sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O que colhe um país que semeia cadáveres?

O que colhe um país que semeia cadáveres, perguntam os mexicanos

Milhares no México saem à rua para dizer que estão fartos da violência, da corrupção e da impunidade. “Cansei-me de ter medo” é a palavra de ordem daqueles que querem resgatar o país das mãos dos narcotraficantes.
Milhares em protesto na Cidade do México contra a violência do narcotráfico REUTERS/EDGARD GARRIDO
O desabafo do Procurador-geral do México, Jesús Murillo Karam, que terminou abruptamente uma conferência de imprensa dizendo estar “cansado” e “farto” das perguntas sobre o desaparecimento de 43 estudantes de uma escola rural de magistério, transformou-se num instante no grito de toda a sociedade mexicana – que nas ruas, na imprensa e nas redes sociais tem demonstrado o seu cansaço da violência, da corrupção e da impunidade que tornam insuportável a vida quotidiana e minam a confiança nas instituições do país.
“Cansei-me”(ou #YaMeCansé) passou a ser a expressão informal do lamento dos mexicanos: uma palavra de ordem na manifestação de repúdio e ao mesmo tempo uma promessa de acção, uma senha, uma convocatória. O país não suporta mais viver em silêncio, complacente enquanto o narcotráfico vai tomando conta do país, ameaçando milhões de inocentes e pondo em risco a sobrevivência do Estado. Os mexicanos querem resgatar a cidadania e a democracia. “Cansei-me do medo”, diz o monumental desabafo pichado numa das paredes do edifício da procuradoria do país.
O procurador-geral é, desde o seu infeliz comentário, um dos alvos dos protestos. “Murillo, tu estás cansado e nós estamos pelos cabelos: renuncia”, exigiram os manifestantes, horas depois de o ouvirem confirmar a notícia que não estavam preparados para aceitar: que os jovens estudantes “normalistas” (o nome dado às escolas rurais que formam os professores do ensino básico), desaparecidos na localidade de Iguala depois de um confronto com a polícia municipal, tinham sido entregues aos sicários dos Guerreros Unidos, um cartel do narcotráfico, e que estes se tinham encarregado de os matar.
Com impressionante frieza, Murillo divulgou ao país os detalhes das confissões daqueles que participaram no massacre dos jovens. Os “normalistas” foram abatidos a tiro numa lixeira, os seus corpos foram queimados numa pira com pneus e desperdícios, ensacados e atirados ao rio, informou, acrescentando que a identificação dos cadáveres será missão praticamente impossível.
As palavras do procurador puseram fim ao mistério que mantinha o México em suspenso desde o fim de Setembro – o que aconteceu aos estudantes, estão vivos ou mortos? Mas as informações não apaziguaram um país farto da violência do narcotráfico e da ineficiência do Governo.
Da mesma forma que os pais rejeitaram a versão oficial dos acontecimentos que os levaria a desistir de procurar os filhos, também os mexicanos recusam assimilar a brutalidade da morte dos “normalistas” como uma tragédia inevitável. Depois da conferência de imprensa de Murillo, as ruas da Cidade do México – e muitas outras cidades do país – encheram-se de manifestantes, num movimento espontâneo e pacífico por justiça.
Quem se resigna esquece
“O que Murillo queria era habituar a população à ideia de que já não há mais nada a fazer pelos 43 [estudantes], de que devemos parar de os procurar e deixar de protestar. Porque quem aceitar a ideia, acabará por se resignar, e quem se resignar acabará por esquecer. Não podemos fazer isso: não temos o direito ao esquecimento, temos de continuar a exigir os nossos filhos e irmãos vivos”, explicava Mayra, uma das manifestantes que marchou desde a procuradoria até ao Zócalo, a simbólica praça central da Cidade do México.
A revolta dos mexicanos e a mobilização pelo resgate do país das mãos do narcotráfico foi de tal maneira impressionante que até os jornais desportivos relataram a manifestação. Numa edição esgotada, a capa do Record de domingo era um pano negro com letras brancas: “O México está farto. O México está de luto. A corrupção e impunidade fazem com que ninguém seja responsável de nenhum assassínio, desvio de recursos, roubos e mentiras”.
No fim do protesto, um grupo de encapuçados pegou fogo a uma das históricas portas de madeira do Palácio Nacional, a sede da presidência (o chefe de Estado, Enrique Peña Nieto, já tinha partido para a China em visita oficial). O acto levou a um reforço do aparato policial, e a uma subida da tensão no local: “Podemos permitir que que queimem 43 estudantes numa fossa, que morram 49 crianças num incêndio numa creche, ou que se abra fogo sobre 40 adultos dentro de um casino, sem que haja um pingo de justiça. Mas que não ocorra a ninguém atacar uma porta, isso sim é intolerável’”, ironizava no domingo o colectivo estudantil 132 Global, sobre a actuação das autoridades, que detiveram 14 pessoas.
Em resposta ao PÚBLICO, a colunista do blogue Animal Político,América Pacheco, tentou enquadrar os acontecimentos em Iguala e resumir o estado de espírito do país. “O que explica esta desumanização”, diz, não tem nada a ver com a pobreza, que “tem sido a realidade do estado de Guerrero ao longo dos séculos”. O que há de diferente agora, aponta, é o “maldito narcotráfico, de que todos – todos – somos culpados. Em certa medida, todos fazemos parte desta cadeia, somos elos da corrente, não estamos alheios”.

Soldado morre e 15 ficam feridos no leste separatista da Ucrânia | Mundo: Diario de Pernambuco

Soldado morre e 15 ficam feridos no leste separatista da Ucrânia | Mundo: Diario de Pernambuco

‘Fazendo o diagnóstico precoce consegue-se curar o câncer de próstata’

Urologista Regis Alexander Macerou fala da importância com os cuidados preventivos

CRISTINA MEDEIROS9 de Novembro de 2014 | 17h30
Urologista Regis Alexander Macerou 
(Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado)
Urologista Regis Alexander Macerou
Depois de inúmeras ações para comemorar  o Outubro Rosa, que chamou a atenção de mulheres para a prevenção do câncer de mama, o foco agora são os homens! No mês de novembro, todo o mundo se une em prol da Campanha Novembro Azul, cujo objetivo é alertar a classe masculina sobre a importância do exame para detectar o câncer de próstata – glândula do sistema reprodutor que armazena os líquidos. Para esclarecer sobre a importância da prevenção e as consequências no aparecimento do tumor maligno (câncer de próstata), entrevistamos o urologista Regis Alexander Macerou, de Campo Grande. 
CORREIO PERGUNTA - O Novembro Azul está para o homem assim como o Outubro Rosa está para as mulheres. Mas elas procuram muito mais o médico para saber sobre a saúde do que os homens, neste caso, para diagnosticar o câncer de próstata. Podemos, então, constatar que o exame de toque ainda é um tabu para o homem brasileiro?
REGIS ALEXANDER MACEROU - Melhorou muito, mas ainda é. Antigamente nem se podia falar em toque retal que parecia que ia mudar a sexualidade do homem. Hoje,  não. Quando os homens vêm fazer o exame preventivo,  sabem que farão o toque, pois  sabem que hoje este é o exame  mais importante. Fala-se muito do PSA, que é o exame de sangue, mas o toque é o mais importante. E este tabu tem diminuído muito porque a mídia, cada vez mais, fala sobre a próstata, sobre as doenças do homem, então, ele vai perdendo este medo realmente. Outra coisa são as mulheres do Outubro Rosa. Elas trazem os maridos para as consultas, elas têm ajudado muito também. E a mídia, que fala muito sobre a próstata, que realmente é o órgão mais importante do homem em termos de aparecimento do câncer. Melhorou bastante mas ainda existe resistência. Há paciente que na consulta já diz “doutor, eu não quero fazer o exame de toque”. Mesmo você orientando, explicando a importância de fazer o exame,  ele diz “eu corro o risco”. É uma pequena parcela, mas ainda tem.
O exame dói? Como é feito e quanto tempo dura?
O exame não dói. Ele é incômodo. Trata-se de um toque digital para examinar corretamente o paciente e 30 segundos bastam. Não é um exame doloroso, não é. Há exames que são feitos em mulheres que podemos chamar de doloridos, mas este de toque retal no homem não é. 
Qual a função da próstata?
A próstata é uma glândula que responde pela fertidade masculina. O homem, para ter filhos, precisa ter uma próstata saudável. Ela produz o líquido seminal, que é o líquido onde os espermatozoides, quando o homem ejacula, andam neste líquido para chegar até o colo do útero para engravidar a mulher. Então, até uma certa idade, ela é muito importante. A próstata não produz o espermatozoide, quem produz é o testículo, mas sem o líquido produzido por ela não se consegue levar o espermatozoide até o colo do útero. 
Estatísticas apontam que, a cada seis homens, um é portador de câncer de próstata. Qual a importância do diagnóstico precoce?
A importância é que fazendo o dignóstico precoce, consegue-se curar o câncer de próstata - é o que todo médico e e todo paciente quer. Hoje, o câncer de próstata é o de maior incidência no homem. Mas é preciso ser falado que é um dos tumores que mais são curáveis quando detectados no início. Por quê? Porque quando o câncer sai da próstata, para os gânglios, para os ossos, você não consegue mais curar. Não existe tratamento para curar o câncer de próstata quando ele sai dela. E a gente quer sempre diagnosticar quando? No princípio, quando a pessoa está assintomática, sem sentir nada. Fazendo um exame preventivo de rotina você detecta o tumor e cura a pessoa. 
Quais são os sintomas do câncer de próstata?
Os sintomas do câncer de próstata inicial, aquele que está começando, é assintomático, uma doença silenciosa, traiçoeira na verdade. A próstata, quando dá sintomas, é sempre ao urinar, a dificuldade em urinar, o fluxo começa a diminuir, parece que ele não fez tudo, sobra xixi na bexiga, alguns podem até sangrar. Mas os sintomas são sempre urinários. E podem ser o crescimento benigno da próstata, chamada de hiperplasia e que todo homem pode ter, mas pode ser também do câncer de próstata. Quando o homem tem sintoma urinário e é câncer, geralmente ele não é um tumor localizado, pequenininho, começando, ele já está localmente avançado. O importante, então, é o homem ir ao médico sem estar
sentindo nada.
Há uma idade certa para que se comece a fazer a prevenção?
Se o homem tem no histórico familiar o câncer de próstata, como o pai, o avô, um irmão, um tio por parte de pai, o ideal é começar aos 40 anos. Se não há este histórico familiar, o homem pode começar aos 45 anos. Vai uma vez ao ano ao médico, faz o PSA e o exame de toque. Se estiver tudo ok volta em um ano. Se há alguma alteração no toque ou no PSA que o médico avalia e um ano ser muito distante, ele propõe que o paciente volte de 6 em 6 meses.
Qual o tratamento indicado para o câncer de próstata?
É preciso dividir em dois tratamentos específicos. O câncer de próstata localizado, que é aquele que a gente consegue curar, e o câncer de próstata avançado, que será aquele tratamento paliativo, de controle. O câncer localizado, que é o curável, tem dois tratamentos: um é uma cirurgia, onde se retira totalmente a próstata, as vesículas seminais, os gânglios e cura-se a pessoa; o outro é com a radioterapia. Sabendo que em termos de ordem de cura, a cirurgia cura mais do que a radioterapia. Então, a tendência é você propor ao paciente operar. Mas se ele não quer operar ou não pode operar porque tem riscos cirúrgicos (diabetes, problema cardiovascular ou respiratório) e a cirurgia vai colocá-lo em risco grande, há também a indicação de radioterapia. Quando a doença não pode ser mais curada, não adianta operar. Então, fazemos o tratamento medicamentoso, que também é chamado de tratamento hormonal, no qual você passa medicamentos que diminuem a testosterona do homem, a leva até praticamente zero. E, o último passo, seria a quimioterapia.
E quantos anos se consegue prolongar a vida do homem que faz este tratamento medicamentoso?
Com ele se consegue dar um prognóstico até razoável, de 5 a 10 anos. Mas isso depende também da agressividade do tumor. O câncer de próstata tem uma classificação que vai de 2 a 10. Se for uma agressividade maior, ele não vai durar estes 10 anos. Mas se for um tumor menos agressivo, ele pode durar até mais de 10 anos. Tudo isso será visto na biópsia que será feita para detectar o que é, o grau e o tipo de agressividade.  
Existe alguma relação entre a próstata e a ereção?
Os nervos da ereção passam junto da próstata, bem pertinho dela para o pênis dar a ereção. A próstata, como eu falei no início, está mais ligada à fertilidade do que com a ereção. Mas o homem que tem problema de próstata, o homem que tem dificuldade para urinar, dor para urinar, isso acaba, indiretamente, afetando a ereção. Então, não é que o problema de próstata vai fazer não ter ereção. Mas a pessoa que está doente da próstata indiretamente terá reflexos na ereção. 
O senhor diria que o câncer de próstata é  a doença urológica de maior incidência em seu consultório?
Posso dizer que a hiperplasia benigna da próstata é mais comum do que o câncar de próstata. Porque a hiperplasia todo homem vai ter. Todo homem vai ter o crescimento benigno da próstata. E a chance da hiperplasia dar sintoma urinário é muito maior do que o câncer. E isso se dá após os 40 anos. A próstata tem, em média, 20, 25 gramas, é como uma castanha pequena, que fica na entrada da bexiga. O canal da uretra passa no meio dela. Dos 40 anos para a frente ela começa a sofrer uma hiperplasia, que é o crescimento benigno dela. Este crescimento causa estrangulamento em alguns homens e fazem com que os sintomas retirem a qualidade de vida da pessoa. Então, a hiperplasia dá mais sintomas do que o câncer próstata. Mas, em termos de importância, o câncer de próstata é muito mais importante. 
Há registros de casos de câncer em  homens jovens?
São raros, mas existem. Geralmente são genéticos e são tumores diferentes dos convencionais que se dão com a idade. Infelizmente, eles são piores que estes. O câncer de próstata no jovem é raríssimo e, geralmente, você não consegue curar. São tumores muito mais agressivos que estes que tratamos em homens maduros. E, como os demais, eles não têm sintomas. Você pega um rapaz de 30 anos, por exemplo, e ele não sente nada. E quando vai sentir alguma coisa - que é raríssimo - já está avançado. Ele é tão raro, que a Sociedade Brasileira de Urologia preconiza os exames a partir dos 40. 
O senhor diria que assim como é importante a mulher procurar um ginecologista desde cedo, seria ideal o homem fazer o mesmo no que se refere à consulta com o urologista?
É bom deixar claro que o urologista não é só o médico da próstata. O urologista cuida da saúde do homem. Isso vai desde a criancinha, com aquelas doenças embriológicas, como a criptorquidia (quando os testículos não descem), a fimose; passa pela adolescência, quando começam os ciclos hormonais e quando aparecem doenças como a varicocele (que pode alterar a fertilidade do jovem) e depois na vida adulta. Nesta última fase, a importância de ir ao urologista é tanto para ver a parte prostática, que nós falamos aqui, como para ver a parte hormonal (andropausa). Sem falar que, ao acompanhar a saúde deste homem, conseguimos detectar outras doenças por meio de exames e encaminhá-lo aos especialistas. Claro que o foco é a próstata, mas quando um homem procura um urologista para fazer uma prevenção, hoje a gente pesquisa tudo, toda esta parte, que também pode estar ligada à ejaculação precoce, disfunção erétil, incontinência urinária, fertilidade, coisas que são tratáveis, recuperando a qualidade de vida.

Quem atirou em Bin Laden? Ex-marines dos EUA dão relatos conflitantes

Por Reuters 
Texto

O jornal Washington Post publicou reportagem na qual Rob O'Neill, ex-membro da força Seal, alega ter sido o autor do tiro

Reuters
Membros da força especial da Marinha dos Estados Unidos que participaram da operação que matou Osama bin Laden em seu esconderijo no Paquistão em maio de 2011 deram relatos conflitantes a respeito de quem de fato deu o deu o tiro mortal no então líder da Al-Qaeda.
Reuters
Rob O'Neill, que estava na equipe Navy SEAL 6 e teve papel de destaque no filme Captain Phillips (2013), em Montana, EUA (2013)
O jornal Washington Post publicou uma reportagem na quinta-feira (6) na qual Rob O'Neill, um ex-membro da força Seal, alega ter disparado o tiro fatal que atingiu Bin Laden na testa após ter invadido um dos quartos da casa dele em Abbottabad.
O relato de O'Neill, que viaja pelos EUA dando palestras motivacionais, foi contestado por uma fonte próxima a um outro integrante dos Seals.
A fonte, falando sob a condição de anonimato, disse que o membro da equipe disse a ele que o tiro foi disparado por um ou dois homens que entraram no quarto antes de O'Neill.
O Washington Post disse que O'Neill reconheceu que ao menos outros dois membros dos Seals atiraram em Bin Laden, incluindo Matt Bissonnette, um ex-Seal que escreveu um livro em 2012 sobre a operação chamada "No Easy Day" (Não Há Dia Fácil). O livro não identifica a pessoa que atirou em Bin Laden.
A rede NBC News citou Bissonnette nesta quinta-feira como dizendo: "Duas pessoas diferentes contando duas histórias diferentes por duas razões diferentes. Seja o que ele (O'Neill) diga, é ele quem diz. Eu não quero tocar nisso."
No ano passado, depois que a revista Esquire publicou uma entrevista com um membro anônimo dos Seals, depois noticiado como sendo O'Neill, em que ele alegava ter atirado em Bin Laden, outros veículos de comunicação questionaram o relato.
Um artigo intitulado "Quem realmente matou Bin Laden", escrito por Peter Bergen, um analista da CNN e especialista na Al Qaeda, depois citou um Seal então ainda em serviço como dizendo que a reportagem da Esquire era "pura mentira".
Um representante da organização de palestrantes que alega representar O'Neill disse não poder comentar. A página de O'Neill no site da organização descreve sua carreira como Seal, mas não faz menção sobre seu papel no assassinato de Bin Laden.
O advogado de Bissonnette, Robert Luskin, reconheceu na quinta-feira que por algum tempo Bissonnette esteve sob investigação criminal tanto pelo Serviço de Investigação Criminal da Marinha com pelo Departamento do Justiça dos EUA, devido a possíveis violações da lei de espionagem, por não ter buscado autorização oficial antes de publicar seu livro. Bissonnette nega qualquer irregularidade.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014