segunda-feira, 8 de junho de 2015

Irmã de doador conhece homem que recebeu rosto do irmão: ‘Vejo o Josh’ Mais de 140 profissionais participaram da operação que é raríssima e arriscada. Resultado foi um feito incrível na história da medicina.

Duas pessoas que nunca se viram na vida. Duas tragédias que se cruzaram de maneira inesperada. E um momento que jamais será esquecido. A história de um encontro emocionante.
Três anos atrás, a americana Rebekah recebia uma notícia terrível. O irmão dela, de apenas 21 anos, tinha morrido atropelado. O rosto de Joshua, que ela tanto conhecia, ela não poderia tocar nunca mais.
“O mais difícil foi ver meus pais passarem por aquilo, com o filho deles”, lembra Rebekah.
Tiro no próprio queixo
Naquele mesmo dia, Richard ouvia uma notícia que esperava havia muito tempo. Ele ia receber um novo rosto. Quinze anos antes, Richard chegou em casa bêbado e, durante uma discussão, deu um tiro no próprio queixo. Ficou completamente desfigurado.
“Eu não me reconhecia quando me via no espelho.”, conta Richard
Os médicos viram que os traços de Joshua e Richard eram parecidos. Finalmente havia chegado a hora de tentar um transplante facial. Uma operação raríssima e extremamente arriscada. O rosto do irmão de Rebekah ganharia um novo dono. E Richard começou a sonhar com o que parecia impossível: voltar a ter uma vida normal.
Se escondendo dos 22 aos 37 anos
Os pais de Richard contam que dos 22 aos 37 anos, ele seguiu seus dias se escondendo dos outros.
“Daqui para baixo, tinha saído tudo.”, lembra a mãe de Richard.
Como a língua ficou destruída, o Richard não conseguia falar e se alimentava por um tubo conectado ao estômago.
“Quando vinha alguém em casa, ele não se sentava na mesa com a gente.”, conta o pai de Richard.
Só saía na rua de máscara.
Mãe procurou solução na internet
“Eu me perguntava: ‘o que eu devo fazer? o que eu posso fazer?’”, lembra a mãe de Richard.
Desesperada, a mãe se dedicou a procurar uma solução na internet. E descobriu a equipe do cirurgião plástico Eduardo Rodriguez.
“Não tenho ideia de como ele voltaria a se relacionar com as pessoas, se eu não ajudasse ele.”, diz o médico Eduardo Rodriguez.
“Foi então que eles perguntaram se a gente poderia doar o rosto do meu irmão para alguém. Fiquei pensando em alguém andando por aí se parecendo com ele. Como seria isso?”, conta Rebekah.
“A família poderia ter facilmente negado, mas eles escolheram o contrário.”, lembra Richard.
Chances de não resistir eram altas
A decisão de seguir com a cirurgia não foi fácil. As chances de Richard não resistir eram altas: 50%.
“Eu tive medo de perder ele.”, revela o pai de Richard.
Até então, cerca de 20 transplantes de rosto já tinham sido feitos no mundo. Mas nenhum tão complexo como este: a pele do doador foi cortada um pouco acima das entradas da testa. As sobrancelhas, parte da estrutura óssea, incluindo o queixo, e a pele do pescoço foram retiradas e encaixadas no rosto de Richard.
“Não tinha plano b. O fracasso não era uma opção.”, conta o médico.
Richard passou 36 horas na mesa de operação. A equipe teve que se dividir em turnos. Mais de 140 profissionais participaram do processo. O resultado foi um feito incrível na história da medicina.
“Quando me vi pela primeira vez, comecei a tocar meu rosto. Eu não encontrava as palavras.”, relembra Richard.
Recuperação surpreendente
Depois de 15 anos de sofrimento, Richard deixou de ser um homem desfigurado, sem vida, para ter de volta um rosto normal.
O Richard ainda tem dificuldade para falar, mas a recuperação foi surpreendente. A pele do doador se adaptou tão bem, que hoje ele precisar até fazer a barba. E a vaidade tem motivo. O Richard está apaixonado.
“Eu fico mais feliz quando estou com ela. Isso se chama amor.”, afirma Richard.
“Eu te amo”, diz Melanie.
“Eu te amo também.”, responde Richard.
Melanie leu a história de Richard no jornal e ligou pra ele. Ela conta que no primeiro encontro ele estava tremendo de nervoso. Mesmo assim tentou roubar um beijo.
Melanie: Na bochecha.
Richard: Mas eu consegui!
Melanie: Conseguiu.
Encontro com a irmã de Joshua
Os dois estão namorando firme e ela já faz parte da família. A felicidade vivida hoje em dia, ele deve em grande parte à família de Joshua. Uma família que Richard nunca tinha agradecido ao vivo. Até que Rebekah decidiu ir até ele. O encontro foi registrado por uma TV australiana.
Richard: Como você está?
Rebekah: Oi tudo bem? Tô bem.
Richard: Tô feliz de te conhecer.
Rebekah: Tô feliz também. Posso tocar (o rosto)?
Richard: Claro que pode.
Rebekah: Meu Deus.
Rebekah: É incrível! Esse é o rosto que eu cresci vendo. Ele foi embora mas continua aqui. Eu vejo o Josh, eu vejo. Obrigada, obrigada.
Rebekah e Richard se abraçaram.
Richard: Obrigado não é suficiente. Não tem palavras para descrever quão grato eu sou a essa família.
A mãe de Richard também se emociona.
Mãe de Richard: Eu sei que o nosso dia mais feliz foi o seu dia mais triste, e a gente sofre por vocês.
Rebekah: Obrigada.
Mãe de Richard: Corta meu coração saber que vocês tomaram essa decisão.
Rebekah: Eu só imagino como vocês se sentiam vendo o filho de vocês vivendo daquele jeito. E a gente tinha nas mãos a chance de devolver a vida a ele. A gente não podia deixar de fazer isso.
O Richard toma vários remédios para evitar a rejeição dos tecidos transplantados. Um preço baixo para quem ganhou a chance de uma vida nova.
Melanie: Eu olho para ele e vejo uma pessoa normal.
Richard: É tudo que eu sempre quis ser. Uma pessoa normal.

Primeiras imagens revelam Windows 10 Mobile em um tablet ARM de 10 polegadas

Microsoft começou a disponibilizar há algum tempo as compilações prévias do Windows 10 e do Windows 10 Mobile para membros do programa Insiders, fazendo com que milhões de pessoas ao redor do mundo pudessem usufruir das novidades e gerar comentários em canais de feedback como o UserVoice.
Até o momento, contudo, não foram revelados muitos detalhes sobre o uso de algum dos sistemas em tablets que utilizem um processador de arquitetura ARM, sendo dito apenas que alguns problemas estavam sendo encontrados e que a instalação não era recomendada por faltarem drivers compatíveis. Vale notar, contudo, que a companhia afirmou durante as suas apresentações que a plataforma para dispositivos móveis era voltada apenas para smartphones e tablets menores do que 8 polegadas, o que parece não ser o caso de acordo com as imagens liberadas pelo blog ITHome.
O dispositivo exibido nas imagens possui uma tela de 10 polegadas com resolução Full HD e chipset Rockchip RK3288, baseado em arquitetura ARM Cortex-A17 com um clock máximo de 1,8GHz, além de 1,5GB de RAM. Com isso, pode ser que a Microsoft tenha mudado de ideia e decida levar o Windows 10 Mobile para todos os tablets que possuam um processador com tal arquitetura.
Isto seria bastante útil para evitar que incompatibilidades fossem vistas quando usuários mais convencionais tentassem executar programas Win32 nestes aparelhos, algo que certamente aconteceria caso eles utilizassem a versão completa do Windows 10. Por outro lado, isto mostra que a Microsoft não conseguiu resolver os problemas encontrados ao tentar portar a edição para desktops em dispositivos com um processador que não fosse do tipo x86, fazendo assim com que estes modelos recebam apenas uma edição "capada" do sistema, basicamente como ocorreu com o Windows 8.1 RT.
Tablet com processador ARM e Windows 10 Mobile teve imagens vazadas pelo ITHome
Com isso, pode ser que compradores de dispositivos como o Surface RT, Lumia 2520, e outros modelos com esta versão do sistema tenham alguma esperança de atualização no futuro, já que eles seriam completamente capazes de rodar o Windows 10 Mobile, de acordo com as imagens acima.
Vale destacar que as imagens também podem ter sido adulteradas, ou então alguém ter realizado algum tipo de hack para instalar esta versão da plataforma no tablet, algo que não é tão incomum de encontrarmos em fóruns avançados como o XDA Developers. Ainda assim, devemos esperar por um comunicado oficial da Microsoft para sabermos o que realmente será feito com os aparelhos que atualmente rodam o Windows 8.1 e utilizam um processador ARM, já que seria um baque e tanto para os usuários serem levados à uma versão para dispositivos móveis após o update.

PIB do Japão acelera inesperadamente no 1º tri com maior investimento empresarial

TÓQUIO (Reuters) - A economia do Japão expandiu muito mais rápido do que o inicialmente esperado entre janeiro e março, uma vez que as empresas aumentaram os investimentos, corroborando a visão do banco central de que a recuperação da recessão do ano passado está ganhando força.
A economia cresceu 3,9 por cento em termos anualizados nos três primeiros meses do ano, de acordo com dados do Escritório do Gabinete divulgados nesta segunda-feira, acima da estimativa preliminar de alta de 2,4 por cento e da expectativa média do mercado de crescimento de 2,7 por cento.
"Esse é um número bastante positivo e mostra que a recuperação está ganhando ritmo", disse Takeshi Minami, economista-chefe do Instituto de Pesquisa Norinchukin.
"As empresas não industriais estão aumentando os desembolsos por expectativas de que o consumo privado vai se recuperar, então isso deve funcionar como um importante motor de crescimento", disse.
Os investimentos avançaram 2,7 por cento ante o trimestre anterior, muito mais do que a estimativa preliminar de crescimento de 0,4 por cento e a expansão de 2,3 por cento projetada na pesquisa da Reuters.
Na comparação trimestral, o Produto Interno Bruto avançou 1,0 por cento em número revisado entre janeiro e março, em comparação com leitura preliminar de 0,6 por cento, segundo dados do Escritório do Gabinete.
(Reportagem adicional de Ritsuko Ando e Izumi Nakagawa)

Quem são os antivacinas Algumas pessoas questionam um dos maiores avanços da saúde mundial Por que o fazem? Que consequências tem? No Brasil, movimento ainda tem poucos adeptos

Detalle de una obra artística de Han Feng Hero que forma parte de la exposición 'El arte de salvar vidas'.
Detalhe da obra de Hang Feng Hero, da exposição ‘A arte de salvar vidas’.
Neste mundo estranho, convivem os que pensam que Elvis continua vivo, os que negam que o homem tenha chegado à Lua e os que acreditam que o ser humano coexistiu com os dinossauros. E também existem os antivacinas. Ao contrário dos anteriores, estes últimos podem se transformar num perigo para a saúde pública.

Na Espanha
, como em quase todo o mundo, a imunização não é obrigatória. Pode ser rejeitada por motivos de consciência, por simples ignorância ou por crenças como foi o caso do menor de Olot, que está em estado grave. Seus pais são contrários às vacinas e partidários das medicinas alternativas, segundo fontes locais.As vacinas são provavelmente o maior avanço contra as doenças na história da humanidade. Não é uma opinião: é o que garante a enorme maioria da comunidade científica com base em evidências. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que as vacinas evitam entre 2 milhões e 3 milhões de mortes por ano. No entanto, como não chegam a todo mundo, 2 milhões de pessoas morrem anualmente vítimas de patologias que podiam ser evitadas. A pólio, um mal que provoca terríveis sequelas, está perto de ser erradicada graças à imunização, que também conseguiu reduzir em 74% a mortalidade do sarampo em apenas uma década (de 2000 a 2010). Essa doença, que poderia desaparecer completamente por meio das vacinas, como aconteceu com a varíola, está reaparecendo em certos países ricos onde estava praticamente extinta. Nesses mesmos lugares, a difteria, doença causada por uma bactéria que acomete as vias respiratórias, já tinha virado história. Em 1941, a Espanha registrou 1.000 casos para cada 100.000 habitantes. Em 1945, teve início uma campanha de vacinação que fez desaparecer a doença até 1987, quando foi registrado o último caso. Até a semana passada, quando médicos detectaram a bactéria num garoto não vacinado em Olot (Catalunha).
Tendo em vista a eficácia das vacinas e o que pode significar sua rejeição, a pergunta é: o que leva alguns pais a colocar em risco a vida de seus filhos sem necessidade? Quais são esses motivos de consciência ou ideológicos que se antepõem à saúde e ao avanço científico? O pediatra Carlos González, autor do livro En defensa de las vacunas (Temas de hoy, 2011), explica que à medida que a doença desaparece e vai sendo esquecida (os mais jovens nem sequer viram suas consequências), o medo da doença se transforma em medo dos efeitos colaterais das vacinas. Esses efeitos de fato podem existir, mas são escassos – e, na enorme maioria dos casos, leves. “Esses temores são alimentados por falsas crenças dos pais. Geralmente, os que decidem não vacinar os filhos estão muito informados: leram livros e visitaram dezenas de páginas da Internet, mas estão muito mal informados”, diz o autor.
E aqui entram em cena os antivacinas. Enquanto organizações internacionais arrecadam bilhões de euros por ano para levar as vacinas aonde as pessoas não têm acesso, nos lugares onde sobra dinheiro para elas há um movimento que as rejeita. Como diz J. M. Mulet em seu livro Medicina sem enganos (Destino, 2015), em alguns bairros da Califórnia a taxa de vacinação é similar à do Sudão do Sul. Os antivacinas inundam a internet com falácias e mitos que exageram os efeitos colaterais, manipulam os dados para minimizar a efetividade da imunização, espalham medo em nome “do natural” contra “o químico”, esboçam teorias conspiratórias dos laboratórios farmacêuticos e dos Governos e aproveitam os erros e as negligências que existiram na história dos tratamentos como exemplos de que estão certos. Todos esses argumentos são refutados em detalhes no livro de González.
Diante desse panorama, os que bebem unicamente nas fontes equivocadas têm total convencimento de que as vacinas são negativas e que colocam seus filhos em perigo. Outros simplesmente escutam um boato de que as injeções escondem algo ruim e decidem evitar esse suposto veneno ao filho aproveitando a imunidade coletiva. Isso porque, se a enorme maioria da população foi vacinada, os vírus e as bactérias que causam as doenças não têm onde se propagar. Essa postura é especialmente irritante para alguns médicos, como a doutora Jennifer Raff, que escreveu no Huffington Post: “Esse é um dos argumentos mais depreciáveis que já ouvi. Para começar, as vacinas nem sempre som 100% efetivas. Por isso, é possível que um menino vacinado seja contagiado se for exposto à doença. Pior: há algumas pessoas que não podem ser vacinadas porque são imunodeprimidas ou porque são alérgicas a algum componente. Essas pessoas dependem da imunidade coletiva para sua proteção. Os que decidem não vacinar seus filhos contra doenças infecciosas arriscam não apenas a saúde deles, mas também a de outros meninos.”
Os que decidem não vacinar os filhos estão muito informados: leram livros e visitaram dezenas de páginas da Internet. Mas estão muito mal informados
A próxima pergunta provavelmente seria: o que ganham os antivacinas propagando essa desinformação? Alguns, dinheiro. Independentemente do fato de acreditarem com mais ou menos sinceridade naquilo que dizem, há um negócio em torno do medo antivacinas, embora para outros essas sejam crenças sem ânimo de lucro. A figura de maior destaque mundial do movimento é o médico britânico Andrew Wakelfield, em que em 1988 publicou na prestigiosa revista The Lancet um estudo afirmando que a tríplice viral contra sarampo, rubéola e caxumba causava autismo. Como detalha o jornalista Luis Alfonso Gámez em seu blog Magonia, “o objetivo de Wakefield era desacreditar a tríplice viral para ficar milionário com vacinas alternativas”. Ficou provado que o estudo era uma fraude, e Wakefield foi expulso da Ordem dos Médicos do Reino Unido. A revista retirou o artigo. Mas isso não impediu que o suposto relatório promovesse o movimento antivacinação no mundo inteiro. Ainda hoje alguns relacionam os transtornos autistas com as vacinas, ainda que pesquisas cada vez mais conclusivas tenham rejeitado essa associação.
Na Espanha, antes da publicação do pseudoestudo de Wakefield já existia a Liga para a Liberdade da Vacinação. Trata-se de um movimento naturalista que, antes que a liberdade, defende a antiimunização. É liderado pelo médico Xavier Uriarte, que em 2003 publicou Los peligros de las vacunas (Ática Salud). Ele e seu colega Juan Manuel Marin Olmos, autor de Vacunaciones sistemáticas en cuestión (Editorial Içaria, 2004), são certamente dois dos integrantes visíveis mais importantes do movimento antivacinas no país, embora eles próprios não gostem de ser rotulados como tais. Ambos se negaram a explicar a este jornal suas teorias sobre as vacinas e se remiteram aos seus livros.
Não vacinar um menor pode não apenas prejudicá-lo, mas também as pessoas ao seu redor, já que a imunização de grupo fica reduzida.
Para se ter uma ideia do conteúdo, este é um dos parágrafos da obra de Uriarte: “Ante qualquer doença, tanto eruptivas [...] como não eruptivas [...] – difteria, coqueluche, pólio, gripe e hepatite – a atitude mais adequada é deixar transcorrer o processo natural da doença.” No caso da difteria, a mortalidade era antigamente de 30% a 50%. Com fármacos adequados ela é reduzida a 5%. E é por isso mesmo que, no surto da Catalunha, a primeira coisa que as autoridades fizeram foi pedir com urgência um tratamento com a antitoxina para a difteria, que chegou de avião da Rússia após vários dias de alerta. Nada mais longe dos conselhos de Uriarte.
Quem deu explicações sobre sua posição foi Miguel Jara, jornalista e membro de uma associação de advogados especializados em litigar por danos atribuídos a medicamentos, cujo livro mais recente éVacunas las justas (Península, 2015). “Não sou antivacinas, sou crítico e acho digno escutar qualquer opinião racional. Não sou médico e os menciono no meu livro: parece que as [vacinas] mais antigas e consolidadas são as mais necessárias, e há outras que foram introduzidas mais recentemente que são menos – e podem apresentar problemas. Mas não sou contra nem a favor das imunizações, defendo a escolha das pessoas.”
Certo é que as pessoas já podem escolher. O problema é que, se muitos decidem não vacinar, cai a imunização de grupo e podem surgir epidemias. Por isso, alguns Governos, como o australiano, estão optando por retirar os benefícios sociais às famílias que decidam pela não vacinação. Em alguns Estados dos EUA, não é permitido escolarizar os filhos se não estiverem imunizados para evitar surtos infecciosos nas escolas. Isso já aconteceu com o sarampo, por exemplo, em centros de educação alternativos que defendem uma visão supostamente natural da medicina.
Há Governos, como o australiano, que estão optando por retirar os benefícios sociais das famílias que decidam pela não vacinação
O médico Carlos Gonzalez, da Espanha, é extremamente crítico em relação às posições indiferentes com respeito às vacinas já que, segundo ele, as que são aplicadas têm uma segurança e eficácia comprovadas. "O consenso é o calendário de imunização do Ministério da Saúde. Em todos os países são muito semelhantes, embora não idênticos. Podem variar de acordo com a incidência de algumas doenças. Em outros casos, há pequenas diferenças: se é necessário aplicar a vacina em toda a população ou não, os riscos oferecidos pela vacina, os custos e seus efeitos. Essa avaliação pode ser diferente em cada país.”
O debate sobre efetuar a vacinação ou não é claramente um problema de países desenvolvidos. Os países em desenvolvimento não podem se dar a esse luxo; a questão não é se as imunizações devem ser aplicadas ou não, mas como fazê-las abrangendo o maior número de pessoas para evitar mortes. Muitos colaboradores inclusive perderam suas vidas na tentativa, porque o fundamentalismo islâmico na Nigéria e no Paquistão tem promovido uma cruzada terrorista contra agentes de saúde que tentam erradicar a pólio nesses países, o que seria mais um marco na história da humanidade: eliminar outra doença da face da Terra. Graças, novamente, às vacinas.

No Brasil, movimento ainda tem poucos adeptos

No Brasil, o movimento anti-vacina ainda tem pouca força. Mas o Ministério da Saúde passou a olhá-lo com uma maior atenção depois que, em 2011, ocorreram 26 casos de sarampo na Vila Madalena, região de classe média alta de São Paulo, onde se concentram pessoas mais alternativas.
Tudo começou a partir de uma criança que não tinha recebido a vacina por opção familiar e a doença se espalhou - sete bebês menores de um ano, idade a partir da qual a vacinação é recomendada, acabaram contagiados.
No ano seguinte, os casos de sarampo no país saltaram 135% (foram 5.295). Entre crianças de 1 a 4 anos, a incidência subiu de 0,5 caso por 100 mil habitantes para 8,1, entre 2010 e 2012.
Um estudo feito a pedido do Ministério da Saúde mostrou em 2012 que o índice de vacinação entre as classes altas costuma ser menor no país: 76% dos ricos não vacinaram seus filhos, enquanto entre os mais pobres a taxa foi de 81%.

Na Expo, Lula cobra combate à pobreza pelos governantes Ex-presidente também falou sobre drama da imigração

Lula discursou na Expo para ministros da Agricultura (foto: ANSA)
Lula discursou na Expo para ministros da Agricultura (foto: ANSA) MILÃO
(ANSA) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta sexta-feira (05) do Fórum de Ministros da Agricultura da Expo Milão 2015 e cobrou que os governos ajam para erradicar a pobreza.

"Os governantes precisam se preocupar com o combate à pobreza quando definem os valores de seus orçamentos. É preciso um desenvolvimento econômico inclusivo e programas eficientes para a distribuição do crédito", disse o ex-mandatário na sessão de encerramento.

Citando o Bolsa Família, Lula destacou que "com as políticas brasileiras, em 12 anos, tiramos 36 milhões de pessoas da extrema pobreza e criamos 22 milhões de postos de trabalho".

Lula também comentou sobre um dos problemas que mais atingem a Europa, em especial a Itália, que a imigração ilegal através do Mar Mediterrâneo. Dizendo que é "melhor apoiar o desenvolvimento dos países pobres a fechar as portas dos países ricos para a imigração", o ex-mandatário afirmou que é preciso dar apoio aos países de onde vêm essas pessoas para atuar na raiz dos problemas.

Antes de seu discurso para os ministros, o ex-chefe de Estado acompanhou - da primeira fila - o discurso da primeira visita do presidente italiano, Sergio Mattarella, no evento.

A agenda de Lula na Itália segue por mais dois dias, sendo que neste sábado (06) ele participará da 39ª Conferência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e no domingo (07), ele terá um encontro com jovens no "Rome 4 the Planet" ("Roma para o Planeta"), organizado pela Prefeitura da capital italiana. (ANSA)
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Na Alemanha, líderes dão início à cúpula do G7 Crise na Ucrânia, Grécia, clima e pandemias estão na pauta

Na Alemanha, líderes dão início à cúpula do G7 (foto: ANSA)
Na Alemanha, líderes dão início à cúpula do G7 (foto: ANSA)GARMISH-PARTENKIRCHENZBF
(ANSA) - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, deu início neste domingo (7) aos trabalhos da Cúpula do G7, que reúne os líderes das sete maiores economias do mundo por dois dias em Garmisch-Partenkirchen, na Baviera.
No castelo de Elmau , os chefes de Estado e de Governo do Reino Unido, Canadá, França, Itália, Japão, Estados Unidos e União Europeia debaterão temas internacionais, como empréstimo à Grécia, participação da Rússia na crise ucraniana, terrorismo, mudanças climáticas, luta contra pandemias e conflitos no Oriente Médio.
Antes da abertura oficial da cúpula, Obama e Merkel se reuniram em um encontro bilateral no qual foi discutida a saída da Rússia do G8, como retaliação à anexação da Crimeia. Os dois concordaram que as sanções impostas a Moscou durarão "até que a Rússia aplique os acordos de Minsk e respeite a soberania da Ucrânia". Merkel tem conduzido as atividades do G7 pois a Alemanha exerce a presidência temporária do grupo.
Grécia 
Por sua vez, o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, disse em uma coletiva de imprensa que o premier grego, Alexis Tsipras, ainda não apresentou uma proposta alternativa aos seus credores, como o próprio governo tinha anunciado na semana passada.
Ele destacou, no entanto, que ainda não se fala na possibilidade da Grécia sair da zona do euro devido à sua crise financeira. De acordo com Juncker, haverá um encontro na próxima quarta-feira (10), em Bruxelas, com Tsipras, onde será analisada a possibilidade dos credores internacionais aumentarem o resgate ao país. (ANSA)
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FIFA, histórias de crime e poder Quatro dias depois de ter sido reeleito para um quinto mandato, Joseph Blatter demitiu-se. O presidente da FIFA não resistiu ao circo de negócios corruptos e malfeitorias em que a organização por si liderada se transformou Ler mais: http://visao.sapo.pt/fifa-historias-de-crime-e-poder=f822065#ixzz3cTAWtROT

Os primeiros raios solares ainda nem tinham começado a refletir-se nas águas do Lago de Zurique e já um empregado se esforçava para pôr o pavimento de mármore do lóbi do hotel a brilhar. Naquela madrugada de 27 de maio, a rotina do Baur au Lac, só se manteve até às 5 horas e 20 minutos, quando uns dez homens de rosto jovial e ar modernaço entraram apressados pela porta giratória.
O luxuoso estabelecimento por onde passaram Richard Wagner e Alfred Nobel - e o quarto mais barato custa 550 euros por noite - saiu definitivamente do ramerrame quotidiano. Não é todos os dias que entra por ali gente de calça de ganga e sapatilhas, dirigindo-se ao balcão e identificando-se ao concierge como sendo da polícia criminal. Ainda por cima, apresentando mandados de captura para sete hóspedes. O concierge foi solícito. Mal os agentes souberam em que quartos dormiam os suspeitos, espalharam-se sem alaridos pelo hotel.
 

Menos de uma hora depois, era vê-los a sair discretamente. Por uma porta traseira, acompanhados de sete altos dirigentes da FIFA, o organismo que regula o futebol mundial, suspeitos dos crimes de conspiração, corrupção ativa e passiva, extorsão, fraude eletrónica, evasão fiscal e branqueamento de capitais.
Feitas na Suíça, a pedido das autoridades norte-americanas, as detenções destes sete indivíduos caiu como uma bomba no seio da comunidade futebolística. E logo na véspera do Congresso da organização, que, na sexta-feira, reelegeu naquela cidade, Joseph (Sepp) Blatter para um quinto mandato na presidência da FIFA.
Apesar de ver a sua direção decapitada, Blatter tentava parecer otimista e comentou: "Não foi um tornado, apenas uma pequena tempestade."
Resistiu a pressões para se afastar da corrida presidencial; para se retirar. Mas ele foi à luta e venceu o rival, príncipe jordano Ali bin Hussein, que desistiu da segunda volta.
A corrupção na FIFA não é um assunto novo. Tem muitos anos. Tantos como o laxismo com que a organização lidou com ela. À custa de graves danos reputacionais, os vários casos detetados na "família do futebol" sempre foram tratados com complacência - e impunidade. Tudo era resolvido internamente e os dirigentes apanhados em falso viam apenas as suas funções suspensas. A FIFA chegou a contratar especialistas em corrupção, mas, quando chegava a hora da verdade, metia os relatórios na gaveta. E os peritos acabavam por virar as costas à organização. Tudo ficava novamente em família.
Mas com a operação policial de 27 de maio, os mandados de captura e as buscas na sede da organização, nada podia ficar na mesma. Algumas federações europeias - caso do Reino Unido - ameaçaram logo com um boicote ao Mundial da Rússia (em 2018). E a UEFA falou até numa rutura com a FIFA, e alguns dos seus responsáveis terão discutido até a realização de uma nova competição europeia independente da estrutura máxima do desporto-rei.
Por seu lado, os patrocinadores ficaram incomodados. Adidas, Coca-Cola, Hyunday-Kia, McDonald's e VISA manifestaram publicamente o seu desagrado por se verem associadas a uma organização na qual os investigadores do FBI encontraram indícios de "corrupção desaforada, sistémica e profundamente enraizada".
Mal o escândalo rebentou, Richard Weber, chefe da unidade de investigação criminal do fisco norte-americano e um dos responsáveis pelo processo, declarou estar confiante de que haverá "uma nova ronda de acusações". Muita gente pensou logo em Blatter, que perdera a aura de intocável.
Já nesta segunda-feira, 1, o cerco a "Don Blatterone" - como lhe chamou alguma imprensa de língua alemã - apertou-se. Viera a público que o "alto dirigente" mencionado (mas não identificado) na acusação como sendo o responsável pela transferência de 10 milhões de dólares para o antigo vice-presidente da FIFA Jack Warner, seria o francês Jérôme Valcke, secretário-geral da organização e braço-direito de Blatter. Esses 10 milhões saíram do bolo a que a África do Sul teve direito aquando da realização do Mundial. A polícia suspeita que se tratou de um pagamento ilícito a Warner.

 

Para já, o secretário-geral não está acusado de nenhum ilícito. Mas não se livrará de ser ouvido pela polícia. O mesmo pode vir a suceder com Blatter - o New York Times avançou esta terça-feira, 2, que estaria já a ser investigado pelo FBI. Um facto que pode ter sido decisivo para o líder da FIFA ter dado uma conferência de imprensa nesse mesmo dia para anunciar a sua retirada e a convocação de um congresso extraordinário, que deverá ter lugar entre dezembro e março.
150 milhões em luvas
No total, a procuradora-geral norte-americana (ministra da Justiça), Loretta Lynch, acusa 18 indivíduos. Sete eram, à data das suas detenções, dirigentes de topo da FIFA, mais dois antigos dirigentes, outro foi colaborador de alto nível e os restantes são homens de negócios ligados à estrutura diretiva do futebol mundial.
Os despachos de acusação, num total de 281 páginas, revelam as manigâncias de homens com muito poder e muito dinheiro, ávidos de mais dinheiro e mais poder. E descrevem ao pormenor um elenco de alegados corruptos e corruptores. Falam-nos dos protagonistas, dos atores secundários, dos figurantes e dos intermediários - os facilitadores que unem toda esta teia e branqueiam montantes multimilionários. Falam de esquemas criminosos, de conspiração, de luvas, de ocultação de fundos em contas bancárias secretas, em paraísos fiscais. E ainda de subornos que, ao longo de duas décadas, atingiram um montante na ordem dos 150 milhões de dólares.
Oficialmente, a FIFA é uma entidade de interesse público sem fins lucrativos, gozando à luz da lei helvética de generosas isenções fiscais. Contudo,  movimenta quantidades astronómicas de dinheiro. Desde 2009 que não obtém receitas anuais inferiores a mil milhões de dólares. As grandes competições mundiais são máquinas de fazer dinheiro. Só o Mundial do Brasil, por exemplo, gerou 4 826 milhões de dólares em receitas, com as despesas a ascenderem a 2 224 (ver infografias).
O modo de atuação deste suposto grupo de malfeitores, com uma idade média de 62 anos, passou por esquemas à volta de direitos comerciais sobre as competições mundiais e regionais (como a Copa América). Executivos de empresas de marketing pagavam avultados subornos a altos funcionários da FIFA para obterem chorudos contratos exclusivos. Estes incluíam direitos de transmissão dos jogos, o patrocínio dos torneios e a utilização das marcas FIFA para promover ou vender produtos. Segundo a acusação, este modus operandi permitiu que um número reduzido de empresas monopolizassem contratos durante décadas.
A documentação conta-nos também a história de Austin (Jack) Warner, um ex-ministro de Trinidad e Tobago, ex-vice-presidente da FIFA, ex-presidente da CONCACAF (a confederação de futebol da América do Norte, Central e Caraíbas). E coloca bem no centro da teia o brasileiro José Hawilla, fundador da multinacional de marketing desportivo Traffic, detentora do clube português Estoril Praia.
Hawilla terá sido uma das peças-chave em torno dos direitos. A sua Traffic deteve, entre 1987 e 2011, em regime de exclusividade, todo o marketing e as transmissões da Copa América, disputada de quatro em quatro anos entre as seleções da Confederação Sul-Americana de Futebol, CONMEBOL. Tê-lo-á conseguido durante tantos anos graças ao pagamento regular de subornos a altos funcionários da FIFA. Segundo a Justiça dos EUA, pagou, durante duas décadas, a Nicolás Leoz, um paraguaio que pertenceu ao Comité Executivo da FIFA e presidiu à CONMEBOL, até 2013, quando teve de deixar os dois cargos acusado de corrupção.
A Traffic ganhou bom dinheiro, revendendo depois direitos individualmente a outras empresas. Para garantir os contratos, era por vezes necessário subornar alguns atores secundários, como aconteceu, quando a copa se realizou na Venezuela (2007). Nessa ocasião, a Traffic terá pago luvas de 1 milhão de dólares a Rafael Esquivel, membro da FIFA, do Comité Executivo da CONMEBOL e presidente da Federação de Futebol da Venezuela. A Traffic obteve um lucro de 30 milhões de dólares com essa competição e Esquivel foi recompensado com mais 700 mil dólares.
Hawilla aplicou a mesma receita na América do Norte, com a CONCACAF. Mas nesse caso, as luvas foram entregues a Jack Warner e ao então secretário-geral dessa entidade em Nova Iorque, Charles (Chuck) Blazer.
Os pagamentos processavam-se através de transferências eletrónicas e o intermediário era quase sempre o mesmo: empresário brasileiro José Margulies, também conhecido como José Lázaro. Este fazia a ligação entre a cúpula da FIFA e as empresas de marketing. O seu papel era o de facilitador. Limpava e ocultava o dinheiro sujo, recorrendo a outros intermediários e a contas bancárias secretas em paraísos fiscais. Trabalhava com base em avenças anuais fixas de 150 mil dólares, além de uma comissão de 2% sobre cada pagamento.
Votos viciados
Jack Warner e Chuck Blazer jogavam ainda num outro tabuleiro: o da escolha do anfitrião do Mundial. Ambos fizeram parte do Comité Executivo da FIFA, composto por 23 membros. Segundo a Justiça dos EUA, Warner usou a sua influência para que a escolha do anfitrião de 2010 recaísse sobre a África do Sul, que competia com Marrocos e o Egito. Em troca, terá recebido 10 milhões de euros. Os sul-africanos admitem que houve um pagamento à FIFA, mas dizem não se ter tratado de suborno. A transferência, terá sido feita a título de "apoio à diáspora africana" para uma conta da federação caribenha. Mas quem controlava a conta era o seu presidente, Jack Warner.
A acusação dedica ainda seis páginas à maneira como Warner e os seus filhos Daryan e Daryl, também indiciados, cultivaram uma relação de amizade com o governo de Pretória, que incluía pastas com maços de notas, que trocaram de mãos num hotel de Paris. E diz que os 10 milhões passaram por uma cadeia de supermercados de Trinidad e Tobago, usada por Warner como "lavandaria".
Dessa verba, 1 milhão foi parar às mãos de Blazer, o excêntrico obeso e com ar de Pai Natal que seria a primeira peça a cair no dominó da FIFA. O norte-americano começou a ser investigado por evasão fiscal nos EUA. Foi rapidamente apanhado e prontificou-se a colaborar com a justiça.
O que a documentação revela é só a ponta do icebergue. A investigação dos Estados Unidos tem apenas incidido nas confederações de futebol das Américas e Caraíbas, e em torno de ilícitos praticados no seu território ou envolvendo os seus bancos.
O inquérito centra-se em competições já realizadas. Mas os investigadores olham já para o futuro. Em particular para a forma como se atribuíram os mundiais à Rússia (2018) e ao Qatar (2022).
Os suíços já o perceberam e estão a investigar, por iniciativa própria, desde março. Há inúmeras suspeitas de irregularidades na escolha dos países organizadores que vão desde a corrupção ao enriquecimento ilícito, passando por branqueamento de capitais e gestão danosa. Aguardam-se as cenas do próximo capítulo desta novela ainda sem fim à vista.


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