quinta-feira, 22 de junho de 2017

Sergio Moro descumpre a lei brasileira para atender pedido dos EUA



Sergio Moro atropela lei brasileira para atender pedido dos EUA. O juiz autorizou produção de documento falso e abertura de conta secreta para agente da polícia norte-americana



Sergio Moro EUA lei brasileira


Gustavo Aranda, Jornalistas Livres
O juiz Sergio Moro determinou em 2007 a criação de RG e CPF falsos e a abertura de uma conta bancária secreta para uso de um agente policial norte-americano, em investigação conjunta com a Polícia Federal do Brasil. No decorrer da operação, um brasileiro investigado nos EUA chegou a fazer uma remessa ilegal de US$ 100 mil para a conta falsa aberta no Banco do Brasil, induzido pelo agente estrangeiro infiltrado.
Na manhã da última terça-feira (20), os Jornalistas Livres questionaram o juiz paranaense sobre o assunto, por meio da assessoria de imprensa da Justiça Federal, que afirmou não ter tempo hábil para levantar as informações antes da publicação desta reportagem (leia mais abaixo).
Todas essas informações constam nos autos do processo nº. 2007.70.00.011914-0 – a que os Jornalistas Livres tiveram acesso – e que correu sob a fiscalização do Tribunal Regional Federal da 4ª Região até 2008, quando a competência da investigação foi transferida para a PF no Rio de Janeiro.
Especialistas em Direito Penal apontam ilegalidade na ação determinada pelo juiz paranaense, uma vez que a lei brasileira não permite que autoridades policiais provoquem ou incorram em crimes, mesmo que seja com o intuito de desvendar um ilícito maior. Além disso, Moro não buscou autorização ou mesmo deu conhecimento ao Ministério da Justiça da operação que julgava, conforme deveria ter feito, segundo a lei.

Entenda o caso

Em março de 2007, a Polícia Federal no Paraná recebeu da Embaixada dos Estados Unidos um ofício informando que as autoridades do Estado da Geórgia estavam investigando um cidadão brasileiro pela prática de remessas ilícitas de dinheiro de lá para o Brasil. Na mesma correspondência, foi proposta uma investigação conjunta entre os países.
Dois meses depois, a PF solicitou uma “autorização judicial para ação controlada” junto à 2ª Vara Federal de Curitiba, então presidida pelo juiz Sergio Moro, para realizar uma operação conjunta com autoridades policiais norte-americanas. O pedido era para que se criasse um Cadastro de Pessoa Física (CPF) falso e uma conta-corrente a ele vinculada no Brasil, a fim de que policiais norte-americanos induzissem um suspeito a remeter ilegalmente US$ 100 mil para o país. O objetivo da ação era rastrear os caminhos e as contas por onde passaria a quantia. A solicitação foi integralmente deferida pelo juiz Moro, que não deu ciência prévia ao Ministério Público Federal da operação que autorizava, como determina a lei:
“Defiro o requerido pela autoridade policial, autorizando a realização da operação conjunta disfarçada e de todos os atos necessários para a sua efetivação no Brasil, a fim de revelar inteiramente as contas para remeter informalmente dinheiro dos Estados Unidos para o Brasil. A autorização inclui, se for o caso e segundo o planejamento a ser traçado entre as autoridades policiais, a utilização de agentes ou pessoas disfarçadas também no Brasil, a abertura de contas correntes no Brasil em nome delas ou de identidades a serem criadas.”
No mesmo despacho, Moro determinou que não configuraria crime de falsidade ideológica a criação e o fornecimento de documentação falsa aos agentes estrangeiros: “Caso se culmine por abrir contas em nome de pessoas não existentes e para tanto por fornecer dados falsos a agentes bancários, que as autoridades policiais não incorrem na prática de crimes, inclusive de falso, pois, um, agem com autorização judicial e, dois, não agem com dolo de cometer crimes, mas com dolo de realizar o necessário para a operação disfarçada e, com isso, combater crimes.”
Depois disso, foram feitas outras quatro solicitações da PF ao juiz Moro, todas deferidas pelo magistrado sem consulta prévia à Procuradoria Federal. Atendendo aos pedidos, o juiz solicitou a criação do CPF falso para a Receita Federal:
“Ilmo. Sr. Secretário da Receita Federal,
A fim de viabilizar investigação sigilosa em curso nesta Vara e realizada pela Polícia Federal, vimos solicitar a criação de um CPF em nome da pessoa fictícia Carlos Augusto Geronasso, filho de Antonieta de Fátima Geronasso, residente à Rua Padre Antônio Simeão Neto, nº 1.704, bairro Cabral, em Curitiba/PR”.
Além disso, o magistrado solicitou a abertura de uma conta no Banco do Brasil, com a orientação de que os órgãos financeiros fiscalizadores não fossem informados de qualquer operação suspeita:
“Ilmo. Sr. Gerente, [do Banco do Brasil]. 

A fim de viabilizar investigação sigilosa em curso nesta Vara e realizada pela Polícia Federal, vimos determinar a abertura de conta corrente em nome de (identidade falsa).
(…) De forma semelhante, não deverá ser comunicada ao COAF ou ao Bacen qualquer operação suspeita envolvendo a referida conta”.
Criados o CPF e a conta bancária, as autoridades norte-americanas realizaram a operação. Dirigiram-se ao suspeito e, fingindo serem clientes, entregaram-lhe a quantia, solicitando que fosse ilegalmente transferida para a conta fictícia no Brasil.
Feita a transferência, o caminho do dinheiro enviado à conta falsa foi rastreado, chegando-se a uma empresa com sede no Rio de Janeiro. Sua quebra de sigilo foi prontamente solicitada e deferida. Como a empresa era de outro Estado, a investigação saiu da competência de Moro e do TRF-4, sendo transferida para o Rio.

Lei norte-americana aplicada no Brasil

A ação que Moro permitiu é prevista pela legislação norte-americana, trata-se da figura do agente provocador: o policial que instiga um suspeito a cometer um delito, a fim de elucidar ilícitos maiores praticados por quadrilhas ou bandos criminosos.
No caso em questão, o agente norte-americano, munido de uma conta falsa no Brasil, induziu o investigado nos EUA a cometer uma operação de câmbio irregular (envio de remessa de divisas ao Brasil sem pagamento dos devidos tributos).
Ocorre, porém, que o Direito brasileiro não permite que um agente do Estado promova a prática de um crime, mesmo que seja para elucidar outros maiores. A Súmula 145 do STF é taxativa sobre o assunto:

“Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.”

Ou seja, quando aquele que tenta praticar um delito não tem a chance de se locupletar por seus atos, caindo apenas em uma armadilha da polícia, o crime não se consuma.
É o que explica o advogado criminalista André Lozano Andrade: o agente infiltrado não deve ser um agente provocador do crime, ou seja, não pode incentivar outros a cometer crimes. “Ao procurar uma pessoa para fazer o ingresso de dinheiro de forma irregular no Brasil, o agente está provocando um crime. É muito parecido com o que ocorre com o flagrante preparado (expressamente ilegal), em que agentes estatais preparam uma cena para induzir uma pessoa a cometer um crime e, assim, prendê-la. Quando isso é revelado, as provas obtidas nesse tipo de ação são anuladas, e o suspeito é solto”, expõe Lozano.
Já Isaac Newton Belota Sabbá Guimarães, promotor do Ministério Público de Santa Catarina e professor da Escola de Magistratura daquele Estado, explica que “a infiltração de agentes não os autoriza à prática delituosa, neste particular distinguindo-se perfeitamente da figura do agente provocador. O infiltrado, antes de induzir outrem à ação delituosa, ou tomar parte dela na condição de co-autor ou partícipe, limitar-se-á ao objetivo de colher informações sobre operações ilícitas”.

Contestação Judicial

A ação policial autorizada por Moro levou à prisão vários indivíduos no âmbito da Operação Sobrecarga. Uma das defesas, ao impetrar um pedido de habeas corpus junto à presidência do TRF-4, apontando ilicitude nas práticas investigatórias, argumentou que seu cliente havia sido preso com base em provas obtidas irregularmente, e atacou a utilização de normas e institutos dos Estados Unidos no âmbito do Direito brasileiro:
“Data venia, ao buscar fundamento jurisprudencial para amparar a medida em precedentes da Suprema Corte estadunidense, a d. Autoridade Coatora (Sérgio Moro) se olvidou de que aquela Corte está sujeita a um regime jurídico diametralmente oposto ao brasileiro.”

“Enquanto os EUA é regido por um sistema de direito consuetudinário (common law), o Brasil, como sabido, consagrou o direito positivado (civil law), no qual há uma Constituição Federal extremamente rígida no controle dos direitos individuais passíveis de violação no curso de uma investigação policial. Assim, a d. Autoridade Coatora deveria ter bebido em fonte caseira, qual seja, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e das demais Cortes do Poder Judiciário brasileiro.”
O habeas corpus impetrado, no entanto, não chegou a ser analisado pelo TRF-4. É que, logo depois, em 2008, a jurisdição do caso foi transferida para a Justiça Federal do Rio de Janeiro. Lá, toda a investigação foi arquivada, depois que o STF anulou as interceptações telefônicas em Acórdão do ministro Sebastião Rodrigues atendendo outro habeas corpus impetrado por Ilana Benjó em defesa de um dos réus no processo.
Processo arquivado, crimes impunes.

Outro Lado

Os Jornalistas Livres enviaram na manhã da última terça-feira à assessoria de imprensa da Justiça Federal no Paraná, onde atua o juiz Sérgio Moro, as seguintes questões a serem encaminhadas ao magistrado:
“Perguntas referentes ao processo nº. 2007.70.00.011914-0
– Qual a sustentação legal para a solicitação do juiz Sérgio Moro para que a Receita Federal criasse CPF e identidade falsa para um agente policial dos Estados Unidos abrir uma conta bancária no Brasil em nome de pessoa física inexistente?
– Por que o juiz Moro atendeu ao pleito citado acima, originário da Polícia Federal, sem submetê-lo, primeiramente, à apreciação do Ministério Público Federal, conforme determina o ordenamento em vigor no país?
– Por que o juiz Moro não levou ao conhecimento do Ministério da Justiça os procedimentos que autorizou, conforme também prevê a legislação vigente?”
A assessoria do órgão não chegou a submeter os questionamentos ao juiz. Disse, por e-mail, que não teria tempo hábil para buscar as informações em arquivos da Justiça:
“Esse processo foi baixado. Portanto, para que consiga informações sobre ele precisamos buscar a informação no arquivo.
Outra coisa, precisa ver o que realmente ocorreu e entender pq o processo foi desmembrado para o Rio de Janeiro. Não tenho um prazo definido pra conseguir levantar o processo. Também preciso entender como proceder para localizar o processo aqui. Infelizmente essa não é minha política, mas não consigo te dar um prazo para resposta neste momento. Fizemos pedidos para o juiz e para o TRF-4.
Sugiro que vc (sic) tente com a Justiça Federal do Rio de Janeiro também.
Espero que compreendas.
Assim que tiver alguma posição, te aviso.”

BNDESPar pede assembleia para votar saída de família da JBS



NEGÓCIOS

Uma carta do banco já foi enviada à JBS solicitando a convocação de uma assembleia extraordinária para os próximos dias




Rio de Janeiro – O BNDESpar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social na qual pedirá o afastamento definitivo da família Batista da direção e do conselho de administração da empresa, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento direto do assunto.
Os minoritários na empresa também pretendem cobrar uma indenização da controladora J&F, holding da família que controla a JBS, por prejuízos causados pelos Batista à empresa.
Uma carta do banco já foi enviada à JBS solicitando a convocação de uma assembleia extraordinária para os próximos dias. A medida tem o aval e o apoio dos demais minoritários da JBS, disse uma das fontes. O banco de fomento tem 21,3 por cento de participação na empresa.
As perdas, segundo as fontes, vieram a reboque dos efeitos da operação Carne Fraca, em que a empresa e outros frigoríficos são acusadas de pagar propina para aliviar a fiscalização sanitária sobre alimentos processados, e da delação premiada de executivos da J&F, envolvendo compra de políticos em troca de favorecimento no Congresso e em órgãos de governo.
“A carta foi enviada e o objetivo não é só tentar o afastamento definitivo deles (família Batista) da JBS”, disse uma fonte. “O que se quer é tirar da empresa os irmãos e qualquer representante da família e do grupo que participou de atividade criminosa”, disse outra fonte.
Em maio, os irmãos Joesley e Wesley Batista renunciaram aos postos de presidente e vice-presidente do conselho de administração da JBS, pouco depois da formalização de acordos de delação premiada de executivos da J&F com o Ministério Público.
Além disso, a J&F fechou um acordo de leniência, com pagamento de multa recorde de 10,3 bilhões de reais.
Wesley deixou a vice-presidência do conselho de administração, mas foi substituído por seu pai, José Batista. Além disso, seguiu como membro do colegiado e como presidente-executivo da companhia.
Desde 16 de março, véspera da deflagração da operação Carne Fraca, as ações da JBS já caíram 47 por cento. No período, o Ibovespa recuou 6,9 por cento.
Segundo um das fontes ouvidas pela Reuters, os cálculos da indenização que será pedida ainda estão sendo feitos.
Essa semana, a JBS revelou um plano de desinvestimento de 6 bilhões de reais em ativos para fazer frente às dívidas de curto prazo. Na véspera, a Justiça bloqueou a venda de 300 milhões de dólares em ativos do grupo no Mercosul até o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação dos Batista.
Procuradas, a J&F e a JBS não se manifestaram de imediato.

STF abre novo inquérito contra Aécio, por lavagem de dinheiro






O senador afastado será investigado pelo suposto recebimento de mais de R$ 60 milhões em propina por meio de notas fiscais frias da JBS


Aécio Neves (PSDB-MG), senador afastado
O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) (Joel Rodrigues/Frame/Estadão Conteúdo)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello decidiu nesta quinta-feira abrir um novo inquérito para investigar o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) pelo crime de lavagem de dinheiro. O pedido de abertura foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a partir das delações premiadas de executivos da JBS. O tucano já é alvo de denúncia por corrupção passiva e obstrução de Justiça no STF, sob análise de Marco Aurélio.
O novo inquérito aberto pelo ministro deve apurar suposto recebimento de mais de 60 milhões em propina por Aécio por meio de notas fiscais frias da JBS. O diretor de relações institucionais da empresa, Ricardo Saud, disse à PGR em seu acordo de delação premiada que o senador afastado recebeu o dinheiro na campanha de 2014 em troca da resolução de problemas da JBS em Minas Gerais, então governado pelo senador tucano Antonio Anastasia (PSDB). “Se ele ganhasse o governo ele ia pagar a gente em forma de benefício”, disse o delator.
Segundo Saud, parte do valor, 13,5 milhões de reais, foi paga à PVR, empresa de Paulo Vasconcelos, marqueteiro da campanha do tucano, e 6 milhões de reais a uma empresa do instituto de pesquisas Sensus. De acordo com o delator, as duas empresas, ambas fornecedoras da campanha de Aécio, firmaram contratos fictícios com a JBS para justificar o recebimento dos valores. Ele também relatou a “compra” de partidos à campanha presidencial do tucano, como o PTB e o Solidariedade.
No outro inquérito aberto contra Aécio Neves no STF a partir dos delatores do Grupo J&F, ele é acusado de solicitar e receber 2 milhões de reais do empresário Joesley Batista, dono do grupo. As entregas do dinheiro, feitas a Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, foram filmadas pela Polícia Federal. Além do senador afastado e Pacheco de Medeiros, também foram denunciados a irmã do tucano, a jornalista Andrea Neves, e o ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), Mendherson Souza Lima.

Janot deve dividir denúncia contra Temer em quatro





Divulgação




Caso estratégia seja adotada, Câmara dos Deputados teria que votar aceitação de cada uma das denúncias

Da Redação



O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem indicado que deve dividir em quatro partes a denúncia que pretende apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Michel Temer. Segundo informações da coluna Poder em Jogo, do jornal O Globo, caso a intenção se confirme, o peemedebista deve ser denunciado pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva, obstrução de Justiça e prevaricação.
A medida também afetaria a aceitação da denúncia pela Câmara dos Deputados, que seria obrigada a realizar quatro votações, uma para cada um dos crimes pelos quais Temer deve ser denunciado. Assim, o desgaste político do presidente se tornaria ainda pior.


O STF só pode julgar o presidente da República em processos criminais com autorização prévia de, no mínimo, dois terços da Câmara. Se impedir a denúncia, Temer poderá sair da mira da PGR enquanto permanecer na chefia do Executivo nacional.
Temer passou a ser alvo de investigação após ser citado na delação premiada de Joesley Batista, proprietário do frigorífico JBS. O empresário gravou uma conversa com o presidente na qual dizia estar pagando pelo silêncio do ex-deputado e ex-presidente de Câmara Eduardo Cunha (PMDB), preso em Curitiba (PR). Nos áudios, Temer é gravado falando: “Tem que manter isso, viu?”. O Palácio do Planalto alega que o trecho da gravação está inaudível e fora do contexto.



Maioria do STF decide manter Fachin na relatoria do caso JBS




Seis ministros também votaram pela preservação dos benefícios dos delatores




POLÍTICA SUPREMOHÁ 3 HORASPOR NOTÍCIAS AO MINUTO


A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou nesta quinta-feira (22) para que o Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, fique na relatoria do caso envolvendo a denúncias de donos da JBS.


Seis dos 11 ministros também se manifestaram a favor da preservação – no momento da homologação pelo juiz responsável – dos benefícios para delatores negociados pelo Ministério Público Federal (MPF).
O julgamento, que começou na quarta-feira (21), foi motivado por solicitação do governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB). Ele pedia o sorteio da relatoria das investigações da JBS para outros ministros – que não Edson Fachin – por interpretar que as denúncias das delações da JBS não têm relação com a Petrobras (principal objeto de investigação da Lava Jato).
Já votaram os ministros Edson Fachin; Alexandre de Moraes; Luís Roberto Barroso; Rosa Weber; Luiz Fux e Dias Toffoli.

O que Temer foi fazer na Rússia?



Entenda quais são os pontos abordados no tour internacional do presidente






ECONOMIA REUNIÃOHÁ 18 MINSPOR NOTÍCIAS AO MINUTO


A indústria da carne é quase onipresente na agenda e rotina do presidente Michel Temer (PMDB). Pressionado pela delação da JBS em Brasília, o peemedebista foi à Rússia e um dos principais pontos de sua visita oficial foi justamente promover as exportações de carne para aquele país.


Ainda assim, a ida de Temer envolve outros assuntos. Sputnik explica quais são os pontos abordados no tour internacional do presidente.
Exportações e indústria da carne
O Brasil exportou US$ 2,29 bilhões para a Rússia em 2016, enquanto importou US$ 2,02 bilhões de produtos russos no mesmo período. Apesar destes números, a Rússia não está entre os principais destinos dos produtos brasileiros. Ela é apenas o 20.° país na lista de maiores compradores das mercadorias brasileiras. A lista é liderada por China (US$ 37,4 bilhões), Estados Unidos (US$ 23,2 bilhões), Argentina (US$ 13,4 bilhões), Países Baixos (US$ 10,3 bilhões) e Alemanha (US$ 4,9 bilhões).
 No último ano, a exportação de carnes (bovina, suína e de frango) para a Rússia somou nada menos que 43,7% de tudo que o Brasil vendeu para o país do presidente Vladimir Putin.
Já os principais produtos russos comprados pelos brasileiros são adubos e fertilizantes.
 A agenda comercial, entretanto, poderia ir além. Essa é a avaliação do professor de Relações Internacionais da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), Diego Pautasso. Itens da área de defesa, o setor aeroespacial, a indústria naval e o setor de aviação poderiam contribuir com a economia dos dois países.
Pautasso avalia que um "desconhecimento recíproco" e o direcionamento político das relações internacionais de Temer travam as negociações.
Qual a direção da política externa do Governo Temer?
O diálogo entre Rússia e Brasil foi o responsável pela criação do BRICS — bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Está é a avaliação de Paulo Nogueira Batista Júnior, vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco do BRICS, em entrevista exclusiva à Sputnik.
Todavia, hoje o BRICS não está entre as prioridades das relações internacionais do Governo Federal, avalia o professor Ricardo Pautasso. "A política externa brasileira está sem uma diretriz, sem saber quais são seus interlocutores fundamentais, suas prioridades. Isso ficou nítido nos últimos grandes encontros internacionais."
Temer está fugindo da crise política em Brasília?
Após um conturbado impeachment de Dilma Rousseff (PT), o Governo Michel Temer dava sinais de força em seus primeiros meses. Aprovou sem dificuldades a Proposta de Emenda Constitucional 55, conhecida como PEC do Teto, e indicava que conseguiria aprovar mudanças na legislação trabalhista e alterar as regras da Previdência Social.
Foi aberta, então, a temporada das delações premiadas — acordos entre a Justiça e criminosos buscando benefícios e reduções em suas penas.
A delação da Odebrecht, em abril, sacudiu o Governo e diversos outros nomes da política nacional. Entretanto, o cenário para o Palácio do Planalto ainda piorou cerca de um mês depois. Com a delação da JBS, o próprio Temer foi gravado em um encontro com o empresário Joesley Batista em que foram discutidas medidas para barrar a Operação Lava Jato e o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.
 Pedidos de impeachment foram protocolados pela oposição, e o Governo balançou. Desde então, Temer está trabalhando para estancar a sangria aberta pelas revelações da JBS. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o peemedebista cogitou até mesmo cancelar sua ida a Moscou. Porém, mesmo com a profunda crise política, Temer optou por embarcar no avião presidencial.
"Alterar datas e compromissos seria um sinal de que ele [Temer] estaria em um estado extraordinário de governabilidade, então a tentativa dele é o contrário. Por isso ele mantém essa viagem", analisa a cientista política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Clarice Gurgel.
Mesmo distante, a situação política de Brasília não abandonou o horizonte de Temer. Na terça-feira, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado rejeitou o parecer da reforma trabalhista, considerada um ponto chave pelo Palácio do Planalto. Em Moscou, Temer minimizou a votação e afirmou que "o que importa é o Plenário", em referência ao local onde será decidido, de fato, se a reforma será aprovada ou não.
 A cientista política Clarice Gurgel avalia que a derrota da reforma trabalhista na comissão do Senado não sela o destino do tema: "Os que votaram contra a reforma trabalhista hoje não garantem que vão votar contra na segunda votação [no Plenário]. Então, é apenas fruto do jogo de forças entre um setor do empresariado que pretende a queda do Temer e aqueles que ainda servem de base de sustentação desse governo."
Para Clarice Gurgel, Temer está "perdendo o resto de força que tinha" e pode, sim, ser alvo de um processo de impeachment. Com informações do Sputnik Brasil.

Aos bandidos os benefícios da Lei. Aos Agentes da Lei, os rigores da Lei.