14 meses No último mÊs, 91 pessoas foram mortas pelos jihadistas no país

EI já executou 3,1 mil pessoas na Síria em 14 meses (foto: ANSA)
EI já executou 3,1 mil pessoas na Síria em 14 meses  CAIROZBF
(ANSA) - O grupo extremista Estado Islâmico (EI, ex-Isis) executou 91 pessoas na Síria somente no último mês, de acordo com o Observatório Nacional para os Direitos Humanos da Síria (Ondus). Com isso, sobe para 3.156 pessoas mortas no país desde a criação do califado sunita, há 14 meses.
Das 91 pessoas executadas nos últimos dias, 32 delas eram civis, 11 pertenciam a milícias de facções islâmicas rivais, nove eram membros de forças aliadas e 39 integravam o próprio Estado Islâmico.
Em Derna, na Líbia, um homem que tentou convencer um jihadista do EI a se render foi decapitado. Sua cabeça foi exposta pelas ruas e o jihadista explodiu uma bomba que matou três pessoas, sendo duas crianças, de acordo com fontes locais.
Também neste sábado (29), a Turquia lançou sobre a Síria seus primeiros bombardeios, em apoio à coalizão internacional contra o EI guiada pelos Estados Unidos.
Ontem, o líder espiritual do EI, Hassan al-Karami, em um sermão na mesquita de Rabat, disse que o grupo pretende decapitar "todos os rebeldes opositores após as orações de sexta-feira". "Os moradores de Sirte devem conceder suas filhas para se casarem com os nossos combatentes", ameaçou o jihadista. (ANSA)
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Apple e outras empresas vão desenvolver tecnologias para o Pentágono

O Pentágono está se aliando a Apple, Boeing, Harvard e outras grandes empresas para desenvolver equipamentos de alta tecnologia flexíveis o bastante para serem vestidos ou usados por qualquer pessoa. Um segundo objetivo é criá-los para serem colocados do lado de fora de jatos e outros veículos militares.
Segundo as principais autoridades do setor de defesa dos Estados Unidos, o desenvolvimento rápido de novas tecnologias está forçando o Pentágono a buscar parcerias com setores privados, pois a cada dia se torna mais difícil desenvolver sua própria tecnologia, disseram autoridades do setor de defesa.
 
"Tenho incentivado o Pentágono a pensar fora da caixa de cinco lados e investir em inovação aqui no Vale do Silício e em comunidades de tecnologia no país. Agora estamos dando outro passo à frente," disse o secretário de Defesa, Ash Carter, em discurso preprado nesta sexta-feira.
Para as autoridades do setor, o objetivo da nova tecnologia é usar técnicas de impressão de ponta para criar eletrônicos que possam ser integrados a sensores e usados por soldados, além de navios ou jatos para monitoramento em tempo real da integridade estrutural dos equipamentos.
As empresas deverão receber 75 milhões de dólares do governo norte-americano nos próximos cinco anos, disse ele. As companhias geridas pelo Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos Estados Unidos, vão acrescentar 90 milhões, e os governos locais contribuirão com mais recursos para levar o total a 171 milhões de dólares no total, pagando uma grande soma de dinheiro público para as empresas parceiras.

Espécie de peixe 'com mãos' pode desaparecer na Austrália Variedade da Austrália usa nadadeira para 'andar' em vez de nadar. Para evitar extinção, cientistas estudam reprodução em cativeiro.

Peixes da família Brachionichthyidae preferem "andar" pelo mar usando suas barbatanas do que nadar. Nativos da Austrália, os peixes com "mãos" correm risco de extinção (Foto: Barry Bruce/CSIRO)Peixes da família Brachionichthyidae preferem "andar" pelo mar usando suas barbatanas do que nadar. Nativos da Austrália, os peixes com "mãos" correm risco de extinção (Foto: Barry Bruce/CSIRO)
A população de peixes da família Brachionichthyidae caiu drasticamente, segundo estudo da agência australiana de pesquisa CSIRO, que conseguiu localizar apenas 79 indivíduos em seu único habitat, o estuário do Rio Hobart, na Tasmânia. O peixe é conhecidos como "handfish".
Para evitar a extinção do pequeno peixe, cientistas estão avaliando a possibilidade de reprodução em cativeiro. "Estamos organizando um workshop para ver os custos [da reprodução em cativeiro] e ver o que podemos fazer", afirmou Tim Lynch, cientista da CSIRO, em entrevista ao jornal "The Sydney Morning Herald".
 
Listado como criticamente ameaçado de extinção pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), o "handfish" pode estar sendo vítima de seu próprio habitat, assim como do seu instinto maternal.O peixe com "mãos" prefere "andar" pelo fundo do mar, em vez de nadar. Usando suas nadadeiras pélvicas e peitorais, o peixe é capaz de rastejar pelo oceano. Assista ao vídeo.
De acordo com o Dr. Lynch, diferentemente dos outros peixes que soltam seus ovos pelo mar, o peixe com "mãos" deposita seus ovos no fundo do oceano e fica camuflado protegendo-os. Mas a destruição do habitat acaba com a camuflagem do peixe, deixando ele e seus ovos expostos a predadores. Mudanças do meio ambiente também seriam responsáveis pela redução da população dos peixes com "mão".
Instinto maternal de peixe com "mão" pode ser uma das causas de seu desaparecimento (Foto: CSIRO)Instinto maternal de peixe com "mão" pode ser uma das causas de seu desaparecimento (Foto: CSIRO)

sábado, 29 de agosto de 2015

As dez rotas de avião mais longas do mundo

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Image captionEm algumas aeronaves A380 dos voos ultralongos da Emirates há suítes privativas com banheiros
O Boeing 777-200 da companhia aérea Emirates levará 17 horas e 35 minutos para percorrer os 13.821 km que separam a Cidade do Panamá e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Anunciada na semana passada, a nova rota será a viagem de avião sem escalas mais longa do mundo, ao superar em 45 minutos o Airbus A380 da companhia australiana Qantas, que hoje faz a rota Dallas (EUA)-Sydney em 16 horas e 55 minutos.
Esses dois voos são exemplos dos "voos ultralongos", viagens que superam 12 horas de duração, normalmente realizadas por aeronaves de fuselagem larga, como o Boeing 777-200LR, o Airbus A380-800 ou o Airbus A340-500.
O anúncio da Emirates mudará todo o ranking dos voos ultralongos, que terá pela primeira vez um aeroporto latino-americano.
A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, apresenta os dez voos mais longos do mundo, segundo a distância que percorrem.
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Image captionO voo EK251 de Dubai ao Panamá faz o percurso durante o dia. O voo de retorno abrange duas noites.

1. Dubai - Cidade do Panamá: 17 horas e 35 minutos

O voo EK251 poderá transportar diariamente 256 pessoas e 15 toneladas de carga entre as duas cidades.
Está programado para deixar Dubai às 8h05 e chegar à Cidade do Panamá às 16h40 todos os dias. O voo de retorno, o EK252, sairá do Panamá às 22h10, com chegada prevista a Dubai às 23h55 do dia seguinte.
"A Cidade do Panamá será a primeira porta de entrada da Emirates na América Central, o que permite conexões com a América Latina, América do Sul e muito mais", afirmou a companhia aérea ao anunciar a nova rota.

2. Dallas - Sydney: 16 horas e 35 minutos

O voo da australiana Qantas, entre Dallas e Sydney, se tornou o voo longo de maior distância quando a Singapore Airlines anunciou o encerramento da rota Cingapura-Nova York, de 18 horas e 50 minutos, em novembro de 2014.
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Image captionPassageiros aguardam por voo da Qantas em Melbourne; voo 8 da companhia australiana leva 15 horas e 25 minutos para cobrir 13.804 km
O Airbus A380-800 cobre 13.804 km em 15 horas e 25 minutos, e seu retorno, o voo Qantas 7, de Sydney a Dallas, demora 14 horas e 50 minutos.

3. Johanesburgo-Atlanta: 16 horas e 55 minutos

Ainda que demore mais do que o voo anterior, essa rota percorre cerca de 200 km a menos.
O Delta 201 cobre 13.582 km todos os dias no percurso entre a África do Sul e os EUA.

4. Abu Dhabi–Los Angeles: 16 horas e 30 minutos

A Etihad Airways é a segunda maior companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos. Seu nome significa "união" em árabe.
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Image captionA maioria dos voos ultralongos conta com sistema de entretenimento em todas as classes de assentos
De fato, a companhia une a segunda cidade do país, Abu Dhabi, a Los Angeles (EUA), separadas por 13.502 km.
Em 12 anos de atividades, a Etihad já foi eleita diversas vezes como uma das 10 melhores aéreas do mundo.

5. Dubai–Los Angeles: 16 horas e 35 minutos

Essa é outra das rotas da Emirates que integram o ranking dos voos ultralongos.
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Image captionA Emirates também disponibiliza suítes individuais em alguns de seus voos ultralongos
O voo Emirates 215 percorre 13.420 km em um A380 de luxo, de dois andares.
Possui 14 suítes privativas na primeira classe, 76 assentos-cama na classe executiva e 399 assentos na classe econômica.
Também conta com um bar para a primeira classe e dois spas com ducha na executiva.

6. Yeda–Los Angeles: 15 horas e 56 minutos

A Arabian Airlines, conhecida como Suadia, é a companhia aérea estatal da Arábia Saudita.
Seu voo ultralongo 41 completa 13.409 km em 15 horas e 56 minutos para conectar a segunda cidade do país à Califórnia, em um Boeing 777-300.
O percurso de volta de Los Angeles a Yeda dura um pouco mais que 17 horas.

7. Dubai–Houston: 16 horas e 19 minutos

O voo 211 da Emirates une a capital dos Emirados Árabes Unidos à cidade do Texas (EUA) desde dezembro de 2014, completando seis rotas da companhia a cidades americanas em seus novos A380.
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Image captionA primeira classe dos voos ultralongos da Emirates conta com banheiros com ducha
Assim como o voo entre Dubai e Los Angeles, o A380 dessa rota tem um bar na primeira classe, onde duas suítes privadas possuem duchas.
O avião completa 13.144 km em pouco mais de 16 horas.

8. Abu Dhabi–São Francisco: 15 horas e 13 minutos.

O voo ultralongo Etihad 183 percorre 13.128 km entre as duas cidades.

9. Dallas–Hong Kong: 15 horas e 8 minutos.

Esse é o único voo ultralongo da American Airlines entre os 10 voos mais longos do mundo.
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Image captionAs classes mais caras dos voos ultralongos costumam oferecer menus variados nas refeições
A rota entre as cidades, de 13.066 km, é feita todos os dias pelo voo AA137 em pouco mais de 15 horas.

10. Dubai–San Francisco: 15 horas e 37 minutos

O voo 225 da Emirates faz os 13.041 km que separam Dubai de São Francisco em 15 horas e 37 minutos.
A viagem é feita por um A380-800 desde 2008.

Lula diz que voltou a 'voar' mais uma vez e que agora vai 'incomodar' Ex-presidente participou de seminário ao lado de Pepe Mujica em São Paulo. Petista afirmou durante discurso que decidiu 'falar e viajar mais' pelo país.

Ex-presidente do Uruguai José Alberto Mujica e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam de seminário em SP (Foto: Leonardo Benassatto/ Estadão Conteúdo)Lula participou de seminário internacional organizado pela prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), que contou com a presença do ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica. (Foto: Leonardo Benassatto/ Estadão Conteúdo)
Um dia depois de dizer que, "se necessário", vai entrar na disputa pelo Palácio do Planalto em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (29), durante um seminário em São Bernardo do Campo (SP), que decidiu "falar e viajar mais" pelo país. Dirigindo-se ao ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica – um dos convidados do evento internacional organizado pela prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) –, o petista destacou que voltou a "voar outra vez" e que, agora, vai "incomodar".
Em meio ao discurso de cerca de uma hora, Lula falou a Mujica que, desde que deixou o comando do país, em 2011, ele tinha deixado de conceder entrevistas à imprensa porque, na visão dele, quem tem de dar entrevistas é quem está governando. Em tom de conselho ao uruguaio, que deixou recentemente a presidência do país sul-americano, o petista disse que um ex-presidente tem de "aprender" a ser ex-presidente.
Estou naquela fase de quem está esperando o dia da aposentadoria. [...] Mas as pessoas não me deixam em paz. Os adversários, todo santo dia, falam meu nome. Todo santo dia. [...] Então, é o seguinte: eu voltei a voar outra vez"
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República
"Você [Mujica] tem que aprender a ser ex-presidente. Você [Mujica] não pode ficar dando palpite em tudo que o Tabaré [Vasquez, atual presidente do Uruguai] vai fazer. Você vai ter que ficar quietinho, muitas vezes angustiado. [...] Esse é o papel de um ex-presidente: permitir que quem foi eleito governe o país. Eu, então, resolvi falar um pouco mais", declarou o petista no seminário internacional Participação Cidadã, Gestão Democrática e as Cidades no Século XXI, organizado pela prefeitura de São Bernardo do Campo (SP).
"Eu, agora, vou falar, eu, agora, vou viajar, eu, agora, vou dar entrevista. Eu, agora, vou incomodar", complementou.
Em outro trecho do discurso, Lula ironizou e criticou declarações recentes de líderes da oposição que apontam a perda de popularidade do ex-presidente da República identificada por institutos de pesquisas. Segundo o petista, a direita brasileira, a qual ele classificou de "reacionária", resolveu dizer que ele "está morto".
"Como eu tenho as costas largas, já apanhei demais na minha vida, eu vou ver se eles [oposicionistas] vão dar sossego para a nossa querida Dilma [Rousseff] e começam a se incomodar comigo outra vez. Porque eu estou naquela fase de quem está esperando o dia da aposentadoria. [...] Mas as pessoas não me deixam em paz. Os adversários, todo santo dia, falam meu nome. Todo santo dia. E eu aprendi uma coisa: você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho olhando para você. Se ele ficar voando, pulando de galho em galho, é mais difícil. Então, é o seguinte: eu voltei a voar outra vez", discursou Lula em tom irônico.
Nos últimos dias, o governo federal passou a discutir com aliados a possibilidade de apresentar ao Congresso Nacional uma proposta para voltar a tributar as transações bancárias. Criada em 1997 pelo governo Fernando Henrique Cardoso, a CPMF acabou extinta pelo Legislativo em 2007, já no segundo mandato de Lula à frente do Palácio do Planalto.CPMF
Em meio às discussões em torno da criação de um novo tributo para financiar a saúde, Lula defendeu o retorno da CPMF. O ex-presidente afirmou ao ministro da Saúde, Arthur Chioro, que o chamado "imposto do cheque" nunca deveria ter sido extinto.
Um dos integrantes do primeiro escalão encarregados de negociar a eventual criação do novo tributo, o ministro da Saúde defende uma alíquota de pelo menos 0,38%, o último percentual da CPMF.
"Não sei se é verdade que [Chioro] defendeu a CPMF. Mas a verdade é que ela não deveria ter sido retirada. Mas você deveria reivindicar para os governadores e prefeitos, porque eles precisam de dinheiro para a saúde", disse Lula.
'Ódio emocional'
O ex-presidente também disse sentir que há "um certo ódio emocional, uma irracionalidade emocional" no país que, para ele, faz com que se estabeleça uma "divisão nacional."
"Pode ser que alguém tenha razão em algumas críticas. Mas do que vem esse ódio? [...] Será que uma parte desse ódio demonstrado contra o PT é porque as empregadas domésticas conquistaram mais direitos? Nós fomos para as ruas sempre à procura de conquistar algo para melhorar a vida das pessoas. E eu acho que essas pessoas [contra o governo] estão vindo para a rua para desfazer as melhoras que nós conquistamos", afirmou Lula.
No seminário, Lula afirmou, diante de diversos integrantes do PT, que o partido passa por um "processo de criminalização" e por uma tentativa de "demonizar" quem defende o PT. Lula pediu para que o os militantes do partido "levantem a cabeça e vão as ruas."
Orçamento
Durante o seminário, Lula se dirigiu a diversos prefeitos que estavam presentes no auditório para pedir que, diante da atual crise financeira no país, é preciso "aumentar a política" e conversar com a população. O petista pediu para que os prefeitos não se “escondam”.
“Quando falta o orçamento, tem que aumentar a política. [...] As coisas estão mal, estão mal. 'Mas eu [prefeito] vou dizer para o povo porque está mal'. O orçamento não é seu [do prefeito]. Não pode se esconder”, disse.
Mujica
O ex-presidente do Uruguai falou, durante o seminário, sobre a importância dos partidos políticos e da necessidade de lideranças políticas trabalharem com a maioria.
"Não há democracia sem partidos. Eles são a vontade coletiva dos grupos humanos para construir coisas melhores. Não há homens imprescindíveis, há causas imprescindíveis", disse Mujica.
O político uruguaio chegou a se emocionar em seu discurso, antes de ceder o microfone para Lula. "Os dirigentes partidários precisam aprender a conviver com as maiorias e não [com] as minorias."
O ex-presidente do Uruguai concluiu a fala mencionando valores como ética na política. "Não se pode separar a economia da alma, da ética e dos sonhos. Quando deixarmos de sonhar e crer num mundo melhor sobrará o egoísmo e o mundo individual", disse ele.
Após o evento, Lula e Mujica almoçaram na cidade, mas o local não foi divulgado pela assessoria do ex-presidente brasileiro.

Documentos secretos mostram como Lula intermediou negócios da Odebrecht em Cuba A reportagem obteve arquivos sigilosos em que burocratas descrevem as condições camaradas dos empréstimos do BNDES à empreiteira

No dia 31 de maio de 2011, meses após deixar o Palácio do Planalto, o petista Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Cuba pela primeira vez como ex-presidente, ao lado de José Dirceu. O presidente Raúl Castro, autoridade máxima da ditadura cubanadesde que seu irmão Fidel vergara-se à velhice, recebeu Lula efusivamente. O ex-presidente estava entre companheiros. Em seus dois mandatos, Lula, com ajuda de Dirceu, fizera de tudo para aproximar o Brasil de Cuba – um esforço diplomático e, sobretudo, comercial. Com dinheiro público do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, o Brasil passara a investir centenas de milhões de dólares nas obras do Porto de Mariel, tocadas pela Odebrecht. Um mês antes da visita, Lula começara a receber dinheiro da empreiteira para dar palestras – e apenas palestras, segundo mantém até hoje.

Naquele dia, porém, Lula pousava em Havana não somente como ex-presidente. Pousava como lobista informal da Odebrecht. Pousava como o único homem que detinha aquilo que a empreiteira brasileira mais precisava naquele momento: acesso privilegiado tanto ao governo de sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, quanto no governo dos irmãos Castro. Somente o uso desse acesso poderia assegurar os lucrativos negócios da Odebrecht em Cuba. Para que o dinheiro do BNDES continuasse irrigando as obras da empreiteira, era preciso mover as canetas certas no Brasil e em Cuba.

A visita de Lula aos irmãos Castro, naquele dia 31 de maio de 2011, é de conhecimento público. O que eles conversaram, não – e, se dependesse do governo de Dilma Rousseff, permaneceria em sigilo até 2029. Nas últimas semanas, contudo, ÉPOCA investigou os bastidores da atuação de Lula como lobista da Odebrecht em Havana, o país em que a empreiteira faturou US$ 898 milhões, o correspondente a 98% dos financiamentos do BNDES em Cuba. A reportagem obteve telegramas secretos do Itamaraty, cujos diplomatas acompanhavam boa parte das conversas reservadas do ex-presidente em Havana, e documentos confidenciais do governo brasileiro, em que burocratas descrevem as condições camaradas dos empréstimos do BNDES às obras da Odebrecht em Cuba. A papelada, e entrevistas reservadas com fontes envolvidas, confirma que, sim, Lula intermediou negócios para a Odebrecht em Cuba. E demonstra, em detalhes, como Lula fez isso: usava até o nome da presidente Dilma. Chegava a discutir, em reuniões com executivos da Odebrecht e Raúl Castro, minúcias dos projetos da empreiteira em Cuba, como os tipos de garantia que poderiam ser aceitas pelo BNDES para investir nas obras.

Parte expressiva dos documentos obtidos com exclusividade por ÉPOCA foi classificada como secreta pelo governo Dilma. Isso significa que só viriam a público em 15 anos. A maioria deles, porém, foi entregue ao Ministério Público Federal, em inquéritos em que se apuram irregularidades nos financiamentos do BNDES às obras em Mariel. Num outro inquérito, revelado por ÉPOCA em abril, Lula é investigado pelos procuradores pela suspeita de ter praticado o crime de tráfico de influência internacional (Artigos 332 e 337 do Código Penal), ao usar seu prestígio para unir BNDES, governos amigos na América Latina e na África e projetos de interesse da Odebrecht. Sempre que Lula se encontrava com um presidente amigo, a Odebrecht obtinha mais dinheiro do BNDES para obras contratadas pelo governo visitado pelo petista. O MPF investiga se a sincronia de pagamentos é coincidência – ou obra da influência de Lula. Na ocasião, por meio do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente negou que suas viagens fossem lobby em favor da Odebrecht e que prestasse consultoria à empresa. Segundo Lula, suas palestras tinham como objetivo “cooperar para o desenvolvimento da África e apoiar a integração latino-americana”.
Documentos secretos mostram como Lula intermediou os negócios secretos da Odebrecht em Cuba  (Foto: Reprodução)
Outro lado

Procurado, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, afirma que, no período em que exerceu o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, “não atuou em favor de empresas, nem tampouco a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. Diz o texto que várias empresas brasileiras participaram de consulta do governo uruguaio sobre o Porto de Rocha e o governo não atuou em favor de nenhuma das empresas. AOdebrecht afirma em nota que o ex-presidente não teve “qualquer influência” nas suas duas obras em Cuba, o Aeroporto de Havana e o Porto de Mariel. A empresa diz que as discussões sobre bioenergia com o governo cubano não avançaram, mas ainda estuda oportunidades nesse setor em Cuba, a partir da reformulação da Lei de Investimento Estrangeiro. A Odebrecht diz que a empresa na qual trabalha o ex-ministro Silas Rondeau foi uma das contratadas como parceira de estudos na área de energia.

Em nota, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou desconhecer o conteúdo dos documentos aos quais ÉPOCA teve acesso. Contudo, o Planalto destaca a importância estratégica do projeto de Porto de Mariel para as relações de Brasil e Cuba. “A possibilidade crescente de abertura econômica de Cuba e a recente reaproximação entre Cuba e Estados Unidos vão impulsionar ainda mais o potencial econômico de exportação para empresas brasileiras.” O BNDES afirma que a Odebrecht é a construtora brasileira com maior presença em Cuba, portanto faz sentido que a maior parcela das exportações para aquele país financiadas pelo banco seja realizada pela empresa. Diz ainda que mantém com a Odebrecht relacionamento rigorosamente igual a qualquer outra empresa. O BNDES nega que esteja financiando projetos envolvendo direta ou indiretamente a Odebrecht no setor de energia, bioenergia ou sucroalcooleiro em Cuba. Sobre entendimento para financiamento de um porto no Uruguai, como indicou o então ministro Pimentel, o BNDES disse que não há nenhuma tratativa referente ao projeto em curso no Banco. Procurado por ÉPOCA, o ex-presidente Lula não quis se manifestar.

Em depoimento à CPI do BNDES, o presidente do banco, Luciano Coutinho, disse que Lula jamais interferiu em qualquer projeto de financiamento. Os documentos obtidos por ÉPOCA mostram uma versão diferente. Caberá ao MPF e à PF apurar os fatos.


Época
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 · 28 de agosto às 23:34 · 
EXCLUSIVO! Documentos secretos mostram como Lula intermediou negócios da Odebrecht em Cuba http://glo.bo/1UiZLcI

Sérgio Moro defende a delação premiada: 'é traição entre criminosos' Juiz disse que 'regra' é apurar denúncia para encontrar provas. Responsável pela Operação Lava Jato participou de seminário em SP.

O juiz Sérgio Moro, responsável pela condução da Operação Lava a Jato, defendeu neste sábado (29) a delação premiada. Ele participou de um seminário na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo.
"Às vezes, as únicas pessoas que podem servir como testemunhas de crimes são os próprios criminosos", afirmou. "É traição? É traição, mas é uma traição entre criminosos. Não se está traindo a Inconfidência Mineira, não se está traindo Resistência Francesa."
VÍDEO: entenda a delação premiada.

delação premiada é um acordo firmado com o Ministério Público e a Polícia Federal pelo qual o réu ou suspeito de cometer crimes se compromete a colaborar com as investigações e denunciar os integrantes da organização criminosa em troca de benefícios, como redução da pena. Essa colaboração está prevista na lei 12.805, de 5 de agosto de 2013.

Moro disse neste sábado que a delação ou colaboração premiada enfrenta preconceitos no Brasil, a ponto de muitos escritórios de advocacia não fazerem esse tipo de acordo, alegando questões éticas. Para ele, no entanto, a delação serve para apurar casos corrupção.
O juiz citou casos em que a delação premiada colaborou na resolução de crimes nos Estados Unidos e na Itália. Como exemplo, falou da Operação Mãos Limpas, levada a cabo nos anos 1990 na Itália para expor uma rede de corrupção que dominava a vida política e econônica do país. 

"Então, uma das regras – e esta é uma regra muito importante na colaboração premiada – é que tudo que o colaborador disser precisa encontrar prova de corroboração. Tudo tem de ser checado e tem de ser colhido", delcarou.