segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Honda CG 160 Fan e CG 160 Titan 2016: primeiras impressões CG 160 traz mais potência para substituir a moto mais vendida do Brasil. G1 mostra em vídeo todos os detalhes da evolução da CG 150.

 A Honda CG 160 chega ao Brasil com a missão de substituir a moto mais vendida do país até então, a CG 150. A principal mudança é a introdução do novo motor, de maior cilindrada e mais potente, para as configurações Fan e Titan. Com novidades também no visual, a moto ficou cerca de R$ 600 mais cara.


VEJA OS PREÇOS:
Honda CG 160 Fan: R$ 7.990
Honda CG 160 Titan: R$ 9.290

Aliás, as utilitárias de 150/160 de Honda e Yamaha estão alguns passos à frente das rivais, como a
 Dafra Riva 150, ainda utilizando carburador, e a Suzuki GSR 150i, que tem visual antiquado.Esta renovação aconteceu apenas 2 anos após a chegada da 8ª geração e a CG acabou herdando da NXR 160 Bros o novo motor desenvolvido para o mercado brasileiro. Mais moderno e de melhor desempenho, o propulsor surge como um diferencial da Honda em relação à Yamaha Fazer 150, que também tem conjunto atualizado.
Honda CG 160 Fan (Foto: Caio Mattos / Divulgação)Honda CG 160 Fan (Foto: Caio Mattos / Divulgação)
Motor melhorou
G1 experimentou a CG 160 no lançamento, no Recife. Como já havia ficado claro na avaliação da Bros, o novo motor de 162,7 cc flex da Honda melhorou seu funcionamento em comparação ao antigo 149,2 cc.
A potência passou de 14,3 cavalos a 8.500 rpm para 15,1 cv a 8.000 rotações por minuto, enquanto o torque subiu de 1,45 kgfm a 6.500 rpm para 1,54 de torque a 6.000 rpm.
Não é um crescimento avassalador, mas traz um pouco mais de conforto para a condução, além de não ser necessário "esgoelar" tanto a moto. Como este motor de 1 cilindro foi trabalhado do zero, sua nova concepção interna também transfere menos vibração ao motociclista.

De acordo com a marca, este novo mocilíndrico está adequado às novas regras de emissões para motos previstas para entrar em vigor no próximo ano. Para se enquadrar nas regras, o novo tanque, que recebeu formato mais esportivo, também ganhou tampa mais moderna, que diminui os efeitos de evaporação do combustível.
Honda CG 160 Titan EX (Foto: Caio Mattos / Divulgação)Honda CG 160 Titan EX (Foto: Caio Mattos / Divulgação)
Na prática, a cilindrada extra também evitou que o motor antigo da moto tivesse a performance reduzida, o que também poderia ser um artifício para se encaixar nas regras para menor poluição. Além de melhorar quando comparada à antiga CG 150, a CG 160 também tem mais potência que a Bros 160: na trail, o motor rende 14,7 cavalos.
A explicação está que as entradas de ar no motor da CG são mais amplas, porque, na Bros, modelo indicado para uso misto, é necessária maior proteção para evitar a entrada de água, por exemplo. Mas o torque da CG é levemente inferior, já que na Bros atinge 1,6 kgfm.
Tabela de concorrentes da Honda CG160 (Foto: Arte/G1)
Conforto aumentou
Com o objetivo de ser um modelo para rodar por horas e horas na cidade, o conforto foi sempre um dos pontos altos na CG. Para a 9ª geração, um pequeno rebaixamento na altura das pedaleiras fez a posição de pilotagem ficar mais tranquila, com as pernas menos flexionadas.

No guidão, mantendo o mesmo posicionamento elevado, os braços pode ficar relaxados, como manda o segmento das utilitárias.  As suspensões e chassi seguem os mesmo em relação à 150, apenas um reforço foi feito em sua base, para receber maior.
A moto tem um comportamento bem equilibrado, sem amortecedores rígidos nem moles demais. O sistema de frenagem segue o mesmo, com freios a disco na dianteira de Fan e Titan, mas mantendo o tambor na traseira.
Honda CG 160 Titan (Foto: Divulgação)Painel Honda CG 160 Titan (Foto: Divulgação)
Como já havia demonstrado na CG 150, seu funcionamento é um pouco “borrachudo”. Isso por causa da adoção do flexível expansível no cabo do freio, que diminui a pressão no líquido, tornando a freada mais suave e exigindo força extra do motociclista para conseguir parar a moto.
Segunda a Honda, não é um defeito, e sim uma escolha: a marca diz que o usuário prefere um freio com este comportamento, no lugar de uma “mordida” mais forte.
Como já havia ocorrido na Titan EX 2015, a Titan 2016 conta com freios do tipo combinado de série. Esse dispositivo funciona repartindo a frenagem: quando se aciona o pedal de freio traseiro, um dos 3 pistões do disco dianteiro também entra em ação. A ideia é corrigir uma prática inadequada dos motociclistas brasileiros de só utilizar o freio traseiro da moto – o correto é utilizar o traseiro e o dianteiro (veja mais no Guia Prático).
A partir de 2016, as motos serão gradualmente obrigadas a ter freios do tipo CBS ou ABS, dependendo de sua cilindrada. Em 2019, a utilização destes sistemas será obrigatória a 100% das motos novas. Como o G1 já havia mostrado, o funcionamento do CBS na CG é eficaz e ajuda a moto a parar no asfalto em menor distância e com melhor estabilidade.
Honda CG TItan 2015 e 2016 (Foto: Divulgação)
CG ficou mais top e cara
Outras alterações na CG 160 ocorreram no visual, com a adoção de novas carenagens laterais, novo tanque, escapamento, laterais e para-lama.
A CG 160 Fan abandonou de vez a opção com roda raiada e sua carenagem dianteira também ganhou nova pintura, apesar de manter o desenho.

Para a Titan, as alterações foram ainda maiores: suas carenagens, do farol e do tanque, são exclusivas, assim como o desenho de sua roda de liga-leve. O painel também é mais esportivo, com conta-giros, e a traseira também busca esse ar de esportividade com desenho mais fino e suporte de placa maior.

Outro detalhe especial pode ser visto no pedal de freio, mais fino e na cor preta. O pneu traseiro também é levemente mais largo e baixo que o da Fan.
Honda CG 150 Fan 2015 e CG 160 Fan 2016 (Foto: Divulgação)
Conclusão
Com a linha 2016, a CG nunca esteve tão top, especialmente a Titan. Segundo a marca, é exatamente isso que os compradores da 150, e agora da 160, buscam: uma exclusividade em relação às rivais. A moto é geralmente comprada por quem tinha um modelo inferior.

Mas as novidades também trouxeram mais custos e essa é a CG mais cara de todos os tempos. A CG 160 Fan sai por R$ 7.990, equivalente a antiga CG 150 Fan ESDi, que custava R$ 7.357, enquanto a CG 160 Titan custa R$ 9.290, substituindo diretamente a CG 150 Titan EX, vendida a R$ 8.639.

Como a versão ESD (R$ 8.113) da Titan foi descontinuada, a diferença entre os modelos aumentou, mas as duas ficam próximas à principal concorrente, Fazer 150, vendida por R$ 8.960.

A expectativa da Honda é vender 200 mil unidades da Fan e 150 mil da Titan no prazo de 1 ano. Com o mercado de motos em queda, a previsão chega a ser otimista, já que, juntos, os modelos venderam 347.209 unidades.
Honda CG 160 Titan (Foto: Divulgação)Honda CG 160 Titan tem traseira diferente (Foto: Divulgação)

Com reforma política e maioridade, governo terá novo embate na Câmara Primeiro item da 'pauta-bomba' foi aprovado na última quarta-feira. No Senado, será analisado projeto que reduz desonerações a empresas.



Ogoverno deve enfrentar nesta semana novos embates na Câmara dos Deputados, com a votação de propostas polêmicas. Estão na pauta do plenário trecho da reforma política que autoriza doação de empresas a partidos, a proposta de emenda à Constituição que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos no caso de crimes contra a vida e o projeto de lei que aumenta o reajuste do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Na semana passada, a Casa “acelerou” a “pauta-bomba”, como são chamados projetos que geram gastos, ao aprovar em primeiro turno o texto-base de uma proposta que vai gerar impacto de cerca de R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos. A PEC vincula os salários das carreiras da Advocacia-Geral da União e de delegados civis e federais a 90,25% do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o que hoje daria R$ 30,4 mil. Também estão incluídos procuradores de estado e de municípios com mais de 500 mil habitantes.
Nesta terça (11), a Câmara deve concluir a votação em primeiro turno da proposta, com a análise de dois destaques que visam retirar trechos do texto (veja vídeo da primera votação). Depois, a Casa vai analisar o último item pendente da reforma política – o financiamento de partidos e campanhas.

O PT é contra a doação de empresas às legendas e tenta derrubar esse trecho do texto. O PMDB, maior defensor do financiamento empresarial, diz possuir mais de 308 votos para manter as doações. “Eu acho que conseguiremos garantir a contribuição de empresas os partidos. Teremos maioria”, disse o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).

“Desde que essa matéria entrou em pauta nós lutamos muito [contra doação de empresas]. Se aprovar o destaque, cai o artigo por inteiro que prevê financiamento empresarial para os partidos”, afirmou o líder do PT, Sibá Machado (AC).
Também está na pauta a votação em segundo turno da PEC que reduz a maioridade penal para homicídio doloso (com intenção de matar), lesão corporal seguida de morte e crimes hediondos, como o estupro. Governo e PT são contra essa proposta. Defendem uma alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente para ampliar a internação. (veja vídeo da aprovação em primeiro turno)

“Não vamos arredar um milímetro, vamos lutar até o fim para derrotar essa proposta. O mundo que reduziu a maioridade penal se arrependeu. Não é isso que reduz a criminalidade”, disse o líder do PT, Sibá Machado.
Pauta-bomba
Outra proposta incômoda ao governo que está pronta para ser votada na Câmara é o projeto queaumenta a correção dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O texto propõe que o dinheiro depositado no fundo tenha uma remuneração igual à da poupança, o que, na prática, significa que o rendimento subiria de cerca de 3% ao ano para aproximadamente 6% (veja vídeo abaixo). A nova taxa, se aprovada, valerá para os depósitos feitos a partir de 2016.
O governo afirma que a mudança pode gerar impacto negativo no financiamento da casa própria. Enquanto os trabalhadores não podem sacar seus recursos, o dinheiro depositado pelos empregadores no FGTS é usado pelo governo para financiar a construção de moradias, de obras de infraestrutura e de saneamento.
Dessa forma, para garantir uma correção maior para os trabalhadores, os recursos do FGTS teriam que ser emprestados com taxas de juros mais altas. “Você certamente mudaria o perfil [do programa]. Só pessoas com mais renda conseguiriam pegar financiamento imobiliário como os do Minha Casa Minha Vida. Você certamente não conseguiria atender tantas pessoas com renda de até quatro salários mínimos”, diz a secretária de habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães.
O autor do projeto, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), defende que os trabalhadores devem ter uma remuneração maior dos recursos aplicados no fundo. “Acho que se trata de repor a justiça ao trabalhador. O dinheiro do FGTS não é do governo, é do trabalhador. E não se mexe nos valores passados”, disse.
Para Picciani, se o governo quer modificar o texto, deve mandar o quanto antes uma proposta alternativa ao Congresso. “O fundamental é que o governo ficou de mandar uma proposta e há disposição de analisar essa proposta. O importante é que o governo formule essa proposição na próxima semana, para que possamos debater.”
Senado
No plenário do Senado, a proposta que reduz as desonerações nas folhas de pagamentode mais de 50 setores da economia – considerado crucial pelo Executivo - começará a trancar a pauta na próxima segunda-feira (10). O texto é o último do pacote de ajuste fiscal enviado pelo governo.

O próprio presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), lembrou nesta semana que o projeto trancará a pauta e disse que as lideranças "começarão a decidir" sobre a votação do texto.

Antes de ser enviado como projeto de lei para o Congresso, o governo havia editado uma medida provisória que foi devolvida por Renan Calheiros para o Palácio do Planalto. Na ocasião, Calheiros reclamou da falta de diálogo entre os dois Poderes. O governo acabou reecaminhando a proposta ao Congresso, mas como projeto de lei.

O projeto estabelece que empresas que pagam alíquota de 1% de contribuição previdenciária sobre a receita bruta ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) passarão a pagar 2,5%. Setores que hoje pagam alíquota de 2% passarão a contribuir com 4,5%. A proposta abre exceção para algumas áreas, que terão um aumento de imposto menor do que o governo propôs ao enviar o projeto de lei ao Congresso.
Janot
Outra expectativa para a semana é que a presidente Dilma Rousseff encaminhe ao Senado a indicação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para um novo mandato na chefia do Ministério Público. Ela informou ao Senado que faria o envio na segunda (10), conforme revelou o Blog da Cristiana Lôbo.

Dilma recebeu na quinta a lista tríplice do Ministério Público Federal encabeçada por Janot. O procurador-geral recebeu 799 votos na eleição interna do MPF, organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). O segundo colocado na lista, subprocurador Mario Bonsaglia, teve 462 votos.

CPI do Futebol
Na terça-feira (11), o relator da CPI do Futebol, senador Romero Jucá (PMDB-RR), deve apresentar um plano de trabalho para a comissão. Esse plano deve incluir as viagens de umacomitiva para a Suíça, para interrogar o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, que está preso por suspeita de envolvimento em esquema de corrupção em contratos da Federação Internacional de Futebol (FIFA).

A CPI foi criada em maio deste ano para apurar supostas irregularidades em contratos assinados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a realização de partidas da seleção brasileira. O colegiado também vai investigar contratos da CBF relacionados a campeonatos organizados pela entidade, à Copa das Confederações de 2013 e à Copa do Mundo de Futebol de 2014.

Estatais
Na quarta-feira (12), a comissão mista destinada a elaborar projeto de uma lei de responsabilidade das estatais vai se reunir para a apresentação do relatório com a minuta do projeto. O relator da comissão é o deputado Arthur Maia (SD-BA).

A criação de uma lei de responsabilidade para as estatais foi idealizada por Cunha e Renan. A nova legislação seria criada nos mesmos moldes da Lei de Responsabilidade Fiscal e teria o objetivo de dar maior transparência às contas das estatais.

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi criada para controlar os gastos da União, dos estados e dos municípios. A lei obriga que os governantes prestem conta de suas finanças aos tribunais de contas da União, dos estados ou dos municípios, órgãos responsáveis por aprovarem ou não as contas públicas.

Outro projeto que também poderá gerar impacto para o governo é um que prevê aposentadoria especial para repórteres cinematográficos
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domingo, 9 de agosto de 2015

Sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki lutam contra energia nuclear no Brasil




Cidade de Nagasaki destruída por explosão nuclear (Foto: Reuters)
Setenta anos após os ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki, no Japão, um grupo de 106 sobreviventes está lutando para que o Brasil abandone todas as suas atividades nucleares.
O grupo é formado majoritariamente por japoneses, já idosos, que imigraram para o Brasil após a Segunda Guerra. Eles são chamados de hibakusha, o termo em japonês para os afetados pelas explosões.
Neste domingo o ataque nuclear a Nagasaki, que matou entre 60 mil e 80 mil pessoas em 9 de agosto de 1945, completa 70 anos.
Uma emocionante cerimônia ocorreu neste domingo em Nagasaki, com sobreviventes e autoridades de diversos países. A homenagem foi marcada pela crítica feita especialmente pelos sobreviventes aos planos do premiê japonês, Shinzo Abe, de afrouxar as restrições dos militares no país - algo que, segundo eles, tiraria o caráter pacifista da Constituição japonesa.

A cerimônia em Nagasaki teve a participação de sobreviventes do ataque devastador

"Nós somos contra qualquer tipo de utilização da energia nuclear. O Brasil tem um território enorme e sol o ano inteiro. Por que usar a energia nuclear?", disse Yasuko Saito, de 68 anos, uma das diretoras da Associação Hibakusha Brasil pela Paz.
Atualmente duas usinas nucleares instaladas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, respondem por 2,87% da energia elétrica produzida no país.
A associação luta hoje contra os esforços do governo brasileiro para aumentar a capacidade nuclear do país com a construção da usina de Angra 3 – prevista para ser entregue em 2019.
Na área militar, cientistas da Marinha trabalham no desenvolvimento de submarinos movidos a energia atômica.

Associação

A Associação Hibakusha Brasil pela Paz foi criada em 1984 por sobreviventes que viviam no Brasil e se uniram para solicitar ao governo japonês assistência médica durante a velhice.
Segundo Saito, esse tipo de ajuda era fornecido apenas para japoneses que viviam no Japão e por isso foi necessário formar o grupo e entrar com processos na Justiça japonesa.
A solicitação foi apenas parcialmente atendida – parte dos sobreviventes passou a receber ajuda de custos ter acesso a atendimento médico. Mas o grupo decidiu então se dedicar a divulgar os horrores da guerra e os efeitos da bomba atômica.
Entre suas ações estão a realização de palestras direcionadas a jovens e até protestos de rua – um deles durante a visita do premiê japonês Shinzo Abe a São Paulo no ano passado.

Homenagens também foram realizadas próximo à Estátua da Paz, no Parque da Paz, em Nagasaki

Desde a criação da associação, 270 sobreviventes participaram da associação. Hoje, 106 estão vivos.
Estima-se hoje que o Brasil tenha uma das maiores comunidades de descendentes de japoneses: 1,5 milhão.

Capacidade nuclear

O Brasil começou a construção de usinas nucleares em 1972. Angra 1 começou a operar em 1982 e Angra 2 entrou em funcionamento em 2001. Juntas elas produzem quase 2 mil MW.
Em um projeto paralelo de 1979, a Marinha iniciou esforços para dominar o ciclo do combustível nuclear e construir um laboratório de geração de energia nucleoelétrica – a base para o desenvolvimento de um submarino movido por um reator nuclear.
A embarcação ainda está em fase de desenvolvimento em uma base naval no Rio de Janeiro.
Na década de 1980 o uso da energia nuclear civil foi alvo de muitas críticas quando uma cápsula com césio foi extraviada de um hospital abandonado, contaminando vítimas e causando mortes em Goiânia.

A imagem de um cogumelo de fumaça foi projetada na Catedral de Urakami, em Nagasaki; a igreja foi destruída pela bomba e reconstruída em 1959

Autoridades do governo estimam que quando a usina Angra 3 estiver pronta, cerca de 60% da energia consumida no Rio de Janeiro possa ser de origem nuclear.
O Plano Nacional de Energia – 2030 prevê a instalação de novas usinas no nordeste e sudeste.
O governo diz apostar em uma matriz energética múltipla e por isso investe em outros tipos de geração além das usinas hidrelétricas, hoje responsáveis por mais de 78% da produção elétrica do país.
As usinas nucleares seriam uma opção porque o país produz urânio, domina o ciclo de produção nuclear e porque esse tipo de energia seria uma opção em cenários de escassez hídrica.

Riscos

A Associação Hibakusha Brasil pela Paz disse porém que a utilização desse tipo de energia não é barata nem segura.
Segundo Yasuko Saito, o Brasil não tem terremotos ou maremotos – como o que causou o acidente nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011 – mas um eventual erro humano nas usinas brasileiras poderiam condenar boa parte da população de Angra dos Reis.
"A energia nuclear não tem cheiro nem cor. Em quem podemos confiar?", disse.
Ela afirmou que o Japão sofre até hoje para limpar a região de Fukushima após o acidente – o que mostraria quanto uma falha pode ser custosa.
Outra bandeira de luta da associação é o destino dado a resíduos da extração de urânio, que são guardados hoje em uma instalação em Santo Amaro, um populoso bairro da zona sul de São Paulo.

Garota presta homenagem às vitimas da bomba lançada pelas forças americanas

Mas apesar das dificuldades, os 106 membros da associação já se sentem vitoriosos.
"Eu nasci no Japão dois anos depois das bombas. Um dia perguntei ao meu pai, Takashi Morita: "Como o senhor teve coragem de ter uma filha quando diziam que ninguém atingido pela bomba sobreviveria mais de dois anos?", afirmou Yasuko Saito.
"Ele respondeu que conheceu a minha mãe, que também era uma sobrevivente, logo depois do ataque. Ele viu que as plantas e o capim estavam nascendo e crescendo em Hiroshima e achou que não teria problema (ter filhos)".
Takashi, presidente da associação, voltou ao Japão para acompanhar as celebrações e está neste domingo em Nagasaki. Uma missa é rezada na manhã de hoje no bairro da Liberdade, em São Paulo.

Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil Todos querem saber como a crise vai acabar. A mídia internacional começa a contratar mais correspondentes para entender o que ocorre no país

Dilma Rousseff, em evento em julho. / JOEDSON ALVES (AP)
Fazia tempo que o Brasil não era perscrutado com tanta atenção e preocupação fora de suas fronteiras, sobretudo porque a crise daPetrobras e a Operação Lava Jato já afeta vários países estrangeiros. Todos querem saber como a crise vai acabar. A mídia internacional está contatando os correspondentes de seus países em busca de notícias e comentários.
O jornal The New York Times cunhou uma frase que acendeu o alarme ao afirmar que o Brasil passou de nação “emergente” a nação “em emergência”. Este país preocupa, neste momento, não só ospaíses-irmãos do continente latino-americano, mas todas as chancelarias da Europa e Ásia.
“É que tudo foi muito rápido”, comentavam comigo, intrigados, os colegas de uma emissora de rádio chilena e de outra que transmite em espanhol nos Estados Unidos.
Também me perguntam o que a oposição está fazendo e o que pensam as pessoas da rua e dos círculos empresariais. E o jornalista fica perplexo ao ver como a crise é vista e acompanhada até os últimos detalhes longe das fronteiras brasileiras.Perguntam o que Lula pensa da crise, se é verdade que a presidenta Dilma Rousseff pode cair, se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy,tem ainda margem de manobra para frear os gastos e garantir um ajuste final digno de confiança.
Isso é bom ou ruim? É positivo esse interesse e preocupação pelo que até ontem era visto como o gigante econômico da região, capaz de começar a ter protagonismo mundial? Ou está mais para uma atenção mórbida?
Difícil saber. Há quem prefira pensar que seria melhor que esses países se preocupassem com seus problemas domésticos e deixassem o Brasil em paz, ao mesmo tempo que não poucos brasileiros desejam saber como o que se passa aqui dentro é visto e sentido fora do país.
Pessoalmente, acho que em um mundo globalizado nem é possível nem positivo que um país se isole, submerso em suas crises e problemas, sem que os demais se interessem por ele.
Não deixa de ser positivo que o mundo se preocupe e se surpreenda com o que um editorial deste jornal chamou de “tripla crise brasileira”, porque sabe que uma derrocada deste país, de posição-chave na América Latina e que começava a ser uma peça importante no xadrez mundial, pode afetar a todos.
Hoje, dificilmente existem crises econômicas e políticas isoladas no mundo. Umas se alimentam, enriquecem ou empobrecem com as outras. De algum modo todos estamos em um mesmo barco planetário.
Sempre se disse que, quando um país importante com o os Estados Unidos se resfriavam, os outros pegavam uma pneumonia. Hoje, estamos todos tão perto, tão conectados para o bem e para o mal que ninguém fica doente sozinho.
Existe o desejo de que se dissipem quanto antes os fantasmas que hoje, como em todas as crises do mundo, assustam e golpeiam as camadas mais fracas da cadeia social
Apesar da crise atual, o Brasil continua sendo visto como um país invejado por suas possibilidades, suas riquezas naturais e humanas e seu papel estratégico no tabuleiro mundial.
E há algo positivo que se observa na preocupação externa com a crise que o golpeia: não existe satisfação nem sequer dissimulada com os males que afligem o Brasil. Pelo contrário, nota-se uma mescla de simpatia por este país. Ninguém gosta de vê-lo caído no ringue, mas percebe-se, ao se constatar esse interesse pela crise, um desejo de vê-lo novamente vivo e erguido
E os brasileiros? O que pensam da crise?, perguntam no exterior. A resposta não é fácil nem é única porque a sensibilidade proverbial dos brasileiros está ferida e os sentimentos estão à flor da pele.
No entanto, não acho que me engano, escutando pessoas de diferentes estratos sociais, ao acreditar que há um denominador comum que atravessa todos os segmentos da crise e que poderia ser resumido assim: o Brasil é mais importante que seus políticos; os presidentes passam, e os brasileiros com suas virtudes e defeitos e seu desejo de ser felizes seguem seu caminho. Ninguém deseja o pior, nem como vingança. E embora custe às vezes confessar e até acreditar, existe a esperança, às vezes muda e às vezes verbalizada, de que a crise acabe o mais rápido possível para que o país volte a crescer.
Existe o desejo de que se dissipem quanto antes os fantasmas que hoje, como em todas as crises do mundo, assustam e golpeiam as camadas mais fracas da cadeia social.
A esses, por exemplo, que se viram forçados a lançar mão de suas pequenas economias. Haviam começado a fazê-las com orgulho, como os cidadãos dos países desenvolvidos, pensando que amanhã seus filhos poderiam usá-las, mas hoje se veem obrigados a gastá-las para enfrentar a crise.
O Brasil voltará a poder sorrir quando os pobres, que se haviam livrado da miséria, puderam voltar a poder economizar.

As mortes de negros nos EUA colocam a polícia sob os holofotes Com um ano do caso de Ferguson, se consolidou o debate sobre as práticas policiais

O parque de Cleveland, na sexta-feira, onde morreu um menino que portava uma arma de brinquedo. / J.FAUS
No vestíbulo da sede do sindicato CPPA da polícia de Cleveland (Ohio), há um cartaz pendurado que diz: As Vidas Azuis Importam. É a resposta ao emblema As Vidas Negras Importam, símbolo dos protestos contra a reiteração de mortes, por parte de policiais, de pessoas negras desarmadas nos Estados Unidos.
A morte de um jovem afro-americano em Ferguson (Missouri), assinado a tiros por um policial branco mediante circunstâncias confusas, no dia 9 de agosto de 2014, há exatamente um ano, desencadeou uma onda de distúrbios, e um debate nacional sobre as práticas policiais e como tratam a comunidade negra.
Um júri deve decidir se o oficial será acusado. A melhor prova é uma gravação confusa de uma câmara de segurança. Outros episódios similares no último ano dificilmente teriam adquirido notoriedade ou sido esclarecidos sem a difusão de vídeos gravados pelos celulares de pessoas que passavam pelo local.Depois de doze meses, o debate se consolidou. E cada vez que ocorre um caso parecido, cresce oescrutínio em relação à polícia e a realização de protestos, como no caso de Tamir Rice. Em novembro, em Cleveland – no centro-oeste dos EUA - Rice, um menino negro de apenas 12 anos, foi morto vítima de disparos de um policial que se sentiu ameaçado ao pensar que a arma de brinquedo que ele tinha era real.
Ferguson desencadeou uma cascata de consequências: uma investigação federal revelou um padrão racista na polícia local, mais corporações colocaram câmeras nos uniformes de seus agentes, o FBI garantiu que muitos deles têm preconceitos raciais; e a Casa Branca lançou um plano de melhora das práticas e estatísticas policiais, e reduziu a entrega de material militar às corporações locais.
Nos primeiros cinco meses de 2015, a polícia matou 385 pessoas, mais de duas por dia. E a taxa de vítimas negras é o triplo da de brancas
Mas as causas que formam o contexto são complexas e deram origem a um exame de consciência. A polícia dos EUA é agressiva demais? Atua da mesma maneira com um branco, um negro e um latino? A justiça ampara em excesso o direito de autodefesa dos policiais? O cartaz no sindicato de Cleveland evidencia a polarização desse debate.
"Sempre há espaço para melhorar, mas acho que o escrutínio é intenso e injusto", diz Stephen Loomis, presidente do CPPA, em entrevista em seu escritório. Loomis – que trabalha há 22 anos como policial e representa 12.500 agentes - nega que exista um problema racial e tampouco de agressividade, e atribui o efeito Ferguson a um desapego social, à falta de respeito à autoridade, a que a polícia é um alvo fácil, e a uma campanha de desprestígio do Governo.
O que mais parece incomodá-lo é que agora se questione a essência policial: o risco de serem atacados, a heroicidade dos agentes que arriscam suas vidas, o direito de se defenderem e a importância de seguir suas ordens.
Sempre há espaço para melhorar, mas acredito que o escrutínio é intenso e injusto"
Stephen Loomis, presidente do sindicato CPPA da Polícia de Cleveland
No entanto, diz que se sente reconfortado pelo papel da Justiça, que levou à exoneração do policial de Ferguson por autodefesa, e defende a condenação daqueles que abram fogo sem justificativa, como o policial branco da Carolina do Sul que, em abril, disparou oito tiros pelas costas de um homem negro desarmado. Também garante que ele e seus companheiros de corporação nunca tinham recebido tantas demonstrações de carinho nas ruas.
Nos primeiros cinco meses de 2015, a polícia matou 385 pessoas nos EUA, mais de duas por dia, segundo uma investigação realizada peloThe Washington Post, um número que dobra as incompletas estatísticas oficiais. A taxa de vítimas negras é o triplo da de brancas. E 80% delas estavam armadas. Das desarmadas, dois terços eram negras ou hispanas, muito acima de seu peso demográfico. São indicadores inéditos em outros países desenvolvidos. Em um ano, morrem, na Alemanha, oito pessoas por disparos de policiais, e no Reino Unido e Japão nenhuma, segundo o The Economist.
Enquanto isso, cerca de 50 policiais morreram no ano passado vítimas de disparos nos EUA. Loomis, que é branco, considera uma "idealização" pensar que restringir as vendas de armas (existem cerca de 270 milhões de uso privado em um país de 321 milhões de habitantes) reduziria as mortes porque, de uma maneira ou de outra, os criminosos sempre acabam tendo acesso a elas.
Sobre ao debate em relação à gravação de imagens, alega que o papel dos vídeos de celular feitos por testemunhas é superestimado, e defende a instalação de câmeras de segurança em todos os carros policiais em vez de nos uniformes dos agentes porque considera que oferecem imagens mais fidedignas.
Stephen Loomis, o presidente do sindicato CPPA da polícia de Cleveland / J.FAUS
O chefe sindical faz poucas autocríticas. Sua maior reprovação é em relação aos cortes no orçamento destinado às despesas policiais em Cleveland realizados nas últimas décadas, o que reduziu sua presença nas comunidades. O "maior problema" nos EUA, afirma, é a ausência de um canal de comunicação entre a polícia e a comunidade. Isso, especula, poderia ter evitado a morte de Rice, de 12 anos.
No entanto, existem problemas prévios, que Loomis minimiza: uma investigação federal revelou um padrão de uso excessivo da força porparte da polícia de Cleveland e um rigor muito baixo no processo de recrutamento de agentes.
Tamir Rice morreu em um parque infantil ao lado de sua escola, em um bairro pobre no oeste de Cleveland. O motivo da chegada da polícia, no sábado, 22 de novembro, foi uma ligação que denunciava a presença de um homem "provavelmente menor de idade" com uma arma "provavelmente falsa", mas esses detalhes não foram transmitidos aos policias pela central telefônica. O agente que abriu fogo alega que Rice - que media 1,70 m - parecia ter 20 anos.
Na tarde da sexta-feira, havia vários ursos de pelúcia colocados no local do assassinato. Em um poste, havia uma mensagem de parabéns pelos 13 anos que Rice nunca chegou a completar. E, a alguns metros, várias crianças negras brincavam felizes nos balanços.
"É um problema que continuará até que façam algo", disse, sobre a polícia, Michael, um afro-americano de 40 anos que trabalha na limpeza do parque. Um trajeto de apenas cinco minutos, de carro, separam o parque da sede do sindicato policial, mas a distância entre ambos os mundos parece ser um abismo.

Ferguson, ano I

Nem todos os policiais pensam, como o chefe sindical de Cleveland, que Ferguson não deva representar um ponto de inflexão. “Foi um ano muito importante para reconhecer que devemos encontrar formas de melhorar as práticas policiais, especialmente em comunidades diversas”, afirma por telefone Chuck Wexler, diretor da Police Executive Research Forum, uma organização com sede em Washington que tem como membros os chefes das corporações da maioria das grandes cidades americanas. “Muitas cidades do país estão analisando o uso da força e a confiança pública”.
O centro de análise defende uma maior restrição em relação aos agentes e tomadas de decisão mais pausadas. Wexler acredita que se deve atuar nos processos de seleção e treinamento de policiais, em fortalecer os laços com as comunidades, e em saber agir melhor diante de determinados coletivos, como os doentes mentais e vagabundos. E não se queixa do maior escrutínio proporcionado pelo caso de Ferguson: “Pela natureza do que fazemos, temos uma responsabilidade perante o público”.
No primeiro aniversário da morte de Brown, estão previstos vários atos de comemoração em vários pontos do subúrbio de Saint Louis, que conta com 21.000 habitantes, no centro-oeste dos EUA. Tory Russell, um homem negro de 30 anos, participará deles. “Estou orgulhoso deste ano”, afirma o co-fundador de Hands Up United, um dos principais grupos de ativistas que se originaram dos protestos após a morte de Brown. “Eu gostaria que se realizassem mais ações contra a polícia”, acrescenta em referência ao relatório do Departamento de Justiça que revelou um padrão de discriminação racial na corporação local. A Hands Up United promove atividades de apoio social a comunidades afro-americanas pobres em Ferguson e possui ligações com outros grupos similares nos EUA e no exterior.
Russell diz que uma característica que diferencia os ativistas de Ferguson dos demais é que estão diretamente “conectados à luta” das classes trabalhadoras e “não são um conceito abstrato”. E se gaba de não agir em conjunto com as tradicionais organizações nacionais negras de direitos civis.