segunda-feira, 4 de maio de 2015

Microsoft vai acabar com o Windows Media Center

Windows 10 em conferência da Microsoft
Windows 10 não deve contar com Windows Media Center
Marcus Vinicius Brasil, de INFO Online
São Paulo - A Microsoft planeja matar o Windows Media Center no Windows 10, a mais nova versão de seu famoso sistema operacional. A gigante americana dosoftware revelou o provável destino do programa durante uma entrevista ao site ZDNet.
O Windows Media Center já não ganhava mais atualizações desde 2009, quando todo o trabalho de desenvolvimento no software foi interrompido. Ainda assim, o pacote continuou vivo nas versões seguintes do Windows, até agora.
Nascido em 2001, o programa tinha como objetivo servir como um “centro de entretenimento” ao usuário, com uma versão em tela cheia onde ele poderia assistir a vídeos, músicas e fotos. Agora, ficará apenas na memória.

Microsoft quer inaugurar 100 lojas no Brasil até fim de 2016

Loja microsoft shopping Eldorado
Loja em São Paulo é o primeiro ponto de venda da Microsoft na América do Sul
Divulgação
Na última quarta-feira (29), a Microsoft inaugurou a primeira loja na América do Sul com a marca da empresa. O plano é chegar a 100 estabelecimentos até o fim de 2016, por meio de revendedores franqueados que antes operavam com a marca Nokia, comprada pela Microsoft.
Os franqueados, que já vendiam celulares da Nokia/Microsoft, agora vão oferecer também produtos e serviços da empresa, como licenças para o Office 365, créditos de ligações do Skype e assinaturas Xbox Live Gold, serviço online do videogame Xbox.
“O objetivo é levar toda a experiência Microsoft para os pontos de venda e mostrar a convergência entre os dispositivos que rodam os sistemas operacionais Microsoft – o smartphone, o tablet e o PC”, diz Cármine Silvestri, diretor-geral da divisão de Mobile Devices da Microsoft no Brasil, em entrevista a INFO. “O plano é que a gente cresça com os revendedores atuais e com novos parceiros.”
As primeiras 50 lojas são estabelecimentos de revendedores que já operavam com a marca da Nokia, presentes em 13 estados. Até junho, os espaços serão reformados para ganhar o novo visual da Microsoft. A primeira loja foi inaugurada no Shopping Eldorado, em São Paulo. Em alguns locais, a empresa vai instalar sensores Kinect. Eles identificam qual aparelho o consumidor está experimentando e mostram informações sobre o modelo em um monitor.
A seguir, leia os principais trechos da entrevista com o executivo da Microsoft.
Como será a expansão das lojas Microsoft no Brasil?
No momento, o que estamos fazendo é remodelar mais de 50 pontos de venda que eram da Nokia, que estão hoje em mais de 13 estados no Brasil. Estamos transformando-os em lojas Microsoft. A primeira fica no Shopping Eldorado, em São Paulo (inaugurada na quarta-feira, 29). Então todos os pontos de venda que temos vão virar pontos Microsoft.
Eles têm formato de quiosques ou de lojas?
Nós temos os dois. Temos quiosques e temos lojas. E eles são operados num modelo de revendedores autorizados. Ou seja, nós trabalhamos com dois parceiros franqueados que detêm mais de 50 pontos de venda nos principais shoppings centers em 13 estados.
Que tipo de remodelação será feita?
O objetivo é levar toda a experiência Microsoft para os pontos de venda e mostrar a convergência entre os dispositivos que rodam os sistemas operacionais Microsoft – o smartphone, o tablet e o PC. Além de vendermos os smartphones Lumia Microsoft, vamos vender outras soluções, como Office 365 e assinaturas Xbox Live Gold. Então, as lojas terão toda a formatação de marca Microsoft, com o logotipo, cores e mobiliário da empresa. É uma reforma completa. Além disso, a gente traz uma inovação única. Algumas dessas lojas vão usar o Kinect para oferecer uma experiência melhor dentro da loja. No momento em que o consumidor tira o smartphone da prateleira, o Kinect reconhece o modelo e mostra, em um monitor, imagens, dicas e características daquele celular. Isso não existe em nenhum outro lugar. E também usaremos o Kinect para mapear a jornada do consumidor dentro da loja, para identificar suas preferências e como ele se comporta.
A experiência do Kinect estará disponível nas 50 lojas?
Não. Vamos começar aos poucos, mas teremos nas principais lojas.
As lojas terão serviços para configurar aparelhos ou tirar dúvidas?
Nossos vendedores são consultores também. Então, todo consumidor, quando ele adquire o smartphone na loja, é ajudado pelo vendedor a configurar o aparelho. Ele vai ajudar a configurar os e-mails, a migrar os contatos. E ele ainda mostra como funcionam os serviços Microsoft, como o OneDrive. Na própria loja, a gente oferece esse tipo de suporte.
A mudança faz parte de alguma estratégia de marketing mais ampla, para mostrar às pessoas que a Microsoft também é uma marca celulares?
Sem dúvida. Uma vez que a Microsoft comprou a Nokia Devices e a Nokia tinha lojas aqui no Brasil, naturalmente isso passa por um rebranding. A mudança está alinhada com essa nova comunicação de que a Microsoft tem, de oferecer smartphones próprios, que são os Lumias. Até o final de junho, o plano é justamente fazer o rebranding para esses mais de 50 pontos de vendas atuais. E, depois, nós vamos expandir. O objetivo é chegarmos a mais de 100 pontos de venda até o final de 2016. Praticamente, vamos mais do que dobrar o que temos hoje.
É a primeira vez que a Microsoft tem um ponto de venda no Brasil?
É a primeira loja Microsoft na América do Sul. Claro, nosso modelo é de revendedores autorizados, mas é, sem dúvida, a primeira loja com a marca Microsoft.
Qual é o investimento para realizar essa remodelação e expansão?
Sobre investimento, a gente não pode falar. Mas com certeza é um investimento importante, dado que o Brasil é um mercado extremamente importante para a estratégia da Microsoft. O Brasil é um dos cinco maiores mercados da Microsoft. E esse canal de lojas é muito importante também. Estamos investindo no Brasil justamente para fortalecer a nossa presença no mercado.
Vocês têm planos de adotar um modelo de loja própria como nos Estados Unidos, nesta expansão?
Por enquanto a gente não tem o que comentar sobre isso. O objetivo neste momento é seguir expandindo o modelo de franquias.
Com os mesmos parceiros, a Águia Telecom e Nextop?
A Águia Telecom e Nextop são dois parceiros importantes e o objetivo é que a gente cresça com eles e com novos parceiros. Como disse, hoje a gente está presente em 13 estados. A ideia é crescer para outros estados, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país. E com certeza a gente terá novos parceiros também. Os parceiros atuais crescerão e teremos novos parceiros também.
Como os 50 pontos estão distribuídos nos 13 estados?
Eles estão basicamente na região Sudeste para cima. A gente está no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Distrito Federal e Sudeste. No Sudeste, estamos mais no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. E São Paulo a gente tem um ponto de venda, que é a loja do Shopping Eldorado.  E pretendemos expandir no estado de São Paulo também.  

IPC-S desacelera alta a 0,61% em abril sobre março

SÃO PAULO (Reuters) - O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) terminou abril com avanço de 0,61 por cento, após subir 1,41 por cento em março, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira.
    O resultado mostra ainda desaceleração na comparação com a alta de 0,71 por cento vista na terceira quadrissemana de abril.
    Segundo a FGV, a maior contribuição para a leitura de abril na comparação com a terceira quadrissemana foi dada pelo grupo Habitação, com alta de 0,57 por cento após avanço de 1,21 por cento.

    Nesta classe de despesa, o item tarifa de eletricidade residencial foi o que mais se destacou depois de a alta desacelerar a 0,59 por cento, ante 4,61 por cento na terceira quadrissemana.

Petrobras puxa queda do investimento

Com dificuldades de caixa, dívida excessiva e suspeitas de corrupção, a Petrobras está puxando a economia brasileira para baixo. Não fosse a freada da estatal em 2014 e 2015, a queda dos investimentos no Produto Interno Bruto (PIB, total da renda gerada no País) acumulada nestes dois anos poderia ser 1,4 ponto porcentual menor, segundo simulações feitas, a pedido do 'Estado', pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

No ano passado, os investimentos caíram 4,4%, segundo o IBGE, mas o recuo poderia ter sido de 3,7%, se a Petrobras tivesse cumprido seu plano de investimentos 2014-2018. Para este ano, o Ibre/FGV espera um tombo de 7,2% nos investimentos. Já a equipe da corretora Gradual Investimentos prevê queda de 4%. Se a estatal mantivesse seus aportes, a baixa seria de 6,5%, no primeiro cenário, ou de 3,3%, no segundo.

Efeitos indiretos. Na prática, os efeitos negativos podem ser muito maiores, pois a conta não considera os impactos na cadeia de fornecedores nem do aumento da incerteza na economia. "A gente não sabe a extensão do impacto das investigações (da Operação Lava Jato) sobre as empresas associadas à Petrobras, que atuam tanto no setor de petróleo e gás quanto na construção" diz Vinicius Botelho, pesquisador do Ibre/FGV, que fez as simulações.

Ele diz que os números devem ser vistos com cautela, porque os valores não levam em conta a variação de preços dos investimentos. Ainda assim, as simulações sinalizam os efeitos da freada da Petrobras - em 2014, os investimentos da estatal responderam por cerca de 8% do total da economia.

"A Petrobras permanecerá como a empresa que mais investe no Brasil, mas, agora, isso onera e afeta a economia", afirma o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP, estimando que, quando seus fornecedores entram na conta, o peso da petroleira nos investimentos sobe para cerca de 10%.

Quando anunciou o plano 2014-2018, em fevereiro do ano passado, a estatal planejava investir US$ 220,6 bilhões em cinco anos. Apenas para 2014, informou que investiria R$ 94,6 bilhões. Para 2015, a então presidente Graça Foster previu um valor "ligeiramente" menor.

Tudo isso antes da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2014. Agora, ao divulgar seus resultados financeiros de 2014, após cinco meses de atraso, a Petrobras informou que investiu R$ 87,140 bilhões em 2014, 7,9% menos do que o previsto. Para este ano, presidente da estatal, Aldemir Bendine, estimou os investimentos em US$ 29 bilhões (os mesmos R$ 87 bilhões).

Incerteza. Na visão do economista-chefe da Gradual Investimento, André Perfeito, para além do efeito direto da redução dos investimentos, a crise da Petrobrás traz incertezas generalizadas porque o projeto de exploração do pré-sal, com incentivo a fornecedores locais, protagonismo da estatal e apoio do governo, funcionava como um horizonte para a economia.

Diante da instabilidade política e da crise na economia, faltam rumos claros, algo necessário para garantir investimentos privados, sobretudo os de longo prazo. O problema é que a redução nos investimentos da Petrobrás é cobrada pelo mercado como saída para aumentar a rentabilidade da estatal no momento de dificuldades financeiras. O anúncio do plano de investimentos da Petrobras, para o período 2015-2019, já atrasado e aguardado com ansiedade pelo mercado, foi prometido por Bendine para daqui a cerca de um mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Aécio usou avião exclusivo do governo de Minas após ter deixado o cargo, diz jornal

O senador tucano Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, teria utilizado aeronaves de uso exclusivo do governo de Minas Gerais, sem a presença de autoridade estadual, pelo menos seis vezes após deixar o cargo de governador, em 2010. A denúncia foi feita pela Folha de S. Paulo, que afirma que as viagens aconteceram entre 2011 e 2012, de acordo com informações de relatório do Gabinete Militar do Estado.
Neste período, Aécio já havia assumido o cargo de senador e eleito seu sucessor no Executivo mineiro, Antonio Anastasia, que hoje também é senador.
Uma das aeronaves, usada em uma das viagens, é destinada exclusivamente ao governador - seu uso foi regulamentado por decreto pelo próprio Aécio Neves. Outra, usada em cinco voos, atende ao vice-governador, secretários e autoridades em "missão oficial". Em resposta ao jornal, o parlamentar justificou que estava em missão a pedido de Anastasia.
Esta é a segunda denúncia envolvendo voos e Aécio Neves. Em junho de 2014, veio à tona o caso do aeroporto da cidade de Claudio, em Minas Gerais, construído pelo governo do estado em 2010 dentro de uma fazenda de um parente de Aécio. A obra, que custou R$ 14 milhões, foi feita no fim do segundo mandato do tucano como governador do Estado. As informações também foram divulgadas pela Folha de S.Paulo.
De acordo com a publicação, o aeroporto é administrado por familiares de Aécio. A família de Múcio Guimarães Tolentino, 88 anos, que é tio-avô do tucano e ex-prefeito do município de Cláudio, guarda as chaves do portão do local. 
Orçado em R$ 13,5 milhões, o aeroporto foi feito pela construtora Vilasa, responsável por outros aeroportos incluídos no programa mineiro. O custo final da obra, somados aditivos feitos ao contrato original, foi de R$ 13,9 milhões, segundo a Folha de S. Paulo.
O jornal afirma que, para pousar no aeroporto, é preciso pedir autorização aos filhos de Múcio. Segundo um deles, Fernando Tolentino, a pista recebe pelo menos um voo por semana, e seu primo Aécio Neves usa o aeroporto sempre que visita a cidade. Múcio é irmão da avó de Aécio, Risoleta Tolentino Neves, que foi casada por 47 anos com Tancredo Neves.
Segundo a publicação, a pista do aeroporto tem um quilômetro e pode receber aeronaves de pequeno e médio porte, com até 50 passageiros. Sem funcionários, o local é considerado irregular pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que afirmou que ainda não recebeu do governo estadual todos os documentos necessários para a homologação do aeroporto.
A obra foi executada pelo Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop) e faz parte de um programa lançado por Aécio para aumentar o número de aeroportos de pequeno e médio portes em Minas.
Segundo o jornal, o governo do Estado desapropriou a área de Múcio Tolentino antes da licitação do aeroporto e até hoje eles discutem na Justiça a indenização. O Estado fez um depósito judicial de mais de R$ 1 milhão pelo terreno, mas o tio de Aécio contesta o valor.
De acordo com a Folha, antes de o aeroporto ser construído, havia no local uma pista de pouso mais simples, de terra., construída em 1983, quando Tancredo Neves era governador de Minas Gerais e Múcio era prefeito de Cláudio, terra natal de Risoleta.
Ao jornal, Aécio afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a construção do aeroporto seguiu critérios técnicos, e que o governo de Minas Gerais não levou em consideração o fato de o proprietário do terreno ter parentesco com ele.
Contudo, segundo a Folha, Aécio não respondeu quantas vezes usou o aeroporto, e o motivo pelo qual o local, construído com dinheiro público, tem uso privado.

Trabalhadores ultraflexíveis

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, em um discurso para funcionários de um supermercado em Leeds, na sexta-feira. / TOBY MELVILLE (AFP)
É hora do almoço e, sentado em um banco perto das docas de Liverpool, Clive abocanha os últimos pedaços de seu sanduíche de frango caseiro. Na realidade, não tem pressa. Hoje, sua pausa para a refeição é extremamente longa. “Quatro horas! O chefe me disse que não precisa de mim durante este intervalo, mas que mais tarde terei outro par de horas de trabalho”, explica, enquanto limpa as mãos em um pedaço de papel. Afirma que para ele não compensa voltar para casa, e que pretende passar o resto do tempo livre assistindo a corridas de cavalo na pequena casa de apostas Paddy Power. Há um ano, muitos dos dias são imprevisíveis assim para este homem de 46 anos, cabelo ralo e olhos pequenos e vivos. Trabalha em uma distribuidora com um “contrato de zero horas”, uma modalidade na qual o empregador não garante ao trabalhador um mínimo de horas de carga por mês e, portanto, tampouco um salário mínimo.

Um salário que Clive estica como um chiclete, enquanto tenta a sorte apostando algumas moedas que encontra no fundo do bolso no cavalo 7, chamado Bertie Mo. “Se eu ganho, é isso o que consigo”, brinca, amargamente. E se Clive deposita esperanças nos cavalos e mal sobrevive até o fim do mês, tanto o primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, como seu principal rival nas eleições gerais da próxima quinta-feira, o trabalhista Ed Miliband, admitiram que não conseguiriam sobreviver com um contrato desse tipo. Em uma campanha marcada pela recuperação econômica e novas medidas de austeridade, ambos os candidatos se comprometeram a buscar uma solução para essa fórmula de precariedade selvagem. Uma solução que, no entanto, não passa por proibir mas sim limitar esse tipo de contrato, algo que contribuiu para reduzir o índice de desemprego no Reino Unido (5,6%) – apesar de alguns sindicatos, como o Unite the Union, o considerarem mais como uma “maquiagem” do que uma verdadeira redução.A fórmula não é nova, mas se espalhou paulatinamente no Reino Unido desde que começaram a ser sentidos os efeitos da crise financeira, em 2008. Há quatro anos, menos 1% dos trabalhadores afirmava ter como fonte única de rendimentos um contrato de zero horas; hoje, eles representam 2,3% da força de trabalho do país – cerca de 700.000 pessoas -, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas britânico (ONS, na sigla em inglês). As mulheres, os jovens com menos de 25 anos e os idosos com mais de 65 anos são os perfis mais comuns sob esse sistema, de acordo com o ONS. Empregados com contratos precários que trabalham, em média, 25 horas por semana e ganham cerca de 7 libras por hora (ou pouco mais de 32 reais), enquanto o salário mínimo é de 6,50 libras (ou quase 30 reais).
“Esse tipo de contrato outorga todo o controle ao empregador e deixa o empregado em uma situação terrivelmente instável e mais vulnerável a abusos”, resume Neil Lee, professor de Economia na London School of Economics (LSE). Os trabalhadores de ‘zero horas’ precisam estar disponíveis 24 horas por dia, todos os dias da semana e, na maioria dos casos, têm uma cláusula que os impede de ter outro emprego. Além disso, muitos não sabem que horário terão de trabalhar e quanto vão ganhar. Lee afirma que eles são “a ponta do iceberg” dos problemas no mercado de trabalho britânico. “A recuperação econômica é muito mais frágil do que o Governo pinta. É verdade que o desemprego caiu, mas às custas de reduzir a qualidade do emprego e de salários muito baixos”, aponta o especialista.
A cidade litorânea de Liverpool (com 500.000 habitantes) é uma das que registra mais contratos de zero horas: eles representam mais da metade do que se oferece, sobretudo nos setores de restauração, lazer e serviços. No entanto, a fórmula se aplica em todo o país e em empresas de todo o tipo: multinacionais como o McDonald’s, a empresa de remessas DHL, a rede de farmácias Boots e as lojas Sports Direct empregam um bom número de trabalhadores com esses contratos flexíveis, segundo análises dos sindicatos.
A gigante norte-americana de fast food admite que emprega 90% de seus funcionários no Reino Unido com o sistema de zero horas – cerca de 83.000 pessoas. Mas seus representantes afirmam que isso se deve ao fato de os trabalhadores “buscarem a flexibilidade”. “Muitos de nossos empregados têm filhos ou são estudantes que querem empregos remunerados flexíveis para encaixar com as aulas ou com os cuidados com as crianças”, afirma a empresa, em um comunicado sobre os contratos de zero horas em seu site.
Ciaran Foley mostra em seu celular o calendário que seu chefe lhe envia por email no primeiro dia de cada mês para avisar sobre seus horários.
Um desses casos é o de Ciaran Foley, de 28 anos. Ele trabalhou por um tempo no McDonald’s e agora ébarman em um pub no centro de Liverpool, a poucos metros do Cavern Club, onde os Beatles tocavam no início de carreira. Foley diz que o sistema convém a ele, que é avisado todo primeiro dia do mês sobre seu horário de trabalho e que considera ser pago “aceitavelmente”. “Ganho 9 libras por hora e gosto do emprego”, afirma. Esfregando os olhos vermelhos, ele conta que o pior são as jornadas “eternas”. “Às vezes entro às 14h e só saio às 6h do dia seguinte”.
Já Sarah agradeceria se tivesse um emprego igual. Operária na fábrica de bolachas Jacob’s – que produz os tradicionais cream crackers e é uma das principais indústrias de Liverpool e um emblema do país –, ela afirma taxativamente que adoraria ter um trabalho em tempo integral. Sentada em uma pizzaria perto do estádio de futebol do Everton, esta mulher de 52 anos, alta e forte, conta que vive na dependência de seu celular. Seu empregador, neste caso uma agência de recrutamento, avisa um dia antes, por torpedo, como será sua jornada de trabalho. Além disso, assim como o restante dos cerca de 200 trabalhadores que a agência coloca à disposição da fábrica, ganha 2 libras a menos por hora do que os funcionários contratados diretamente pela Jacob’s, que pertence à United Biscuits, adquirida há dois meses por um grupo turco de empresas de alimentação.
A esse estratagema, que deixa ainda mais em desvantagem os trabalhadores de ‘zero horas’, soma-se a “ironia” de que o programa público para desempregados subsidiados recorra a essas empresas para recolocar quem está desempregado, segundo Barry Kushner, conselheiro na área de empregos de Liverpool. “O que o Governo faz é alimentar esse sistema perverso”, afirma. Kushner, que é trabalhista e preside a comissão que a cidade criou para lutar contra os empregos precários e que elaborou uma investigação profunda sobre o sistema ultraflexível, propõe excluir de qualquer licitação pública as empresas que não garantam um mínimo de horas semanais aos empregados, ainda que recorram ao contrato de “zero horas”.
Com uma colher de plástico, Sarah – que, como Clive, prefere não dizer seu sobrenome – mexe seu café. Ela prefere um café forte, sem açúcar nem leite. “Contando com o dia de hoje, já são três dias sem notícias. Não recebi nenhuma mensagem, nenhuma chamada. Nada”, murmura. Seu semblante forte se evapora quando fala do temor de que a empresa a tenha dispensado. “Com esses contratos, eles nem precisam te despedir. Basta não te chamarem mais para trabalhar”, afirma. E se não há trabalho, não há salário. E também não há acesso ao seguro-desemprego nem outros subsídios. “Tampouco posso deixar esse emprego e procurar outro. Se fizesse isso, sairia do sistema de seguro-desemprego durante seis meses. É assim que eles nos tratam. É como uma escravidão em pleno século XXI”.

Liberdade e disponibilidade

Isisa, de 26 anos, estudante de Odontologia, trabalha às vezes sob o sistema ‘zero horas’.
Para alguns trabalhadores qualificados, principalmente em setores como o da saúde, e fundamentalmente para aqueles em início de carreira, os contratos de ‘zero horas’ podem chegar a ser um sinônimo de liberdade e bom rendimento. “Esse tipo de emprego ocorre, mas são uma minoria”, afirma Neil Lee, professor de Economia na London School of Economics.
Isisa, de 26 anos, que está terminando Odontologia, trabalha como assistente em uma clínica de Liverpool quando é chamada. Sentada em um banco em uma rua comercial da cidade, junto com a amiga Salma, ela conta que costuma receber pelo menos 20 libras por hora. “É uma boa solução e me permite continuar estudando e conseguir algum dinheiro”, diz.

Homem de 101 anos resgatado dos escombros uma semana após o sismo no Nepal Um homem de 101 anos foi retirado no sábado dos escombros da sua casa no Nepal, uma semana após o terremoto que causou mais de 7.000 mortos Ler mais: http://visao.sapo.pt/homem-de-101-anos-resgatado-dos-escombros-uma-semana-apos-o-sismo-no-nepal=f818518#ixzz3ZAWkqgZe

Homem de 101 anos resgatado dos escombros uma semana após o sismo no Nepal
Reuters
Um homem de 101 anos foi retirado no sábado dos escombros da sua casa no Nepal, uma semana após o terremoto que causou mais de 7.000 mortos, disse hoje a polícia.
O idoso foi encontrado no sábado e foi hospitalizado, disse Arun Kumar Singh, um oficial da polícia local.
O balanço final do número de mortos do terremoto, que matou mais de 7.000 pessoas e causou mais de 14.000 feridos em abril no Nepal será "muito maior", advertiu hoje o ministro das Finanças do país dos Himalaias.
O núcleo da Unicef em Katmandu alertou hoje para o risco de aumento do tráfico de crianças no Nepal na sequência do terramoto assim como para o perigo de agravamento de problemas já existentes, como a subnutrição.
A chefe da Proteção Infantil da Unicef no Nepal, Virginia Pérez, disse, numa entrevista à agência noticiosa Efe, que, segundo algumas das primeiras avaliações, no distrito de Gorkha (norte), perto de 80% das escolas estão destruídas, pelo que continuam a trabalhar para impedir as doenças. 
Já antes do terramoto de 25 de abril, que fez perto de 7.000 mortos, o Nepal tinha índices de exploração infantil, de tráfico de menores e de abuso e violência "muito altos", referiu.


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