- 12/08/2018
Polícia Federal encontrou mais um indício de que o marqueteiro do senador Aécio Neves, do PSDB, recebeu dinheiro da Odebrecht sem prestar serviço, em 2009 e 2010.
O caso foi trazido à tona pelos delatores da Odebrecht. Um deles, o executivo Sérgio Neves, que era o responsável pela empresa em Minas Gerais, contou aos investigadores da Lava-Jato que autorizou o repasse de dinheiro por meio de caixa dois, a pedido do senador Aécio Neves, do PSDB, para a campanha de Antonio Anastasia ao governo de Minas Gerais em 2010.
Segundo o delator, o pagamento foi combinado com o executivo Benedicto Junior, que era o líder empresarial do setor de infraestrutura da Odebrecht.
De acordo com a Procuradoria Geral da República, a contrapartida seria ajuda à Odebrecht para obter benefícios em obras em Minas Gerais.
“Em junho de 2009, Benedicto Júnior me procurou reportando que havia acertado com Aécio Neves um apoio para a pré-campanha do Antonio Anastasia para o governo de Minas, para concorrer como candidato ao governo de Minas. Me indicou que o valor que a empresa iria contribuir era de R$ 1,8 milhão e que deveria ser feito via um contrato com o marqueteiro do Aécio, que era o Paulo Vasconcelos do Rosário”, disse Sérgio Luiz Neves.
Sérgio Neves também contou que o então marqueteiro de Aécio, Paulo Vasconcelos, o procurou, e os dois combinaram que o pagamento seria feito por meio de um contrato fictício para a elaboração de um plano estratégico de comunicação para a Odebrecht.
“Depois de acertado, chegado a um consenso com o Paulo Vasconcelos sobre o escopo, eu elaborei na sequência o contrato que contemplava 12 parcelas de R$ 150 mil, totalizando R$ 1,8 milhão. Os valores começaram a ser pagos em julho de 2009 e concluíram em junho de 2010. Foram pagos integralmente, sem que nenhum serviço tivesse sido prestado”, afirmou Sérgio Luiz Neves
Os pagamentos ficaram registrados em notas fiscais emitidas pela empresa do marqueteiro Paulo Vasconcelos.
Sérgio Neves explicou depois à Polícia Federal, em um segundo depoimento, que, nessa época, já existia um plano de comunicação para a Odebrecht, que tinha sido elaborado por outras empresas, devidamente contratadas pela empreiteira para essa finalidade.
E que embora não tenha sido demandado o serviço contratado, se recorda de Paulo Vasconcelos ter entregado uma revisão do material previamente entregue pelo depoente, o qual não foi utilizado.
Diante disso, a Polícia Federal decidiu também investigar o plano de comunicação que já existia na Odebrecht. Num depoimento, prestado no mês passado, o empresário José Henrique Castro Barreiro confirmou que fez um plano de comunicação para a empreiteira em 2009 e apresentou o trabalho em uma reunião, em que estavam presentes o presidente da Odebrecht e vários diretores. O empresário disse que recebeu pelo trabalho R$ 248 mil, um sétimo do que foi pago a Paulo Vasconcelos.
O empresário José Henrique Castro também disse que só conhece Paulo Vasconcelos de nome, por ele ter sido marqueteiro de Aécio Neves, e que não possui nenhuma relação com ele.
Segundo os investigadores do caso, esse depoimento é mais um indício de que o marqueteiro de Aécio recebeu sem prestar o serviço.
Chamado a prestar depoimento em outubro de 2017, Paulo Vasconcelos ficou em silêncio diante dos investigadores.
Além do inquérito sobre a campanha de Anastasia, Aécio Neves é réu em uma ação penal aberta a partir das delações da J&F e é investigado em mais cinco inquéritos da Lava-Jato e seus desdobramentos. Ao todo, no STF, ele é alvo de sete procedimentos.
O que dizem os citados
A defesa de Aécio Neves divulgou uma nota, em que declara que não houve nenhum ato irregular por parte do senador, que nenhum delator fez qualquer acusação referente à existência de contrapartida por parte de Aécio e que o serviço de publicidade foi prestado.
A assessoria de Antonio Anastasia afirmou que ele nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém.
A PVR, empresa de Paulo Vasconcelos, declarou que o serviço foi prestado à Odebrecht e que a empresa e Paulo Vasconcelos jamais receberam irregularmente por serviços em campanhas eleitorais.
Fonte jornal nacional
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