terça-feira, 11 de novembro de 2014

MUNDO

China recebe apoio da Apac para zona de livre-comércio

Cúpula do fórum Ásia-Pacífico é marcada por avanços em acordo que reduziria barreiras para o comércio entre 21 países, responsáveis por quase 60% do PIB global. Reunião serviu também para aproximar Washington e Moscou.
Shinzo Abe (esq.) e Xi Jinping: gesto de reconcliliação em Pequim
Os países integrantes do fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que inclui China e Estados Unidos, avançaram nesta terça-feira (11/11) na formação de uma zona de livre-comércio na região.
No encerramento da cúpula de dois dias, os chefes de Estado e governo reunidos em Pequim concordaram quanto ao estabelecimento de um cronograma para a futura Área de Livre-Comércio da Ásia-Pacífico (Alcap), proposta pela China.
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que a zona de livre-comércio será implementada passo a passo e em consenso entre seus membros, embora enfatizando a necessidade de que as conversações transcorram rapidamente. O também chefe do Partido Comunista da China falou de uma visão que se tornará realidade: "Esta decisão entrará para os livros de história".
Até então, discordâncias entre Pequim e Washington vinham atravancando as conversações entre os 21 Estados-membros da Apec. Na qualidade de maiores economias do mundo, China e Estados Unidos disputam a liderança na região do Oceano Pacífico.
Os americanos mostravam-se céticos em relação a uma zona de livre-comércio por já estarem negociando uma Parceria Transpacífica (TPP) com 11 outros países – excluída a China. Conforme declarou o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, durante a cúpula, "as negociações sobre a TPP entraram na fase final".
Além disso, chineses e americanos alcançaram um consenso pela redução das taxas alfandegárias sobre produtos tecnológicos. Segundo a Casa Branca, à margem da conferência de cúpula, ambos os países acertaram a ampliação do Acordo de Tecnologia de Informação (ITA), da Organização Mundial de Comércio (OMC), para liberar de taxar cerca de 200 novos produtos.
Fundada em 1989, a Apec representa 40% da população do planeta e 57% do PIB global. Seus 21 integrantes são Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, EUA, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Rússia, Cingapura, Tailândia, Taiwan e Vietnã.
Chefes de Estado e governo na cúpula da Apec. Nos extremos, Obama e Putin
Aproximações nos bastidores
O presidente dos EUA, Barack Obama, aproveitou a cúpula para se reunir com seu homólogo russo, Vladimir Putin. Foram realizadas três conversas de 15 a 20 minutos, comunicou uma porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, sem dar detalhes sobre seu conteúdo.
Este foi o primeiro encontro entre os dois líderes desde as celebrações do Dia D na Normandia, no início de junho. As relações bilaterais se encontram fortemente abaladas pela participação do Kremlin nos conflitos separatistas no leste ucraniano.
Há poucos dias, ambos os países concordaram quanto a um intercâmbio de informações sobre a situação no leste da Ucrânia. Ao mesmo tempo, o secretário de Estado John Kerry reforçou em Pequim que seu país poderá agravar as sanções contra Moscou a qualquer momento.
Uma cena no dia da abertura da cúpula da Apec, relatada por jornalistas internacionais, ilustra bem o atual clima entre Obama e Putin. Ambos entraram na sala de negociações com expressão séria, ladeando o presidente Xi.
O chefe do Kremlin comentou em inglês, na direção do americano: "Bonito aqui, não é?"; a que Obama respondeu friamente: "É". Por fim, ao acompanharem Xi até a mesa, Putin bateu no ombro de Obama, que mal reagiu.
Nesta segunda-feira, ocorreu também uma aproximação entre Tóquio e Pequim, há dois anos em crise diplomática devido à disputa em torno das ilhas Diaoyu (nome chinês) ou Senkaku (japonês). Pela primeira vez Xi recebeu o premiê Shinzo Abe, que considerou este "um enorme passo para a distensão das relações entre os dois países".
O degelo será aprofundado nos próximos meses através de conversas de alto nível, e no próximo ano Xi será recebido no Japão, prosseguiu o chefe de governo japonês. Segundo ele, seu país e a China "têm, ambos, uma grande responsabilidade pela região e pelo mundo".
AV/rtr/dpa
11/11/2014 - 12h59

Com relações tensas, Obama e Putin se encontram durante cúpula em Pequim

Líderes ainda vão se encontrar novamente nesta semana, na cúpula do G20 na Austrália, com pouca chance de evitar qualquer interação no palco internacional

Reuters
Presidente dos EUA, Barack Obama, e presidente russo, Vladimir Putin, durante encontro de líderes da Ásia e Pacífico, em Pequim
Presidente dos EUA, Barack Obama, e presidente russo, Vladimir Putin, durante encontro de líderes da Ásia e Pacífico, em Pequim
Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters
PEQUIM - Alguns encontros rápidos entre Barack Obama e Vladimir Putin em uma cúpula da região Ásia-Pacífico realizada na China, nesta terça-feira, ressaltaram o clima tenso das relações entre Estados Unidos e Rússia.
Os dois vão se cruzar duas vezes nesta semana, a primeira em Pequim e a segunda na cúpula do G20 em Brisbane, Austrália, havendo pouca chance de evitar qualquer interação no palco internacional - e com os olhos da imprensa mundial e de outros líderes sobre eles.
Obama e Putin nunca tiveram uma química entre eles, e com as tensões altas especialmente por conta do papel da Rússia no conflito da Ucrânia, houve menos motivo ainda para amenidades em seus breves contatos na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).
Quando a cúpula foi aberta no grande centro de convenções em um lago nos arredores de Pequim, o presidente chinês, Xi Jinping, caminhou com Obama e Putin, ambos sérios e cada um de um lado do líder chinês. "É lindo, não é?" vazou o áudio de Putin em inglês para a direção de Obama, referindo-se à sala de conferência ornamentada. 
Obama respondeu com um frio "sim", de acordo com jornalistas que presenciaram a cena. 
Os três líderes pararam perante o assento de Xi à mesa. Putin avançou e deu um tapinha no ombro de Obama, que mal respondeu. Eles então sentaram à esquerda e à direita de Xi. 
Mais tarde, Obama e Putin foram flagrados em uma conversa rápida, acompanhada por um tradutor, à medida que eles entravam no saguão para a "foto de família" da convenção.
"Em três ocasiões ao longo do dia, por um total de aproximadamente 15 a 20 minutos, o presidente Obama teve oportunidade de falar com o presidente Putin", disse a porta-voz da Casa Branca, Bernadette Meehan. "As conversas cobriram Irã, Síria e Ucrânia."
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que as conversas aconteceram, mas não deu detalhes. 
Os dois líderes parecem ter muito a discutir, mas pouca chance de encontrar um pensamento comum sobre os assuntos. Além da Ucrânia, eles divergem sobre o apoio da Rússia ao presidente sírio, Bashar al-Assad.
Comunicando-se principalmente por telefone durante o último ano, seus contatos foram descritos como tensos, à medida que as relações entre Washington e Moscou chegaram ao pior patamar desde a Guerra Fria. 
Obama tem insistido que a Rússia pare de apoiar os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, enquanto Putin tem criticado as sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia sobre Moscou, dizendo serem contraproducentes. 
(Por Matt Spetalnick, com reportagem adicional de Alexei Anishchuk, em Pequim)
11/11/2014 19h38 - Atualizado em 11/11/2014 19h38

A cada mês 126 pessoas são assassinadas na PB, aponta estudo

Estado registrou 1.514 homicídios dolosos em 2013.
Dados fazem parte do Anuário de Segurança Pública divulgado nesta terça.

Do G1 PB
A Paraíba registrou, em 2013, 1.514 assassinatos em 2013. Os dados são do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira (11) pela organização não governamental Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), e revelam que o estado teve uma média de 128 mortes violentas por mês ao longo do ano passado.
O estado registrou uma taxa de 38,6 homicídios dolosos (quando há intenção de matar) a cada 100 mil habitantes, tendo o 4º maior índice do Nordeste e o 7º maior do país. No ano de 2012, a taxa foi de 39,7 homicídios a cada 100 mil habitantes, com um total de 1.515 assassinatos.
Além dos homicídios dolosos, foram registrados ainda19 latrocínios e 4 lesões corporais seguidas de morte, totalizando 1.537 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs). Ainda segundo a anuário, no ano passado foram registrados 4.185 roubos e 340 estupros na Paraíba.
G1 tentou contato, por telefone, com o secretário de Segurança do estado, Cláudio Lima, mas até as 18h30 (horário local) nenhuma ligação foi atendida.
No país, 50.806 pessoas foram vítimas de homicídios dolosos no ano passado. O índice ficou em 25,2 vítimas para cada grupo de 100 mil pessoas. Em comparação com 2012, quando a taxa de homicídios era de 25,9, houve redução de 2,6%. Mas, de acordo com o levantamento, houve aumento do número de vítimas. Em 2012, eram 50.241.
11/11/2014 - 15h00

Novo "Jogos Vorazes" mais sombrio não irá afastar fãs, diz Jennifer Lawrence

Os filmes da franquia "Jogos Vorazes", baseados nos bestsellers de Suzanne Collins, já arrecadaram 1,6 bilhão de dólares em todo o mundo

Da redação
Atriz Jennifer Lawrence na première do novo
Atriz Jennifer Lawrence na première do novo "Jogos Vorazes", em Londres
Foto: Luke MacGregor / Reuters
LONDRES  - Pessoas encapuzadas são assassinadas em "Jogos Vorazes - Mockingjay - Parte 1", terceira parte da fantasia distópica voltada para o público feminino adolescente que teve sua estreia mundial na segunda-feira, mas a protagonista Jennifer Lawrence não acha que a trama mais pesada irá afastar os espectadores.
As lutas até a morte no estilo dos antigos gladiadores que tornaram a personagem de Lawrence, a arqueira Katniss Everdeen, um símbolo do empoderamento feminino acabaram, e a ação transcorre em um até então desconhecido Distrito 13 subterrâneo controlado pela presidente Alma Coin, interpretada por Julianne Moore.
Ela planeja uma guerra total contra o oligarca e presidente Coriolanus Snow, vivido por Donald Sutherland, chefe do Capitólio que dirige a nação Panem e força jovens da elite a lutarem todos os anos nos jogos transmitidos pela televisão para divertir -e intimidar- a população.
Indagada se acha que o público jovem pode se surpreender com a densidade do novo filme, no qual o Capitólio transmite um vídeo mostrando vítimas encapuzadas sendo fuziladas, Lawrence disse: "Bom, você sabe, estamos levando adiante a jornada de Katniss".
"Não se trata mais de continuar nos jogos, vamos para uma guerra de verdade entre o Distrito 13 e o Capitólio, então é natural que as coisas fiquem mais pesadas em termos de enredo e de visual, porque no Distrito 13 ficamos muito tempo no subterrâneo", declarou ela em uma coletiva de imprensa.
Os filmes da franquia "Jogos Vorazes", baseados nos bestsellers de Suzanne Collins, já arrecadaram 1,6 bilhão de dólares em todo o mundo.
O diretor, Francis Lawrence, disse que os filmes são fiéis aos livros, e que os fãs querem que seja assim. "Para ser bem honesto, acho que parte da razão de a garotada ter reagido como reagem a estes livros e filmes é que não estão sendo menosprezados, estão sendo tratados como adultos", afirmou ele.
Sutherland, cujo personagem, o presidente Snow, tem a aparência do típico avô bondoso de barba branca mas é a encarnação do mal, disse torcer para que os filmes pelo menos inspirem os jovens a conquistar o poder nas urnas e livrarem o mundo de gente como Snow.
"O personagem que interpreto é um oligarca que existe especialmente nos Estados Unidos, mas também no mundo inteiro, certamente no mundo ocidental, e que precisa. prestar contas", disse.
(Por Michael Roddy - Reportagem adicional de Holly Rubenstein)

Presidente Dilma Rousseff surpreendida pela demissão da ministra da Cultura do Brasil

Saída de Marta Suplicy precipitou processo de remodelação do executivo, antes da tomada de posse do segundo Governo Dilma, marcada para 1 de Janeiro de 2015. Críticas à política económica da Presidente no primeiro mandato causam desconforto.
Marta Suplicy, à direita da Presidente Dilma Rousseff (e do vice-presidente Michel Temer) numa cerimónia em Brasília a 5 de Novembro AFP/EVARISTO SÁ
Apanhada de surpresa pela demissão da sua ministra da Cultura, a Presidente do Brasil Dilma Rousseff apressou a remodelação governamental que estava prevista acontecer na próxima semana, quando uma exoneração colectiva dos ministros marcaria o arranque do processo de constituição do futuro executivo, que tomará posse no próximo dia 1 de Janeiro de 2015.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a Casa Civil da presidência “aconselhou” os ministros – que resignariam aos cargos numa cerimónia com Dilma Rousseff marcada para a próxima terça-feira – a manifestar imediatamente a sua disponibilidade para sair do Governo, e assim minimizar o impacto da demissão extemporânea da ministra da Cultura, Marta Suplicy.
A resignação dos ministros no fim do mandato do Governo é uma medida simbólica, que sinaliza a “liberdade” da Presidente, reeleita no passado dia 26 de Outubro para um segundo mandato, na composição da nova equipa do Governo. A demissão de Marta Suplicy já era esperada, mas a publicação da carta na sua página do Facebook, veio precipitar o processo de reformulação em Brasília (além de provocar enorme desconforto nas hostes da Presidente).
Na missiva – que terá chegado ao público antes de ser entregue na mão de Dilma, que está em viagem para participar na cimeira do G20 na Austrália – Suplicy aconselha a Presidente a nomear uma nova “equipa económica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu Governo e, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país”.
A escolha do próximo ministro das Finanças brasileiro é um assunto sensível e que tem testado as capacidades políticas de Dilma Rousseff. Durante a conturbada campanha eleitoral, a Presidente anunciou a saída do actual ministro Guido Mantega, num gesto de apaziguamento dos críticos da sua política económica. No seu discurso de vitória, a Presidente prometeu mais diálogo com os principais actores da economia, num sinal imediato de abertura destinado a vencer as resistências do sector.
A indicação do seu substituto é crucial para perceber qual o rumo que Rousseff pretende seguir nos próximos quatro anos: com a economia estagnada, a Presidente sente a pressão do mercado, que desconfia que o prolongamento do modelo intervencionista adoptado nos últimos quatro anos não permita uma retoma do crescimento nem uma solução dos problemas orçamentais do país.
Dilma prometeu anunciar a sua escolha ainda durante o mês de Novembro (a previsão era que o fizesse logo depois de regressar da cimeira do G20). Entre os muitos nomes veiculados pela imprensa como possíveis escolhas, destacam-se Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco central durante o Governo de Lula da Silva, e Nelson Barbosa, que foi o secretário executivo do ministério das Finanças.
A divulgação da carta de demissão de Marta Suplicy, e sobretudo o tom ríspido das suas palavras, podem ser considerados como um pequeno acto de vingança política contra Dilma, com quem nunca teve as melhores relações. Suplicy era uma das mais entusiastas líderes do movimento “Volta Lula”, que defendia a recandidatura do ex-sindicalista metalúrgico em vez da chamada “Presidenta”, o que desagradou ao círculo mais restrito de apoio de Dilma e à sua equipa de campanha – que também ressentiu uma alegada falta de empenho da ministra no combate político em defesa do Governo.
Marta Suplicy, uma destacada dirigente do partido dos Trabalhadores (PT) de São Paulo, ocupou os cargos de deputada federal (1995/98), presidente da câmara de São Paulo (2001/04) e ministra do Turismo (2007/08), antes de ser chamada por Dilma em 2012 para substituir Ana de Hollanda no ministério da Cultura. Irá agora para o Senado, para um gabinete contíguo ao do ex-governador e candidato presidencial José Serra, do Partido da Social-Democracia Brasileira.
11/11/2014 12h16 - Atualizado em 11/11/2014 19h11

Governo envia projeto de lei ao Congresso e abandona meta fiscal

Em ano eleitoral, resultado das contas públicas foi o pior da história.
Temer combinou, em encontro, de agendar votação para próxima semana.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília
Diante dos números ruins das contas públicas até setembro deste ano, resultado do aumento das despesas em um ano eleitoral e do comportamento modesto da arrecadação, por conta do baixo ritmo de crescimento da economia e das desonerações de tributos, o governo enviou nesta terça-feira (11) um projeto de lei ao Congresso Nacional para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e abandonar a meta fiscal acertada no início deste ano.
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao dizer que o governo mandou uma medida provisória para alterar as metas fiscais. Na realidade, está sendo enviado um projeto de lei. O erro foi corrigido às 14h.)
A alteração já era esperada, uma vez que o próprio secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, informou, no fim de outubro, que isso aconteceria. "Iremos alterar a meta para 2014 porque o resultado de setembro colocou essa necessidade. Poderemos também encaminhar um projeto de alteração na LDO deste ano", declarou naquele momento.
Também nesta terça-feira, o presidente em exercício Michel Temer reuniu ministros, deputados e senadores de PT e PMDB, no Palácio do Planalto, para discutir o projeto. Ao final do encontro, Temer disse que combinou com os presidentes do Senado e da Câmara de colocar a proposta do governo de alteração da LDO em votação já na próxima semana.
Participaram do encontro os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), além dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Deputados e senadores petistas e peemedebistas também compareceram.
"Máximo superávit primário"
Segundo nota do Ministério do Planejamento, não está sendo fixada uma nova meta em termos numéricos para o ano de 2014. O compromisso do governo será apenas com o "máximo superávit primário". Ao mesmo tempo, também informou que objetivará "garantir a execução de investimentos prioritários e a manutenção dos incentivos à economia nacional, por meio de desonerações de tributos".
"A redução do ritmo de crescimento afetou as receitas necessárias aos investimentos e políticas públicas previstas", informou o Ministério do Planejamento. Na exposição de motivos (do projeto de lei) encaminhada ao Congresso, o governo informou que a previsão de crescimento da economia brasileira foi revisada ao longo deste ano em relação à utilizada no início de 2013 para a elaboração do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). Diz também que a revisão da previsão de crescimento "tem ocorrido em diversos países, levando instituições e organismos internacionais a revisarem para baixo a estimativa de crescimento da economia mundial para este ano de 2014".
Abatimento da meta fiscal
Segundo a nota à imprensa divulgada pelo Ministério do Planejamento nesta terça, o projeto de lei enviado ao Congresso Nacional "preserva o conceito de abatimento do superávit primário, restrito exclusivamente aos recursos executados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e pelas desonerações realizadas com impacto em 2014".
Deste modo, o Executivo poderá, teoricamente, abater da meta "cheia" de superávit primário fixada para o Governo Central (União, Previdência e BC) neste ano, de R$ 116,07 bilhões, todos gastos com investimentos e as desonerações de tributos implementadas. Até o momento, o abatimento máximo permitido era de R$ 67 bilhões. A meta a ser considerada é a do governo, e não de todo setor público, porque não há mais a obrigação de o Executivo compensar eventuais superávits menores dos estados e municípios.
Segundo informações do Tesouro Nacional, as despesas do PAC somaram, até setembro, R$ 47,2 bilhões. Ao mesmo tempo, a Receita Federal informou que o impacto das desonerações feitas nos últimos anos, também até setembro, somou R$ 75,69 bilhões. Até setembro, portanto, o governo poderia abater até R$ 122,89 bilhões da meta de R$ 116 bihões. Ou seja, poderá haver déficit primário neste ano sem que a meta seja formalmente descumprida – na prática, o governo abandona a meta fiscal deste ano.
O governo federal ainda continuará gastando recursos com o PAC, e também haverá impacto das desonerações de tributos, entre outubro e dezembro deste ano. De modo que o abatimento permitido por meio do projeto de lei enviado nesta terça-feira ao Congresso Nacional tende a ser maior ainda do que os R$ 122 bilhões possíveis até setembro. O Fisco estima que somente as desonerações devem somar cerca de R$ 100 bilhões neste ano.
Contas públicas
Influenciadas pelo fraco resultado do governo, as contas de todo o setor público, que incluem o governo federal, estados, municípios e empresas estatais, registraram em setembro o pior resultado de todos os meses. Nos nove primeiros meses deste ano, houve um déficit primário – receitas ficaram abaixo das despesas, mesmo sem contar juros da dívida – de R$ 15,28 bilhões.
Ao anunciar em fevereiro o corte de R$ 44 bilhões no orçamento deste ano, o ministro da Fazenda,Guido Mantega, disse que o objetivo fiscal de todo o setor público, neste ano, era de R$ 99 bilhões – o equivalente a 1,9% do PIB. Deste modo, o resultado até setembro estava muito distante do objetivo para todo este ano. Somente no caso do governo, a meta era de R$ 80,8 bilhões para este ano, sendo que, até setembro, houve déficit primário de R$ 15,7 bilhões - o pior resultado desde 1997.
Arno Augustin, do Tesouro Nacional, informou no fim de outubro que o recuo do superávit neste ano está relacionado com a opção do governo de aumentar os investimentos em infraestrutura e, também, os gastos em Educação.  "É uma opção nossa trabalhar com a retomada do crescimento e um país que no médio prazo possa ter uma educação melhor e uma infraestrutura melhor", disse na ocasião.
Antes disso, em entrevista ao G1, no início do mês passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia dito que o governo havia decidido "sacrificar" o chamado "superávit primário" – que é a economia feita para pagar juros da dívida pública – em prol de gastos com investimentos, saúde e educação. Naquele momento, o próprio ministro não se comprometeu com números e já informava que o governo buscaria o "melhor primário possível", "mas sem abrir mão de investimentos".