sexta-feira, 1 de maio de 2015

Governo cede a pressão de sindicatos para garantir ajuste fiscal


Dilma Rousseff recebe representantes das Centrais Sindicais / ROBERTO STUCKERT FILHO (PR)
O largo Eixo Monumental de Brasília que passa pelo Congresso Nacional e pelo Palácio do Planalto parece uma coleção de estandartes de blocos carnavalescos. Em mais de duas dezenas de postes há cartazes de centrais sindicais reclamando das medidas do Governo Dilma Rousseff que afetam os trabalhadores. A pressão dessas entidades já dura quase cinco meses e, agora, começa a surtir efeitos.
A presidenta Rousseff, que desistiu de fazer um discurso televisionado no dia dos trabalhadores por temer protestos, iniciou um movimento de reaproximação das centrais sindicais. Nesta quinta, ela se encontrou com os principais representantes e anunciou a criação de um fórum multissetorial para discutir políticas de emprego, trabalho e previdência.
No discurso que durou cerca de 20 minutos, ela defendeu a necessidade das medidas de ajuste fiscal que o Governo tem adotado para reequilibrar as contas públicas, justificando que elas são "essenciais" para recuperar o crescimento econômico. Entre as propostas estão as duas MPs que alteram o acesso da população  a benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego, pensão por morte e abono salarial. "É importante afirmar que nós mantivemos os direitos trabalhistas, mantivemos os direitos previdenciários e mantivemos nossas políticas sociais. O que nós propusemos ao Congresso Nacional foram correções nas políticas de seguridade social para evitar distorções e excessos, não para tirar direitos dos trabalhadores", disse. 

A principal mudança foi na redução dos prazos de carência (que é o período de vínculo formal) que os funcionários terão de cumprir para ter acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial. A MP 665 previa que o trabalhador dispensado sem justa causa só poderia solicitar o seguro-desemprego depois de 18 meses de trabalho ininterruptos nos dois anos anteriores à demissão. O relator dessa medida, o senador Paulo Rocha (PT-RS) reduziu a carência para 12 meses de trabalho.As duas novas regras, as MPs 664 e 665, devem ser votadas na próxima semana no Congresso Nacional e, se aprovadas como querem os relatores das propostas, abrirão mão de 3,2 bilhões dos 18 bilhões de reais previstos inicialmente do ajuste fiscal orquestrado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Entre as outras mudanças sugeridas pelos relatores estão: a redução do prazo mínimo para contribuição para que a pensão por morte seja concedida ao cônjuge; a obrigação da empresa pagar 30 dias de salário para o funcionário afastado por doença e a ampliação do tempo de pagamento de pensões por faixa etária. “São medidas que centrais sindicais e especialistas nos pediam. Analisamos o assunto e decidimos alterar isso na MP”, afirmou o relator da MP 664, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
Apesar dos esforços da base governista, parte das centrais ainda reclama das MPs. Na terça-feira, um grupo de presidentes de confederações se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tratar dessa questão e do projeto que regula a terceirização de trabalhadores. Após essa reunião, o presidente da Centra Única dos Trabalhadores (CUT) disse que as centrais não vão tolerar a retirada de direitos. “Não vamos permitir que o governo faça ajuste fiscal no lombo dos trabalhadores dificultando o acesso a direitos adquiridos”.
A pressão continuou na quarta-feira, quando um grupo de 15 manifestantes protestou durante a audiência pública da Comissão de Finanças da Câmara na qual era ouvido o ministro da Fazenda. Os militantes levantaram cartazes pedindo que a presidenta não mexesse em direitos como seguro desemprego, abono salarial e seguro defeso (esse para pescadores). Os últimos dois temas continuam em suspensão. Não está claro como eles serão tratados pelos congressistas nas sessões de votação da semana que vem.
Os esforços do Governo abrangem também a atuação de Levy. Nas últimas semanas ele tem participado de encontros com empresários e entidades de classe para apresentar o pacote de ajuste econômico da gestão petista. Com relação às medidas 664 e 665 ele disse nesta quarta-feira na audiência da Câmara: “Ninguém está passando a conta para o trabalhador. Estamos buscando medidas para crescer e para diminuir o desemprego”. (Colaborou Heloísa Mendonça)

Ministro diz que grau de investimento depende de pacote fiscal

A. B.
Sem o pacote fiscal o Brasil pode perder o grau de investimento. O alerta, com um tom de cobrança, foi feito pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a deputados federais que participaram de uma audiência com ele na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, nesta quarta-feira em Brasília. Não bastou o alerta, Levy fez questão de mostrar uma apresentação na qual dizia com letras maiúsculas em amarelo sob um fundo vermelho da importância de manter o investment grade.
O panorama apresentado por Levy aos deputados da comissão não era nada animador. “Os gastos foram maiores do que a receita no ano passado”, explicou o ministro. Por isso, diz que o ajuste é necessário. “Desde que recebemos oinvestment grade aumentamos os investimentos estrangeiros. Não podemos perder isso”, defendeu Levy aos deputados. Na audiência, o ministro apresentar uma tabela mostrando que, em 2007, antes de receber a nota positiva de agências de classificação de riscos, o Brasil recebeu 35 bilhões de dólares de investimento estrangeiro. No ano passado, esse valor subiu para 62 bilhões.
No mesmo dia em que o Fundo Monetário Internacional anunciou que o Brasil deve ter a pior desaceleração da economia em 20 anos, o ministro também reforçou que o Governo conta com o apoio dos congressistas para reduzir as desonerações. Anualmente o Brasil deixa de receber 113 bilhões de reais em impostos. “O valor equivale a mais de sete vezes o programa habitacional Minha Casa Minha Vida. Precisamos rever essas desonerações”, ressaltou Levy.
Desse total, 25,2 bilhões ocorrem por conta da desoneração da folha de pagamento dos trabalhadores. Dentro do pacote fiscal elaborado pela equipe econômica há a previsão de reduzir essa renúncia fiscal para 12,4 bilhões. Dessa forma, haveria a redução de número de beneficiados pela renúncia, cairia de 89.000 empresas para 56.000.
Essas alterações já deveriam ter entrado em vigor por meio de uma medida provisória, a 669. Ocorre que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolveu o texto ao Planalto por entender que a matéria não deveria ser analisada em regime de urgência, como queria a gestão Dilma Rousseff (PT). Dessa forma, o Governo agora pressiona o Congresso para votar o assunto e tentar economizar esses recursos.

Temer rebate Renan e diz que não usará cargo para atacar outros Poderes

BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Michel Temer rebateu as declarações feitas nesta quinta-feira pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que criticou a presidente Dilma Rousseff e a articulação política do governo, e disse, sem citar Renan, que não usará seu cargo para atingir autoridades de outros poderes.
"Não usarei meu cargo para agredir autoridades de outros Poderes. Respeito institucional é a essência da atividade política, assim como a ética, a moral e a lisura", disse Temer, que também é o responsável pela articulação política do governo, em nota divulgada por sua assessoria.
Mais cedo nesta quinta-feira, Renan declarou que o PMDB, partido presidido por Temer, não poderia transformar a coordenação política e sua participação no governo em "uma articulação de RH, para distribuir cargos e boquinhas".
O presidente do Senado também classificou de "coisa ridícula" a ausência de um pronunciamento em rede nacional da presidente para lembrar o Dia do Trabalho, em 1º de maio.
Ao afirmar que não irá estimular um debate "que só pode desarmonizar" as instituições, Temer disse trabalhar "com o objetivo de construir a estabilidade política e a harmonia ensejadoras da retomada do crescimento econômico em benefício do povo brasileiro".
"Se outros querem sair desta trilha, aviso que dela não sairei", afirmou o vice-presidente.
Ao criticar a articulação política, Renan disse ainda que falta "fundamento" à coalizão que apoia Dilma. Disse ainda que seu partido não poderia adotar "o que de pior" faz o PT, "que é o aparelhamento do Estado".
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)
 

Surface Hub: testamos o telão smart da Microsoft que revoluciona reuniões

Uma das grandes surpresas da Microsoft para o Windows 10 é o Surface Hub. O telão gigante e smart, que parece uma TV, é a aposta da companhia para conquistar o publico corporativo e mostrar a força da nova plataforma para negócios. Sensível ao toque com os dedos das mãos e canetas especiais, esse que promete ser o sucessor do quadro branco tem versão 4K e dois tamanhos: 55 ou 84 polegadas. 
O TechTudo teve acesso ao aparelho na Build 2015, evento para desenvolvedores que acontece em San Francisco, e traz as primeiras impressões desse "giga tablet" que promete revolucionar reuniões.
Veja, no vídeo abaixo, as principais novidades do Windows 10 apresentadas na Build 2015


Parece TV, mas não é
O primeiro contato com o Surface Hub engana muita gente. Afinal, o aparelho traz um design já conhecido por todos nós, é usado sem mouse e teclado e lembra muito uma SmartTV. No entanto, a função dele é bem distinta: ser um computador central nas salas de reunião e, por que não, de aulas.
O aparelho da Microsoft vem equipado com dois alto falantes na sua parte lateral. Traz duas câmeras, sendo uma de cada lado, que poderão ser usadas para vídeo conferências via Skype. O mensageiro VoIP, aliás, é totalmente preparado para o dispositivo e oferece recursos pensados para empresas.
Surface Hub 6 (Foto: Elson Junior/TechTudo)Surface Hub terá integração com Skype para reuniões a distância (Foto: Elson Junior/TechTudo)
O Surface Hub não traz botões em sua superfície, já que toda interação deve ser feita pela tela, sensível ao toque. O dispositivo traz uma barra de navegação inferior bastante semelhante com a do Windows para tablets, apresentando um botão inicial, um para voltar e a assistente Cortana, que ainda não estava disponível neste primeiro teste.
Caneta turbinada
A Microsoft parece disposta a querer repetir o sucesso que a Surface Pen fez no tablets Pro 3. O Hub chegará equipado com duas canetas, que podem ser fixadas em ganchos laterais  e carregadas.
Surface Hub 4 (Foto: Elson Junior/TechTudo)O Surface Hub vem com duas canetas que podem ser fixadas no aparelho (Foto: Elson Junior/TechTudo)
As canetinhas do Surface Hub receberam um grande upgrade. Além de anotações e desenhos precisos no OneNote, o acessório é capaz de apagar o tracejado com a ponta contrária. Para ter uma ideia, é como se a Surface Pen fosse um daqueles lápis com a borrachinha na ponta, muito prático.
Apps e funcionalidades
O Surface Hub será também a casa dos aplicativos universais do Windows 10. Durante a Build 2015, foi possível conferir as versões do Word, PowerPoint e Excel para o aparelho. O apps de produtividades funcionam muito bem no telão smart e permitem a edição completa do conteúdo.
Outro app que já está portado é o Microsoft Edge, ainda com nome de Project Spartan. De acordo com uma funcionária da Microsoft, presente no local de testes, o Surface Hub roda a versão móvel do Windows 10, ou seja, com acesso apenas aos aplicativos modernos, projetados em blocos dinâmicos. 
Surface Hub 5 (Foto: Elson Junior/TechTudo)Pacote Office está presente no Surface Hub para ajudar em reuniões de negócios (Foto: Elson Junior/TechTudo)
Uma diferença entre o aparelho e a maioria dos produtos com Windows é que este não terá a loja de aplicativo instalada, a Windows Store. O Surface Hub não terá conta de usuário e todos os aplicativos instalados serão negociados diretamente com a Microsoft. Segundo a empresa, isso é necessário para que as corporações tenham total controle sobre o que é instalado no Hub e que não haja nenhuma informação pessoal de funcionários "logados" no aparelho, evitando também o risco de vazamentos.
A interface do sistema operacional é totalmente adaptada para o aparelho e não apresenta as live tiles doWindows 8 e 10 para computadores. O sistema também é multitarefas e permite que as aplicações sejam rodadas em tela cheia ou juntamente com outras, como já é feito na atual versão.
Veja no vídeo abaixo como funciona o Surface Hub

Outra função de destaque é o botão “I’m done” (Algo como “Terminei”). A ideia dele é simples, porém excelente: ao ser pressionado, o Surface Hub vai fechar todos os aplicativos abertos e voltar para a tela inicial, como se tivesse reiniciado. A proposta é permitir uma troca rápida entre reuniões e aulas.
Duas versões gigantes
O Surface Hub tem duas versões: a primeira tem 55 polegadas e a segunda traz 84 polegadas com resolução 4K. A Microsoft ainda não revelou a data de lançamento do aparelho e nem o preço.
O SurfaceHub é sem dúvida um ótimo aparelho para reunião em empresas, trabalhos em grupo e videoconferências. A Microsoft conseguiu produzir um computador totalmente adaptado para apresentações e que tende a ganhar espaço em empresas e até na sala de aula, tamanha sua versatilidade.Corporativo 
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Surface 12 (Foto: Elson Junior/TechTudo)Surface Hub está disponível para testes na Build 2015, da Microsoft (Foto: Elson Junior/TechTudo)
Os consumidores comuns, por outro lado, não tem muito o que fazer com ele. Não que o aparelho seja uma aquisição ruim, mas a sua proposta tende a acrescentar muito pouco a quem procura apenas por entretenimento em casa ou não vai utilizar suas ferramentas com objetivo profissional. Além disso, o preço não deve ser nada convidativo, compatível apenas com o bolso de grandes empresas.

Ministros de FHC, Lula e Dilma, contra a redução da maioridade penal

Os ministros após assinarem o documento. / IURI BARCELOS (SEC. MUNICIPAL DDHH)
Oito ex-ministros dos Direitos Humanos, nomeados durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, uniram-se ao atual responsável pela pasta, Pepe Vargas, com um objetivo comum: impedir a aprovação da PEC 171/93, que pretende a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, na Câmara de Deputados. “Este momento é simbólico, nós estamos aqui afirmando um movimento suprapartidário que têm os direitos humanos como prioridade”, afirmou Vargas.
O grupo, integrado por José Gregori, Gilberto Sabóia e Paulo Sérgio Pinheiro pelo Governo de FHC; Nilmário Miranda, Mário Mamede e Paulo Vannuchi do Governo Lula, Maria do Rosario Nunes e Ideli Salvati da gestão Dilma, assinou um documento de repúdio a emenda onde afirmam que é “flagrantemente inconstitucional e redutora de direitos conquistados duramente na luta pela democracia.”
Os ministros defenderam que quem quer a redução da maioridade penal – em referência à bancada evangélica e a chamada “bancada da bala”, formada por policiais e parlamentares ligados à indústria de armas – não tem o reconhecimento para falar de soluções para a violência e usa argumentos mentirosos. “Não há dado nenhum que afirme que a redução resolva a violência, o número de adolescentes que comete crimes contra a vida é muito pequeno, enquanto vemos casos, como o dos EUA, onde o endurecimento das penas não resolveu o problema", manteve Vargas. "Levando as informações adequadas às pessoas, não acredito que a população brasileira vai permitir um retrocesso desta natureza."
José Gregori, que também foi ministro de Justiça de FHC, atacou diretamente os defensores da emenda, apresentada em 1993 pelo ex-deputado do Partido Progressista e pastor, Benedito Domingos. “A bandeira contra a violência só cabe historicamente na mão de quem defende os direitos humanos. Pelo amor de Deus, não caiam nessa!: Quem fabrica armas, vende e lucra com elas não pode se colocar como defensor da luta contra a violência”, disse o jurista. “Tem muita gente que não entenderia minha foto aqui, mas ela é apenas uma repetição do espírito de unidade e de reconhecimento das coisas importantes que acontecem no Brasil”.

Levando as informações adequadas às pessoas não acredito que a população brasileira vai permitir um retrocesso desta natureza."
Entre as coisas importantes está também barrar uma crescente corrente conservadora no Congresso, segundo os ministros. Nilmário Miranda, primeiro ministro de Direitos Humanos do governo Lula, afirmou que desde a volta da democracia, a proposta de redução da maioridade, uma pauta com apelo popular segundo as pesquisas, entra na pauta no Congresso ano trás ano, mas essa foi a primeira vez que a ideia prosperou na Câmara. Para Nilmário, a PEC é fruto de "um bloco revanchista e conservador". O ex-ministro de FHC Paulo Sérgio Pinheiro completou: "O objetivo não é só "desconstruir esse nefanda PEC. É desconstruir o avanço de uma agenda de direita que esse Congresso assume. Essa tentativa de ter hegemonia sobre o Congresso brasileiro, por [parte dessas] bancadas [da bala e evangélica], é isso que temos que enfrentar. Estamos reunidos aqui porque essa resistência só vai ocorrer como ocorreu durante a ditadura, unificando na construção da democracia”.
Pepe Vargas, ministro da Secretária de Direitos Humanos
Esta não foi a única menção aos tempos da ditadura, num local, o Centro Universitário Maria Antônia, que foi cenário de batalhas entre estudantes da USP e da Mackenzie durante o regime. Os próprios ministros esperam repetir o sucesso da causa que já os uniu em 2011, a pesar das suas divergências: acriação da Comissão Nacional da Verdade.
O grupo, apoiado por figuras comoMargarida Genevois, legendária defensora dos direitos humanos, tem duas estratégias: a primeira é influir dentro da Câmara e o Senado para convencer os parlamentares a barrarem a tramitação do projeto, e a segunda, mobilizar a sociedade. “Temos que fazer um debate legítimo com a sociedade sobre a violência e a criminalidade, porém a redução não é uma solução milagrosa, ela aumenta e agrava os problemas. Precisamos debater e discutir o sistema e mobilizar energia na sociedade”, disse Vargas.
Gregori afirmou que não via sentido na aprovação dessa PEC. “Não há justificativa, não faz sentido levar jovens a um regime que não é regenerador, nem recuperador, mas intensificador da violência. Não é uma coisa que só fira nossos compromissos internacionais, nossa Constituição, é uma coisa que não tem propósito não tem justificativa."
Convencidos da possibilidade de impedir a tramitação da PEC os ministros contemplam, no entanto, uma ofensiva no Supremo Tribunal baseada na inconstitucionalidade da proposta. “Se for aprovado, obviamente que será solicitada uma ação direta de inconstitucionalidade. Mas a gente espera que o Congresso não aprove essa medida”, afirmou Vargas.
Os locais carregados de significado estão sendo cenários da mobilização de importantes figuras da sociedade brasileira contra a redução da maioridade penal. A união simbólica dos ministros acontece dois dias depois de um  ato celebrado no salão nobre da faculdade de Direito da USP, um ícone da resistência paulista. Ele reuniu juristas, acadêmicos, estudantes e integrantes de diversos órgãos da sociedade civil para mostrar a indignação que provoca a pretensão de reduzir a maioridade penal em um país que mantém mais de meio milhão de presos, 40% deles sem julgamento.
Não há justificativa, não faz sentido levar jovens a um regime que não é regenerador, nem recuperador, mas intensificador da violência."
Ex-ministro José Gregori

As suspeitas de tráfico de influência internacional sobre o ex-presidente Lula O Ministério Público Federal abre uma investigação contra o petista – ele é suspeito de ajudar a Odebrecht em contratos bilionários THIAGO BRONZATTO E FILIPE COUTINHO 30/04/2015 - 22h46 - Atualizado 01/05/2015 01h07

Capa edição 882 (Foto: divulgação)

 >> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana
Quando entregou a faixa presidencial a sua pupila, Dilma Rousseff, em janeiro de 2011, o petista Luiz Inácio Lula da Silva deixou oPalácio do Planalto, mas não o poder. Saiu de Brasília com umcapital político imenso, incomparável na história recente do Brasil. Manteve-se influente no PT, no governo e junto aos líderes da América Latina e da África – líderes, muitos deles tiranetes, que conhecera e seduzira em seus oito anos como presidente, a fim de, sobretudo, mover a caneta de seus respectivos governos em favor dasempresas brasileiras. Mais especificamente, em favor das grandes empreiteiras do país, contratadas por esses mesmos governos estrangeiros para tocar obras bilionárias com dinheiro, na verdade, do Banco Nacional de Desenvolvimento, o BNDES, presidido até hoje pelo executivo Luciano Coutinhoapadrinhado de Lula. Como outros ex-presidentes, Lula abriu um instituto com seu nome. Passou a fazer por fora (como ex-presidente) o que fazia por dentro (como presidente). Decidiu continuar usando sua preciosainfluência. Usou o prestígio político para, em cada negócio, mobilizar líderes de dois países em favor do cliente, beneficiado em seguida com contratos governamentais lucrativos. Lula deu início a seu terceiro mandato. Tornou-se o lobista em chefe do Brasil. 
 
Documento 01 (Foto: Reprodução)
Nos últimos quatro anos, Lula viajou constantemente para cuidar de seus negócios. Os destinos foram basicamente os mesmos – de Cuba a Gana, passando por Angola e República Dominicana. A maioria das andanças de Lula foi bancada pela construtora Odebrecht, a campeã, de longe, de negócios bilionários com governos latino-americanos e africanos embalada por financiamentos do BNDES. No total, o banco financiou ao menos US$ 4,1 bilhões em projetos da Odebrecht em países como Gana, República Dominicana, Venezuela e Cuba durante os governos de Lula e Dilma. Segundo documentos obtidos por ÉPOCA, o BNDES fechou o financiamento de ao menos US$ 1,6 bilhão com destino final à Odebrecht após Lula, já como ex-presidente, se encontrar com os presidentes de Gana e da República Dominicana – sempre bancado pela empreiteira. Há obras como modernização de aeroporto e portos, rodovias e aquedutos, todas tocadas com os empréstimos de baixo custo do BNDES em países alinhados com Lula e o PT. A Odebrecht foi a construtora que mais se beneficiou com o dinheiro barato do banco estatal. Só no ano passado, segundo estudo do Senado, a empresa recebeu US$ 848 milhões em operações de crédito para tocar empreendimentos no exterior – 42% do total financiado pelo BNDES. Há anos o banco presidido por Luciano Coutinho resiste a revelar os exatos termos desses financiamentos com dinheiro público, apesar de exigências do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União e doCongresso. São o segredo mais bem guardado da era petista.
Moralmente, as atividades de Lula como ex-presidente são, no mínimo, questionáveis. Mas há, à luz das leis brasileiras, indícios de crime? Segundo o Ministério Público Federal, sim. ÉPOCA obteve, com exclusividade, documentos que revelam: o núcleo de Combate à Corrupção da Procuradoria da República em Brasília abriu, há uma semana, investigação contra Lula por tráfico de influência internacional e no Brasil. O ex-presidente é formalmente suspeito de usar sua influência para facilitar negócios da Odebrecht com representantes de governos estrangeiros onde a empresa toca obras com dinheiro do BNDES. Eis o resumo do processo“TRÁFICO DE INFLUÊNCIA. LULA. BNDES. Supostas vantagens econômicas obtidas, direta ou indiretamente, da empreiteira Odebrecht pelo ex-presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, entre os anos de 2011 a 2014, com pretexto de influir em atos praticados por agentes públicos estrangeiros, notadamente os governos da República Dominicana e Cuba, este último contendo obras custeadas, direta ou indiretamente, pelo BNDES”.

Os procuradores enquadram a relação de Lula com a Odebrecht, o BNDES  e os chefes de Estado, a princípio, em dois artigos do Código Penal. O primeiro, 337-C, diz que é crime “solicitar, exigir ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional”. O nome do crime: tráfico de influência em transação comercial internacional. O segundo crime, afirmam os procuradores, refere-se à suspeita de tráfico de influência junto ao BNDES. “Considerando que as mencionadas obras são custeadas, em parte, direta ou indiretamente, por recursos do BNDES, caso se comprove que o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva também buscou interferir em atos práticos pelo presidente do mencionado banco (Luciano Coutinho), poder-se-á, em tese, configurar o tipo penal do artigo 332 do Código Penal (tráfico de influência)”, diz o documento.

A investigação do MPF pode envolver pedidos de documentos aos órgãos e governos envolvidos, assim como medidas de quebras de sigilos. Nas últimas semanas, ÉPOCA obteve documentos oficiais, no Brasil e no exterior, e entrevistou burocratas estrangeiros para mapear a relação entre as viagens internacionais do ex-presidente e de integrantes do Instituto Lula com o fluxo de caixa do BNDES em favor de obras da Odebrecht nos países visitados. A papelada e os depoimentos revelam contratos de obras suspeitas de superfaturamento bancadas pelo banco estatal brasileiro, pressões de embaixadores brasileiros para que o BNDES liberasse empréstimos – e, finalmente, uma sincronia entre as peregrinações de Lula e a formalização de liberações de empréstimos bilionários do banco estatal em favor do conglomerado baiano.

A Odebrecht tem receita anual de cerca R$ 100 bilhões. É uma das principais empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, que desmontou um esquema de pagamento de propinas na Petrobras. Segundo delatores, a construtora tinha um método sofisticado de pagamento de propinas, incluindo remessas ao exterior trianguladas com empresas sediadas no Panamá. A empreiteira, que foi citada pelo doleiro Alberto Youssef e por ex-funcionários do alto escalão da Petrobras, nega as acusações.

Enquanto Dilma silencia no Dia de Trabalho, PMDB eleva o tom

Renan Calheiros durante entrevista coletiva. / MARCELO CAMARGO (AGÊNCIA BRASIL)
A presidenta Dilma Rousseff optou por evitar o discurso em rádio e televisão, como fez em anos anteriores, durante o Dia do Trabalho, e os motivos para tal não são difíceis de compreender. Depois doinédito panelaço do dia 8 de Março, enquanto falava em cadeia nacional, a presidenta preferiu silenciar, embora seu ministro da Secretaria da Comunicação Social, Edinho Silva, tenha justificado a decisão de outra forma. “A presidenta vai dialogar com os trabalhadores, com a sociedade brasileira, pelas redes sociais. É uma forma de valorizarmos outros meios de comunicação”, disse o ministro na última segunda-feira.

As críticas tinham endereço certo, uma vez que o papel de articulador político é ocupado pelo vice-presidente, Michel Temer, também do PMDB. Dilma continuou mantendo o silêncio, mas quem saiu da discrição tradicional foi o próprio Temer, que soltou uma nota, dizendo que não usaria o cargo “para agredir autoridades de outros Poderes". "Respeito institucional é a essência da atividade política, assim como a ética, a moral e a lisura”, disse o vice-presidente, por meio de nota, ainda que não admita que seria uma resposta a Calheiros. “Não estimularei um debate que só pode desarmonizar as instituições e os setores sociais. O País precisa, neste momento histórico, de políticos à altura dos desafios que hão de ser enfrentados”.Às turras com a sua base aliada, nesta quinta Rousseff foi alvo de críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros, que classificou o silêncio da presidenta como uma “coisa ridícula”. “Essa coisa da presidente não poder falar no dia 1º de Maio porque não tem o que dizer é uma coisa ridícula. Ridícula. Isso enfraquece muito o governo", disse ele, que apontou a necessidade de o Governo sair da “paralisia e da falta de iniciativa” em que se encontra. A jornalistas em Brasília, ele falou que o PMDB não pode substituir o PT no que o “PT tem de pior, o aparelhamento do Estado”. Segundo ele, o partido não pode transformar o papel de coordenação política no de “coordenador de RH do governo federal”, ou seja, trabalhar para nomear cargos de segundo escalão.
Num momento de baixa popularidade, e aprisionada pelo Congresso, a presidenta tem deixado um flanco para a diatribe de desafetos que tentam se descolar, de toda forma da mandatária, neste momento singular do Governo petista.
É fato que, às vésperas do pior Primeiro de Maio dos governos petistas, com um aumento de desemprego, juros e inflação alta, além da seca no crédito para o consumo, a presidenta parece ter pouca bateria para convencer a opinião pública que o futuro reserva notícias mais alvissareiras. Nesta quinta, ela procurou driblar o mal-estar sobre o seu silêncio ao se reunir com representantes de centrais sindicais no Palácio do Planalto. Em reunião transmitida ao vivo pelo canal estatal, ela afirmou que a regulamentação do trabalho terceirizado exige “diferenciação entre atividades-fim e atividades-meio nos mais diversos ramos da atividade econômica”. Trata-se de um ponto polêmico que está colocando a Câmara em trincheira oposta ao Executivo. “Isso é necessário para assegurar que o trabalhador tenha a garantia dos direitos conquistados nas negociações salariais e também por uma razão ligada à nossa previdência para proteger a Previdência Social da perda de recursos”, afirmou.
Calheiros, por outro lado, tenta capitalizar o momento sugerindo que a presidenta deveria fechar um “pacto pelo emprego”, estabelecendo metas, nos mesmos moldes das metas de inflação ou superávit primário. E isso, deveria ser dito em cadeia nacional, sem temer o barulho das panelas, segundo ele.

Roberto Carlos é homenageado no Billboard da Música Latina Rei levou prêmio 'Trajetória Artística' por mais de 50 anos de carreira. Romeo Santos e Enrique Iglesias foram os mais premiados da noite

Robertos Carlos é homenageado no Billboard da Música Latina por seus mais de 50 anos de carreira. (Foto: Lynne Sladky / AP Photo)Roberto Carlos é homenageado no Billboard da Música Latina por seus mais de 50 anos de carreira. (Foto: Lynne Sladky / AP Photo)
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Roberto Carlos canta no palco do BankUnited Center, na Universidade de Miami. (Foto: Lynne Sladky / AP Photo)Roberto Carlos canta no palco do BankUnited
Center, na Universidade de Miami.
(Foto: Lynne Sladky / AP Photo)
O cantor Roberto Carlos foi o principal homenageado do prêmio Billboard da Música Latina, entregue nesta quinta-feira (30), em Miami, nos Estados Unidos, em cerimônia marcada pelo domínio do dominicano Romeo Santos e do espanhol Enrique Iglesias, os grandes ganhadores da noite.
Em um dos momentos de maior emoção, os mais de 50 anos de carreira do Rei foram lembrados no palco do BankUnited Center, na Universidade de Miami, antes de o ídolo da música nacional receber o prêmio na categoria Trajetória Artística das mãos do salseiro porto-riquenho Marc Anthony, que o chamou de "verdadeiro mestre".
Roberto Carlos agradeceu "a todos que de alguma forma me ajudaram a chegar onde estou" ao receber o prêmio. E foi ovacionado pela plateia ao cantar alguns de seus maiores sucessos, entre eles "Detalhes" e "Amada amante", sendo aplaudido de pé pelo público.
Romeo Santos, ídolo da bachata (ritmo característico das favelas da República Dominicana), e Enrique Iglesias foram os grandes destaques da premiação, uma das maiores da música latino-americana.
O dominicano levou dez troféus, incluindo os de Artista do Ano, Compositor do Ano e Produtor do Ano, enquanto o espanhol ficou com nove prêmios, entre eles o de Álbum Pop e Música Pop Latina, nas categorias geral e artista solo.
Outro momento de destaque na cerimônia foi a abertura, quando a lenda internacional da música, o mexicano Carlos Santana, recebeu o prêmio Artista do Ano em Duo ou Grupo. Ele também levou para casa o prêmio "Spirit of Home" por seu trabalho humanitário na luta pela erradicação da fome infantil e do tráfico sexual de menores de idade.
Dominicano Romeo Santos e o espanhol Enrique Iglesias dominaram a noite de premiação. (Foto: Lynne Sladky / AP Photo)Dominicano Romeo Santos e o espanhol Enrique Iglesias dominaram a noite de premiação. (Foto: Lynne Sladky / AP Photo)
Ao receber o prêmio de Álbum Tropical do Ano por seu disco Fórmula, Romeo Santos aproveitou para mandar uma mensagem aos compatriotas. "Quero agradecer aos pioneiros da bachata, que abriram caminho para o gênero", disse, mencionando grandes nomes do estilo musical dominicano.
Já Iglesias, veterano nos Billboard da América Latina, afirmou que estava nervoso antes de subir ao palco, agradecendo os fãs por "todo apoio, carinho e amor ao longo dos últimos 19 anos de minha vida".
Em outro momento repleto de emoção, Jennifer López prestou uma homenagem à "rainha da música texana", Selena Quintanilla, pelo 20º aniversário de sua trágica morte.