terça-feira, 4 de agosto de 2015

Plano ambiental 'resgata credibilidade' dos EUA, mas divide país João Fellet - @joaofellet Da BBC Brasil em Washington

Barack Obama | Foto: EPA
Plano de Obama quer fazer com que EUA chege a reunião sobre clima da ONU, em dezembro, com mais credibilidade
Ao anunciar seu Plano de Energia Limpa nesta segunda-feira, o presidente americano, Barack Obama, disse que se tratava "do maior e mais importante passo que já demos" para combater o aquecimento global.
O plano – que pretende reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa nos Estados Unidos em um terço em 15 anos – deverá desencadear batalhas legais e retóricas no país.
"Somos a primeira geração a sentir os impactos das mudanças climáticas e a última capaz de fazer algo a respeito", afirmou. "Se não agirmos, ninguém agirá."
Segundo Obama, os Estados Unidos devem "mostrar o caminho" a outros países nesse campo.
"Estou convencido de que nenhum outro desafio impõe uma ameaça maior ao futuro do planeta."
O programa anunciado por Obama busca subsituir energias poluentes por fontes renováveis, como a eólica e a solar.
Opositores afirmam, no entanto, que o presidente declarou uma "guerra contra o carvão", hoje responsável por mais de um terço da geração energética do país e setor importante para a economia de alguns Estados americanos.
Alguns governadores já anunciaram que vão ignorar o plano ou o questionarão na Justiça.

Ação 'significativa'

A meta de Obama é cortar as emissões de carbono do setor energético em 32% até 2030, tendo como base os níveis de 2005.
O Plano de Energia Limpa é, até agora, a principal política de Obama para frear o aquecimento global.
Desde o ano passado, ele firmou com a China e outras nações metas de redução das emissões de carbono.
O tema também entrou na agenda da visita da presidente Dilma Rousseff a Washington em junho, quando os dois países anunciaram metas para ampliar o percentual de fontes renováveis na matriz energética.
Com os acordos, Obama espera chegar à próxima reunião da ONU sobre clima, em dezembro, em Paris, em posição fortalecida para negociar metas globais para a redução das emissões de carbono.
O plano recém-anunciado aumenta a credibilidade dos Estados Unidos nas negociações climáticas, diz o analista da BBC para o clima, Matt McGrath.
Foto: EPA
Carvão é responsável por mais de 80% da geração de eletricidade em seis Estados americanos
De acordo com McGrath, muitos países suspeitavam da postura dos Estados Unidos nessa área, já que Washington se recusou a ratificar o Protocolo de Kyoto, última tentativa global de reduzir as emissões de carbono.
"O novo plano do presidente chega num momento crucial para os preparativos para Paris", diz.
Para ele, o anúncio pode estimular outros países a divulgar suas metas de redução de emissões – até agora, só 49 nações as anunciaram.
O texto base que está em negociação na ONU tem mais de 80 páginas. Analistas dizem que, para que a reunião seja um sucesso, ele precisará ser reduzido.
Organizações ambientais receberam bem o plano, mas cobraram mais ações do governo americano para frear o aquecimento global.
"Essa é a ação mais significativa até agora do governo Obama, mas ainda não é suficiente para garantir o seu legado climático", disse a diretora executiva da ONG 350.org, May Boeve.
Em sua conta no Twitter, o Greenpeace afirmou que o Plano de Energia Limpa é um "passo adiante", mas cobrou o governo americano a frear a exploração de petróleo no Ártico.

'Catastrófico e irresponsável'

A oposição a Obama anunciou que se mobilizará contra o plano. Políticos conservadores americanos tradicionalmente questionam o impacto humano no aquecimento global.
O pré-candidato republicano à Presidência Marco Rubio disse que o programa seria "catastrófico". Outro candidato, Jeb Bush, o qualificou como "irresponsável".
Nos Estados de Utah, Wyoming, Missouri, Indiana, Kentucky e West Virginia, o carvão é responsável por mais de 80% da geração de eletricidade.
O plano de Obama dá a cada Estado metas de redução de carbono e exige que apresentem propostas ao governo federal sobre como atingirão os objetivos.

O que se sabe sobre o envolvimento de Dirceu com a Lava Jato

(ABr)
Ex-ministro da Casa Civil, Dirceu foi preso preventivamente em nova fase da Operação Lava Jato
O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula José Dirceu foi preso nesta segunda-feira em nova fase da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de desvio de dinheiro na Petrobras. O irmão dele, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, também foi preso.
Dirceu foi detido em casa, em Brasília, e deve ser levado para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná. Condenado no processo do Mensalão, o ex-ministro estava em prisão domiciliar desde novembro do ano passado, quando passou a cumprir em casa o resto de sua pena, de 7 anos e 11 meses.
Seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, foi preso em Ribeirão Preto e teve um mandado de prisão temporário expedido.
A operação foi batizada de "Pixuleco", uma alusão ao termo que seria usado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para se referir às propinas dos contratos, segundo os investigadores da Operação Lava Jato. Cerca de 200 policiais participaram da ação no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília.
Ao todo, estão sendo cumpridos 40 mandados judiciais, sendo três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária, 26 de busca e apreensão e seis de condução coercitiva – quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.
No centro das investigações, está a JD Assessoria e Consultoria, empresa criada por Dirceu após deixar o governo em 2005 devido ao escândalo do Mensalão que recebeu diversos pagamentos de empresas investigadas na Operação Lava Jato ao longos dos últimos anos.
A defesa do ex-ministro afirma que os serviços de consultoria foram prestados corretamente e que os pagamentos são legais, mas o Ministério Público Federal (MPF) considera as movimentações suspeitas e investiga se a JD Consultoria serviu de empresa de fachada para recebimento e repasse de recursos ilícitos.
O suposto envolvimento de Dirceu no esquema de corrupção da Petrobras foi citado em depoimentos prestados dentro de acordos de delação premiada – quando um investigado aceita confessar seus crimes e colaborar nas investigações em troca de punições mais brandas.
Um deles, o ex-dirigente da Toyo Setal Júlio Camargo, disse à PF que Dirceu interveio junto ao ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli para garantir contratos da empresa com a estatal. Ele também disse que o ex-ministro da Casa Civil usou seu avião diversas vezes após ter deixado o governo Lula, em 2005.
Outro delator, o doleiro Alberto Youssef, já havia dito em outubro que intermediou pagamento de propina das empresas Camargo Corrêa e Mitsui Toyo ao PT por meio de Dirceu e do tesoureiro petista, João Vaccari Neto – preso em abril.
Dias depois, no mesmo mês, o doleiro contou que Dirceu e o ex-chefe da Casa Civil Antônio Palocci eram "ligações" entre o PT e o executivo da Toyo Setal.
Em fevereiro, quando as declarações foram reveladas, a assessoria de Dirceu divulgou uma nota afirmando que "as declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu".
Já o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, outro delator, disse que o ex-diretor de serviços e engenharia da Petrobras, Renato Duque, "foi indicado na época pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu".
José Dirceu foi preso em 2013 pelo envolvimento no mensalão, mas foi liberado no ano passado para cumprir pena em domicílio

Empresas

Na ocasião, o advogado de José Dirceu, Roberto Podval, afirmou à BBC Brasil que os pagamentos recebidos pela JD de diversas empresas referem-se a "serviços de consultoria efetivamente prestados", sem qualquer "vinculação com a Petrobras", e que não houve repasses para partidos, políticos ou pessoas ligadas à estatal.
Os detalhes desses pagamentos foram tornados públicos após o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, ter determinado a quebra de sigilo bancário e fiscal de Dirceu e de sua empresa em dezembro, atendendo a uma solicitação do MPF.
O órgão suspeita que a empresa possa ter servido, na verdade, para "simular" contratos de "consultoria" com finalidade criminosa, pois a Operação Lava Jato já identificou que isso teria sido feito no caso de outras firmas de consultorias.
Em depoimento prestado no dia 6 de outubro, Youssef relata que tinha empresas de fachada, como a GFD e a MO Consultoria, que eram usadas no esquema de corrupção da Petrobras.
A quebra de sigilo revelou que a empresa de consultoria do ex-ministro recebeu R$ 29,3 milhões entre 2006 e 2013. Entre as empreiteiras que estão sob investigação na Lava Jato, as que mais efetuaram pagamentos à consultoria de Dirceu foram a OAS (R$ 2,99 milhões), a UTC (R$ 2,32 milhão), a Engevix (R$ 1,11 milhão) e a Camargo Corrêa (R$ 900 mil).
João Vaccari Neto, então tesoureiro do PT, foi preso na última semana na Operação Lava Jato
Num pedido posterior do MPF para que a Camargo Corrêa desse detalhes sobre a contratação da consultoria de Dirceu, os procuradores argumentaram: "Tal constatação [de que a JD recebeu vários pagamentos de empreiteiras investigadas] despertou fundadas suspeitas de ilicitude, vez que uma das principais sistemáticas de pagamento aos agentes públicos envolvidos no já denunciado esquema de corrupção era a celebração de contratos simulados com empresas de 'consultoria' e 'assessoria', mormente quando administrada por ex-agente público e político de notório trânsito na Administração Pública".
Em resposta às demandas do MPF, autorizadas por Moro, a empreiteira informou que tinha celebrado apenas um contrato com a JD, que já havia sido apreendido pela Justiça em novembro. Além disso, disse que a contratação foi feita por indicação do presidente do conselho de administração da Camargo Corrêa, Vitor Sarquis Hallack, e que o mesmo teve três reuniões com Dirceu.
O conteúdo dos encontros não foi revelado porque, segundo a empresa, não foram encontradas "atas de reuniões". A companhia informou ainda que "não localizou 'relatórios de consultoria/assessoria e/ou dos resultados produzidos' em decorrência do contrato firmado, o que não significa que os serviços contratados não tenham sido prestados, tendo em conta que nem sempre são feitos relatórios de consultorias contratadas".
O advogado do ex-ministro disse à época à BBC que estava levantando as comprovações dos serviços prestados. Questionado sobre que material seria usado para essas comprovação, disse: "As viagens, as passagens, com quem esteve, as reuniões agendadas, as pessoas se encontrando, conversando, o trabalho de um consultor".

Acusações de propina

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo de 22 de março diz que um dos empreiteiros presos acusados de participar do esquema de corrupção da Petrobras afirmou aos investigadores da Lava Jato que pagamentos feitos à consultoria de Dirceu eram parte da propina cobrada pelo esquema.
De acordo com o jornal, "o presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, disse que os pagamentos a Dirceu eram descontados das comissões que sua empresa devia ao esquema, que correspondiam a 2% do valor de seus contratos na Petrobras".
Além disso, "um representante de outra empreiteira sob suspeita, a Camargo Corrêa, afirmou aos investigadores que a empresa decidiu contratar os serviços de Dirceu por temer que uma recusa prejudicasse seus negócios com a Petrobras", diz a matéria.

Prisão de Dirceu alimenta ofensiva contra PT e complica mês de Dilma

José Dirceu ao ser detido nesta segunda-feira. / TV BRASIL
prisão do ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu (PT) sob a acusação de liderar o esquema de corrupção na Petrobras não foi uma surpresa. Seu nome ronda a Operação Lava Jato desde o início das investigações e seu advogado de defesa, Roberto Podval, esperava que ele fosse preso desde abril. Mas a detenção do homem-forte do Governo Lula na volta do recesso parlamentar provoca um fato político que esquenta a ofensiva da oposição para fazer o PTsangrar durante um mês que já prometia ser nebuloso.
Na superfície, o acontecimento não causa consequências práticas ao Planalto: Dirceu já não integra o Governo há uma década, e nem a presidenta Dilma Rousseff nem o ex-presidente Lula estão oficialmente na mira do juiz Sérgio Moro. Mas na política, muitas vezes, a prática é o de menos. O ex-ministro é um dos nomes mais emblemáticos do PT e seu envolvimento em mais um escândalo (já fora condenado e preso pelo mensalão) é a munição que a oposição – e, em especial, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) – esperavam para retomar as articulações pela abertura de umprocesso pelo impeachment presidencial e para inflar parte da sociedade civil que, descontente com o Governo, pretende ir às ruas novamente no dia 16, com o apoio do PSDB.
O desdobramento disso, porém, também depende de mais um capítulo da Lava Jato: há a expectativa em Brasília de que Cunha seja denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nas próximas semanas e, se isso realmente acontecer, seria uma nova reviravolta no cenário, com o enfraquecimento do peemedebista.“A prisão de José Dirceu é a faísca. Quem de fato é o alvo agora? Para oEduardo Cunha e para a ala aecista [ligada ao senador Aécio Neves] do PSDB, o alvo é a Dilma. Para a maior parte da oposição, o alvo é o Lula, que é um nome forte para 2018 e que só agora começa adesmanchar. [A prisão de Dirceu] É um fato político que marca o início de uma ofensiva mais forte sobre o Lula”, avalia o sociólogo e cientista político Rudá Ricci.
Outra infeliz coincidência para o partido governista é a prisão coincidir com a semana em que estreia seu programa institucional em rádio e TV, o que acaba por ofuscar os esforços do partido em recuperar sua imagem e mobilizar sua militância em torno da defesa do Governo Dilma. As acusações do juiz Sergio Moro, da Lava Jato, não só usam adjetivos fortes contra Dirceu como ligam o escândalo atual ao Governo Lula e ao mensalão, a maior crise do partido até então.
Em nota, o PT foi sucinto e nem citou o nome de Dirceu.  A sigla negou que "as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção". Sem mencionar o ex-ministro nem se aprofundar no tema, o texto diz apenas que "todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral". A defesa pública de Dirceu, um dos maiores nomes da história do PT, também foi tímida. Pela manhã, apenas o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), apareceu para dizer que a prisão dele "abuso de poder" da Polícia Federal.

Blindagem do Governo

No Governo, a determinação clara foi fazer contenção de danos e blindar Dilma Rousseff, o que começou a ser posto em prática nas declarações dos ministros que participaram da reunião semanal de coordenação política com a presidenta na manhã desta segunda. "[A prisão de Dirceu] é uma questão de investigação. Todos nós confiamos na presidenta Dilma e em nenhum momento passa por nós nenhuma expectativa que se aproxime dela e de seu Governo", disse o ministro das Cidades, Gilberto Kassab.
Coube ao petista Jacques Wagner, da Defesa, tentar separar a crise política da economia, sob ameaça das agências de análise de riscos, que sinalizam que podem retirar a recomendação para investimento no Brasil. “Precisamos ter dois canais paralelos: as investigações seguem e o país também segue com suas empresas funcionando e com a economia funcionando. O ambiente é que a gente tem que tentar melhorar para estimular investidores e a própria economia a crescer", disse Wagner. Há uma semana, o próprio Planalto estimou que a Lava Jato já provocou um impacto negativo de 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
A tarefa de evitar que o escândalo respingue na Presidência não é das mais simples. Uma das principais especulações é que Dirceu estaria ressentido por não ter sido defendido publicamente por Lula no auge do caso do mensalão. Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, de junho, o ex-ministro atribuiu à omissão de Lula e Dilma o fato de o PT ter ganhado a pecha de corrupto e disse que estão todos, agora, "no mesmo saco".
Entre os políticos da base de Rousseff em Brasília, o temor é que algum dos outros presos ligados a Dirceu faça um acordo de colaboração com a Justiça e resolva contar como funcionava o suposto esquema dentro da JD Consultoria e Assessoria, a empresa criada por Dirceu que movimentou quase 40 milhões de reais entre 2006 e 2013. Entre seus clientes estavam empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Além do ex-ministro, foram detidos o irmão dele, Luiz Eduardo Oliveira e Silva, sócio na JD, e um ex-assessor chamado Roberto Marques. O cientista político Rudá Ricci, porém, avalia que as chances de que Dirceu revele outros nomes supostamente conectados ao esquema são ínfimas.

Eduardo Cunha contesta Moro e diz que juiz o investigou diretamente


Advogados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rebateram nesta segunda-feira (3) esclarecimentos prestados mais cedo pelo juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato na primeira instância, sobre uma citação feita sobre o deputado.
Contrariando Moro, a defesa de Cunha afirmou que o juiz fez “investigação direta” sobre o parlamentar, o que é proibido e poderia, em tese, levar a anulação dos atos de apuração. Em ofício enviado ao STF nesta segunda, Moro dizia que, além de não investigar Cunha, não pode calar quem depõe em ações e inquéritos que tramitam na 13ª Vara Criminal de Curitiba, sob seu comando.
“Não houve mera referência ao nome do reclamante, mas evidente ato investigatório de supostas condutas a si atribuídas”, afirma o advogado Antonio Fernando de Souza. “O juízo reclamado e o agente ministerial ocuparam-se de questioná-lo diretamente sobre supostas condutas do reclamante, deixando claro o menosprezo deles pela competência dessa Corte Suprema”, diz outro trecho.
O nome do presidente da Câmara foi citado por um dos delatores do caso, o ex-consultor daToyo Setal Júlio Camargo. Em depoimento à Justiça Federal do Paraná no mês passado, o delator disse que Cunha pediu US$ 5 milhões em propina para viabilizar a contratação de navios-sonda por parte da Petrobras. O deputado nega.

Ao tomar conhecimento de que foi citado no depoimento de Júlio Camargo à Justiça Federal, Cunha pediu que a ação fosse paralisada e enviada ao Supremo, instância competente para processar parlamentares.
Além de Camargo, o processo tem como réus o doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró.
Na manifestação ao STF, a defesa de Cunha reitera pedido para suspender a ação, remetê-la ao STF e, posteriormente, anular atos praticados que configurem investigação de Cunha, que, como parlamentar, só pode ser processado e julgado pelo próprio Supremo.
17ª fase da Lava Jato_VALE ESTE (Foto: Arte/G1)

Ministro do STF autoriza transferência de Dirceu para prisão em Curitiba Juiz Moro pediu a ministro Barroso autorização para transferir ex-ministro. José Dirceu ainda cumpre prisão domiciliar por condenação no mensalão.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, autorizou nesta segunda-feira (3) a transferência do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para a cadeia da Polícia Federal em Curitiba.
Preso pela manhã por suposto envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, o petista foi levado inicialmente para a Superintendência da PF em Brasília.
A transferência foi pedida nesta segunda pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato na primeira instância.
Em despacho proferido à noite, Barroso deferiu o pedido, “para o fim de colocar o sentenciado José Dirceu de Oliveira e Silva à disposição do Juízo da 13ª Vara Federal, Subseção Judiciária de Curitiba/PR”, que concentra os processos da Lava Jato na primeira instância.
A mudança do local da prisão dependia de Barroso porque o ministro é relator das execuções penais do processo do mensalão. Condenado por corrupção ativa no caso, Dirceu atualmente cumpre prisão domiciliar na capital federal.
Em abril, Barroso já havia decido de forma semelhante, ao transferir para Curitiba o ex-deputado Pedro Corrêa, que assim como Dirceu, também foi condenado no mensalão e é alvo de investigação na Lava Jato.
Ainda nesta segunda, a defesa de Dirceu protocolou um pedido para mantê-lo em Brasília, alegando que, desde que soube que era investigado, o petista se colocou à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e, que a exemplo de presos condenados, poderia passar o tempo de prisão preventiva perto de familiares. Para o advogado Roberto Podval, que representa Dirceu, o ex-ministro é um "bode expiatório", e a prisão é "política".
Em sua decisão, porém, Barroso considerou que “é perfeitamente justificável” que as apurações sobre o caso se concentrem no Paraná, “na medida em que é lá que se encontram em curso as investigações envolvendo as condutas imputadas ao sentenciado”.
O plano inicial da PF era transferir Dirceu para Curitiba ainda nesta segunda-feira, mas, no início da noite, o delegado Luciano Flores da Silva informou que ele dormirá entre estas segunda (3) e terça-feira (4) na carceragem da PF em Brasília.
Os outros presos nesta 17ª fase da Lava Jato, incluindo o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, também serão transferidos para a capital paranaense.
As investigações também apontaram que propinas eram pagas à JD Consultoria, empresa de Dirceu e de seu irmão, suspeita de receber por serviços que não teriam sido executados. A assessoria de Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de Dirceu, afirmou que não há justificativa para a prisão e que, por enquanto, não haverá recurso da defesa porque se trata de prisão temporária.Para investigadores do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, Dirceu participou da instituição do esquema de corrupção da Petrobras quando ainda estava na chefia da Casa Civil, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o MPF, Dirceu indicou Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras e, a partir disso, se organizou o esquema de pagamento de propinas.
O juiz Sérgio Moro escreveu no despacho de prisão de José Dirceu que o ex-ministro "teria insistido" em receber dinheiro de propina em contratos da Petrobras mesmo após ter deixado o governo, em 2005.
17ª fase da Lava Jato_VALE ESTE (Foto: Arte/G1)

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Muito triste substituir o verdadeiro pelo artificial, que merda que esse dentista fez com todo o planeta! Por causa da doença de matar "mente doentia dele" está fazendo todo planeta chorar...

A fabricante de brinquedor Ty Inc. criou um “Cecil o Leão” de pelúcia para arrecadar fundos para programas de conservação animal.
O presidente da Ty. Inc, Ty Warner, disse na segunda (3) que a companhia, que tem sede no subúrbio de Westmont, em Chicago, espera que o brinquedo desperte atenção para a conservação animal e “dê conforto a todos entristecidos pela perda de Cecil”.

Ty disse que todos os lucros das vendas de “Cecil o Leão” serão doados à Unidade de Pesquisa e Conservação Animal da Universidade de Oxford, na Inglaterra, que monitorava e estudava o comportamento do leão no Zimbábue. O brinquedo estará à venda no final de setembro, por US$ 5,99.

Ex-companheiros de luta contra ditadura se dividem sobre prisão de Dirceu Mariana Schreiber Da BBC Brasil em Brasília

Reproducao
José Dirceu (o segundo em pé, da esquerda para a direita), junto com prisioneiros políticos libertados em troca do embaixador norte-americano em 1969. Vladimir Palmeira está no meio, sentado; sequestro de embaixador teve participação de Venceslau.
Colegas de José Dirceu na luta contra a ditadura militar lamentaram a prisão do petista nesta segunda-feira, em mais uma fase da Operação Lava Jato, mas se dividiram quando o assunto é a confiança na inocência do ex-ministro.
Dirceu foi detido preventivamente sob suspeita de usar sua firma de consultoria como meio de obter propinas de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras.
Em 1969, Dirceu estava entre os 15 presos políticos libertados pelo regime militar em troca da liberação do então embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, que havia sido sequestrado por militantes de esquerda.
Um dos participantes do sequestro, o economista Paulo de Tarso Venceslau disse acreditar que o ex-ministro tenha seguido o caminho da corrupção por ambição por poder e enriquecimento.
"Para mim, é um momento de profunda tristeza. Fui seu companheiro, temos uma história juntos. Depois rompemos. Ele pegou os caminhos e deu no que deu", disse Venceslau.
"O poder corrompe. Aquilo tinha uma conotação ideológica, chegar ao poder por meio dos operários, dos movimentos sociais... Com a proximidade do poder em si, as pessoas mudam. Dirceu não resistiu (...) sempre foi ambicioso", disse.
Já Vladimir Palmeira, ex-líder estudantil que foi libertado junto com Dirceu após o sequestro do embaixador americano, afirmou acreditar que o ex-companheiro de resistência agiu legalmente como consultor, e que sua prisão é um "espetáculo".
"Recebo a notícia (da prisão) com tristeza porque ele é meu amigo. Em segundo lugar, acho estranho, pois ele já está preso. Prenderam um preso. Sou a favor das investigações da Lava Jato, acho que (o juiz federal Sérgio) Moro está fazendo um trabalho importante, mas me parece que há um certo exagero nas prisões", criticou Palmeira.
"A prisão preventiva é para (o acusado) não atrapalhar as investigações, mas Dirceu já está preso. Uma coisa é levá-lo para depor em Curitiba, ele é acusado, pode responder. Mas não vejo sentido em decretar nova prisão", acrescentou.
O ex-ministro da Casa Civil do governo Lula foi preso após ser condenado em 2012 no julgamento do mensalão. Atualmente cumpre pena em regime domiciliar.
Assim como Dirceu, Palmeira foi líder estudantil durante a ditadura e participou da fundação do PT nos anos 1980. Deixou o partido em 2011 quando a legenda aceitou a refiliação do ex-tesoureiro Delúbio Soares, também considerado culpado no processo do mensalão.
Apesar de reconhecer a existência do esquema de corrupção, Palmeira disse considerar que não há provas do envolvimento do Dirceu no mensalão - e reafirmou a confiança na inocência do ex-ministro em relação às suspeitas da Lava Jato.
"Conversei semana passada com ele e me pareceu tranquilo. Dirceu sempre foi tranquilo nos momentos de adversidade", observou.
Em entrevista coletiva nesta segunda, Roberto Podval, advogado de Dirceu, afirmou que a prisão do ex-ministro "não tem justificativa jurídica". Podval disse ainda que a ação foi desnecessária e anunciou que irá recorrer da decisão.

"Acreditar em consultoria é crença em Papai Noel"

Já Venceslau, que também já foi amigo próximo de Dirceu, hoje tem uma visão bem diferente do ex-companheiro.
Após a volta de Dirceu ao Brasil, feita de forma clandestina em 1974, ele chegou a abrigá-lo em sua casa.
Durante o convívio com o companheiro no início dos anos 1980, Venceslau conta que Dirceu costumava relatar o desejo de montar um negócio de consultoria como advogado que lhe rendesse algo como US$ 10 mil por mês, para alcançar autonomia financeira.
Um relatório da Receita Federal produzido por determinação do juiz Sérgio Moro, que julga as denúncias da Lava Jato em primeira instância, revelou que a empresa de Dirceu, a JD Consultoria, recebeu R$ 29,3 milhões entre 2006 e 2013.
Abr
Ex-ministro foi detido sob suspeita de receber propina de empresas envolvidas em esquema de corrupção na Petrobras.
Ao menos quatro empreiteiras sob investigação no esquema de corrupção da Petrobras fizeram pagamentos à empresa do petista - a OAS (R$ 2,99 milhões), a UTC (R$ 2,32 milhão), a Engevix (R$ 1,11 milhão) e a Camargo Corrêa (R$ 900 mil).
"Quem acredita em Papai Noel acredita que ele fez uma consultoria", ironizou Venceslau.
A defesa do ex-ministro afirma que os serviços de consultoria foram prestados corretamente e que os pagamentos são legais.

"Embrião da corrupção"

O rompimento entre Venceslau e Dirceu ocorreu nos anos 1990, quando o PT foi alvo de denúncias de corrupção em prefeituras no Estado de São Paulo.
Venceslau, que expôs irregularidades que teria detectado quando era secretário de Finanças de São José dos Campos, em 1993, acabou expulso do partido.
Já Palmeira, embora mantenha-se fiel a Dirceu, também afirma que o PT tornou-se corrupto. Após deixar o PT, ele se filiou ao PSB, em 2013.
"Como partido de esquerda o partido (PT) faliu, e terá dificuldade em se manter como um partido qualquer de centro porque está muito envolvido em corrupção. Agora, é um problema geral do sistema político brasileiro. O PT virou um partido igual aos outros".

PT nega suspeitas

Em nota divulgada nesta segunda, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido "refuta as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção".
O comunicado diz ainda que "todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral".