sábado, 28 de fevereiro de 2015

Exclusivo: a lista dos brasileiros no HSBC suíço

Exclusivo: a lista dos brasileiros no HSBC suíço

Relatório do Coaf para a Receita Federal traz nomes de clientes brasileiros do HSBC com operações no exterior

27/02/2015 20:00

  • // Por: Claudio Dantas Sequeira
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Em janeiro passado, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda para combater a lavagem de dinheiro, recebeu uma planilha com informações de 342 nomes de clientes brasileiros do private bank do HSBC, na Suíça. A amostra foi extraída de um arsenal de quase oito mil nomes de brasileiros que aparecem no SwissLeaks, como está sendo chamado o maior escândalo de vazamentos de dados financeiros da história. Os dados estão sendo debulhados há meses pelo diário francês Le Monde, em conjunto com o ICIJ, consórcio internacional de jornalistas investigativos, e só agora começam a aparecer.
Ao cruzar os nomes recebidos com sua própria base de dados, o Coaf constatou que 60 deles já haviam aparecido nos radares de controle em 1.246 operações. Dentre os clientes, 15 já haviam sido objeto de alerta anterior por causa de suas movimentações financeiras no exterior. Com esses achados, o Coaf enviou à Receita Federal um relatório de inteligência financeira de caráter sigiloso. Obtido pela ISTOÉ DINHEIRO, o documento contém uma análise técnica do histórico de operações de cada cliente, com a quantidade de comunicações e o motivo do alerta.
Alguns nomes foram considerados muito suspeitos. Outros, nem tanto. Dentre os clientes do serviço de grandes fortunas do HSBC destacados pelo Coaf estão o megainvestidor Lírio Parisotto, dono da Videolar e acionista de grandes companhias como Usiminas, Eternit e Banco do Brasil, e os empresários Ricardo Steinbruch e Jacks Rabinovich, dos grupos Fibra e Vicunha. Nos três casos, o próprio órgão considerou que se trata de pessoas com movimentações compatíveis com o seu perfil econômico e, por conta disso, já apareciam em outros relatórios de forma secundária.
Segundo a lista, Parisotto tinha US$ 57 milhões no HSBC em 2007. Steinbruch aparecia com US$ 224 milhões e Rabinovich, US$ 229 milhões. Em princípio, eles não são fonte de preocupação das autoridades e não têm o que esconder nesse caso – muitos nomes citados no SwissLeaks são apenas pessoas muito ricas e com aplicações no exterior, o que não é crime se o dinheiro for declarado à Receita e tiver origem legal. É o caso do dono da Videolar. “Não tenho um centavo que não seja declarado”, afirma Parisotto. “Minha declaração de renda é pública, está tudo na Receita e no Banco Central.”
Segundo ele, a conta no HSBC recebe o pagamento de juros de aplicações pessoais em bônus externos e, atualmente, o valor passa de US$ 100 milhões. Na lista submetida ao Coaf pelo ICIJ, constam nomes de banqueiros, executivos do mercado financeiro, industriais, arquitetos, médicos, designers de joias, esportistas e “donas de casa” (uma delas está entre as mulheres mais ricas do País). Segundo a DINHEIRO apurou, algumas dessas pessoas já faleceram. Há casos de famílias que enviaram dinheiro limpo para fora na época da hiperinflação e dos planos econômicos e, hoje, esperam por uma anistia para repatriar os recursos (leia o artigo aqui).
No grupo dos 15 nomes do relatório do Coaf aparecem outros empresários com movimentações compatíveis com seu perfil econômico. É o caso de Elie Hamoui e Samuel Chadrycki. O destaque negativo da lista vai para Jacob Barata, empresário do grupo Guanabara, conhecido como o “rei do transporte público do Rio de Janeiro”. Líder das transações suspeitas, Barata já foi arrolado em relatórios financeiros anteriores a partir de demanda da Polícia Federal, que o investigou por lavagem de dinheiro num caso envolvendo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
O episódio envolveu também seus filhos Jacob Barata Filho e Rosane Ferreira Barata. O segundo nome na lista de alertas do Coaf é o de Mário Manela, dono de uma empresa de transportes de valores. Ele foi objeto de nove comunicações de operações em espécie, todas vinculadas a dois relatórios de inteligência. O primeiro refere-se a inquérito da PF em que Manela é acusado de evasão de divisas por meio de doleiros. O segundo cita as empresas Barenboim e MBrasil Empreendimentos, “possivelmente envolvida com desvio de recursos públicos do fundo de pensão Cibrius, dos servidores da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e doação ilegal de recursos para campanha eleitoral”, segundo o Coaf.
A MBrasil foi acusada de captar mais de R$ 60 milhões irregularmente no mercado financeiro, dos quais R$ 13 milhões saíram do Cibrius. Em 2010, a empresa doou R$ 650 mil para campanhas do PT, sendo R$ 100 mil para o Diretório Nacional do partido, R$ 300 mil para o comitê de Agnelo Queiroz e R$ 50 mil para o deputado federal Ricardo Berzoini, atual ministro das Comunicações. Outros R$ 100 mil abasteceram as campanhas do deputado distrital Chico Vigilante (DF) e do candidato derrotado a deputado federal Guilherme Lacerda (ES), ex-presidente da Funcef, o fundo de pensão dos servidores da Caixa Econômica Federal.
Outro cliente do HSBC que chama a atenção por envolvimento em escândalos políticos é o de Dario Messer. Ele foi investigado pela Polícia Federal por formação de quadrilha, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os alertas ao Coaf constaram de relatórios referentes à Operação Sexta-feira 13, no desdobramento de um inquérito de 2005 que identificou fraudes em licitações e corrupção na importação de retrovirais para o combate ao HIV pelo Ministério da Saúde. Na CPI dos Bingos, Messer foi acusado pelo doleiro Toninho da Barcelona de operar para o PT e especulou-se sobre sua relação com o ex-ministro José Dirceu.
Eles negaram as acusações. O megadoleiro foi citado ainda no livro A privataria tucana em supostas operações ligadas ao PSDB; acusações que também foram rejeitadas pelos citados. À DINHEIRO, Messer reiterou a negativa e acrescentou que não mora no Brasil desde 2003. Sua conta no HSBC ficou ativa entre fevereiro de 1997 e janeiro de 2004, logo depois do estouro do caso Banestado e pouco antes de vir à tona o mensalão. O Coaf também examinou os registros de outra cliente do HSBC ligada ao PSDB, a cientista política Evelyn Levy. Ela foi secretária de gestão do Ministério do Planejamento no final do governo FHC e depois ocupou cargos importantes na primeira gestão de Geraldo Alckmin.
A conta de Levy no HSBC esteve ativa entre 1997 e 2006, tendo recebido até US$ 404 mil em depósitos. O Coaf, porém, não identificou irregularidades. O relatório de inteligência do Coaf também ressalta que as comunicações anteriores sobre o empresário Generoso Martins das Neves, do ramo de transporte público, foram alvo de investigações por suspeita de fraude em licitações. Também já havia alertas contra Luiz Carlos Nalin Reis, ex-secretário de Planejamento do Acre na gestão de Orleir Cameli (PPR), acusado num esquema de fraude licitatória e compra de votos. Arnaldo José Cavalcanti Marques enviou recursos para pessoa suspeita de envolvimento com o narcotráfico, segundo o Coaf, e Conceição Aparecida Abrahão foi relacionada em inquérito da PF por crime contra a lei de licitações.
Já o nome de Renato Plass constava de investigação da Polícia Federal por suspeita de crimes fiscais e uso de laranjas para movimentações financeiras. José Roberto Cury e Jean Marc Schwartzenberg também foram citados no grupo dos 15. A Receita Federal, que recebeu os nomes do Coaf, já conseguiu identificar cerca de 30 brasileiros suspeitos de crimes financeiros nas contas no HSBC da Suíça. “Pelo que vimos até agora, é grande a probabilidade de irregularidades”, diz o coordenador-geral da área de inteligência da Receita, Gerson Schaan. “Há pessoas conhecidas nossas, que já foram alvo de outras investigações.”
Colaboraram: Denize Bacoccina e Luiz Gustavo Pacete


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Vai sobrar para a Embraer?

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Hércules da FAB segue na Antártica três meses após pousar de barriga

28/02/2015 05h00 - Atualizado em 28/02/2015 05h00

Hércules da FAB segue na Antártica três meses após pousar de barriga

Aeronave ficou danificada em acidente e não pode voar sem conserto.
FAB não tem previsão de reparo ou desmanche; tratado proíbe deixá-la lá.

Eduardo CarvalhoDo G1, em São Paulo
Um avião modelo Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira, que se acidentou na Antártica em novembro passado, continua de barriga no chão em uma base no continente mantida pelo governo do Chile, sem que haja previsão de conserto ou desmontagem para remoção ao Brasil.
Ilustração do acidente (Foto: G1)
Com isso, segundo especialistas, o país estaria ferindo a exigência do Tratado Antártico, que rege as atividades na região, que proíbe os Estados-membros de deixarem resíduos em qualquer parte do território, com biodiversidade considerada sensível a impactos ambientais.

Imagem obtida pelo G1, feita há cerca de um mês, mostra o avião militar tombado na pista da base Eduardo Frei.
O acidente aconteceu em 27 de novembro, quando o cargueiro, que tem pouco menos de 30 metros de comprimento, realizava o traslado de civis e militares entre Punta Arenas, no Chile, para a base antártica.
O trecho integra a logística da FAB e da Marinha para levar cientistas e militares à estação Comandante Ferraz, na Baía do Almirantado, dentro do Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
O local, reconstruído de forma provisória após incêndio ocorrido em 2012 (que causou a morte de dois militares), abriga pesquisadores responsáveis por estudos sobre mudanças climáticas, meteorologia, vida marinha, arquitetura e etc.
Da base chilena até Comandante Ferraz, o trajeto é feito de helicóptero ou por navio – modal utilizado com mais frequência.
Pouso de barriga
Avião Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira, que está abandonado na Base Aérea Eduardo Frei, na Antártica, quatro meses após o acidente (Foto: Arquivo pessoal)Avião Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira, que está abandonado na Base Aérea Eduardo Frei, na Antártica, quatro meses após o acidente (Foto: Arquivo pessoal)
As causas do acidente ainda são investigadas, mas há chance de que o clima hostil na Antártica, com ventos intensos e grande quantidade de nuvens, que prejudicam a visibilidade na hora do pouso, possa ter interferido.
Na época, o cargueiro repleto de militares e civis pousou de barriga, o que provocou danos em uma de suas hélices e nos trens de pouso. O impacto não deixou feridos, mas causou vazamento de combustível sobre a neve.
De acordo com a Aeronáutica, os fatores envolvidos ainda estão sob investigação e farão parte de um relatório final que não tem prazo para ser concluído. Além disso, segundo a assessoria de imprensa da FAB, por se tratar de um avião militar, não são divulgados detalhes do processo “por questões de segurança nacional”.
Risco de impacto ambiental
Fernando Arbache, especialista na área de segurança aérea e professor de logística da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que consertar um avião do porte do Hércules pode ser uma operação muito custosa, já que aconteceria em meio à neve e não há grandes chances de testes de voo após a manutenção.
Ele explica que uma alternativa é desmontar a aeronave e trazer de volta, em navio, as peças, que virariam sucata ou seriam reaproveitadas para a manutenção dos outros 23 Hércules C-130 que integram a frota da FAB.

Porém, segundo ele, é preciso agir rápido para evitar possíveis impactos ambientais que a permanência da aeronave causaria no solo antártico.

“O avião está se deteriorando, pode soltar óleo e outros fluidos. Como a Antártica é muito sensível, qualquer impacto, mesmo que seja pequeno, pode ter um resultado negativo tanto para o meio ambiente, quanto para a imagem do Brasil perante os outros governos, que podem responsabilizar o país por abandonar um avião lá”, disse ele.

“Quanto mais você espera, pior fica a situação. [A situação] é mais séria do que se imagina”, complementa o especialista.
'Sem risco'
Segundo a Aeronáutica, o avião foi retirado da pista da base aérea Eduardo Frei e setores logísticos da FAB avaliam as possibilidades de recuperação da aeronave no local ou a desmontagem para o transporte.
Com relação aos vazamentos de fluidos logo após o acidente, a Força Aérea informou que uma equipe de militares do Brasil tomou providências logo após o acidente "para evitar qualquer tipo de contaminação do ambiente".
Em nota, a FAB comunicou que foram recolhidos resíduos líquidos derramados no solo por causa de danos nos motores e no trem de pouso, e foi feita a raspagem da neve contaminada na hora do acidente . Os fluidos existentes no avião foram drenados e acondicionados em tonéis e as partes elétrica e hidráulica foram "totalmente desenergizadas".

Ainda de acordo com a Aeronáutica, as missões do Brasil para a Antártica não foram afetadas e estão sendo atendidas por outras aeronaves. Por ano, são realizadas 20 voos dentro do Proantar, sendo dez de ida e outros dez de volta.
Foto de arquivo mostra pilotos em avião C-130 Hércules, que faz o transporte de militares e pesquisadores do Brasil para a Antártica (Foto: Eduardo Carvalho/G1)Foto de arquivo mostra pilotos em avião C-130 Hércules, que faz o transporte de militares e pesquisadores do Brasil para a Antártica (Foto: Eduardo Carvalho/G1)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

https://www.youtube.com/watch?v=4vplI73B5XI

Minha eterna homenagem ao meu amado Rio de Janeiro por seus 450 anos.

Http://player.vimeo.com/video/18032940

Minha homenagem ao meu amado Rio de Janeiro pelos seus 450 anos!

Justiça pede que MPF se manifeste sobre investigação de André Vargas

27/02/2015 20h41 - Atualizado em 27/02/2015 20h41

Justiça pede que MPF se manifeste sobre investigação de André Vargas

Sem foro privilegiado, investigação sobre ex-deputado desceu à 1ª instância.
Operação Lava Jato indicou relação entre Vargas e doleiro Alberto Youssef.

Do G1 PR
O deputado André Vargas (PT-PR), ao se defender no plenário no início de abril (Foto: José Cruz/Agência Brasil)O deputado André Vargas teve o mandato cassado
em dezembro de 2014
(Foto: José Cruz/Agência Brasil)
A Justiça Federal pediu para que o Ministério Público Federal (MPF) se manifeste quanto ao envolvimento do ex-deputado federal André Vargas com o doleiro Alberto Youssef – considerado líder do esquema de corrupção e desvio de dinheiro bilionário desvendado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A solicitação foi feita via despacho do juiz federal Sérgio Moro. O intuito é saber do MPF, por exemplo, se serão necessárias mais investigações do caso ou se já existem elementos suficientes para apresentar uma denúncia e dar continuidade ao processo na Justiça.

O processo da Lava Jato relacionado ao ex-deputado André Vargas estava em Brasília, noSupremo Tribunal Federal (STF), porém, retornou para a primeira instância, em Curitiba, depois que Vargas teve o mandato cassado, em dezembro de 2014, por quebra de decoro parlamentar. Desta forma, ele perdeu também o chamado foro privilegiado.

Denúncia
Vargas respondeu por quebra de decoro por ter usado um avião alugado pelo doleiro Alberto Youssef. Segundo a Polícia Federal, o doleiro chefiou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões. Vargas também é suspeito de ter cometido tráfico de influência ao intermediar um contrato entre o laboratório Labogen e o Ministério da Saúde.
Em agosto de 2014, o Conselho de Ética aprovou relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) que recomenda a cassação do mandato de Vargas. O deputado, então, recorreu à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara sob a alegação de que o processo tramitou pelo conselho de forma “açodada” e “excessivamente politizada”.
A defesa do deputado cassado argumentava que o cliente não teve direito à ampla defesa e, segundo ele, o colegiado se baseou em provas ilícitas. A defesa também questionou a troca de dois integrantes do colegiado no dia da votação que aprovou o relatório que recomendava a cassação do parlamentar.

Após seis adiamentos consecutivos, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara rejeitou o recurso contra a decisão do Conselho de Ética de recomendar a cassação. Com a decisão, o processo por quebra de decoro parlamentar seguiu direto para o Plenário.