quarta-feira, 12 de julho de 2017

Lula se encontra com manifestantes pró-PT em ato em frente ao seu prédio em SP




Por iG São Paulo *  - Atualizada às 

Apesar de terem sido oficialmente marcados apenas 2 atos em defesa de Dilma para este domingo, grupos ligados à legenda da presidente promoveram manifestações isoladas pelo País




Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo - 13.03.2016
Ex-presidente cumprimenta militantes que fizeram vigília na rua onde Lula vive, no Grande ABEx-presidente cumprimenta militantes que fizeram vigília na rua onde Lula vive, no Grande ABC

Enquanto mais de 400 cidades promoviam protestos contra o PT e o governo federal, militantes ligados ao partido da presidente Dilma se encontraram com Luiz Inácio Lula da Silva durante vigília em frente ao prédio onde ele vive, em São Bernardo do Campo (SP), no início da tarde deste domingo (13).
O rápido encontro na cidade que é berço do PT ocorreu em meio à série de protestos anti-Dilma marcados para o dia, que ganharam grande adesão popular após as mais recentes ações contra o maior símbolo do partido – entre elas o depoimento forçado (condução coercitiva) que Lula precisou prestar à Polícia Federal, no dia 4 de março, e o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público paulista.


Grupo que reúne 65 entidades sindicais, movimentos sociais e partidos políticos ligados ao PT, a Frente Brasil Popular aconselhou seus militantes a não protestarem neste domingo devido ao risco de conflitos – somente dois atos em defesa de Lula, em Porto Alegre e no Recife, não foram desmarcados pelo País. Mas, conforme lideranças da esquerda confirmaram ao iG, é impossível impedir que atos isolados ocorram. 


Na Avenida Paulista, região central de São Paulo, uma mulher foi detida por desacato à autoridade após jogar uma garrafa d'água em policiais militares, de acordo com a corporação. 
O risco de conflitos entre manifestantes a favor e contrários a Dilma levou a Polícia Militar de ao menos seis capitais, além do Distrito Federal, a confirmar o reforço do efetivo ao longo de todo o domingo. O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, anunciou um plano para evitar que houvesse qualquer encontro entre os grupos antagônicos, garantindo que a PM iria isolá-los uns dos outros.
As polícias também têm preocupação com a possibilidade de confusões no Recife, Belo Horizonte, Brasília e São Luís, cidades onde seriam realizados atos em defesa do governo federal, subitamente cancelados na quinta-feira sob a justificativa de risco de violência – apenas a capital pernambucana manteve a agenda em ato chamado de "pró-democracia".
No Estado de São Paulo, atos contra o governo Dilma foram realizados em mais de cem cidades, como Campinas, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Indaiatuba e Bauru – um recorde para os atos anti-PT.
A adesão popular também foi grande em outras partes do País. De acordo com organizadores, o número de manifestantes no Rio ficou entre 700 mil e 1 milhão. Em Brasília, segundo a PM, ao menos 100 mil participaram de protesto, na Esplanada dos Ministérios. 
* Com Estadão Conteúdo
Veja fotos dos protestos contra Dilma pelo Brasil:
Manifestantes protestam contra a presidente Dilma Rousseff e o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (13) em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.. Foto: Luciano Belford/Estadão Conteúdo - 13.03.16
Manifestantes de Brasília fazem menções à ações da PF e do MP-SP contra o ex-presidente Lula. Foto: Charles Sholl/Futura Press - 13.03.16
Em Brasília, manifestantes levaram o Pixuleco – boneco de Lula vestido de presidiário – para o protesto. Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo - 13.03.16
Deputado Jair Bolsonaro compareceu à manifestação anti-Dilma em Brasília. Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo - 13.03.16
Ações contra o ex-presidente Luiz Inácio da Silva levam às ruas do Recife movimentos anti-PT. Foto: Pablo Kennedy/Futura Press - 13.03.16
Movimentação do protesto contra o governo Dilma Rousseff (PT) em Salvador. Foto: Fabio Bouzas/Futura Press - 13.03.16
Manifestação em Salvador foi organizada pelo movimento Vem Pra Rua. Foto: Fabio Bouzas/Futura Press - 13.03.16
Manifestações contra Dilma Rousseff no centro de Belém. Foto: Raimundo Paccó/Estadão Conteúdo
Manifestação no Rio de Janeiro. Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo - 13.03.16
Paulistas pedem o fim da corrupção e apoiam o juiz federal Sérgio Moro, na Avenida Paulista. Foto: J. Duran Machfee/Futura Press - 13.03.16
No entanto, movimentos pró-Dilma e pró-Lula passaram pela Avenida e colocaram cartazes de apoio aos petistas. Foto: J. Duran Machfee/Futura Press - 13.03.16
Manifestantes protestam contra a presidente Dilma Rousseff e o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo (13) em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.. Foto: Luciano Belford/Estadão Conteúdo - 13.03.16

Reforma trabalhista dificulta combate ao trabalho escravo





por Repórter Brasil — publicado 11/07/2017 11h19
Especialistas que atuam na erradicação do crime dizem que mudanças na legislação devem banalizar a prática e dificultar sua prevenção


Trabalho análogo à escravidão
Entre as mudanças na CLT que afetam o combate ao crime estão a ampliação da terceirização, a contratação de autônomos de forma irrestrita, e a possibilidade de aumentar a jornada de trabalho



Por Ana Magalhães 

reforma trabalhista, prevista para ser votada nesta terça-feira 11 no Senado Federal, banaliza o trabalho escravo e dificulta o seu combate, de acordo com especialistas que atuam na erradicação do crime no país.
Ainda que a reforma não altere a forma como o trabalho escravo é caracterizado pela legislação, o texto traz várias mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que afetam o combate ao crime.
Entre elas, estão a ampliação da terceirização, a contratação de autônomos de forma irrestrita, e a possibilidade de aumentar a jornada de trabalho e de reduzir as horas de descanso.
“As mudanças criam condições legais e permitem que a legislação banalize aquelas condições que identificamos como trabalho análogo ao escravo”, afirma o auditor fiscal do trabalho Luís Alexandre de Faria.
À frente da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho (Conaete), o procurador Maurício Ferreira Brito chama a atenção para os direitos que poderão ser negociados entre patrões e empregados, o chamado“negociado sobre o legislado”.
Segundo ele, “a depender do que se negocie, você pode legalizar práticas do trabalho escravo”.
Veja os pontos da reforma trabalhista que devem dificultar o combate ao trabalho escravo:
Terceirização
A ampliação da terceirização para as principais atividades das empresas, aprovada em março pelo Congresso Nacional e detalhada pela reforma trabalhista, é apontada pelos especialistas como a principal mudança que deve dificultar o combate ao trabalho escravo.
“A nossa experiência de combate ao trabalho escravo mostra que todos os resgatados são contratados por intermediários que já são autônomos ou terceirizados, e quem contrata busca se esquivar da responsabilidade”, afirma
A reforma deve aumentar a cadeia de empresas terceirizadas, distanciando o trabalhador de quem efetivamente controla a produção. Com as novas regras, segundo Faria, aumentará a prática de empresas terceirizadas que contratam outras empresas, a chamada “quarteirização”. “Será mais difícil que a gente identifique quem é o real empregador”, afirma.
Na indústria do vestuário, por exemplo, o trabalhador encontrado em condições análogas à escravidão normalmente está em uma oficina de costura subcontratada por uma empresa de confecção que já é terceirizada de uma grande marca.
“A explicação que as grandes empresas dão sempre é ‘eu não sabia de nada’, porque se referia a uma empresa terceirizada. Com as mudanças trabalhistas, isso vai piorar”, afirma Faria.
Autônomos
A ampliação das formas de contratação de profissionais autônomos é considerada, pelos especialistas ouvidos pela Repórter Brasil, como uma “ampliação da terceirização”. Ela permite que autônomos sejam contratados de forma contínua e exclusiva. Assim, o empregador pode privar o trabalhador dos seus direitos básicos.
Jornada de trabalho
A reforma trabalhista permite que negociações coletivas ampliem a jornada de trabalho, que pode chegar a 12 horas diárias, e reduzam o intervalo de descanso. Esses acordos teriam predominância sobre alguns pontos da legislação trabalhista.
A jornada exaustiva é um dos pontos que podem caracterizar uma situação de trabalho escravo. Ainda que nem toda jornada de 12 horas possa configurar o crime, esse aumento pode banalizar a sua ocorrência.
“Nenhuma jornada superior a oito horas pode ser habitual. A reforma cria um argumento de resistência e de disseminação da fraude pelos escravistas,” diz o juiz do trabalho da 15ª região Marcus Barberino.
Já Faria destaca que a presença de sindicatos nessas negociações não garante dignidade aos trabalhadores, pois existem organizações sindicais que funcionam como “aliciadores de mão de obra”.
Ele exemplifica com o caso da Cofco, multinacional chinesa autuada por explorar trabalho escravo em abril deste ano no Mato Grosso. No caso, a negociação coletiva com a presença do sindicato sequer coibiu condições que caracterizam o trabalho escravo. Para Faria, com a reforma, casos como esse poderiam ser ainda mais comuns.
Ambientes insalubres
A reforma trabalhista estabelece que um acordo coletivo pode alterar o “enquadramento do grau de insalubridade” de um ambiente de trabalho e prorrogar jornadas “em ambientes insalubres”. Atualmente, essas mudanças necessitam da licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho.
Faria lembra que há insalubridade em todos os casos de trabalho escravo encontrados nas indústrias de vestuário e na construção civil. Esses setores, onde são encontrados a maior parte dos casos de trabalho escravo urbano, devem se tornar ainda mais hostis com a reforma.
“Combinado com a jornada exaustiva, essas mudanças podem ampliar as situações análogas ao trabalho escravo”, diz o auditor fiscal.

Alem Do Triplex Entenda Em Quais Acusações Lula Ainda Pode Ser Condenado






  • LAVA JATO
  • POLÍTICA




  • O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. As Informações a seguir são da BBC.
    O juiz federal Sérgio Moro considerou o líder petista culpado de receber vantagens ilícitas da empreiteira OAS, entre as quais um tríplex no Guarujá (SP) e a reforma do imóvel, em troca de defender interesses da empresa junto à Petrobras.

    O Ministério Público Federal estima em R$ 2,4 milhões os valores do apartamento e da obra somados.
    Moro condena Lula a 9 anos e meio de prisão por caso do tríplex no Guarujá
    Lula sempre negou ser dono do tríplex ou ter cometido qualquer irregularidade. Ele poderá recorrer em liberdade junto ao Tribunal Regional Federal. Se a condenação for confirmada na segunda instância, o ex-presidente pode ser preso e ficar inelegível.
    Esta é a primeira vez que o petista é condenado num processo ligado à operação Lava Jato. Ele é réu em mais quatro ações, alvo de uma denúncia da Procuradoria, que ainda está sendo avaliada por Moro, e investigado pela Polícia Federal em mais outros dois inquéritos.
    Confira as outras acusações e suspeitas contra Lula:
    Ações Penais
    – Obstrução da Justiça (Operação Lava Jato)
    Em julho do ano passado, Lula tornou-se réu pela primeira na Lava Jato, acusado de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras e um dos delatores do esquema de corrupção envolvendo a estatal.
    Além do ex-presidente, respondem ao mesmo processo outras cinco pessoas: o ex-senador Delcídio do Amaral e seu ex-chefe de gabinete, Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves, o advogado Édson Ribeiro, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai.
    A denúncia foi oferecida pela Procuradoria da República no Distrito Federal e aceita pelo juiz federal local Ricardo Augusto Leite.
    O ex-presidente ainda era alvo de uma segunda investigação pelo mesmo crime. Segundo Delcídio, Lula teria pedido a criação de uma espécie de gabinete de crise no Senado contra a Lava Jato.
    O petista teria tentado persuadir os senadores Renan Calheiros e Edison Lobão, do PMDB, a instaurar uma comissão de acompanhamento da operação com a finalidade explícita de contrapor o que estava sendo divulgado na mídia e preservar seu legado.
    No entanto, o procurador Ivan Marx pediu o arquivamento dessa segunda investigação na última terça-feira.
    “Não havendo nenhuma corroboração para a versão apresentada pelo delator, e nem mesmo a possibilidade de buscá-la por outros meios, o arquivamento dos autos é medida que se impõe. No caso, não há que se falar na prática de crime ou de ato de improbidade”, disse Marx.
    Se a Justiça concordar com o procurador, o caso será arquivado.
    O que diz a defesa de Lula?
    Advogados do ex-presidente dizem que ele “jamais interferiu ou tentou interferir em depoimentos relativos à Lava Jato”.
    Segundo eles, “a acusação se baseia exclusivamente em delação premiada de réu confesso e sem credibilidade (Delcídio Amaral), que fez acordo com o Ministério Público Federal para ser transferido para prisão domiciliar”.
    – Tráfico de influência internacional (Operação Janus)
    Em outubro, Lula tornou-se réu acusado pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa.
    Nesse caso, ele é acusado de usar sua influência junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a outros órgãos sediados em Brasília para favorecer a empreiteira Odebrecht em contratos e obras de engenharia em Angola.
    Em contrapartida por ter sido contratada pelo governo angolano, a Odebrecht teria repassado cerca de R$ 30 milhões à empresa do sobrinho do ex-presidente, Taiguara Rodrigues.
    A denúncia foi oferecida pela Procuradoria da República no Distrito Federal e aceita pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, de Brasília.
    O que diz a defesa de Lula?
    Em depoimento à PF, Lula diz que “não chegou a tratar, em nenhum momento, nem quando era presidente ou depois, das relações comerciais vinculadas a Taiguara”.
    – Tráfico de influência (Operação Zelotes)
    Em dezembro, Lula tornou-se réu novamente. Ele vai responder pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da operação Zelotes.
    As acusações envolvem “negociações irregulares que levaram à compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro e à prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627”.
    A denúncia havia sido oferecida pela Procuradoria da República no DF e foi aceita pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, de Brasília.
    Segundo os procuradores, os crimes teriam sido praticados entre 2013 e 2015 quando Lula, já na condição de ex-presidente, “integrou um esquema que vendia a promessa de que ele poderia interferir junto ao governo para beneficiar as empresas MMC, grupo Caoa e Saab, clientes da empresa Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia LTDA (M&M)”.
    Em troca, o casal de lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, donos da M&M, teria repassado ao filho mais novo de Lula, Luis Cláudio Lula da Silva, pouco mais de R$ 2,5 milhões.
    A operação Zelotes apura um esquema de compra e venda de medidas provisórias e sonegação de impostos.
    O que diz a defesa de Lula?
    Advogados do ex-presidente classificaram a denúncia como “fruto de um novo devaneio de alguns membros do Ministério Público que usam das leis e dos procedimentos jurídicos como forma de perseguir Lula e prejudicar sua atuação política”.
    “Nem o ex-presidente Lula nem seu filho participaram ou tiveram conhecimento de qualquer ato relacionado à compra dos aviões caças da empresa sueca Saab, tampouco para a prorrogação de benefício fiscais relativos à Medida Provisória nº 627/2013, convertida na Lei nº 12.973/2014”, afirmaram em nota os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira.
    “Luis Claudio recebeu da Marcondes & Mautoni remuneração por trabalhos efetivamente realizados e que viabilizaram a realização de campeonatos de futebol americano no Brasil”, acrescentaram.
    – Corrupção e lavagem de dinheiro (Lava Jato)
    Moro aceitou mais uma denúncia contra Lula em dezembro passado.
    Ele vai responder pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro vindo de contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht.
    Segundo o Ministério Público, ele recebeu propina da empreiteira Odebrecht por intermédio do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que também virou réu na ação ao lado do empreiteiro Marcelo Odebrecht e outras cinco pessoas.
    De acordo com a investigação, o dinheiro foi usado para comprar um terreno que seria usado para a construção de uma sede do Instituto Lula (R$ 12,4 milhões), e um apartamento em frente ao que mora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo (R$ 504 mil).
    Os dois casos corriam em inquéritos diferentes, mas o delegado responsável pelo caso, Márcio Adriano Anselmo, considerou que deveria unir as duas investigações por se tratarem de “fatos correlatos”.
    O apartamento foi comprado por Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e já condenado na Lava Jato, e depois alugado ao petista por um contrato no nome de sua mulher.
    A PF ressalva, contudo, que nunca houve qualquer pagamento por parte do ex-presidente, que utiliza o imóvel pelo menos desde 2003. Na avaliação dos investigadores, a operação foi realizada para ocultar o verdadeiro dono do apartamento, que seria Lula.
    Segundo o Ministério Público, o ex-presidente comandava “uma sofisticada estrutura ilícita para captação de apoio parlamentar” por meio de desvios na Petrobras.
    No total, R$ 75 milhões teriam sido desviados da Petrobras por meio de oito contratos da Odebrecht com a estatal, de acordo com a força-tarefa.
    Parte do valor teria sido repassada a partidos e agentes políticos que apoiavam o governo Lula, principalmente PP, PT e PMDB.
    O que diz a defesa de Lula?
    A defesa de Lula informou que o ex-presidente aluga o apartamento vizinho ao seu. Além disso, acrescentou que o Instituto Lula funciona no mesmo local há anos e que o petista nunca foi proprietário do terreno em questão.
    Segundo os advogados do ex-presidente, a transação seria um “delírio acusatório”.
    Denúncia
    – Corrupção e lavagem de dinheiro (Lava Jato)
    A Procuradoria apresentou em maio à Justiça uma denúncia contra Lula no caso do sítio usado pela família do petista em Atibaia (SP).
    Caso a denúncia seja acolhida pelo juiz federal Sergio Moro, ele se tornará réu pela sexta vez.
    O petista é acusado de “diversos crimes” de corrupção passiva e lavagem, segundo a Procuradoria.
    O sítio está registrado no nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, amigos da família e sócios de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho de Lula, mas teria sido reformado com propina recebida pelo ex-presidente para “seu benefício próprio”, pagas “ocultamente pelas empresas Schahin, Odebrecht e OAS”, dizem os procuradores, em nota.
    Na acusação, o Ministério Público Federal voltou a afirmar ainda que o petista é “o proprietário de fato e possuidor do sítio de Atibaia”. Há indícios de que Suassuna e Bittar, diz a denúncia, “serviram apenas para ocultar o fato de que a propriedade foi adquirida em benefício de Lula”.
    Outras 12 pessoas, incluindo os empresários José Adelmário Pinheiro Filho, mais conhecido com Léo Pinheiro, da OAS, Marcelo Odebrecht e José Bumlai, amigo do petista, também foram denunciadas.
    Segundo os procuradores, parte da propina paga pelas empreiteiras para obter contratos com a Petrobras foi usada para adequar o sítio “às necessidades da família do denunciado Luiz Inácio Lula da Silva” – são citados R$ 870 mil que teriam vindo da Odebrecht e da OAS e R$ 150 mil da Schahin.
    O que diz a defesa de Lula?
    Lula nega as acusações. Diz, por exemplo, que não é dono do sítio de Atibaia e que Bumlai se ofereceu para reformá-lo.
    Em nota, a defesa do petista afirmou que a denúncia “mostra uma desesperada tentativa de procuradores da República de justificar à sociedade a perseguição imposta ao ex-presidente nos últimos dois anos, com acusações frívolas e com objetivo de perseguição política”.
    “Os depoimentos já colhidos em juízo, até a presente data, (…) afastam o ex-presidente da prática de qualquer ato ilícito”, diz o texto.
    Investigações
    O ex-presidente também é alvo de inquéritos (investigações em curso):
    – Formação de quadrilha (Lava Jato)
    Ainda na Lava Jato, o ex-presidente foi apontado pelos investigadores como comandante da uma quadrilha responsável pelo esquema de corrupção na Petrobras envolvendo políticos de partidos como PT, PMDB e PP entre 2003 e 2014. No total, mais de 40 nomes são investigados.
    O que diz a defesa de Lula?
    Lula nega qualquer envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
    Em diversas ocasiões, afirmou ser perseguido e ter seus direitos violados pelos procuradores da Lava Jato e pelo juiz Sergio Moro.
    “Os procuradores da operação Lava Jato iludem a sociedade brasileira ao afirmar que têm provas para incriminar o ex-presidente Lula”, disse em uma das notas divulgadas sobre o assunto.
    – Tráfico de influência internacional
    Lula também é investigado por suspeita de tráfico de influência internacional.
    Ele teria atuado junto ao BNDES para ajudar a empreiteira Odebrecht a obter contratos na América Latina e na África com recursos do banco público, afirmam os investigadores. O caso ainda está sendo apurado.
    O que diz a defesa de Lula?
    Lula nega o tráfico de influência e afirmou que “jamais interferiu na autonomia do BNDES e nas decisões do banco sobre as concessões de empréstimos”.
    “Presidente e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior”, afirmou em nota divulgada pelo Instituto Lula.

    Frei Betto Diz Que ‘Decisão De Moro É Injusta E Fortalece Lula









    A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro, nesta quarta-feira, 12, é “injusta”, “fortalece” politicamente o ex-presidente e “favorece a visibilidade dele”. A opinião é do ex-assessor de Lula na Presidência da República, Frei Betto.
    Para ele, “mais importante” do que a decisão de Moro sobre Lula “é a mobilização pela saída de Temer” do Palácio do Planalto. Além disso, avalia que seria estranho se a militância petistas não se mobilizasse “em defesa de Lula”.

    Lula foi condenado a 9 anos e meio, pelo juiz federal Sérgio Moro. Na avaliação do magistrado, o ex-presidente recebeu vantagens indevidas no valor de R$ 3,6 milhões da empreiteira OAS. Frei Betto respondeu às perguntas por email, como solicitado por ele.



    Lula nas mãos de Moro




    por Guilherme Boulos — publicado 26/06/2017 00h43, última modificação 23/06/2017 15h08
    O ex-presidente, como qualquer cidadão, teria direito a um julgamento justo. Não é o caso


    Lula
    "Se há suspeitas, o ex-presidente deve ser investigado como qualquer outro. A questão é assegurar um julgamento justo"



    Nos próximos dias, Sergio Moro vai proferir a sentença no processo do “triplex do Guarujá”, no qual Lula é acusado de corrupção. As alegações finais do Ministério Público e da defesa foram apresentadas no dia 20. A partir de então, alea jacta est. Ou melhor, a sorte neste caso foi lançada há algum tempo.
    As alegações confirmaram o que se viu ao longo de todo o processo: não há uma única prova consistente contra Lula, apenas “indícios” e “convicções”. A tese do MP é de que o apartamento teria sido uma contrapartida da empreiteira OAS pela obtenção de três contratos firmados com a Petrobras, referentes às refinarias Getúlio Vargas e Abreu e Lima.
    O imóvel, entretanto, nunca esteve em nome de Lula ou de dona Marisa. Pertence à OAS. Os únicos vínculos efetivos com Lula são uma visita, quando Marisa era cotista da Bancoop e poderia então adquiri-lo, e o depoimento de Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora.
    O depoimento de Pinheiro deve ser visto, no mínimo, com reservas. Desde sua primeira prisão, em 2014, o executivo negou reiteradamente a relação de Lula com o triplex. Em novembro do ano passado, foi condenado a 26 anos de prisão pela Lava Jato. E passou a negociar um acordo de delação, alterando sua versão anterior. 
    Suponhamos, por um instante, que o apartamento pertencesse de fato a Lula. Ainda assim não haveria qualquer prova de crime, ainda que, hipoteticamente, a OAS tivesse pago a reforma em benefício do ex-presidente.
    Isso apontaria uma relação imprópria com a construtora, passível de reprovação política, mas não judicial. A ilação criminal do MP vem com a associação do triplex aos contratos da Petrobras. E aí reside a parte mais incoerente da denúncia. 
    A reforma no triplex foi estimada por Armando Magri, engenheiro da OAS, em 770 mil reais. Lula é apontado pelo procurador Deltan Dallagnol, em seu hilário PowerPoint, como o comandante máximo da corrupção na Petrobras. Pois bem, Michel Temer foi acusado pela Odebrecht de negociar propina de 40 milhões de dólares em um contrato.
    Eduardo Cunha foi acusado de receber 52 milhões de reais em mesadas das empreiteiras. Aécio Neves teria negociado 50 milhões só da Odebrecht. E Lula, o “comandante máximo”, recebeu uma reforma de 770 mil de um apartamento ?  É  por demais inverossímil. 
    Diante da ausência de provas efetivas, Dallagnol apelou ao relativismo filosófico para pedir a condenação em suas alegações: “A certeza, filosoficamente falando, é um atributo psicológico e significa ausência de capacidade de duvidar.
    O estado de certeza diz mais a respeito da falta de criatividade do indivíduo do que a respeito da realidade”. Esse argumento sofrível mal serviria a um debate de epistemologia pirrônica, ainda menos como sustentação jurídica.
    E não se trata aqui de uma defesa cega de Lula. Se há suspeitas, o ex-presidente deve ser investigado como qualquer outro. A questão é assegurar um julgamento justo, que respeite o direito de defesa, a presunção de inocência e que, portanto, só condene mediante provas. Ninguém deve estar acima da lei, tampouco abaixo dela.
    Lamentavelmente, não é o que temos visto nesse processo. A postura de Moro até aqui indica presunção de culpa, que provavelmente irá se traduzir em uma condenação de Lula. O juiz age como promotor de toga e não esconde sua antipatia pelo ex-presidente e seus advogados.
    A forma como conduz o processo, aliada à construção midiática de sua própria figura, leva a crer numa condenação em primeira instância. Se absolver Lula, Moro irá de herói nacional a vilão “petralha” da noite para o dia. Tão dependente dos holofotes como se mostrou, dificilmente terá coragem de desapontar a claque.
    No caso de condenação, estará indicado um atalho para impedir Lula de se candidatar em 2018, se a decisão for confirmada em segunda instância. Seria tirá-lo do jogo no tapetão. Portanto, uma influência indevida e antidemocrática do Judiciário no processo político.
    Não se trata, mais uma vez, de defesa política do projeto de Lula. Sou crítico de muitas opções tomadas por seu governo. Creio firmemente que a esquerda brasileira precisa de um programa mais ousado, que enfrente os privilégios da casa-grande e paute a democratização verdadeira do Estado e da mídia. Lula é vítima de um massacre midiático cometido por oligopólios que seu governo decidiu não enfrentar.
    Independentemente da posição em relação a Lula e seu projeto, ele tem direito a um julgamento justo e a apresentar sua candidatura. Erro e crime são coisas diferentes. Moro e Dallagnol, integrantes de uma casta judicial cheia de privilégios, não têm nenhuma autoridade política para julgar os erros do ex-presidente. Quem não compreender isso cometerá um equívoco histórico.
    O “caso do triplex” se juntará ao rol onde se encontram a “CPI da Última Hora” contra Getúlio Vargas e o “apartamento da Vieira Souto” de Juscelino Kubitschek. Em momentos como este é preciso saber escolher um lado sem titubear.