segunda-feira, 24 de agosto de 2015

'Dilma pode sobreviver à turbulência?', questiona jornal britânico

  • 24 agosto 2015
(AFP)
Reportagem traz perfil de Dilma e pontua os principais dilemas de seu segundo mandato
A edição do jornal britânico The Observer deste domingo trouxe um perfil da presidente Dilma Rousseff e questionou se a petista terá condições para sobreviver à crise que se instaurou em seu governo.
A reportagem, assinada pelos correspondentes Jonathan Watts e Bruce Douglas, relembra o passado de ex-guerrilheira de Dilma e pontua os principais dilemas de seu segundo mandato, inclusive o embate com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Segundo o semanário, que é publicado aos domingos, Dilma optou pelo silêncio como estratégia para enfrentar a turbulência.
"Isso (silêncio) se provou uma virtude e um defeito em uma carreira pitoresca de ativista estudantil a tecnocrata para líder da sétima maior economia do mundo", diz o jornal.
"Nos anos 70, Rousseff foi detida e torturada durante a ditadura militar sem delatar os nomes de seus camaradas do submundo marxista", acrescenta.
"Atualmente, no entanto, sua falta de vontade para se engajar em um debate e construir alianças é amplamente visto como um fator chave em uma crise política que a tornou a presidente mais impopular desde a redemocratização", finaliza.
De acordo com o periódico, menos de um ano depois de ser reeleita, a presidente enfrenta uma "coalizão fragmentada, uma economia claudicante e o maior escândalo de corrupção na história do país".
O jornal lembra que há insatisfação mesmo entre os mais pobres, que formam a base eleitoral de Dilma.
"A hostilidade era esperada das famílias de classe média, branca e rica, mas Rousseff também desapontou muitos dos que a colocaram no poder", diz.

Sem brilho

(Reuters)
Segundo periódico, PT 'perdeu o brilho' durante governo Dilma
O semanário compara o governo de Dilma com o de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e diz que, durante seu mandato, o PT "perdeu o brilho".
"Diplomatas admitem reservadamente que a presidente tem pouco interesse na política externa. Ambientalistas condenam sua aprovação do fraco código florestal, a construção da hidrelétrica na floresta amazônica e o desenvolvimento de combustível fóssil pela Petrobras".
Segundo o Observer, comparada com Lula, falta a Dilma "calor pessoal".
No entanto, o jornal diz que a "honestidade" é um trunfo da presidente e lembra que, em entrevista recente a uma revista alemã, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a descreveu como uma "pessoa honrada".
"Sob sua presidência, nunca se investigou tantos malfeitos", assinala o Observer.
O semanário destaca, no entanto, que "a falta de vontade de participar do 'clube do bolinha' da política brasileira, na qual menos de 9% do Congresso é composto por mulheres e corrupção é uma rotina, explica em parte seus problemas atuais".
O jornal lembra o embate de Dilma, quando ainda era ministra de Minas e Energia, com o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a ponto de ela ter quebrado o protocolo durante a posse do peemedebista, deixando o Congresso pela porta por onde entrou, de modo a evitar cumprimentá-lo.
"Cunha, agora presidente da Câmara, parece não ter perdoado ou esquecido o deslize. Apesar de pertencer ao partido aliado de Rousseff, ele concorreu contra o candidato de Dilma à presidência da Câmara e venceu".
"Desde então, ele tem se provado o espinho mais afiado do lado da Rousseff. As tentativas dela de controlar os gastos e aumentar os impostos para reordenar as finanças públicas foram frustradas por um Congresso hostil, orquestrado por Cunha. Além disso, a apresentação dos procedimentos de impeachment é sua prerrogativa individual. Ele já deu indicações de que pretende seguir esse caminho".

Reeleição

(AFP)
Diferentemente de Lula, falta "calor pessoal" a Dilma, diz semanário
O jornal assinala ainda que, antes de se tornar presidente, Dilma nunca havia sido eleita para qualquer cargo político.
"Ela foi uma escolha controversa para substituir Lula, mas inicialmente se provou um sucesso com os eleitores, facilmente vencendo a eleição de 2010 e conduzindo o boom econômico e levando a cabo uma política de redistribuição de renda que lhe assegurou seus índices de aprovação a 80%".
"A subsequente desaceleração do crescimento erodiu sua sustentabilidade, mas ela ainda conseguiu enfrentar os protestos de 2013 e as vaias das multidões da Copa do Mundo no ano seguinte para assegurar sua reeleição em 2014".
"Desde então, os aliados vêm firmemente abandonando a sua base", diz o jornal.
Segundo o semanário, "as alternativas para Dilma ─ renúncia, impeachment ou golpe" seriam provavelmente piores para o país.
"O dilema parece ter sido reconhecido por empresários e pela mídia tradicional, que vem recentemente atenuando as reivindicações pela remoção da presidente pelo temor de que o país perca o grau de investimento", finaliza.

24/08/2015 10h26 - Atualizado em 24/08/2015 16h22 Bovespa chega a cair quase 6%, acompanhando exterior Índice voltava aos seus menores níveis de abril de 2009. Bolsa é puxada por temor de que economia chinesa esteja desacelerando.

O principal índice da Bovespa chegou a recuar quase 6% no começo do pregão desta segunda-feira (24), voltando aos seus menores níveis de abril de 2009, puxado pelo temor global de que a economia chinesa esteja em desaceleração. O comportamento da bolsa brasileira acompanha o dos mercados do exterior, como os da Europa e dos Estados Unidos.
Na sexta-feira (21), o Ibovespa recuou 1,99%, a 45.719 pontos. Foi o menor patamar de fechamento desde março de 2014. Na semana passada, a bolsa caiu 3,77%.Às 16h20, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de São Paulo, caía 3,27%, a 44.224 pontos. Veja cotação.

A Bovespa reduziu as perdas após a forte queda inicial. "A queda foi abrupta demais e, na medida em que as bolsas americanas recuperaram um pouco, isso sinalizou para os operadores que o problema não era tão agudo quanto a reação inicial. Isso não significa que está tudo bem: apenas uma acomodação", explicou o professor Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em entrevista ao G1.
China
A forte queda na Bovespa é influenciada pela desaceleração das bolsas asiáticas nesta segunda-feira, que fecharam em forte baixa preocupadas com a desaceleração da economia chinesa, apesar dos esforços das autoridades para tentar tranquilizar os investidores.
Na China, as bolsas de Xangai e Shenzhen desabaram mais de 8% cada nesta sessão, reforçando o quadro de preocupações com a segunda maior economia do mundo, que vem afetando o apetite por ativos de risco.
Principais quedas
Perto do mesmo horário, a Vale perdia mais de 7% nas ações preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) e mais de 6% nas ordinárias (com direito a voto).

Já a Petrobras caía mais de 4% nas preferenciais e 3% nas ordinárias.

As ações de ambas as empresas chegaram a desvalorizar mais de 9% durante o pregão, em meio ao declínio acentuado dos preços do petróleo no exterior e temores de que desaceleração na China traga impactos relevantes sobre o preço das commodities. Os preços do minério de ferro na China recuaram nesta segunda-feira, com os contratos futuros atingindo limite diário de queda.
Outras empresas que tinham forte queda eram Gol, OI, TIM, Gerdau, Braskem, Usiminas, Siderúrgica Nacional, Rumo Logística e Embraer.
David Vadala perapara para o dia de negócios no saguão da bolsa de valores de Nova York (Foto: Richard Drew/AP)Homem prepara o dia de negócios no saguão da bolsa de valores de Nova York. Wall Street abriu em queda nesta segunda (Foto: Richard Drew/AP)
Motivos
"Todos os dados de atividade da economia chinesa apontam para uma desaceleração maior do que vem indicando o PIB (Produto Interno Bruto) oficial. E essa é a grande questão de fundo por trás dessa deterioração do mercado acionário", disse o analista Marco Aurelio Barbosa, da CM Capital Markets.

A decisão chinesa de permitir que fundos de pensão administrados por governos locais invistam no mercado acionário pela primeira vez não trouxe alívio ao mercado. Conforme nota do Credit Suisse, havia expectativa de corte da taxa de depósito compulsório dos bancos chineses para estimular a economia, o que não aconteceu.

Entre as commodities, o minério de ferro caiu 4% na China e o petróleo perdia cerca de 5%.
Em nota a clientes, Barbosa, da CM Capital Markets, escreveu que as medidas do governo chinês visam estancar o pânico entre investidores pessoas físicas e evitar o contágio da economia real pela perda de lastro para o consumo devido à redução da poupança.

"O que vem ocorrendo é que as medidas de 'socorro' à bolsa (chinesa) vêm afastando os poupadores e atraindo mais especulação. Há uma sensação de que o governo chinês está perdendo o controle da situação", afirmou.

O Credit Suisse destacou que o movimento recente do banco central da China de desvalorizar o iuan levou a um choque negativo no apetite de risco e, em caso de piora, poderia afetar negativamente também o crescimento global.

Na cena local, era visto como novo elemento de incerteza a decisão do vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, de pedir investigação das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff, assim como o risco de saída do vice-presidente Michel Temer da articulação política.

EUA e Europa
As bolsas nos Estados Unidos protagonizavam uma dramática recuperação após as mínimas desta segunda-feira, ajudadas por uma recuperação nas ações da Apple, mas os principais índices acionários permaneciam em território de correção ou perto dele, em meio a receios sobre a desaceleração do crescimento da China.

O Dow Jones chegou a perder mais de 1 mil pontos nesta sessão, a maior perda em pontos de sua história. O Dow Jones nunca tinha caído mais de 800 pontos em um dia.

Às 13h45 (horário de Brasília), o índice Dow Jones caía 0,7%, a 16.329 pontos, com os investidores em busca de barganhas. O S&P 500 recuava 1%, a 1.950 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq operava em baixa de 0,43%, a 4.685 pontos.

"Os fundamentos dos EUA são fortes, e assim como a confiança pode ir embora, ela pode voltar rapidamente se os fundamentos são sólidos", disse o diretor de investimentos da Commonwealth Financial Network, Brad McMillan.

"Investidores estão começando a olhar as coisas racionalmente e ver que as coisas não estão tão ruins e começando a comprar ações como as da Apple."

As ações da Apple, que chegaram a cair 13%, reverteram o rumo e subiam cerca de 1,9%.

A alta da Apple ajudou os índices Nasdaq e o S&P 500 a voltarem de níveis que os teriam colocado no território de correção. Um índice é considerado em território de correção quando fecha 10% abaixo de sua máxima em 52 semanas.
Na Europa, o índice FTSEurofirst 300 fechou com queda de 5,44%, a 1.349 pontos e perdeu cerca de € 450 bilhões (521,42 bilhões de dólares) em valor de mercado -- pior performance de fechamento desde novembro de 2008.

O índice chegou a cair 7,8% durante a sessão, maior queda intradia desde outubro de 2008, pouco depois da falência do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers. O termômetro fechou acima das mínimas mas permaneceu em vias de marcar a pior queda mensal desde 2002. Seu valor de mercado diminuiu em mais de um trilhão de euros desde o início do mês.

Bolsas da Europa perdem € 450 bilhões em valor de mercado Mercados têm maior perda diária desde 2008. Na mínima da sessão, FTSEurofirst caiu 7,8%.

Reuters
24/08/2015 14h49 - Atualizado em 24/08/2015 15h02

Bolsas da Europa perdem € 450 bilhões em valor de mercado

Mercados têm maior perda diária desde 2008.
Na mínima da sessão, FTSEurofirst caiu 7,8%.

Da Reuters
O principal índice europeu de ações despencou nesta segunda-feira (24) após os mercados chineses desabarem, reduzindo em bilhões de euros seu valor de mercado e atingindo a mínima em sete meses.
O índice chegou a cair 7,8% durante a sessão, maior queda intradia desde outubro de 2008, pouco depois da falência do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers. O termômetro fechou acima das mínimas mas permaneceu em vias de marcar a pior queda mensal desde 2002. Seu valor de mercado diminuiu em mais de um trilhão de euros desde o início do mês.O índice FTSEurofirst 300 fechou com queda de 5,44%, a 1.349 pontos e perdeu cerca de € 450 bilhões (521,42 bilhões de dólares) em valor de mercado -- pior performance de fechamento desde novembro de 2008.
As bolsas chinesas despencaram mais de 8% nesta segunda-feira, em sua maior perda diária desde o início da crise financeira global em 2007, após Pequim não anunciar grandes medidas de estímulo no fim de semana, mesmo após tombo de 11% na semana passada.
Em Londres, o índice Financial Times recuou 4,67%, a 5.898 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caiu 4,70%, a 96.648 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 perdeu 5,35%, a 4.383 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 5,96%, a 20.450 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrou baixa de 5,01%, a 97.756 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 desvalorizou-se 5,80%, a 4.981 pontos.
Estados Unidos
As bolsas nos Estados Unidos protagonizavam uma dramática recuperação após as mínimas desta segunda-feira, ajudadas por uma recuperação nas ações da Apple, mas os principais índices acionários permaneciam em território de correção ou perto dele, em meio a receios sobre a desaceleração do crescimento da China.
O Dow Jones chegou a perder mais de 1 mil pontos nesta sessão, a maior perda em pontos de sua história. O Dow Jones nunca tinha caído mais de 800 pontos em um dia.
Às 13h45 (horário de Brasília), o índice Dow Jones caía 0,7%, a 16.329 pontos, com os investidores em busca de barganhas. O S&P 500 recuava 1%, a 1.950 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq operava em baixa de 0,43%, a 4.685 pontos.
"Os fundamentos dos EUA são fortes, e assim como a confiança pode ir embora, ela pode voltar rapidamente se os fundamentos são sólidos", disse o diretor de investimentos da Commonwealth Financial Network, Brad McMillan.
"Investidores estão começando a olhar as coisas racionalmente e ver que as coisas não estão tão ruins e começando a comprar ações como as da Apple."
As ações da Apple, que chegaram a cair 13%, reverteram o rumo e subiam cerca de 1,9%.
A alta da Apple ajudou os índices Nasdaq e o S&P 500 a voltarem de níveis que os teriam colocado no território de correção. Um índice é considerado em território de correção quando fecha 10% abaixo de sua máxima em 52 semanas.
China
As bolsas asiáticas afundaram nesta segunda-feira, preocupadas com a desaceleração da economia chinesa, apesar dos esforços das autoridades para tentar tranquilizar os investidores.

Xangai liderou a queda. O índice composto da bolsa chinesa caiu 8,49%, a 3.209,91 pontos, depois de perder 9% durante a sessão.

A Bolsa de Shenzhen, a segunda maior da China, registrou queda de 7,70%, a 1.882,46 pontos.

Tóquio registrou baixa de 4,61%. O índice Nikkei perdeu 895,15 pontos. A Bolsa de Sydney perdeu 4,09%, o menor nível em dois anos. O índice S&P/ASX200 cedeu 213,3 pontos.
Taiwan perdeu 4,84% e Seul 2,47% e Hong Kong recuou mais de 5%.

"Não sei se é a perspectiva de um fortalecimento monetário do Federal Reserve ou se é um resfriamento da economia mundial", mas "os investidores tentam se expor menos aos riscos, enquanto os mercados financeiros passaram muito acima com relação à economia real", comentou Jack Ablin, da BMO Private Bank.

domingo, 23 de agosto de 2015

Google Maps para Android tem agora acesso rápido ao Street View

O google melhorou o que já era excelente. A nova atualização, para Android, do Google Maps dá ainda mais poder de fogo a esse já incrível App. A versão 9.13.0 já está disponível para download e oferece aos usuários um pequeno novo recurso, mas muito significativo: Acesso rápido ao Street View.
Street View
Usuários habituais do Google Maps certamente irão gostar muito do uso mais simplificado da ferramenta Street View, que permite a você visualizar, em imagens reais, lugares a que pretende ir. Assim poderá conhecer melhor as características e o ambiente de seu destino. Além disso, será capaz de visualizar os pontos de referência da região (supermercados, bancos , postos de gasolina,etc.) , fazendo com que encontre o seu destino mais facilmente.
O Street View oferece uma experiência similar ao de estar caminhando pelas ruas, permitindo que você conheça a localidade de destino ao nível da rua. A integração desta ferramenta ao Google Maps nos dispositivos móveis (por enquanto somente paraAndroid), confirma a liderança do aplicativo entre os apps de GPS.
Usuários do Android que atualizarem o Google Maps para a versão 9.13.0 serão capazes de acessar o Street View em seus dispositivos, pressionando uma imagem em miniatura que aparece no canto inferior esquerdo da janela de navegação, como visto na imagem superior. A miniatura aparece quando você procura por um endereço dentro do app, ou se você tocar e segurar no mapa.
A atualização está disponível para download e pode ser feita diretamente pelo Google Play. Ainda não sabemos quando a nova funcionalidade estará disponível para iOS.

Supremo se fecha após desgastes e traumas do julgamento do mensalão

Joaquim Barbosa dá entrevista enquanto presidente do STF, em 2014. / N. JR. (SCO/STF)
"Vamos fazer nosso trabalho, e não chicana, ministro", disse o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa ao colega Ricardo Lewandowski na última das várias e tensas discussões que marcaram o julgamento do mensalão e que ainda parecem ecoar no Plenário da maior Corte do país. Após julgar o maior caso de sua história em 53 transmissões de televisão e internet ao vivo — o que permitiu a milhares de brasileiros aprender, entre outras coisas, que “chicana” é um artifício para atrasar julgamentos —, o STF se prepara para tratar do novo maior caso de corrupção do Brasil sem expor seus ministros ao vídeo.

As sessões da Segunda Turma são abertas e qualquer pessoa pode frequentá-las, mas essas reuniões nunca foram transmitidas em vídeo, porque ocorrem ao mesmo tempo que as reuniões da Primeira Turma, e o STF nunca quis privilegiar um dos grupos com exibições ao vivo. O advento da internet, contudo, permitiria transmissões emstreaming de vídeo, mas, consultado pelo EL PAÍS, o Supremo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “ainda não há previsão para transmissão das sessões das Turmas do STF”. Ou seja, se nada mudar até fevereiro, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar a denúncia contra osestimados 100 políticos investigados pela Operação Lava Jato, o maior caso de corrupção da história do país será julgado longe dos olhos da maioria da população brasileira.Nove meses depois desse último e desgastante embate público entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, o STF mudou seu regimento interno para deixar de julgar políticos com foro privilegiado no Plenário — desde maio de 2014, esses julgamentos são feitos pela Segunda Turma da Corte, composta por apenas cinco dos 11 ministros do tribunal. A mudança, que é questionada formalmente pela Câmara dos Deputados (leia mais em Câmara questiona mudança, abaixo), foi feita em nome da celeridade, mas uma fonte que frequenta os bastidores do Supremo garante que a maior discrição das deliberações da Segunda Turma pesou na hora de o tribunal optar pela alteração.
A Segunda Turma do STF comporta no máximo 235 espectadores — 126 em suas poltronas fixas e 109 em cadeiras que podem ser acrescentadas, a depender da necessidade. Para além dessas dezenas de privilegiados, quem quiser ter acesso direto a detalhes do julgamento de políticos pela Corte Suprema terá de ficar atento às imagens que as emissoras de tevê podem coletar durante 10 minutos em cada reunião das Turmas ou solicitar cópias da íntegra das sessões em áudio e vídeo à Secretaria de Comunicação Social do STF. Em vias do julgamento do maior caso de corrupção da história do país, a mudança divide o mundo jurídico.

Câmara questiona mudança


Apesar de a alteração de procedimento do STF ter ocorrido em maio de 2014, seus efeitos só foram sentidos de fato em outubro, quando apenas três ministros da Segunda Turma condenaram o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB) pelo vazamento de informações sigilosas da Operação Satiagraha — à época, ele ainda era delegado da Polícia Federal.
Na ocasião, a Câmara questionou a alteração no regimento do STF com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), pedindo que os parlamentares voltem a ser julgados pelos 11 ministros no Plenário. Com apenas três ministros no julgamento, Protógenes não teve nem a chance de solicitar um embargo infringente — recurso a que o réu condenado tem direito desde que tenha recebido quatro votos pela sua absolvição.
A Câmara também argumenta que a alteração provocou uma quebra de isonomia ao fazer distinção entre parlamentares "do mesmo corpo legislativo”, já que passaram para as Turmas as ações penais contra deputados, senadores e ministros de Estado, mas continuam a ser julgados pelo Plenário presidente e vice-presidente da República; presidentes de Senado e Câmara; ministros do Supremo; e o procurador-geral da República.
Atualmente, a ADI 5175 aguarda avaliação do procurador-geral da República. Segundo o STF, sua tramitação não impede a dinâmica do julgamento de parlamentares pela Segunda Turma, pois “a alteração no Regimento Interno do STF continua válida até que venha a ser proferida declarando sua inconstitucionalidade”.
Juristas ouvidos pelo EL PAÍS avaliam que o Plenário do Supremo deve referendar a alteração do regimento, já que foram os próprios ministros que aprovaram a mudança. Uma possibilidade de entendimento entre STF e Câmara é que os parlamentares condenados na Segunda Turma possam apresentar recurso para serem julgados pelo Plenário. Nesse caso, o argumento da celeridade já não faria mais sentido como base para a mudança.
Para Wadih Damous, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB e um dos maiores críticos da forma de condução do julgamento do mensalão, o STF acerta ao optar pela discrição. “Acho a medida correta, julgamento não é espetáculo. Quando há elementos externos de pressão, em que só pode haver um resultado possível, que é a condenação, saímos do estado de direito e entramos no autoritarismo”, defende o jurista. O advogado Gustavo Badaró, que defendeu Silvio Pereira no julgamento do mensalão, também vê benefícios na alteração, pois sem televisão “os ânimos não estarão tão acirrados” e “não haverá votos tão longos ou citações e demonstrações de erudição que em nada acrescentam ao julgamento da matéria”.
Apesar de concordar que as transmissões ao vivo podem influir nos julgamentos, o professor de Direito Penal da FGV Thiago Bottino acredita que a exposição das sessões contribui para a transparência do Judiciário e para a educação da população brasileira. “Os prós são superiores aos contras. Não televisionar vai trazer algumas perdas, como a impossibilidade de controlar o Judiciário. Do ponto de vista do acusado absolvido, também seria importante exibir o resultado”, diz Bottino, que menciona os ganhos alcançados com a transmissão de julgamentos de grande repercussão como os de ações afirmativas e de pesquisa com células-tronco (esses casos de repercussão geral seguem sendo julgados pelo Plenário do STF).
Também professor da FGV, o especialista em Direito Constitucional Joaquim Falcão é ainda mais contundente em sua defesa da transparência nos julgamentos. “No caso do mensalão, o Supremo se impôs, com legitimidade. O Supremo ganhou com o mensalão. Não justifica se fechar. Temos pesquisas que mostram que, quando se falava em Justiça, antes desse julgamento, o que vinha na cabeça do cidadão eram crimes e prisão. Agora, quando se fala em Justiça, as pessoas relacionam ao Supremo. Isso foi um conquista”, argumenta o professor, segundo quem o Brasil divide com a Inglaterra e o México o pioneirismo nas transmissões de julgamentos — um tema que também começa a ganhar força nos Estados Unidos. “O caminho é o da transparência, e não o da proibição de veiculação”, defende Falcão.

Supremo Tribunal Federal


Estátua da Justiça. Ao fundo, o Congresso Nacional. / GIL FERREIRA (SCO/STF)
Há três séculos, o filósofo francês Montesquieu consagrou a teoria da separação dos poderes, que fundamenta até hoje a estrutura dos chamados Estados Democráticos de Direito. Nesse modelo adotado pelo Brasil, o Legislativo faz a lei, o Executivo a aplica e o Judiciário fiscaliza o seu devido cumprimento. Um impede que o outro seja absoluto. Esse ideário inspirou o traçado da Praça dos Três Poderes, em Brasília, que reúne em cada vértice suas respectivas sedes: o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). Na triangulação concebida por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, não há árvore nem qualquer obstáculo ao campo de visão.
Diferentemente de outros países, a Constituição brasileira reserva ao Supremo uma missão extra: conduzir as investigações e julgar as acusações criminais contra deputados, senadores e outras autoridades federais. Nesse caso, nem a proximidade física entre o tribunal e o Parlamento é capaz de fazer com que a Justiça atravesse a Praça dos Três Poderes com celeridade. As imperfeições dos sistemas político e judicial do país tornam essa distância abissal e, por vezes, insuperável.Reza a lenda que os arquitetos queriam que, de dentro de seus gabinetes, os parlamentares pudessem observar a República, e vice-versa. Em tese, cada poder estaria livre para atuar em seus domínios e, ao mesmo tempo, vigiar o outro, coibindo eventuais excessos. Na prática, porém, não tem sido assim.
Jogam por terra a máxima de que a justiça tarda, mas não falha. A realidade mostra que falha, muitas vezes, porque veio tarde demais.

Condenação pela metade

Desde 1988, mais de 500 parlamentares foram investigados no Supremo. A primeira condenação ocorreu apenas em 2010. De lá para cá, apenas 16 congressistas que estavam no exercício do mandato foram condenados por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de verba pública, segundo levantamento da Revista Congresso em Foco. Decisões que podem ajudar a desfazer o mito de que o Judiciário é cego aos malfeitos dos políticos brasileiros, mas que ainda estão longe de enterrar a sensação de impunidade. Afinal, apenas oito, metade dos condenados, pagaram ou estão acertando suas contas com a Justiça. A outra metade já se livrou definitivamente ou ainda luta para escapar da punição.
Entre os considerados culpados, somente o ex-deputado Natan Donadon (RO) está atrás das grades. O ex-peemedebista cumpre pena de 13 anos no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, por desviar recursos da Assembleia Legislativa de Rondônia. Além dele, quatro ex-parlamentares estão em prisão domiciliar no momento: Asdrubal Bentes (PMDB-PA), João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), os três últimos envolvidos no mensalão. Dois ex-deputados já cumpriram a punição: Zé Gerardo (PMDB-CE) e José Genoino (PT-SP), este também do mensalão, beneficiado por indulto da presidenta Dilma Rousseff na virada do ano. Em 2013, o ex-deputado Tatico (PTB-GO) conseguiu anular a pena de sete anos de cadeia por ter quitado com a União a dívida que havia provocado sua condenação três anos antes.

Livres e pendurados

Para três parlamentares, a punição ainda não veio. Os ex-deputados Chico das Verduras (PRP-RR) e Protógenes Queiroz (PC do B-SP) e o senador Ivo Cassol (PP-RO), que segue no exercício do mandato dois anos após a condenação a quatro anos de prisão, recorrem da sentença. Para os outros cinco condenados – Cássio Taniguchi (DEM-PR), Abelardo Camarinha (PSB-SP), Jairo Ataíde (DEM-MG), Marco Tebaldi (PSDB-SC) e Marçal Filho (PMDB-MS) –, a pena tardou tanto que nem chegará: eles escaparam de qualquer punição porque a Justiça perdeu o prazo para condená-los. Em outras palavras, seus crimes prescreveram. Salvo alguns delitos, como racismo e terrorismo, o Estado tem limite de tempo para julgar o acusado. Nessa conta podem fazer a diferença o tipo penal envolvido, a data em que a denúncia foi aceita pela Justiça e até a idade do acusado.
O levantamento mostra ainda que o Supremo arquivou pelo menos 290 inquéritos (procedimentos preliminares de investigação) e ações penais (processos que podem resultar na condenação) contra 167 parlamentares apenas entre julho de 2013 e julho de 2015. Do total, 63 processos (22%) foram para o arquivo por prescrição, inclusive os casos de Tebaldi e Marçal Filho, condenados a três e dois anos de reclusão, respectivamente, em 2014, por atos ocorridos em 2001 e 1998.
Na maioria dos casos, no entanto, os ministros nem chegaram a analisar a acusação. Foi o que ocorreu, por exemplo, com alguns personagens envolvidos em casos rumorosos. O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foi um dos beneficiados com a lentidão da Justiça. Ele já se livrou de rolos judiciais desde que completou 70 anos de idade, em outubro de 2014.
Como a legislação reduz à metade o prazo de prescrição para os crimes atribuídos ao parlamentar, dois dos processos a que ele respondia foram arquivados no começo deste ano. Um terceiro terá o mesmo destino, conforme parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviado em julho ao STF.
Os três casos remetem à suspeita de participação de Jader num esquema que, de acordo com os investigadores, desviou 1 bilhão de reais dos cofres da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Uma das denúncias da Sudam foi a gota d’água para ele renunciar à Presidência do Senado e, pouco depois, ao mandato de senador, em 2001: a acusação de que tinha se beneficiado de repasses da superintendência a um projeto para criação e abate de rãs, tocado por Márcia Zahluth, sua esposa à época. Por causa das acusações da Sudam, ele passou 16 horas preso preventivamente em fevereiro de 2002.
Um dos inquéritos arquivados por prescrição este ano apurava se o senador cometeu os crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e peculato entre o fim dos anos 1990 e 2000. Iniciada em Tocantins 13 anos atrás, a investigação chegou ao Supremo em 2003, quando o então ex-senador assumiu o mandato de deputado. O vaivém desse caso é uma mostra de como os políticos, auxiliados por bons advogados e pelo sistema, podem controlar o andamento das investigações e retardar as conclusões conforme o seu interesse.
Em 2009, quando a Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia, o peemedebista renunciou ao mandato na Câmara. A manobra fez com que o processo voltasse a Palmas. Em 2011, a Justiça Federal de Tocantins determinou a remessa dos autos ao Maranhão, que centralizava as investigações do caso Sudam. Naquele mesmo ano, o inquérito retornou ao Supremo com a volta de Jader ao Senado. Enquanto esteve no STF, o caso passou pelas mãos de quatro ministros. O senador ainda responde a um inquérito e cinco ações penais na corte.

Sanguessuga

O deputado Josué Bengtson (PTB-PA) fez parte da lista dos congressistas investigados por envolvimento com o esquema de corrupção desarticulado pela Operação Sanguessuga, da Polícia Federal, em 2006. O petebista era suspeito de ter recebido propina da empresa Planam, que fornecia ambulâncias para municípios por meio de licitações fraudulentas, em troca da apresentação de emendas parlamentares às administrações municipais.
Réu desde 2013 por corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crime contra a Lei de Licitações, Bengtson se livrou do julgamento em fevereiro deste ano. Os ministros entenderam que os delitos atribuídos a ele há quase dez anos prescreveram assim que o deputado completou 70 anos, em maio de 2014.

Espera de 22 anos

senador Fernando Collor (PTB-AL) respondia no Supremo, até novembro do ano passado, por acusações que o levaram a deixar o Palácio do Planalto em 1992, quando sofreu processo de impeachment. Collor era acusado de três crimes. Dois deles, porém, prescreveram antes do julgamento: falsidade ideológica e corrupção passiva. Os ministros prosseguiram com o julgamento para apurar se o ex-presidente havia cometido peculato. Concluíram que as provas reunidas contra ele eram insuficientes para demonstrar sua culpa e o absolveram. Ao final, Collor foi inocentado das três acusações. A denúncia contra o petebista havia sido recebida pela Justiça comum. O caso chegou ao Supremo em 2007, quando ele assumiu o mandato de senador.
Nos últimos dois anos, a prescrição beneficiou pelo menos 34 dos 113 congressistas da atual legislatura, que tiveram casos arquivados pelos ministros da suprema corte. Apenas esse grupo se livrou de 12 ações penais e 29 inquéritos com prazo de aplicação de pena vencido. A quantidade é elevada e reveladora das falhas do sistema de Justiça no país, segundo o presidente da Associação Juízes para a Democracia, André Augusto Salvador Bezerra. “O número de processos prescritos decorre da incapacidade do Supremo de dar andamento a esses processos”, avalia o juiz. “Num órgão congestionado, como o STF, os processos demoram ainda mais e o risco de prescrição é maior”, completa.
Conforme explica o juiz, a contagem para uma pena prescrever se inicia no dia em que o crime foi cometido. Se o processo corre na Justiça comum, é possível que ele seja mais longo por passar por mais de uma instância até o julgamento final. No entanto, a contagem volta a zero a cada sentença condenatória. O mesmo não ocorre no STF, já que os processos tramitam apenas nesta corte. Em uma instância congestionada, a cada dia que passa sem ser julgado, mais próximo o processo está de ser arquivado sem apreciação.
Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), o deputado Wadih Damous (PT-RJ) entende que o elevado número de prescrições confirma que o Supremo não está preparado para julgar acusações criminais. “O fato de estar sendo investigado não é sinônimo de que seja culpado. Mas as investigações têm de tramitar. Arquivamento por prescrição é algo que não deve acontecer porque gera sentimento de impunidade e de ineficiência do sistema judicial, parlamentar, administrativo. Esse percentual é muito elevado”, considera o deputado. “Processo tem de ter curso, início, desenvolvimento e fim. Uma decisão absolvendo ou condenando. O que não pode é isso ser abreviado por prescrição”, emenda.
O ministro Marco Aurélio Mello avalia que o Supremo não deveria julgar processos contra parlamentares, mas defende que o tribunal não tem se omitido. “Um parlamentar uma vez disse, num arroubo de retórica, que o Supremo era um cemitério de inquéritos e ações penais. Não é isso. Estando aparelhado o processo, nós damos preferência absoluta para julgar, evitando justamente a prescrição”, afirma. Segundo ele, a maior parte das prescrições é herança do passado. Até 2001, o STF precisava da licença do Congresso para julgar um parlamentar. Como explica o ministro, a contagem do prazo para prescrição decorria independentemente de concedida a licença ou não.

Processos na bagagem

Além das prescrições, outro dado levantado pela Revista Congresso em Foco aponta a dificuldade do STF em analisar as acusações contra parlamentares. Pelo menos 93 deputados e senadores deixaram o Congresso no começo deste ano com pendências no Supremo. Foram 206 inquéritos e ações penais que baixaram a outras instâncias da Justiça com a perda do foro privilegiado. São ex-congressistas que não disputaram a reeleição, não se reelegeram ou concorreram a governador, vice ou deputado estadual.
Alguns deles com sucesso, diga-se de passagem. É o caso de Paulo César Quartiero (DEM-RR), que se elegeu vice-governador de Roraima. Líder dos arrozeiros na região da reserva Raposa Serra do Sol, Quartiero levou consigo para o Tribunal de Justiça do Estado dez processos que tramitavam no STF. Outros três ex-deputados tiveram nove inquéritos e ações penais devolvidos a outras instâncias da Justiça sem uma decisão do Supremo: Jânio Natal (PRP-BA), Lira Maia (DEM-PA) e Oziel Oliveira (PDT-BA). Caso consigam retornar ao Congresso em 2018, é provável que as investigações voltem a Brasília.

No banco dos réus

O STF é o único órgão que pode julgar acusações criminais envolvendo parlamentares, ministros de Estado, o presidente da República e o procurador-geral da República. Essa prerrogativa, o foro privilegiado, foi criada para proteger o cargo ou o mandato de eventuais perseguições políticas. Mas sua aplicação tem sido contestada, inclusive por ministros do STF, como Marco Aurélio Mello e Roberto Barroso. “O tratamento tem de ser igualitário. Não julgamos cargos. Julgamos a pessoa”, observa Marco Aurélio, ao refutar a tese de que a prerrogativa é necessária para proteger o cargo.
O ministro Roberto Barroso vê três grandes distorções no atual modelo. A primeira é que o foro viola o princípio democrático de que todos são iguais perante a lei. Desse modo, os políticos também deveriam responder à Justiça em primeira instância, como qualquer cidadão. A segunda é um problema que se volta, por vezes, contra os próprios condenados no Supremo: o cerceamento ao amplo direito de defesa. Barroso ressalta que o julgamento em instância única, como o STF, suprime o duplo grau de jurisdição (direito de recorrer a uma instância superior). Esse argumento foi utilizado pela defesa de condenados no mensalão para apelar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) contra a decisão do Supremo, diante da impossibilidade de recorrer no país.
O terceiro ponto levantado pelo ministro é que o Supremo não deveria assumir o papel de produzir provas nem analisar acusações criminais. “Cortes supremas, em todo o mundo, têm a destinação de interpretar a Constituição e definir teses jurídicas que possam orientar e inspirar os demais juízes e tribunais do país”, observa.
Para o ministro, o foro privilegiado abre caminho para “distorções exóticas e espertezas diversas”. Segundo Barroso, políticos acusados têm manejado o sistema de acordo com sua conveniência. “Há os que procuram se eleger para mudar a competência do órgão que vai julgá-los, que passa do primeiro grau para o STF. Há os que deixam de se candidatar, depois de processados no STF, com o propósito inverso: fazer o processo baixar para sua área de influência. E há os que renunciam ao mandato aos 45 minutos do segundo tempo, igualmente manipulando o sistema e alterando o órgão competente para julgamento.”
Um político com problemas na Justiça que se eleja prefeito, deputado federal e governador, exemplifica o ministro, faz o seu processo mudar três vezes de instância: do Tribunal de Justiça para o STF e de lá para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Tudo isso produz investigação fragmentada, prescrição e impunidade”, resume.

Renúncia salvadora

Uma manobra para evitar a condenação se deu no ano passado com o chamado mensalão mineiro, também conhecido como mensalão tucano. O ex-deputado tucano Eduardo Azeredo (PSDB-MG) era réu por peculato e lavagem de dinheiro. Renunciou ao mandato em fevereiro de 2014, dias após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir ao Supremo sua condenação a 22 anos de prisão por desvio de recursos do Banco do Estado de Minas Gerais e das estatais mineiras Copasa e Cemig para a campanha ao governo de Minas, em 1998.
Quatro meses depois do tucano, foi a vez de Clésio Andrade (PMDB-MG), réu no mesmo caso, abrir mão da cadeira no Senado. Com a renúncia dos dois, os autos voltaram à Justiça mineira, o que retardou por completo o julgamento e ampliou a possibilidade de prescrição. O processo de Azeredo, no entanto, perambulou no Supremo por mais de dez anos sem qualquer desfecho.
O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo Costa, considera que a função de conduzir inquéritos e julgar processos contra parlamentares compromete a atuação do Supremo na análise das questões constitucionais. “O STF não é um tribunal com estrutura para coleta de provas nem para instrução processual. Aí falta espaço para questões relevantes, como as ações da Constituição”, pontua. “São apenas 11 ministros e a quantidade de processos é absurda para que deem conta de tantas questões,” completa.
O conteúdo desta reportagem da revista Congresso em Foco foi cedido para a publicação no EL PAÍS

Youtuber brasileiro coloca as mãos em um smartphone Android da BlackBerry

Já faz algum tempo que começaram a surgir rumores indicando que a BlackBerry estava preparando um novo smartphone com Android. Recentemente até foi publicado um vídeo do suposto Venice, mas que foi contestado. Apesar disso, pouco realmente acreditavam que a companhia canadense estava preparada para lançar um aparelho com o sistema operacional da Google. Agora, temos informações quentes sobre essa novela.
youtuber brasileiro Dudu Rocha conseguiu colocar as mãos em um BlackBerry Passport Silver Edition rodando Android 5.1 Lollipop. Apesar de completamente funcional, ele é apenas um protótipo. Nós do TudoCelular podemos confirmar a veracidade deste vazamento.
Fotos do BlackBerry Passport Silver Edition com Android 5.1 cedidas por Dudu Rocha ao site português 4GNews
Conversando com Dudu, ele nos informou que, de acordo com sua fonte, a BlackBerry realmente tem planos de lançar um dispositivo Android, porém provavelmente não será o que vemos neste vazamento. A companhia teria preferido fazer um novo aparelho do zero, que seria o Venice, chegando ainda neste ano. Supostamente há planos para o lançamento de um Passport 2 com Android no segundo trimestre de 2016 caso a aceitação de mercado pelo Venice seja positiva.
Dudu nos disse que publicará muito em breve um vídeo detalhando tudo sobre o aparelho.
O Blackberry Passport Silver Edition foi lançado no inicio de agosto com tela de 4,5 polegadas (1440x1440) e Gorilla Glass 3, processador Qualcomm Snapdragon 801 de quatro núcleos a 2,2 GHz, GPU Adreno 330, 3 GB de RAM e 32 GB de memória interna com expansão via microSD de até 128 GB. Além disso, o aparelho possui uma câmera principal de 13 megapixels com OIS e frontal de 2 megapixels. A bateria é de 3450 mAh.
O RIM Blackberry Passport está disponível na MercadoLivre por R$ 2.149. Para ver as outras 10 ofertas