sábado, 4 de julho de 2015

Policial em frente à sede da Petrobras durante protesto no Rio de Janeiro. 4/3/2015. REUTERS/Sergio Moraes 1 de 1Versão na íntegra Por Marta Nogueira RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras deverá realizar a cada três meses análises sobre o atual plano de negócios, com o objetivo de avaliar premissas e riscos e para evitar que investidores se frustrem pelo eventual não cumprimento das metas, como vem acontecendo nos últimos anos, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto nesta sexta-feira. A medida atende a um pedido dos membros do Conselho de Administração feito na reunião que aprovou o plano de negócios 2015-2019, em 26 de junho. "O plano de negócios é muito importante para a empresa, então o Conselho quer estar bem atualizado sobre como ele está sendo levado, se tem alguma modificação que precisa ser feita", afirmou à Reuters a primeira fonte, na condição de anonimato. A fonte destacou que mesmo que a empresa faça tudo como o planejado, o cenário pode mudar. "Tem coisas que estão sob nosso controle e outras que não estão", afirmou a fonte. "Eu acho que isso era o que todo mundo queria, que o Conselho fosse participativo, se envolvesse bastante, e é isso que está acontecendo." Uma reunião extraordinária do Conselho foi realizada já na quinta-feira, 2 de julho. Nesse encontro, a pedido dos conselheiros, foram apresentadas análises mais profundas sobre a viabilidade da atual curva de produção e do cronograma de obras de plataformas. Também foram avaliados os cenários apresentados pela Petrobras para os preços do petróleo tipo Brent e para o dólar. "O plano foi aprovado na sexta (26 de junho), mas ficaram esses esclarecimentos para serem apresentados", disse a segunda fonte, também pedindo para não ser identificada. "Essas análises serão feitas agora de três em três meses para que haja a possibilidade ou não de o plano ser revisado."

Policial em frente à sede da Petrobras durante protesto no Rio de Janeiro.  4/3/2015. REUTERS/Sergio Moraes
Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras deverá realizar a cada três meses análises sobre o atual plano de negócios, com o objetivo de avaliar premissas e riscos e para evitar que investidores se frustrem pelo eventual não cumprimento das metas, como vem acontecendo nos últimos anos, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto nesta sexta-feira.
A medida atende a um pedido dos membros do Conselho de Administração feito na reunião que aprovou o plano de negócios 2015-2019, em 26 de junho.
"O plano de negócios é muito importante para a empresa, então o Conselho quer estar bem atualizado sobre como ele está sendo levado, se tem alguma modificação que precisa ser feita", afirmou à Reuters a primeira fonte, na condição de anonimato.
A fonte destacou que mesmo que a empresa faça tudo como o planejado, o cenário pode mudar.
"Tem coisas que estão sob nosso controle e outras que não estão", afirmou a fonte. "Eu acho que isso era o que todo mundo queria, que o Conselho fosse participativo, se envolvesse bastante, e é isso que está acontecendo."
Uma reunião extraordinária do Conselho foi realizada já na quinta-feira, 2 de julho. Nesse encontro, a pedido dos conselheiros, foram apresentadas análises mais profundas sobre a viabilidade da atual curva de produção e do cronograma de obras de plataformas. Também foram avaliados os cenários apresentados pela Petrobras para os preços do petróleo tipo Brent e para o dólar.
"O plano foi aprovado na sexta (26 de junho), mas ficaram esses esclarecimentos para serem apresentados", disse a segunda fonte, também pedindo para não ser identificada.

"Essas análises serão feitas agora de três em três meses para que haja a possibilidade ou não de o plano ser revisado."

"Passaremos fome, mas estaremos de pé" Na última noite de campanha antes do referendo do próximo domingo, centenas de milhares de gregos saíram às ruas de Atenas para gritar 'Sim' ou 'Não' Ler mais: http://visao.sapo.pt/passaremos-fome-mas-estaremos-de-pe=f824610#ixzz3evJCgkR9

Na última noite de campanha antes do referendo do próximo domingo, centenas de milhares de gregos saíram às ruas de Atenas para gritar 'Sim' ou 'Não'. Tsipras repetiu que o voto pelo 'Não' é um voto para "viver em dignidade dentro da União Europeia", e os apoiantes do 'Sim' insistiram que um resultado negativo põe a Grécia de fora da Zona Euro. 
 

No palco do comício pelo 'Sim' há dois ecrãs gigantes que ampliam os rostos daqueles que discursam para a multidão, essencialmente composta por pessoas de meia-idade e jovens adultos. Na avenida do Estado Olímpico, empresários, políticos e figuras mediáticas discursam sobre as consequências negativas da saída da Grécia da Zona Euro e da União Europeia. Um pai de família sobe ao palco para dizer: "O meu filho é autista. Se a Grécia sair do euro, não poderei continuar a comprar-lhe a medicação. A Grécia tem de ficar na Zona Euro para que todos possam encontrar os seus remédios", diz. Dezenas de milhares de pessoas gritam 'Sim', aplaudem e agitam enormes bandeiras azuis e brancas e azuis com estrelas douradas. Todas usam os mesmos autocolantes e cartazes coloridos com a palavra 'Nai' (Sim, em grego). Uma mulher limpa as lágrimas, emocionada com o discurso. 
Orestis, 30, artista visual, diz à VISÃO que veio ao comício desta sexta-feira porque quer que "a Grécia continue a ser um país europeu". Está preocupado com o resultado do referendo de domingo porque acha que será 50/50. "As pessoas na Grécia estão muito divididas", lamenta. "Isto vai ser um grande problema".
Entre os apoiantes do 'Sim' encontramos uma antiga ministra grega, Fani Palli-Petralia , responsável pela pasta do Emprego e da Proteção Social em 2007, Governo do Nova Democracia. Fani Palli-Petralia não acha que a divisão do povo grego seja um problema porque é temporária: "Eles querem dividir-nos, mas não vão conseguir. Temos de convencer todos os gregos a votar pelo 'Sim' e amanhã trabalharemos juntos", diz à VISÃO.  Depois, acrescenta que segue a situação em Portugal e que deseja que a Grécia faça reformas semelhantes. 
A manifestação pelo 'Sim' ficou circunscrita à zona do Estádio Olímpico, o que facilita a deslocação até à praça Sintagma, onde os apoiantes do 'Não' esperam pelo discurso de Alexis Tsipras. Pelo caminho, ouvimos um homem visivelmente irritado gritar ao telemóvel: "Eu não gosto do euro!!! É assim tão difícil perceber isto?". 


Junto ao Parlamento, há gregos que se equilibram no topo das paragens de autocarros. A circulação pela praça é difícil porque há muitos manifestantes no centro e nas avenidas em redor do Parlamento. Há menos bandeiras e cartazes deste lado. Jovens, adultos e idosos transportam pequenos folhetos com a palavra 'Oxi' (Não). Um homem mais velho escreveu num desses papéis: "Não ao desemprego jovem!". 
Alexis Tsipras sobe ao palco para dizer aos gregos que escolham "viver em dignidade dentro da Europa e dentro do euro". Depois, ataca os líderes europeus, dizendo que estes não podem "ameaçar dividir a Europa". A multidão grita 'Bravo' e 'Oxi' e bate palmas. A última mensagem do primeiro-ministro é contra a polarização da sociedade: "Na segunda-feira temos de trabalhar juntos para criar um melhor futuro". 
Maria, 34, vai votar 'Oxi' no próximo domingo. Esta economista pensa que tal voto não implica a saída da Grécia da Zona Euro, mas defende que essa seria a melhor solução. "Deixar o euro é a única esperança para nós. O problema não é económico, é político. A conversa da dívida é apenas uma arma para controlar o povo. As pessoas deviam abrir os olhos e perceber que os mercados estão a decidir as nossas vidas. Isto não é justo", diz. 
Taikis Ahtypis, 58, pede para ser entrevistado pela VISÃO. É um apoiantes do 'Sim', mas quis "espreitar" o comício do lado oposto. Defende que o referendo de domingo é "ridículo" porque não se pode deixar uma "decisão tão importante" nas mãos do povo. Além disso, Taikis Ahtypis critica as particularidades desta votação. Sabe-se, por exemplo, que, ao contrário de outras votações, o 'Não' vai aparecer em primeiro lugar nos boletins de voto. A pergunta colocada no boletim é complexa e inclui vários termos técnicos em inglês (traduzidos em grego entre parêntesis), o que, temem alguns, possa dificultar a compreensão por parte dos votantes. 
Depois de Tsipras discursar, é a vez de Sokratis Malamas, um dos cantores gregos mais populares, tomar o palco e aparecer nos ecrãs gigantes instalados na Sintagma. O comício transforma-se em concerto. Todos sabem as letras de cor e cantam, enquanto tentam avançar numa praça Sintagma a rebentar pelas costuras. 
Junto ao ministério das Finanças, a VISÃO fala com duas mulheres apoiantes do 'Não'. Theodora Dimitrakopoulous, 40, é professora de Estatística na Universidade de Atenas, e diz-nos que "todos os gregos devem votar 'Não' porque, nos últimos anos, a austeridade destruiu a economia, fazendo subir o desemprego, o número de suicídios e a fome." Theodora Dimitrakopoulous defende que aquilo que está a acontecer na Grécia é uma estratégia para fazer do país "um exemplo, para que os outros países do sul não se revoltem". Quando lhe perguntamos o que vai fazer se os bancos não abrirem segunda-feira, Theodora Dimitrakapoulous para para pensar e olha para a familiar, Giorgia Dimitrakapoulous, 38 anos, professora do ensino primário, que hesita por poucos segundos, mas acaba por responder na vez dela. Giorgia olha-nos com intensidade e diz, determinada: "Passaremos fome como os outros gregos. Passaremos fome juntos. Mas estaremos de pé."


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Aliança do Pacífico aceita novos observadores e mira em PMEs


A presidente chilena, Michelle Bachelet, e o presidente peruano Ollanta Humala durante a cúpula da Aliança do Pacífico, em Paracas, Peru, no dia 3 de julho de 2015
A X Cúpula da Aliança do Pacífico terminou nesta sexta-feira no Peru com a incorporação de dez novos países observadores e um projeto para incluir as pequenas e médias empresas (PMEs) no fortalecimento de seu comércio e nos planos de luta contra a pobreza.
A projeção internacional desse bloco comercial, conformado por Peru, Colômbia, México e Chile, tem como eixo a afinidade em torno do livre-comércio e da democracia para somar forças e sinergias e despertou amplo interesse. Agora, conta com 42 países observadores.
"A Aliança do Pacífico (AP) é um grande motor que dinamiza nossas economias, é uma janela de oportunidade para os quatro países para melhorar a qualidade de vida que quer projetar para o mundo", disse o presidente peruano, Ollanta Humala, durante o fechamento do evento que começou na noite de quinta-feira na baía de Paracas (260 km ao sul de Lima).
Na Declaração de Paracas, assinada pelos presidentes Michelle Bachelet, do Chile; Humala, do Peru; e Enrique Peña Nieto, do México; além da chanceler da Colômbia, María Ángela Holguín, ficou acordada a criação de um fundo de capitalização para pequenas e médias empresas.
"O Fundo de Capital Empreendedor dos países da Aliança do Pacífico deve iniciar operações no ano 2017", afirma o texto.
"Não é um acordo de livre-comércio avançado, é um espírito de integração que não olha apenas para temas econômicos e comerciais como para outros temas, como educação e os níveis de pobreza", acrescentou Humala em uma tácita crítica aos presidentes da região, como o boliviano Evo Morales, que questionam o bloco.
O PIB conjunto dos quatro integrantes representa a oitava economia do mundo.
Neste encontro, a Aliança aceitou a incorporação de outros dez países como "estados observadores". Entre eles estão Indonésia, Tailândia, Grécia, Austrália e Polônia, afirmou a chanceler colombiana.
Ainda não se falou da possível inclusão, como membros plenos, dos aspirantes Panamá e Costa Rica.
"A Aliança do Pacífico é um dos instrumentos mais poderosos e dinâmicos da região e do mundo", enfatizou Bachelet.
A presidente chilena ressaltou a importância de projetar o bloco comercial para outras regiões, mencionando os países do Sudeste Asiático e do Mercosul.

O presidente peruano, Ollanta Humala, durante a cúpula da Aliança do Pacífico, em Paracas, Peru, no dia 3 de julho de 2015
Em Paracas, o bloco enfatizou a cooperação entre os setores da educação e das pequenas empresas como parte do impulso necessário para sair da pobreza e melhorar a qualidade de vida.
Um dos acordos alcançados foi a criação de um Fundo de Capitalização para Pequenas e Médias Empresas, que funcionará com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Corporação Andina de Fomento (CAF).
Em 2016, o BID implantará um fundo global de apoio a PMEs e parcerias público-privadas de US$ 2 bilhões, disse em Paracas o presidente do banco de fomento, Luis Alberto Moreno.
Parte do montante iria para a Aliança.
Os quatro países da Aliança reúnem 216 milhões de habitantes e têm um PIB de US$ 2,1 bilhões, que representa 37% do total da América Latina.

“Eu daria um Nobel a Jorge Amado, porque ele deu a mim o seu Brasil” Ngugi wa Thing’o, autor de um clássico da literatura africana, finalmente aterrissa no Brasil

Ngugi wa Thiong'o. / DIVULGAÇÃO
Ngugi wa Thing’o, de 77 anos, está pela primeira vez em sua vida na América do Sul por ocasião da 13ª Festa Literária de Paraty. O escritor queniano, uma das maiores referências da África em literatura que está sempre às portas de um prêmio Nobel, tem uma história de luta pela libertação de seu país. Na década de 60, quando a colonização do continente africano estava em cheque, terminando na queda de vários governos, ele lutou pela emancipação do Quênia das mãos dos britânicos ao lado de jovens intelectuais que, como ele, eram recém-saídos da universidade.
O livro tornou-se um clássico da literatura africana do século passado e, lançado pouco depois da independência do Quênia, fala dos conflitos entre colonizadores e nativos nesse contexto específico. Assim como Sonhos em tempos de guerra, de 2010, o primeiro número de sua ainda inacabada trilogia de memórias, e outro título a ser lançado no país por ocasião da Flip – desta vez, pela Biblioteca Azul.Em paralelo ao seu trabalho permanente em teatro, escreveu um primeiro romance, Weep not, child, em 1964. Mas foi com Um grão de trigo – lançado três anos depois, e só publicado no Brasil pela Alfaguara no final de 2014 – que ele alcançou reconhecimento mundial.
Segundo Ngugi [lê-se gugui], o tema da colonização, que permeia toda sua obra, também é responsável por sua vinda ao Brasil, que “tantas semelhanças” guarda com sua terra natal. É leitor entusiasmado de Jorge Amado, autor brasileiro a quem ele entregaria um prêmio Nobel, e diz que a questão da disputa pela terra, presente na obra do baiano, o leva de volta ao Quênia, assim como o tema da escravidão. "Quando estou em Paraty, banhada pelas águas do oceano Atlântico, estou de frente para a África, especialmente para Angola. Muitos africanos vieram para cá contra a sua vontade, para participar da construção de cidades como essa. Mesmo andando nessas ruas de pedra, estou muito consciente dessa história de sangue”, diz.
Pergunta. Qual é a importância de estar na Flip hoje e visitar o Brasil pela primeira vez?
Resposta. Estou muito feliz de estar aqui. Já tinha escutado falar do evento e vim a convite da minha editora, que está publicando dois dos meus livros em português. O Brasil tem uma grande presença de africanos e é um país importante para nós. Está sempre presente em nossas mentes. Li Jorge Amado – Gabriela, cravo e canela – e tenho uma proximidade com alguns intelectuais do país através do meu trabalho em teatro comunitário no Quênia, em que fui muito impactado pelo trabalho de Paulo Freire, que escreveu Pedagogia do oprimido. Outro brasileiro que me impactou muito, também no teatro, é Augusto Boal. Eu estava preso em 1977 e, na prisão, usava o trabalho dele. Também fomos parte, os dois, do conselho de uma revista teatral chamada Drama Magazine, mas nunca o conheci em pessoa. Estou muito animado. E estou curioso de ver como a questão do negro é vista aqui.
P. O escritor cubano Leonardo Padura, que também está nesta Flip, acredita que um escritor deve antes de tudo escrever bem e depois, se for o caso, falar de política. O que você acha?
R. Faço das palavras dele as minhas. Seja o que for que um escritor faça ou pense, ele precisa primeiro saber escrever bem. Um escritor não é um historiador, nem um cientista político, nem um economista. É um artista. Dito isso, as condições econômicas e políticas e também as práticas sociais impactam no trabalho do artista. Ninguém pode escapar disso. Como escritor, estou interessado na qualidade da vida humana, em como acontece a distribuição da riqueza e também no impacto das relações. Como africano, me interessam também as questões de raça, a condição da raça negra, como ela é afetada, sua visibilidade. Na África e especialmente no Quênia, há uma distância cada vez maior entre ricos e pobres – cresce a concentração de renda à medida que o continente vai se desenvolvendo. Olho para o mundo, como escritor, e vejo um grupo bem pequeno, em geral de países do Ocidente, que são ricos, e uma enorme maioria de países pobres. Mas esses ricos dependem muito dos recursos dos pobres, especialmente da África. Quando visito um país, sempre presto atenção em quantos mendigos e sem-tetos há na rua e também na população carcerária. É aí que você mede o nível de desenvolvimento de um lugar. Nos Estados Unidos, por exemplo, você tem dois milhões de pessoas encarceradas. São quatro Islândias na prisão! A riqueza não se mede pela quantidade de milionários de um país.
P. Você já foi muitas vezes apontado como um forte candidato ao prêmio Nobel. Que importância isso tem para você?
R. Claro que fico muito lisonjeado e feliz que o meu trabalho possa valer um Nobel. Mas meu verdadeiro Nobel é quando alguém me diz como um livro o impactou, como aquela situação que descrevo é de alguma maneira semelhante ao que ele vive ou viveu. Isso me diz que vale a pena todo o esforço de escrever. Se alguém puder sentir mais esperança na possibilidade do mundo mudar, sinto que a minha imaginação vale a pena. Se meu trabalho serve para imaginar um mundo melhor, não aceitar a derrota, pensar que é possível de fato abolir a pobreza do mundo, sinto que já ganhei meu Nobel.
P. No Brasil, há quem acredite que nenhum autor tenha ganhado o Nobel em grande parte porque o português não é um idioma muito falado no mundo.
R. Verdade, mas é preciso lembrar que o Nobel é um prêmio dado uma vez ao ano. O verdadeiro prêmio é aquela conexão que se cria entre o escritor e um leitor em especial. No Brasil, eu daria o Nobel aJorge Amado, porque ele deu a mim o seu Brasil, ou seja, conseguiu me transmitir ao menos o Brasil dele, que é o que um escritor deve fazer.
P. Você começou escrevendo livros em inglês nos anos 50 e depois assumiu seu idioma natal, o gikuyu, na década de 1970. O que significa, para você, escrever em sua própria língua?
R. Escrevi em inglês meus primeiros quatro romances, inclusive Um grão de trigo. Quando fui preso, em 1977, foi porque escrevi uma peça de teatro em gikuyu. Por isso, tomei a decisão política, de resistência, de escrever sempre no meu idioma original. No livro A mente colonizada, eu falo dessa questão. As línguas pra mim são muito importantes e acho que ninguém deveria perder a sua língua materna. Se vou para o Japão, gosto de escutar japonês; se estou no Brasil, o português. Por que não acontece o mesmo com as línguas africanas, quando estou na África? É por isso que fiz essa mudança. Não há contradição em manter sua própria língua e adquirir novas. É mais poder. Não estamos tirando nada. A perda de qualquer idioma no mundo, ainda que pequeno, é uma grande perda para a cultura da humanidade.
P. Muitos escritores preferem se afastar de sua história pessoal para imaginar histórias distantes de suas vidas. Você mergulha em cheio na sua própria vida para escrever. Isso é difícil?
R. De fato, muito da minha história pessoal e principalmente da história do meu país faz parte do meu trabalho. O Quênia é um país que foi colonizado pela Inglaterra, assim como o Brasil foi por Portugal. Em Jorge Amado, li sobre a questão agrária, dos latifúndios aqui, e ela é muito parecida à realidade que vivi: a terra sendo tirada de pessoas comuns, que têm direito a ela. Eu uso isso no livro Um grão de trigo. Falo de homens e mulheres que foram às armas para lutar por terra, porque sentiram que era possível. Por outro lado, acho que imaginar tudo é mais difícil na hora de escrever, ainda que nem sempre a fantasia seja completamente inventada. Fantasias fazem parte do nosso ser social – e elas são fascinantes. A fantasia e a arte ajudam na expansão da nossa imaginação. São produto dela, mas a alimentam de volta. Assim como o corpo precisa de comida e água, a alma precisa de espiritualidade e a imaginação, desse alimento.
P. Como foi crescer com quatro mães e um pai?
R. Onde nós vivíamos, havia quatro cabanas dispostas em um semicírculo, uma para cada esposa do meu pai, e essa área comum era onde todas as noites contávamos muitas histórias. Do ponto de vista das crianças – não estou falando das mães – era fantástico. Depois minha mãe se separou, e eu passei a viver só com uma mãe e nenhum pai. Ambas as experiências foram felizes. Li um livro recentemente em que o autor tinha nove irmãos, e aplicava a teoria dos conjuntos e semiconjuntos para calcular a quantidade de combinações que havia entre eles. No meu caso, são 25 irmãos. Imagine quantas possibilidades...

Sérgio Moro cita Homem-Aranha: “Mais poder, mais responsabilidade” Magistrado que prendeu empreiteiros diz que Lula não é seu alvo e só pensa em tirar férias Moro: O juiz que sacode o Brasil

O juiz Moro durante evento da Abraji, em São Paulo. / LALO DE ALMEIDA (FOLHAPRESS)
Alçado ao status de celebridade nacional e super herói antipetista, o juiz federal Sérgio Moro (Maringá, 1972) diz que não tem prazer em condenar criminalmente ninguém. Responsável por mandar para a cadeia, ainda que temporariamente, dezenas de empreiteiros, lobistas e políticos, o jovem magistrado paranaense não se vê como uma referência nacional e até demonstra um certo desconforto com isso. “Não sou uma celebridade”, disse nesta sexta-feira para uma plateia com quase 500 jornalistas e estudantes de comunicação do Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo.
Em pouco mais de uma hora de conversa, Moro não tratou especificamente da Lava Jato porque é um caso que vai julgar futuramente e não quer ter sua decisão tecnicamente questionada. Apenas negou que seu objetivo seja prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Ao vivo, não soa vulcânico como nos despachos em que dialoga com o noticiário e defende as prisões que faz. Optou por um discurso de humildade ao tratar da importância de seu papel na Operação Lava Jato: “Sou uma peça dentro de um processo muito mais amplo”. De fato, é. Magistrado de primeira instância, Moro só age em resposta à rígida atuação de uma força-tarefa formada por procuradores da República e policiais federais. Além disso, por mais que suas decisões tenham tido repercussão internacional, já que raramente se vê tanta gente endinheirada atrás das grades, elas ainda poderão ser revistas em dois ou três tribunais superiores.
Durante um descontraído bate-papo com os participantes do evento, ele evitou dar detalhes de sua vida pessoal. Não falou quantas horas trabalha por dia, se gosta de ler livros ou assistir à televisão e muito menos tratou de sua segurança pessoal. “Não falo sobre segurança por questões de segurança”. Evitou também opinar sobre questões que não são de sua esfera de atuação – lavagem de dinheiro –, como a redução da maioridade penal aprovada em primeira votação pela Câmara dos Deputados nesta semana. Analisando o sistema judiciário nacional o classificou como moroso, especialmente quando se trata de crimes de colarinho branco.
Sou uma peça dentro de um processo muito mais amplo
Sergio Moro, juiz federal
Sobre as críticas (algumas bastantes duras) que recebe por conta de suas decisões e rígidos despachos foi categórico: “Não sou nenhuma besta-fera”. Disse que atua de maneira reativa e, em outro momento, afirmou que julga sempre de acordo com as provas que constam do processo e nem sempre consegue responder a tudo que se fala sobre a operação. “Não se pode jogar uma pedra em todo cão que ladra.”

Economia

Desde que a Lava Jato estourou, representantes do Governo Dilma Rousseff (PT) se adiantaram numa operação para tentar resguardar a atuação das empresas investigadas em obras públicas. O principal argumento utilizado era que, sem elas, a economia do Brasil poderia sofrer um retrocesso porque boa parte da infraestrutura brasileira que está em construção depende dessas construtoras.
Diante desse argumento e questionado pelo mediador do evento, o apresentador Roberto d’Ávilla , Moro usou uma metáfora que ele próprio não considera tão feliz, mas válida. “O policial que descobre o cadáver não é culpado por homicídio. Acho que uma série de problemas vinham se acumulando há tanto tempo sem uma resposta adequada por parte de nossas instituições e, de repente, esses problemas apareceram de maneira bastante clara e o custo de solução deles é bastante grande. Mas eu indago: qual seria o custo se esse esquema tivesse continuidade?”.
Num outro momento, usaria uma frase do Homem-Aranha (mais precisamente, do tio de Peter Parker, Ben) para criticar o foro privilegiado — a possibilidade de que políticos sejam julgados em tribunais superiores — que, segundo ele, é "o contrário da igualdade". “Como eu gostava muito de revista em quadrinhos, lembro daquelas frases do Homem-Aranha onde dizia ‘quanto maior o poder, maior a responsabilidade’”
O pouco que falou de si foi que a operação Lava Jato o colocou em um processo de intenso estresse. Até por isso, quando tem de planejar sua vida a longo prazo, só consegue pensar uma coisa. “Quero tirar longas férias depois disso tudo."

Sede legal da Ferrari deve ser levada para a Holanda Afirmação é do presidente da montadora, Sergio Marchionne

Ferrari será separada da Fiat Chrysler Automobiles (foto: ANSA)
Ferrari será separada da Fiat Chrysler Automobiles (foto: ANSA)TURIMZLR
(ANSA) - O presidente da Ferrari, Sergio Marchionne, afirmou nesta sexta-feira (3) que a sede legal da montadora "provavelmente" será transferida da Itália para a Holanda após a sua abertura de capital, assim como aconteceu com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), grupo do qual ele é CEO.
    "Mas ela pagará todas as taxas na Itália, onde produz", garantiu Marchionne. Neste caso, a Ferrari vai se diferenciar da FCA - que é sua controladora -, cuja base fiscal foi levada para Londres, no Reino Unido.
    Além disso, o CEO disse esperar que a montadora de Maranello arrecade pelo menos 10 bilhões de euros em seu IPO, que deve acontecer ainda no segundo semestre deste ano. (ANSA)
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Após quase 5 dias, Solar Impulse 2 chega ao Havaí Percurso era o mais difícil da viagem de volta ao mundo

Imagem do avião Solar Impulse 2 (foto: EPA)
Imagem do avião Solar Impulse 2 (foto: EPA) ROMAZLR
(ANSA) - Quase cinco dias depois de ter decolado de Nagóia, no Japão, o avião Solar Impulse 2 aterrissou nesta sexta-feira (3) no Havaí (EUA), concluindo assim a etapa mais longa de sua viagem de volta ao mundo para promover as energias renováveis.
    O pouso aconteceu no aeroporto de Kalaeloa, após um voo ininterrupto de exatos quatro dias, 21 horas e 51 minutos. Durante o percurso, o piloto suíço André Borschberg ficou em uma cabine não pressurizada e exposta a uma grande variação térmica e não pôde dormir por mais de 20 minutos consecutivos. Para relaxar, ele praticava ioga.
    Em sua travessia, Borschberg estabeleceu pelo menos três recordes: o voo solitário mais longo de todos os tempos e o maior, tanto em distância como em duração, entre aqueles movidos por energia solar. Ao todo, a aeronave, que funciona por meio de células fotovoltaicas instaladas em suas asas, irá percorrer 35 mil km, divididos em 12 etapas. (ANSA)
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