sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Eduardo Cunha sofre revés no STF em sua cruzada pelo impeachment


A manobra do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para acelerar a votação das contas do Governo Dilma na Câmara, foi frustrada nesta quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal, em uma decisão que garante um pequeno alento à presidenta. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, definiu que as contas presidenciais terão de ser analisadas em sessões do Congresso Nacional — Câmara e Senado— e não somente pelos deputados, como era o desejo do peemedebista. E quem deve colocar essas votações em pauta é o presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o velho-novo aliado de Rousseff.
Cunha já havia cumprido parte do plano para abrir caminho ao pedido de impeachment de Dilma. A principal aposta da oposição passa pela análise das contas do Governo petista em 2014, a serem possivelmente rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por causa das chamadas pedaladas fiscais. Para votar as contas de Rousseff, porém, era necessário seguir o rito da Casa, de aprovar antes as contas dos Governos dos ex-presidentes Itamar Franco (PMDB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estavam esquecidas pelos parlamentares há anos. Entre os dias 6 e 7 os deputados aprovaram, em votação simbólica e a toque de caixa, todas as contas passadas. Esperavam agora só a decisão do TCU sobre Dilma para embasar um pedido de impeachment, que começa a tramitar pela Câmara.

CRISE Com a decisão do Supremo, Cunha se vê diante da primeira derrota concreta depois que anunciou o rompimento com o Planalto. Alguns analistas observam que o presidente da Câmara começou, efetivamente, a perder poder, sendo colocado para escanteio pelo próprio partido. Nesta semana, por exemplo, o senador Renan Calheiros e outros peemedebistas apresentaram uma série de propostas para ajudar o Governo a sair da crise, a chamada 'Agenda Brasil'. Cunha não foi chamado para participar dos debates e classificou as sugestões como “espumas”.

Na prática, a sentença do STF é outra prova do fortalecimento de Renan.  A decisão de Barroso atendeu a um pedido de uma senadora que é muito próxima do presidente do Senado, Rose de Freitas (PMDB-ES), a presidente da Comissão Mista de Orçamento. A parlamentar pediu ao STF que todos os julgamentos de contas de presidentes fossem suspensos porque nenhum deles havia sido feito em sessões conjuntas do Congresso. Barroso decidiu que apenas os próximos julgamentos deveriam ser feitos desta maneira. Ainda cabe recurso à decisão.

Cunha, o público e o privado

O martírio de Cunha, investigado no escândalo da Lava Jato, não acaba por aí. Nesta quinta-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que comanda a investigação do núcleo político citado na operação, o acusou de usar uma estrutura pública para promover sua defesa pessoal no caso. Em parecer enviado ao Supremo, Janot diz que o deputado mistura o “público com o privado” em sua tentativa de anular as provas. Para entender o recado de Janot é preciso retomar um novelo que ganha cada dia mais tons rocambolescos.
O presidente da Câmara solicitou há três meses que a Advocacia Geral da União entrasse com recurso judicial – ou agravo regimental, na linguagem jurídica - no Supremo alegando que o Poder Legislativo e “seus membros em particular” usufruem da prerrogativa de imunidade parlamentar. O objetivo era anular eventuais provas encontradas na ação de busca e apreensão em seu gabinete no dia 6 de maio. O time comandado por Janot havia sido autorizado pelo Supremo a ir atrás de evidências de que o deputado teve participaçãona apresentação de dois requerimentos feitos pela Câmara em 2011, pedindo auditoria dos contratos entre as empresas Mitsui, Samsung e Petrobras.
Os pedidos da Casa, feitos naquele ano, seriam uma tentativa de paralisar os negócios dessas companhias, que estariam se negando a pagar propina a Cunha. O deputado sempre negou essa versão, alegando que a ex-deputada Solange Almeida, do PMDB do Rio, como ele, era a autora dos requerimentos. A equipe da Procuradoria Geral, porém, solicitou a ação no gabinete para colher provas de que o pedido teria sido elaborado num computador aberto com a senha de Cunha, como havia publicado a Folha.
Dois delatores da Lava Jato, Alberto Youseff e o lobista Julio Camargo, confirmaram a versão de que Cunha era o mentor desses requerimentos, usados para pressionar as fornecedoras da Petrobras a pagar milhões de dólares em propina.
Janot encaminhou nesta quinta os argumentos da Procuradoria ao Supremo para desmontar a ação de Cunha. “O único argumento do agravo que sugere evocação de prerrogativa institucional gira em torno da alegação de uma exótica imunidade de sede da Câmara dos Deputados, que, segundo Janot, age como se fosse “não apenas independente, mas verdadeiramente soberana”.
O texto do procurador faz menção ao lema que Eduardo Cunha tem tentado sustentar para o Legislativo durante o seu ‘reinado’: “Câmara independente, democracia forte”, costuma repetir o deputado, aproveitando a fragilidade do Governo Dilma para fortalecer o seu papel. Por ora, Cunha perde pontos nessa batalha.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

VAMOS DAR UM BASTA NA CORRUPÇÃO MEU POVO! É SÓ IMPRIMIR OU DIGITAR COM FORME MODELO ANEXO.



Tentáculos da Lava Jato chegam ao Ministério do Planejamento

Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. / EFE
Em mais uma fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira o ex-vereador petista de Americana Alexandre Correa de Oliveira. Ele seria o operador de um esquema de arrecadação ilícita envolvendo 50 milhões de reais em contratos de crédito consignado junto ao Ministério do Planejamento. De acordo com o Ministério Público Federal, o crime foi praticado até julho, o que foi considerado pelos procuradores uma “audácia” por parte dos suspeitos, que continuaram agindo mais de um ano após o início da operação.

A Polícia Federal não informou o nome do funcionário da pasta do Planejamento que participava do esquema junto com o ex-vereador, e disse apenas que ele já faleceu e que foram identificados pagamentos feitos à sua viúva, cujo nome também não foi divulgado. Segundo os investigadores, os repasses de dinheiro do esquema eram feitos a companhias indicadas por intermediários ligados ao PT, com o uso de empresas de fachada. Uma delas era a Jamp, do delator Milton Pascowitch, que disse ter feito remessas de dinheiro também para o ex-tesoureiro petista João Vaccari. Foram cumpridos também 10 mandados de busca e apreensão em Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Curitiba. Uma das empresas que foi alvo dos agentes foi a JD2 Consultoria, de Dirceu.O suposto envolvimento de Oliveira foi descoberto durante a 17a fase da operação, a Pixuleco —termo usado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa para designar propina— , desencadeada no início de agosto e que terminou com a prisão de José Dirceu, seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e outras cinco pessoas. O ex-vereador foi citado por sócios da Consist, também detidos. O presidente da empresa, Pablo Kipermist, afirmou à PF que emitiu várias notas fiscais em nome de companhias de fachada de Oliveira referentes a serviços que jamais foram prestados. O empresário chegou a ser detido, mas foi liberado ontem.
"Com certeza esse esquema acontece em outros setores que ainda não foram identificados", disse em entrevista coletiva o delegado Márcio Adriano Anselmo. Segundo ele, a Lava Jato pode estar “diante de um novo modelo” de desvio de dinheiro e pagamento de propinas.
Em depoimento à Polícia Federal, o irmão de José Dirceu disse que entre 2012 e 2013 recebeu 30.000 reais mensais da empresa Jamp, de propriedade do lobista Milton Pascowitch, a título de “ajuda para despesas variadas”. Foi um pagamento espontâneo, segundo seu depoimento, e que na prática seriam descontadas das pendências financeiras entre a Jamp e a JD.
O Ministério do Planejamento divulgou nota anunciando "a rescisão em 30 dias do Acordo de Cooperação Técnica (...) assinado pela então Secretaria de Recursos Humanos com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar e a Associação Brasileira de Bancos". A pasta informou também que foi aberta uma sindicância para investigar "possíveis irregularidades".

Contratos com empresa alvo da Lava Jato foram fechados na gestão Paulo Bernardo

Brasília - O acordo de cooperação técnica entre o Ministério do Planejamento para gestão da margem consignável dos servidores sob investigação da 18.ª fase da Operação Lava Jato foi assinado na gestão do ministro Paulo Bernardo, conforme a Pasta. O petista comandou o ministério de março de 2005 a janeiro de 2011 no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff foi ministro das Comunicações.
Sob o comando de Bernardo, o ministério assinou acordo com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar (SINAPP) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Essas entidades contrataram a empresa Consist Software Limitada para desenvolver o sistema de gestão da margem consignável. Em troca, a empresa recebia um porcentual por empréstimo consignado fechado por servidores da pasta.
A PF não atribui a Gleisi e nem a Paulo Bernardo envolvimento em irregularidades identificadas no acordo de cooperação técnica.
As investigações mostraram que após o contrato, a Consist repassou entre 2010 e 2013 a quantia deR$ 5 milhões ao escritório de advocacia Guilherme Gonçalves & Sacha Reck que respondeu pela coordenação jurídica das últimas três campanhas da mulher do ex-ministro, Gleisi Hoffmann(PT/PR), e atuou para o próprio Bernardo em outras causas não eleitorais. O escritório de advocacia recebeu, ainda, R$ 1,2 milhão de outra empresa da Consist, a SWR Informática. O advogado Guilherme Gonçalves ainda recebeu R$ 957 mil da Consist após migrar para outra banca em Curitiba, base política do casal.
A determinação sobre quem receberia o dinheiro da empresa partiu do advogado Alexandre Romano e do lobista Milton Pascowitch. Ex-vereador pelo PT, Romano foi preso nesta quinta-feira, 13 pela Pixuleco II, 19.º capítulo da Lava Jato. A reportagem apurou que ele operava para petistas graúdos a partir de um escritório de advocacia que funciona em São Paulo. Pascowitch é um dos delatores da Lava Jato. Foi ele quem entregou a participação de Romano no esquema.
O ex-ministro é oriundo do sindicato dos bancários e até a deflagração da Lava Jato era considerado um dos políticos mais influentes do país. Ele e a mulher chegaram a comandar concomitantemente dois dos mais cobiçados ministérios da Esplanada - Casa Civil e Comunicações. Atualmente, o ex-ministro não ocupa cargo público e Gleisi perdeu o protagonismo no Senado desde que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa disse em delação premiada que Paulo Bernardo solicitou R$ 1 milhão para o esquema de cartel e corrupção na estatal. Dinheiro que seria destinado à campanha da mulher ao governo do Paraná. Informação que rendeu a Gleisi abertura de investigação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria-Geral da República.
A reportagem não conseguiu localizar Bernardo. O advogado Guilherme Gonçalves afirmou que advogou para Gleisi em "demandas corriqueiras na área eleitoral" e "para o Paulo Bernardo advoguei pessoalmente em queixas crimes que propus como advogado dele."
Gonçalves enfatizou que tem como provar que trabalhou de fato para a Consist. "É documentalmente comprovado que prestei serviços para a Consist, não existe nada de fachada. Tenho todos os documentos que mostram que houve sim prestação de serviços e consultoria para a Consist pela qual recebemos honorários advocatícios."
Em nota, o Ministério do Planejamento informou que irá rescindir o acordo de cooperação e que já abriu sindicância para investigar possíveis irregularidades. A Comissão de Sindicância tem 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias para apresentar suas conclusões. O ministério informou que não suspeitou de ilegalidade envolvendo o acordo até porque o Tribunal de Contas da União (TCU) havia avaliado o caso e concluído que "não foi cometida irregularidade por parte do ministério ao ter celebrado o acordo ao final de 2009". Na época, o acordo foi assinado pela secretário de Recursos Humanos do ministério Duvanier Paiva Ferreira, morto em 2012 após hospitais de Brasília se recusarem a atendê-lo porque ele não tinha um cheque para oferecer como caução. Após o episódio, o governo proibiu os hospitais de fazerem essa exigência dos pacientes.

STF derrota Cunha e contas presidenciais serão julgadas pelo Congresso

LuisBarroso-foto-SargioLima-Folhapress-19dez2013
Barroso (STF): definiu que contas presidenciais são votadas pelo Congresso
Votação terá de ser conjunta, de deputados e senadores
Ministro Barroso fala que essa regra valerá daqui para a frente
Renan Calheiros definirá quando contas de Dilma serão julgadas
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, acaba de decidir que as contas presidenciais devem ser julgadas pelo Congresso Nacional, em reunião conjunta de deputados e de senadores.
A íntegra da decisão de Barroso está aqui.
Trata-se de uma derrota política para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No último dia 6.ago.2015, o peemedebista pautou e julgou, no plenário da Câmara, as contas de 3 ex-presidentes –Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
Cunha queria votar as contas de ex-presidentes para que o Congresso ficasse preparado para julgar a execução orçamentária dos mandatos da presidente Dilma Rousseff. No momento, as contas dilmistas estão sendo apreciadas pelo Tribunal de Contas da União, que já sinalizou com a possibilidade de rejeição.
A atitude de Eduardo Cunha foi contestada no STF pela senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), que é presidente da Comissão de Orçamento do Congresso. Para ela, como a comissão é mista, composta por deputados e senadores, teria de ser o plenário do Congresso –e não o Senado e a Câmara, individualmente– que deveria julgar contas presidenciais.
Barroso concordou com entendimento apresentado pela senadora Rose de Freitas. Conforme divulgou o STF, “o julgamento das contas anuais de presidentes da República deve ocorrer em sessão conjunta do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), e não em sessões separadas de cada uma das Casas do Parlamento”.
A decisão de Barroso “é baseada nos artigos 49, IX, e 161, da Constituição, entre outros dispositivos, segundo os quais a competência para o julgamento das contas é do Congresso Nacional, a partir do parecer de uma comissão mista, votado em procedimento disciplinado pelo Regimento Comum”.
Outra justificativa de Barroso: “Se as leis orçamentárias são votadas em sessão conjunta, a verificação de seu cumprimento –que equivale ao julgamento das contas– também deve sê-lo”.
O magistrado reconheceu, entretanto, “que existe uma prática do Congresso em realizar votações separadas [de conta presidenciais] desde a vigência da Constituição de 1988”. Dessa forma, Barroso não aceitou suspender os efeitos das votações já ocorridas. Mas deixou claro que “os próximos julgamentos devem ocorrer em sessão conjunta”.
RENAN EMPODERADO
Na prática, a decisão de Barroso tranquiliza o Palácio do Planalto e empodera o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). É que o presidente do Senado é também o presidente do Congresso –e tem o poder de fazer a pauta de votação.
Renan Calheiros declarou nesta semana que não é do interesse do país neste momento colocar em votação as contas presidenciais. Ou seja, o Planalto pode respirar mais aliviado. Mesmo que o TCU venha a recomendar a rejeição das contas de Dilma Rousseff, o assunto não será pautado imediatamente para o plenário do Congresso votar.
A rejeição das contas de Dilma Rousseff tem sido uma das grandes esperanças da oposição para encaminhar um processo de impeachment contra a presidente da República. Essa possibilidade continua a existir, mas agora o caminho ficou necessariamente mais lento. Renan Calheiros se aproximou do Palácio do Planalto nas últimas semanas. A chance de o peemedebista tomar uma atitude antigoverno é mínima na atual conjuntura.

Execuções extrajudiciais são inaceitáveis