Lula avisa, em propaganda petista, que 'Brasil vai voltar a crescer'Heinrich Aikawa/17.07.2015/Instituto Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou nesta terça-feira (18) inserções de TV nas quais reconhece a gravidade da crise econômica e pede a união nacional para o País encontrar a saída.
"O Brasil vai voltar a crescer", diz Lula no final da propaganda que vai ao ar sábado (22).
As inserções fazem parte da estratégia para consolidar a recuperação do governo e jogar para a oposição parte da responsabilidade pela crise.
Com base em pesquisas internas, o PT identificou um campo fértil para plantar a ideia de que a oposição estimula o "quanto pior, melhor" com o objetivo de derrubar a presidente Dilma Rousseff e assumir o governo.
Assim o PT também alinha seu discurso a setores do empresariado que têm se posicionado publicamente pela unidade contra a crise econômica.
Além disso a legenda aposta em uma resposta nas ruas às manifestações que pediram o impeachment de Dilma realizadas em todo o País no último domingo (16).
Discurso
A avaliação no PT é de que os protestos contra o governo devem diminuir mas não vão acabar e que a saída é mobilizar setores que pensam o contrário.
Para garantir o apoio de grupos refratários ao governo e ao PT, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), aos atos marcados para esta quinta-feira (20), a sigla admitiu adaptar as inserções de rádio e TV veiculadas ontem, nas quais convida para as manifestações de amanhã, ao discurso destes movimentos.
As inserções chamam à "defesa da democracia" mas em momento algum falam em "golpe", termo preferido dos petistas para se referir às movimentações pelo impeachment de Dilma.
"Temos o cuidado de evitar que soasse como uma tentativa de partidarizar os atos, a exemplo do que o PSDB fez com as manifestações de domingo", disse o secretário de Comunicação do PT, José Américo Dias.
Nos últimos dias a frágil unidade dos mais de 20 movimentos que organizam os atos cujo lema é "Tomar as Ruas por Direitos, Liberdade e Democracia! Contra a Direita e o Ajuste Fiscal" , foi ameaçada por divergências internas, principalmente em relação ao pedido de impeachment de Dilma.
"Não somos a favor do 'Fora Dilma'. Mas em princípio não somos contra a ideia de o povo ir às ruas e derrubar o governo. O problema é que se Dilma sair vai entrar alguém pior", disse Guilherme Boulos, do MTST.
GEVGELIJA, Macedônia (Reuters) - A polícia da Macedônia lançou bombas de gás lacrimogêneo nesta sexta-feira para dispersar milhares de imigrantes e refugiados que tentavam entrar no país dos Bálcãs, provenientes da Grécia, informou um repórter da Reuters que estava na fronteira.
Milhares de pessoas do Oriente Médio, África e Ásia, muitos deles refugiados sírios, passaram a noite fria ao relento depois de a Macedônia ter declarado estado de emergência e fechado a fronteira no sul para imigrantes e refugiados.
A tropa de choque da polícia que estava no local jogou bombas de gás para fazer o grupo revoltado que buscava passagem retroceder.
Para ministra Carmen Lúcia, população precisa reivindicar mais, em vez de apenas reclamar
Os ‘‘brasileiros de bem’’ precisam ter a mesma ousadia dos ‘‘canalhas’’ para ajudar a tirar o país da crise política, econômica e financeira que o Brasil enfrenta, afirmou nesta quinta-feira a vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia.
Ela deu a declaração durante uma palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro, mas, de acordo com a agência de notícias REUTERS, não esclareceu a quem se referia quando usou o palavra ‘‘canalhas’’.
— Nós, brasileiros, precisamos assumir a ousadia que os canalhas têm — disse Cármen Lúcia, acrescentando que o arrojo ‘‘não pode ser de pessoas que não cumprem as leis, que usam o espaço público para interesses particulares’’.
A vice-presidente do STF acredita que chegou a hora de a população mudar de postura, passando a reivindicar mais, em vez de só reclamar.
— Reclamação nunca levou a lugar algum — frisou a ministra, lembrando que a Lei da Ficha Limpa, que inviabiliza a candidatura de políticos condenados pela Justiça, nasceu de uma iniciativa popular.
Cármen Lúcia destacou que não é favorável a um processo de impeachment:
— É um instituto que está previsto na Constituição, só que aplica-se em casos de processo de crime de responsabilidade, e não tem nada disso em andamento.
Merkel e Dilma se mostraram bastante animadas durante encontro (foto: EPA)
20 AGOSTO, 20:37•SÃO PAULO•ZLR
(ANSA) - A presidente Dilma Rousseff e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, apresentaram nesta quinta-feira (20) uma declaração conjunta dos dois países para o enfrentamento das mudanças climáticas. O texto inclui o compromisso com a descarbonização da economia até o fim deste século, o que significa reduções drásticas de emissões de gases de efeito estufa por meio de cortes significativos no uso de combustíveis fósseis. Segundo Dilma, a declaração reflete o compromisso de Brasil e Alemanha para o êxito da próxima Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (COP-21), em dezembro, em Paris. "Se queremos evitar que a temperatura [do planeta] aumente em dois graus, nosso compromisso com a descarbonização no horizonte de 2100 é algo muito importante e relevante para todo o planeta", disse a chefe de Estado brasileira ao lado de Merkel. Elas deram declaração à imprensa após reunião no Palácio do Planalto. "Temos compromisso comum de descarbonização da economia até o fim do século", acrescentou Merkel, que anunciou a criação de um fundo de 500 milhões de euros para questões relacionadas às mudanças climáticas. Dilma também listou a restauração e recuperação florestal de 12 milhões de hectares, a meta de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030 e a neutralização das emissões de carbono associadas à supressão de vegetação na Amazônia como compromissos da declaração conjunta Brasil-Alemanha. Apesar do documento, Dilma e Merkel não apresentaram as metas nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa que serão levadas à reunião do clima em Paris. Segundo Dilma, os números do Brasil só serão divulgados em setembro. "O Brasil vai anunciar em setembro, na Conferência da ONU para adoção dos objetivos de desenvolvimento sustentável, a nossa declaração de emissões para a COP-21 à altura dos atuais desafios", adiantou. Na declaração à imprensa, as duas chefes de Estado também destacaram a negociação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que devem avançar este ano com a apresentação de ofertas dos dois blocos. Dilma ressaltou a determinação do governo brasileiro para a conclusão do acordo, e a chanceler da Alemanha disse que irá trabalhar na Comissão Europeia para acelerar as negociações. Merkel também destacou que o Mercosul é bastante heterogêneo, mas o Brasil assumiu papel de liderança nesse processo.
Conselho de Segurança
Dilma Rousseff disse ainda que Brasil e Alemanha concordam com a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e que a mudança é necessária para tornar o órgão mais representativo. A presidente convidou os alemães a ampliarem os investimentos no Brasil, principalmente nos setores de infraestrutura e energia renovável e destacou a segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística e o recém-lançado Programa de Investimentos em Energia Elétrica, com foco nas fontes renováveis. Segundo Dilma, "diante de um momento de incerteza" no cenário econômico mundial, a parceria entre Brasil e Alemanha ganha mais importância. A Alemanha é o quarto parceiro comercial do Brasil. Dilma disse que ela e Merkel concordaram que é importante ampliar o comércio bilateral e diversificar os produtos, "incrementando bens de maior valor agregado". A chanceler chegou na última quarta-feira (19) ao Brasil e foi recebida em um jantar no Palácio da Alvorada. Nesta quinta, antes da reunião entre as chefes de Estado, ministros brasileiros e alemães tiveram encontros separados para tratar de suas áreas. Brasil e Alemanha assinaram cerca de 15 acordos em áreas como inovação, pesquisa marinha, mineração, bioeconomia, educação, saúde e segurança alimentar. A visita da comitiva se deu no âmbito da primeira reunião mecanismo de Consultas de Alto Nível Brasil-Alemanha, que prevê a realização de encontros presidenciais e ministeriais a cada dois anos. (ANSA)
Quem pensava que se trataria de um ato com tom de defesa doGoverno Dilma Rousseff (PT) se enganou. Militantes de movimentos sociais foram à avenida Paulista, nesta quinta-feira, para defender programas e direitos sociais e trabalhistas, como faziam questão de ressaltar a todo o momento. Por causa disso, não foram poucas, nem leves, as críticas feitas ao atual Governo petista, especialmente ao seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Nem a Eduardo Cunha, presidente da Câmara que tem colocado em votação pautas conservadoras.
Organizado por 26 movimentos sociais, mas tendo o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) como protagonista, o protesto chegou a reunir em São Paulo cerca de 100.000 manifestantes, segundo a organização, e 40.000, de acordo com a Polícia Militar. Foi o maior ato dentre todos os realizados nesta quinta, em 17 Estados e o Distrito Federal.
Apesar de algumas faixas de apoio a Rousseff e até ao tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, preso na operação Lava Jato, na maioria dos cartazes se via um genérico “não ao golpe”, em referência aos pedidos de impeachment expressados no ato anti-Dilma, que reuniu 135.000 pessoas em São Paulo, de acordo com o Datafolha, no último domingo. E eram muitos os dizeres contra o ajuste fiscal, arquitetado por Levy.
Foi a forma que os 26 movimentos encontraram para se unir, em meio a um descontentamento grande da esquerda com o Governo. Havia a ala que defendia uma posição enfática contrária ao impeachment, vinda de movimentos ligados ao PT e PCdoB, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União Nacional dos Estudantes (UNE). E outra, especialmente do MTST e do PSOL, que defendia a crítica aberta ao ajuste e a redução dos direitos trabalhista.
“Hoje o bloco do povo entrou em campo e quer colocar de forma clara a agenda dos de baixo”, afirmou Boulos na abertura do ato, que começou às 19h, no Largo da Batata, em Pinheiros. “Somos contra a saída [da crise] com o PMDB, Cunha, [Michel] Temer. E com aquele banqueiro prepotente chamado Joaquim Levy. Ele não é defendido por ninguém aqui no Largo da Batata”, ressaltou.Como o movimento dos Sem-Teto, liderado por Guilherme Boulos, é, atualmente, um dos poucos que conseguem mobilizar uma grande massa de pessoas, a versão com as críticas prevaleceu –e esteve presente em discursos fortes. E foi feita na presença de políticos petistas, que compareceram, mas ficaram nos bastidores, como opresidente da sigla Rui Falcão, que à imprensa contemporizou as diferenças e disse que os organizadores tinham uma agenda em comum: a defesa da democracia.
De fato, Levy foi muito criticado até pela CUT. Na passeata, homens do sindicato carregavam bonecos infláveis que traziam Eduardo Cunha, José Serra, senador pelo PSDB, e Aécio Neves, candidato tucano derrotado na última eleição presidencial, em roupas de prisão. Ao lado, outro boneco inflável, que simbolizada Levy, vinha com terno e gravata e, no peito, o número 171, que no código penal se refere a crime de estelionato –mas que também é o número do projeto de lei que reduz a maioridade penal aprovado nesta quarta-feira no Congresso.
Mesmo a UNE, acusada por outros movimentos estudantis presentes no ato de defender cegamente o Governo, aproveitou o momento para dar seu recado a Rousseff. “Viemos aqui dizer que o Governo precisa estar mais conectado com o povo. Discordamos do ajuste fiscal que cortou dinheiro da educação”, afirmou para a multidão a presidenta da entidade, Carina Vitral.
Além dos movimentos sociais que organizaram o ato, também estiveram presentes movimentos feministas, movimentos de bairro – como um grupo de Osasco que portava uma faixa de protesto contra a chacina ocorrida na Grande São Paulo – e pessoas sem qualquer ligação com grupos organizados, mas que votaram no PT e queriam defender a manutenção da presidenta no poder, como o analista de sistemas Paulo Machado, 49, e a farmacêutica Lúcia Gonzales, 56. “Nós viemos apoiar nosso Governo. Achamos que esse movimento de desestabilização política é prejudicial para o país”, ressaltou ele. “Mas a passeata também é um pedido para que ela mude a política. Na tentativa de agradar um lado [conservador], ela acaba desagradando os dois”, disse ela.
Cunha, a grande esperança da ala anti-Dilma para tocar o impeachment no Congresso, também foi brutalmente atacado. Não apenas pelas derrotas que tem imposto ao Governo petista, mas também pelas vitórias de pautas conservadoras, como a própria redução da maioridade penal e o financiamento privado de campanha. “Viemos aqui defender a democracia e a continuidade do mandato de Dilma Rousseff, mas também contra essa agenda conservadora. Queremos uma Constituinte soberana para discutir a reforma política e o fim do financiamento privado de campanha”, Afirmou Flávia Bigai, 33, do movimento feminista Marcha Mundial das Mulheres. Os gritos de “Fora Cunha” caminhavam junto a comemoração da notícia de que ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por envolvimento na Lava Jato.
Ao fim do ato, Boulos, mais uma vez, comemorou a mobilização. “Estamos hoje com 100.000 pessoas nas ruas de São Paulo. Aqui é o povo. Aqui tem negro, pobre, não é a turma do Jardins”, disse, em tom jocoso, para se referir aos participantes do ato de domingo. “Por isso, queremos uma saída popular para a crise".
A denúncia apresentada na quinta-feira pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao STF (Supremo Tribunal Federal) é uma nova fonte de desgaste para o principal opositor do governo, o que tende a trazer benefícios para a presidente Dilma Rousseff e enfraquecer a oposição.
No entanto, o alcance desses impactos depende ainda da decisão dos ministros do STF de aceitar ou não a denúncia e tornar Cunha réu, observam analistas e políticos ouvidos pela BBC Brasil.
Por enquanto, a maioria dos deputados tem defendido o direito de Cunha de prosseguir como presidente da Casa e se defender. No entanto, é crescente o número de deputados que defendem seu afastamento. Uma nota defendendo sua saída já tem o apoio de parlamentares de dez partidos – PSOL, PSB, PT, PPS, PDT, PMDB, PR, PSC, PROS e PTB.
Cunha foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sob a acusação de participar do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
Ele é acusado de receber propina de US$ 5 milhões (R$ 17 milhões) para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, o que ele nega. Na denúncia, é pedida a condenação do presidente da Câmara por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A ex-deputada federal Solange Almeida (PMDB), atual prefeita de Rio Bonito (RJ), também foi denunciada sob a acusação de corrupção passiva. Outra denúncia foi apresentada contra o senador Fernando Collor (PTB-AL), mas ainda não tornada pública porque algumas das delações que o incriminariam ainda são sigilosas.
Entenda quais devem ser os impactos políticos da denúncia contra o presidente da Câmara.
Governo x oposição
Para o cientista político e professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Renato Perissinotto, a denúncia contra Cunha é mais um fator de desgaste para presidente da Câmara, que já vinha perdendo poder desde a semana passada.
Ele afirma que líderes empresariais e grandes jornais nacionais e estrangeiros, como O Globo e o americano The New York Times, se manifestaram nos últimos dias, por meio de entrevistas e editoriais, a favor da governabilidade e contra as decisões de Cunha de colocar em votação projetos que elevam os gastos do governo.
"Essa denúncia é mais um ponto nesse processo de desgaste. De saída, representa o enfraquecimento de um dos mais contundentes adversários do governo", afirma o professor.
Na sua avaliação, as acusações contra Cunha também são uma notícia negativa para políticos de oposição, como os tucanos, que têm se alinhado com o presidente da Câmara nas críticas e nas votações contra o governo.
"Ele agora faz parte de todo esse escândalo de corrupção que está sendo investigado, e qualquer tentativa de se aliar ao Cunha também passa a ter os custos desse problema", acrescenta.
Por todos esses fatores, Perissinotto diz acreditar que as chances de um impeachment da presidente Dilma Rousseff caíram muito nas últimas duas semanas. É Cunha, como presidente da Câmara, que teria o poder de colocar a questão em votação.
No entanto, o cenário político atual torna mais difícil que isso ocorra, ainda mais porque decisões das últimas semanas indicam que os julgamentos que correm contra Dilma no TCU (Tribunal de Contas da União) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ainda vão demorar para ser concluídos.
Mais instabilidade
O professor de ciência política da UnB (Universidade de Brasília) David Fleischer também considera que a denúncia contra Cunha é um fator negativo para a oposição e que reduz as chances de que o impeachment seja votado.
No entanto, pondera que o peemedebista ainda é forte na Câmara e pode dar mais trabalho para a presidente.
"Isso pode gerar mais instabilidade porque pode aumentar a raiva dele. Ele pode ainda atrapalhar muita coisa (ao definir as pautas de votação)", diz.
O especialista lembra que, em 2005, o então presidente da Câmara Severino Cavalcanti se afastou do cargo devido a denúncias envolvendo valores muito menores – acusações de ter recebido propina mensal de R$ 10 mil da empresa que gerenciava o restaurante da Casa.
"Por muito menos, Severino foi afastado. Mas ele não tinha um controle sobre a Câmara como Cunha tem. Cunha foi eleito pela maioria absoluta e tem um poder muito consolidado sobre os deputados", observou.
"Agora, nós também não sabemos para onde vai a Lava Jato, pode ser que apareçam mais denúncias contra ele. Há um crescente grupo de deputados que querem afastá-lo. Se esse grupo ganhar mais força, isso pode diminuir o controle dele sobre a Câmara", ressaltou.
Afastamento?
A maioria dos deputados vem mantendo um discurso cauteloso sobre a situação de Cunha, destacando que ele não está condenado e terá direito a se defender.
O PSOL é o único partido que em bloco defende o afastamento do peemedebista da presidência da Casa. Mas, segundo o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), parlamentares de outros nove partidos já manifestaram o mesmo desejo – PSB, PT, PPS, PDT, PMDB, PR, PSC, PROS, PTB.
Os nomes ainda estão sendo colhidos e serão apresentados na próxima terça-feira.
Os pernambucanos Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Silvio Costa (PSC) já vinham defendendo o afastamento de Cunha mesmo antes de a denúncia ser apresentada por Janot.
O petista Alessandro Molon foi um dos que engrossaram o coro: "Não há dúvida de que o deputado Eduardo Cunha deve se afastar da presidência da Câmara imediatamente, para preservar a Casa e para que não continue usando o poder que o cargo lhe dá para sua defesa pessoal", disse à BBC Brasil.
Os parlamentares que cobram a saída do peemedebista afirmam que ele está usando a estrutura da Câmara para atrapalhar as investigações. Um episódio que alimentou essas críticas foi a contratação da empresa Kroll pela CPI da Petrobras, com o objetivo de investigar alguns dos delatores do esquema de corrupção.
Defesa
Muitos deputados, porém, mantêm o apoio para que Cunha permaneça no cargo.
Ouvidos pela BBC Brasil, Marcus Pestana (PSDB-MG) e Alceu Moreira (PMDB-RS) defenderam o direito dele de permanecer na cadeira mesmo se o STF aceitar a denúncia e torná-lo réu.
"Por que as outras autoridades que têm denúncias semelhantes não têm tratamento semelhante? Por que só ele e o Collor (foram denunciados)? Há de se perguntar se há outros interesses além do fato em si", questionou Moreira.
"Até que se transite em julgado, uma ampla defesa é um direito capilar. Se fosse por desmoralização, a Dilma já tinha que ter saído, o Lula tinha que estar preso", argumentou.
Pestana diz que não concorda com a "teoria da conspiração" e acredita na independência do Ministério Público na condução das investigações. Mas concorda com o argumento de que Cunha ainda vai se defender.
"Não cabe a nós da oposição blindar nem acusar. Ele, como todos os outros, tem direito à presunção da inocência. Isso não vai parar no Cunha, vai chegar no presidente do Senado (Renan Calheiros) e em mais de 50 parlamentares", concluiu.
No caso de o STF tornar Cunha réu, no entanto, é esperado um novo desgaste na sua rede de apoio. "Se o Judiciário aceitar (a denúncia) e a partir daí ele se tornar réu, nós vamos reunir a bancada e o partido para encaminhar o afastamento ou o que tiver que fazer", observou o líder do PPS, Rubens Bueno.
Mosteiro foi construído há 1,5 mil anos (foto: ANSA)
21 AGOSTO, 08:05•ROMA•ZGT
(ANSA) - Os terroristas do Estado Islâmico (EI, ex-Isis) destruiu mais um patrimônio histórico na Síria. Os militantes reduziram a pó o mosteiro de Mar Elian, construído há 1,5 mil anos, que fica na cidade de Al Quariatain.
No vídeo, na verdade uma sequência de fotos, é possível ver a profanação da igreja, seguida pela re-exumação dos restos de Santo Elian de Homs, morto pelos romanos em 285, e pela destruição de toda a estrutura. O santuário era dedicado ao santo, ficava no deserto sírio e era um dos centros católicos mais importantes do país.
O local era liderado pelo padre sírio-católico Jacques Murad, que foi sequestrado no mês de maio, provavelmente, pelo próprio EI. Esse convento é ligado ao monastério de Mar Musa, do jesuíta italiano Paolo Dall'Oglio, que também foi sequestrado em 29 de julho de 2013 enquanto visitava Raqqa. Até hoje, não há nenhuma informação sobre o paradeiro do religioso italiano.
No início desse mês, os jihadistas sequestraram, ao menos, 230 civis na cidade, considerada um ponto estratégico na estrada que leva até Palmira, que desde maio deste ano está nas mãos do EI, e que segue até a região montanhosa de Al Qalamun, que fica em Damasco na fronteira com o Líbano.
Destruição da história
O mosteiro de Mar Elian não é o primeiro monumento histórico destruído pelo Estado Islâmico. Com o discurso de derrubar tudo que não se encaixar na visão do islã que o grupo tem, eles já destruíram dois mausoléus em Palmira, também na Síria, e há o temor que destruam a cidade inteira - que foi erguida no século II e é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade.
No Iraque, onde os jihadistas têm forte presença, eles devastaram a cidade de Nimrud - que guardava obras com mais de três mil anos de história -, destruíram inúmeras obras milenares em Mosul e tambémdevastaram Hatra, que foi fundada no século III a.C. e era Patrimônio da Humanidade.
Além de detonar obras de outras religiões e povos, o EI também destrói parte da história dos muçulmanos de outras vertentes. No ano passado, explodiram a mesquita de Al-Arbain, local de sepultamente de 40 figuras importantes do islã, e a Igreja Verde, um prédio escavado na rocha no século VII.
O grupo também é famoso por vender parte das obras que ficam nos locais históricos pela internet, como forma de financiar suas atividades. (ANSA)