domingo, 18 de junho de 2017

'Época': em entrevista, Joesley chama Temer de 'chefe de organização criminosa'




Secretaria de Comunicação do Planalto diz em nota que empresário, delator da Operação Lava Jato, é 'bandido notório', que 'desfia mentiras' e que Temer o processará.



Joesley Batista reafirma as denúncias que fez contra Temer

O empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, chamou o presidente da República, Michel Temer, de chefe "da maior e mais perigosa organização criminosa" do Brasil em entrevista publicada na edição deste fim de semana da revista "Época".
O Palácio do Planalto divulgou nota na qual diz que empresário é "bandido notório", "desfia mentiras" e informa que na próxima segunda-feira Temer ingressará com ações na Justiça contra ele.
Na entrevista, o dono do frigorífico JBS, delator da Operação Lava Jato, também reafirma as denúncias que fez ao Ministério Público e à Polícia Federal contra integrantes das cúpulas de PT, PMDB e PSDB.
A entrevista de Joesley Batista ocupa 12 páginas da edição impressa de "Época".
O empresário inicia explicando como e quando os políticos começaram a agir como "organizações criminosas". Segundo Joesley Batista, tudo começou há cerca de 10, 15 anos, quando surgiram grupos com divisão de tarefas: um chefe, um operador e um tesoureiro.
De acordo com o empresário, são organizações criminosas que existem para ganhar dinheiro cometendo crimes.
Na entrevista, Joesley afirma que esses esquemas organizados começaram no governo do PT e diz que "Lula e o PT" institucionalizaram a corrupção com a criação de núcleos, divisão de tarefas entre integrantes, em estados, ministérios, fundos de pensão e bancos, entre os quais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O resultado, para o empresário, é que hoje o Estado brasileiro está dominado por organizações criminosas. Segundo Joesley, o modelo foi reproduzido por outras legendas.
Temer diz que vai entrar com ações na justiça contra Joesley Batista

Michel Temer

Em determinado ponto da entrevista, o empresário passa a detalhar sua relação com o presidente Michel Temer iniciada entre 2009 e 2010, quando o peemedebista ainda era vice-presidente.
Ele disse que, no segundo encontro, Temer deu o número de seu celular e que os dois passaram a trocar mensagens. Joesley afirmou ainda que frequentou o escritório e a casa do presidente em São Paulo e o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice em Brasília. O empresário contou ainda que Temer já esteve em sua casa e que foi ao seu casamento.
Joesley narrou que a relação entre os dois era institucional, de um empresário que precisava resolver problemas e que via em Temer a condição de resolver problemas.
Acrescentou que achava que o presidente via nele um empresário que poderia financiar as campanhas – e fazer esquemas que renderiam propina.
Joesley Batista disse ainda que, desde que se conheceram, teve “total acesso” a Temer.
Na entrevista, Joesley afirmou que o presidente não tem muita “cerimônia” para tratar desse assunto e que “não é um cara cerimonioso com dinheiro”.
Segundo o empresário, em uma ocasião, Temer pediu para que o empresário pagasse o aluguel do escritório dele na Praça Pan-Americana, região nobre de São Paulo. Joesley relatou que desconversou e que o presidente nunca mais o cobrou.
A revista, então, perguntou se o empréstimo do jatinho da JBS ao então vice-presidente também ocorreu dessa maneira.
Joesley respondeu que não se lembra direito, mas que o pedido era dentro desse contexto: “Eu preciso viajar, você tem um avião, me empresta aí”, disse o empresário. Ele disse ainda que Temer acha que o cargo que ocupa “já o habilita” a fazer tais pedidos. “Sempre pedindo dinheiro. Pediu para o Chalita em 2012, pediu para o grupo dele em 2014”, relata.
O empresário afirmou na entrevista que a pessoa a quem Eduardo Cunha se referia como seu superior hierárquico era Michel Temer. “Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer”, relatou.
A reportagem, então, perguntou: “O chefe é o presidente Temer?”.
Joesley respondeu diretamente: "O Temer é o chefe da Orcrim, organização criminosa da Câmara. Michel Temer, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Eliseu Padilha e Moreira Franco. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles".

Aécio Neves

“Época", então, perguntou quem era o número 2. Joesley responde que é o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), que era a alternativa ao "número 1" porque, em 2014, teve 48% dos votos dos brasileiros.
Aécio foi afastado do mandato parlamentar por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, após ser gravado por Joesley pedindo R$ 2 milhões.
Na entrevista, o empresário diz que precisava fazer uma ação que fosse indiscutível para o entendimento da população e do Ministério Público. Registrar como se dão as conversas com o número da República e com o número 2, que seria a alternativa ao 1.
“Se o Brasil não entendesse que o 2 era igual ao 1, o Brasil ia achar que a solução era substituir o 1 pelo 2. Mas o 2 é do mesmo sistema”, declarou.
Joesley contou à “Época” que tanto o PT quanto o PSDB usaram o mesmo sistema: “caixa dois, nota fria, compra de coligação”.
O empresário disse que calculou que ia precisar do apoio de Aécio se ele fosse eleito em 2014. Aécio, segundo o delator, pediu para dar R$ 50 milhões no primeiro e outros R$ 50 milhões no segundo turno.
Joesley diz que Aécio tentou trazer o PR para o lado do PSDB no segundo por R$ 35 milhões. Ele afirma ainda que já havia separado essa quantia para pagar o partido, mas que, pouco tempo depois, o PR apareceu “através do PT”, cobrando R$ 40 milhões.
Segundo Joesley, Aécio disse que tentou conquistar o apoio do PR por R$ 35 milhões. Mas o PT cobriu os R$ 40 milhões. “E nós pagamos, pode isso?”, questionou.



O presidente Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG); delação da JBS os colocou no centro da crise política (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
O presidente Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG); delação da JBS os colocou no centro da crise política (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)


Eduardo Cunha e Lúcio Funaro

Também na entrevista, Joesley disse que foi chantageado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo doleiro Lúcio Funaro, ambos presos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.
O empresário afirma que, se não aceitasse pagar propina aos dois, o crédito legítimo que tivesse pedido na Caixa Econômica Federal não era analisado.
Como exemplo, ele afirma que deu entrada em um financiamento no FI-FGTS da Caixa, mas que o vice-presidente do banco à época, Fábio Cleto, indicado por Funaro e Cunha, descobriu a solicitação.
Foi então que, segundo Joesley, Funaro entrou na vida do empresário. Ele diz que o "modus operandi" era assim: Joesley tentava fazer operações na Caixa, Lúcio descobria e dizia a ele: "Vai ter os 3%, né?". E aí, segundo o empresário, a JBS tinha que pagar.
"Um toma-lá-dá-cá muito às claras. Paga os 3%, e o financiamento passa no comitê. Se não paga, alguém pede vista", disse Joesley.
O empresário também explicou, na entrevista, o papel das campanhas eleitorais no esquema. Ele disse que a campanha "permite ao político sair pedindo dinheiro". E o que o político faz com o dinheiro, o empresário não sabe.
"É por isso que os partidos se multiplicaram. Ter partido dá oportunidade de fazer negócio escuso. Como o partido maior precisa do partido menor para fazer coligação, vira balcão, vira organização criminosa", diz o empresário.
O empresário confirmou também que manteve pagamentos a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro mesmo depois que os dois foram presos. O empresário diz que virou "refém" dos presidiários.
Segundo o empresário narrou em delação premiada, ele informou ao presidente Michel Temer que comprou o silêncio de Cunha e Funaro para que os dois não o citassem em delação premiada. Como prova, Joesley Batista entregou uma gravação na qual, segundo ele, Temer dá aval para os pagamentos.
Ele afirmou à "Época" que, quando já estava claro que Cunha seria preso, o ex-deputado pediu R$ 5 milhões. Dez dias depois do episódio, Cunha foi preso.
Joesley contou que, antes de Cunha ser preso (em 19 de outubro de 2016), o peemedebista havia indicado um homem chamado Altair como mensageiro. Um mês depois da prisão, segundo o empresário, Altair apareceu e disse que a família de Cunha precisava do dinheiro e que "logo, logo" o ex-deputado seria solto.
O dono da JBS diz que foi pagando, em dinheiro vivo, para Altair ao longo de 2016.
Com relação a Funaro, o doleiro indicou como mensageiro primeiro um irmão e, depois, a irmã. Ele disse que pagou mesada e que os dois presidiários confiavam nele e pediam para que Joesley cuidasse de seus familiares. Em troca, não o delatariam.
Segundo Joesley, Funaro e Cunha mandavam recados por interlocutores dizendo “você está cumprindo tudo direitinho, não vão te delatar”. Joesley disse que toda hora era procurado pelo mensageiro do presidente Michel Temer para garantir que ele estava mantendo esse sistema.

Geddel Vieira Lima

Joesley disse que este mensageiro de Temer era o então ministro Geddel Vieira Lima que o procurava a cada 15 dias “em uma agonia terrível”.
Segundo ele, o ex-ministro o procurava sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se Joesley estava cuidando de Cunha e de Funaro, e dizendo que o presidente estava preocupado se quem estava incumbido de manter os dois “calmos” era Joesley.
Joesley diz que, depois que Cunha foi preso, manteve a interlocução sobre pagamentos da empresa ao partido via Geddel.
A revista perguntou se o ministro Geddel falava em nome do presidente Temer. Joesley disse que “sem dúvida” isso acontecia.


Montagem com fotos do presidente Michel Temer e do dono da JBS, Joesley Batista (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters; Zanone Fraissat/Folhapress/Arquivo)
Montagem com fotos do presidente Michel Temer e do dono da JBS, Joesley Batista (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters; Zanone Fraissat/Folhapress/Arquivo)

Decisão de delatar

Na entrevista, Joesley disse que, até o fim do ano passado, continuava conversando bastante com políticos tentando entender qual seria a solução para os crimes investigados na Lava Jato.
Até dezembro, segundo ele, acreditou-se que a solução para os problemas dos políticos seria aprovar a anistia ao caixa 2 e a lei de abuso de autoridade.
De acordo com o empresário, com a lei do abuso, os políticos acreditavam que se iriam segurar a Lava Jato e com a anistia ao caixa 2, acreditava-se que se legalizava as coisas erradas do passado.
A revista perguntou quem comandava esse movimento. Joesley respondeu que era Michel Temer e que cabia a Geddel articular a anistia ao caixa 2 e ao líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), o projeto de abuso de autoridade, mas que os assuntos “morreram”.
Ele explicou que, com a recuperação econômica do país, os políticos passaram a achar que, com ela, conseguiriam "comprar o silêncio dos brasileiros".
“A recuperação econômica começou a vir, o brasileiro não iria mais para a rua e eles poderiam abafar a Lava Jato”, declarou Joesley.
Para o empresário, os políticos "não estavam entendendo" o que as investigações da Lava Jato trouxeram ao país e que o sistema político "faliu".
A revista questionou se foi aí que veio a decisão de tentar a delação premiada.
"Iríamos esperar o quê? Ser presos, a empresa quebrar, causar desemprego, dar prejuízo ao BNDES, à Caixa, ao mercado de capitais, aos credores?”, questionou Joesley.
Joesley Batista afirmou que sabia que estava aumentando a chance de trocar de lado e que estava próximo de partir para a delação com o Ministério Público. Ele acrescentou que o acordo era a única saída que estava enxergando e que a maneira mais efetiva de colaborar no combate à corrupção era mostrar para os procuradores que, apesar de três anos de esforços com a Lava Jato, nada mudou.
“Os políticos, no topo, não mudaram nada. Isso começa com o número 1, com o presidente da República”, declarou Joesley.
Ele acrescenta que, quando percebeu que as coisas não iam mudar, começou a registrar as conversas dele com políticos e gravou um diálogo com o presidente Michel Temer.
“Época” questionou se Joesley foi pressionado para direcionar o depoimento na Procuradoria-Geral da República.
O empresário afirmou que nunca recebeu sugestão do que deveria contar. Fez tudo espontaneamente.
E acrescentou: “Me apresentei para tentar fazer o acordo e contei aquilo que achei que deveria contar: que empresários obrigados a lidar com agentes públicos no Brasil têm de pagar para conseguir trabalhar”.

Gravação

Joesley diz que foi ao presidente porque queria saber se Temer estava entendendo o que estava acontecendo com o sistema político do país e se o presidente tinha alguma solução para os problemas dos políticos.
O empresário acrescentou que, para ele, continuar pagando pelo silêncio de Cunha e de Funaro estava errado e que não ia resolver o problema.
“Época” perguntou se Joesley queria ter certeza de que Temer continuava concordando em pagar o silêncio dos dois. O empresário confirmou e acrescentou que queria ter certeza de que essa agenda ainda era de Temer.
“De repente eu chegava lá e o Temer dizia: 'Não, Joesley, para, não precisa mais não’", afirmou. Mas Temer, segundo o empresário, disse que tinha que continuar isso.
A revista perguntou se o áudio gravado no Palácio do Jaburu entre ele e o presidente Temer foi alterado. Joesley foi enfático e respondeu: “De modo algum. Zero. Zero”.
“Podem fazer todas as perícias do mundo. Tentam desqualificar o áudio por desespero. Gravar uma pessoa não é algo trivial. É duro, doído, forte”, declarou.
Joesley diz que a única coisa que o conforta nessa história de ter gravado políticos é ter registrado o que eles falaram. Ele diz que não “botou palavra na boca de ninguém”.
“Se mesmo com toda a robustez das provas nós já estamos sendo perseguidos, imagine se fosse só o meu testemunho. Se isso fica só da minha boca?”, questiona.
Joesley foi perguntado por “Época” por que não gravou Lula. Joesley responde que “nunca teve uma conversa não republicana com Lula”. Diz que esteve com Lula duas vezes, em 2006 e em 2013.
Joesley conta que Guido Mantega era o contato no PT que sempre resolvia os pedidos dele e que não precisava de outro interlocutor. Ele lembrou que entregou provas aos procuradores e que o PT tinha o maior saldo de propina com a JBS.
Joesley confirma à PF declarações sobre Temer e Rocha Loures

Guido Mantega

O dono da JBS diz também que, na maioria dos casos, os pagamentos viraram uma obrigação. Ele cita, como exemplo, o ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff, Guido Mantega.
Joesley diz: "Olhe o caso do Guido. 'O BNDES comprou ações e investiu na sua empresa. Como você não vai me dar dinheiro?'".
"Época" questionou se essa prática funcionava como um contrato informal. Joesley confirma e acrescenta que ele e a JBS nunca pagaram "um centavo" de propina dentro do BNDES, "do presidente Luciano Coutinho ao técnico mais júnior". Joesley diz que todas as relações que tinha com o banco eram "republicanas".
A revista pergunta a razão para pagar propina para Guido e para o PT se as relações com o BNDES eram republicanas.
Joesley diz que pagava porque estava nas mãos do governo. "Era só o Guido dizer no BNDES que não era mais do interesse do governo investir no agronegócio e pronto".
Segundo Joesley, "bastava uma mudança de diretriz de governo para acabar com o negócio".

Operações de compra de dólar

A revista também o indagou sobre as operações de compras de dólar e venda de ações do grupo JBS, que teriam resultado em lucro por causa da delação.
Joesley negou e disse que as operações foram feitas dentro das regras. O empresário afirmou ainda que não houve nada de atípico. Disse que os bancos estão restringindo o crédito e que precisava de dinheiro. “Eu tenho a ações e preciso vender para fazer dinheiro. Não tem mistério”, afirmou na entrevista.
A revista observou que Joesley era um dos poucos que sabiam que, quando a delação viesse a público, o dólar ia subir e as ações iam cair.
O empresário respondeu que a única informação privilegiada capaz de mexer com o mercado seria a homologação e que ele só soube do momento em que o acordo seria reconhecido pela imprensa. “Porque tudo antes da homologação não é líquido e certo”, afirmou.

Versões dos citados

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a entrevista tem que ser entendida no contexto de um empresário que negocia o mais generoso acordo de delação premiada da história e que, mesmo assim, Batista foi incapaz de apontar qualquer ilegalidade cometida ou do conhecimento do ex-presidente Lula. Ainda segundo a defesa, considerações genéricas e sem provas de delatores não têm qualquer valor jurídico.
PT divulgou a seguinte nota: "As acusações do empresário Joesley Batista contra o Partido dos Trabalhadores são genéricas, carecem de provas e não condizem com a verdade. O PT reitera que todas as doações que recebeu são legais e foram analisadas e aprovadas pela justiça eleitoral."
O deputado Eduardo Cunha nega qualquer participação ilícita afirma que prestará nos autos todos os devidos esclarecimentos.
O senador Renan Calheiros negou que a Lei do Abuso de Autoridade tenha a intenção de atrapalhar a Lava Jato, uma operação importante para o país, e que foi discutida com diferentes setores, inclusive com o Judiciário, com a intenção de proteger todos os brasileiros.
PMDB ainda não tinha divulgado nota até a última atualização desta reportagem.
O ex-deputado Henrique Eduardo Alves e o ministro Eliseu Padilha não vão se manifestar.
A defesa de Geddel Vieira Lima disse que ele permanece convicto de que ninguém poderá enredá-lo em qualquer ilicitude já que jamais praticou qualquer ilegalidade. E que o cliente continua, como sempre esteve, à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários, já tendo renunciado aos seus sigilos bancário e fiscal.
PSDB e o senador afastado Aécio Neves, disseram que, conforme dito pelos próprios delatores, a JBS doou cerca de R$ 60 milhões para as campanhas do partido em 2014, parte para a campanha presidencial e parte para as estaduais, conforme registrado no TSE. E, segundo eles, jamais houve contrapartida para essas doações o que torna absurdo caracterizá-las como propina.
A defesa de Lúcio Funaro disse que desde o primeiro depoimento prestado à PF ele vem respondendo tudo que lhe é indagado de modo preciso e de acordo com a verdade, que ele não vai comentar a entrevista e que tudo será respondido nos autos dos processos ou dos inquéritos em tramitação.
Gabriel Chalita declarou que não pediu nada para a campanha a Joesley e que toda a arrecadação foi feita pelo PMDB nacional, que fez a prestação de contas, aprovada pela Justiça Eleitoral.
O ministro Moreira Franco divulgou a seguinte nota: "É surpreendente a ousadia e a desenvoltura em mentir do contraventor Joesley Batista. Estive com ele uma única vez, em um grupo de brasileiros, numa viagem de trabalho em Pequim, ocasião em que me foi apresentado. E nunca mais nos encontramos. Seu juízo a meu respeito é o de quem quer prestar serviço e para tal, aparenta um relacionamento que nunca existiu."
A TV Globo não havia recebido, até a última atualização desta reportagem, resposta da defesa de Guido Mantega.
A TV Globo não obteve contato com as defesas de Rodrigo Rocha Loures e Fábio Cleto.
G1 não localizou a assessoria do PR.
A íntegra da entrevista de Joesley Batista está na edição impressa da revista "Época", já disponível nas bancas.

sábado, 17 de junho de 2017

Rollemberg culpa sindicatos pela crise da saúde no DF.

DESAPEGO DE LUXO GYN



Convide as amigas e marque presença, vai ser muito bom!  

Joesley Batista: “Temer é o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”




Em entrevista exclusiva a ÉPOCA, o empresário diz que o presidente não tinha “cerimônia” para pedir dinheiro e que Eduardo Cunha cobrava propina em nome de Temer


DIEGO ESCOSTEGUY


16/06/2017 - 21h31 - Atualizado 16/06/2017 23h20


Na manhã da quinta-feira (15), o empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, recebeu ÉPOCA para conceder sua primeira entrevista exclusiva desde que fechou a mais pesada delação dos três anos de Lava Jato. Em mais de quatro horas de conversa, precedidas de semanas de intensa negociação, Joesley explicou minuciosamente, sempre fazendo referência aos documentos entregues à Procuradoria-Geral da República, como se tornou o maior comprador de políticos do Brasil. Discorreu sobre os motivos que o levaram a gravar o presidente Michel Temer e a se oferecer à PGR para flagrar crimes em andamento contra a Lava Jato. Atacou o presidente, a quem acusa, com casos e detalhes inéditos, de liderar “a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil” – e de usar a máquina do governo para retaliá-lo. Contou como o PT de Lula “institucionalizou” a corrupção no Brasil e de que modo o PSDB de Aécio Neves entrou em leilões para comprar partidos nas eleições de 2014. O empresário garante estar arrependido dos crimes que cometeu e se defendeu das acusações de que lucrou com a própria delação. 
A seguir, os principais trechos da entrevista publicada na edição de ÉPOCA desta semana. Leia as 12 páginas da conversa com Joesley na edição que chega às bancas neste sábado (17) ou disponível agora nos aplicativos ÉPOCA e Globo+:
Revista ÉPOCA - capa da edição 991 - Entrevista exclusiva com Joesley Batista: "Temer é o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil" (Foto: Revista ÉPOCA)



















ÉPOCA – Quando o senhor conheceu Temer?
Joesley Batista – Conheci Temer através do ministro Wagner Rossi, em 2009, 2010. Logo no segundo encontro ele já me deu o celular dele. Daí em diante passamos a falar. Eu mandava mensagem para ele, ele mandava para mim. De 2010 em diante. Sempre tive relação direta. Fui várias vezes ao escritório da Praça Pan-Americana, fui várias vezes ao escritório no Itaim, fui várias vezes à casa dele em São Paulo, fui alguma vezes ao Jaburu, ele já esteve aqui em casa, ele foi ao meu casamento. Foi inaugurar a fábrica da Eldorado.

ÉPOCA – Qual, afinal, a natureza da relação do senhor com o presidente Temer?
Joesley – 
Nunca foi uma relação de amizade. Sempre foi uma relação institucional, de um empresário que precisava resolver problemas e via nele a condição de resolver problemas. Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele – e fazer esquemas que renderiam propina. Toda a vida tive total acesso a ele. Ele por vezes me ligava para conversar, me chamava, e eu ia lá.
ÉPOCA – Conversar sobre política?
Joesley –
 Ele sempre tinha um assunto específico. Nunca me chamou lá para bater papo. Sempre que me chamava, eu sabia que ele ia me pedir alguma coisa ou ele queria alguma informação.
ÉPOCA – Segundo a colaboração, Temer pediu dinheiro ao senhor já em 2010. É isso?
Joesley –
 Isso. Logo no início. Conheci Temer, e esse negócio de dinheiro para campanha aconteceu logo no iniciozinho. O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro.
ÉPOCA – Ele sempre pediu sem algo em troca?
Joesley –
 Sempre estava ligado a alguma coisa ou a algum favor. Raras vezes não. Uma delas foi quando ele pediu os R$ 300 mil para fazer campanha na internet antes do impeachment, preocupado com a imagem dele. Fazia pequenos pedidos. Quando o Wagner saiu, Temer pediu um dinheiro para ele se manter. Também pediu para um tal de Milton Ortolon, que está lá na nossa colaboração. Um sujeito que é ligado a ele. Pediu para fazermos um mensalinho. Fizemos. Volta e meia fazia pedidos assim. Uma vez ele me chamou para apresentar o Yunes. Disse que o Yunes era amigo dele e para ver se dava para ajudar o Yunes.
ÉPOCA – E ajudou?
Joesley –
 Não chegamos a contratar. Teve uma vez também que ele me pediu para ver se eu pagava o aluguel do escritório dele na praça [Pan-Americana, em São Paulo]. Eu desconversei, fiz de conta que não entendi, não ouvi. Ele nunca mais me cobrou.
ÉPOCA – Ele explicava a razão desses pedidos? Por que o senhor deveria pagar?
Joesley – 
O Temer tem esse jeito calmo, esse jeito dócil de tratar e coisa. Não falava.
ÉPOCA – Ele não deu nenhuma razão?
Joesley –
 Não, não ele. Há políticos que acreditam que pelo simples fato do cargo que ele está ocupando já o habilita a você ficar devendo favores a ele. Já o habilita a pedir algo a você de maneira que seja quase uma obrigação você fazer. Temer é assim.
ÉPOCA – O empréstimo do jatinho da JBS ao presidente também ocorreu dessa maneira?
Joesley –
 Não lembro direito. Mas é dentro desse contexto: “Eu preciso viajar, você tem um avião, me empresta aí”. Acha que o cargo já o habilita. Sempre pedindo dinheiro. Pediu para o Chalita em 2012, pediu para o grupo dele em 2014.
ÉPOCA – Houve uma briga por dinheiro dentro do PMDB na campanha de 2014, segundo o lobista Ricardo Saud, que está na colaboração da JBS.
Joesley –
 Ricardinho falava direto com Temer, além de mim. O PT mandou dar um dinheiro para os senadores do PMDB. Acho que R$ 35 milhões. O Temer e o Eduardo descobriram e deu uma briga danada. Pediram R$ 15 milhões, o Temer reclamou conosco. Demos o dinheiro. Foi aí que Temer voltou à Presidência do PMDB, da qual ele havia se ausentado. O Eduardo também participou ativamente disso.
ÉPOCA – Como era a relação entre Temer e Eduardo Cunha?
Joesley –
 A pessoa a qual o Eduardo se referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer. Sempre falando em nome do Temer. Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a hierarquia. Funcionava assim: primeiro vinha o Lúcio [o operador Lúcio Funaro]. O que ele não conseguia resolver pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel.
ÉPOCA – Segundo as provas da delação da JBS e de outras investigações, o senhor pagava constantemente tanto para Eduardo Cunha quanto para Lúcio Funaro, seja por acertos na Câmara, seja por acertos na Caixa, entre outros. Quem ficava com o dinheiro?
Joesley –
 Em grande parte do período que convivemos, meu acerto era direto com o Lúcio. Eu não sei como era o acerto do Lúcio do Eduardo, tampouco do Eduardo com o Michel. Eu não sei como era a distribuição entre eles. Eu evitava falar de dinheiro de um com o outro. Não sabia como era o acerto entre eles. Depois, comecei a tratar uns negócios direto com o Eduardo. Em 2015, quando ele assumiu a presidência da Câmara. Não sei também quanto desses acertos iam para o Michel. E com o Michel mesmo eu também tratei várias doações. Quando eu ia falar de esquema mais estrutural com Michel, ele sempre pedia para falar com o Eduardo. “Presidente, o negócio do Ministério da Agricultura, o negócio dos acertos…” Ele dizia: “Joesley, essa parte financeira toca com o Eduardo e se acerta com o Eduardo”. Ele se envolvia somente nos pequenos favores pessoais ou em disputas internas, como a de 2014.
ÉPOCA – O senhor realmente precisava tanto assim desse grupo de Eduardo Cunha, Lúcio Funaro e Temer?
Joesley –
 Eles foram crescendo no FI-FGTS, na Caixa, na Agricultura – todos órgãos onde tínhamos interesses. Eu morria de medo de eles encamparem o Ministério da Agricultura. Eu sabia que o achaque ia ser grande. Eles tentaram. Graças a Deus, mudou o governo e eles saíram. O mais relevante foi quando Eduardo tomou a Câmara. Aí virou CPI para cá, achaque para lá. Tinha de tudo. Eduardo sempre deixava claro que o fortalecimento dele era o fortalecimento do grupo da Câmara e do próprio Michel. Aquele grupo tem o estilo de entrar na sua vida sem ser convidado.
ÉPOCA – Pode dar um exemplo?
Joesley – 
O Eduardo, quando já era presidente da Câmara, um dia me disse assim: “Joesley, tão querendo abrir uma CPI contra a JBS para investigar o BNDES. É o seguinte: você me dá R$ 5 milhões que eu acabo com a CPI”. Falei: “Eduardo, pode abrir, não tem problema”. “Como não tem problema? Investigar o BNDES, vocês.” Falei: “Não, não tem problema”. “Você tá louco?” Depois de tanto insistir, ele virou bem sério: “É sério que não tem problema?”. Eu: “É sério”. Ele: “Não vai te prejudicar em nada?”. “Não, Eduardo.” Ele imediatamente falou assim: “Seu concorrente me paga R$ 5 milhões para abrir essa CPI. Se não vai te prejudicar, se não tem problema… Eu acho que eles me dão os R$ 5 milhões”. “Uai, Eduardo, vai sua consciência. Faz o que você achar melhor.” Esse é o Eduardo. Não paguei e não abriu. Não sei se ele foi atrás. Esse é o exemplo mais bem-acabado da lógica dessa Orcrim.
ÉPOCA – Algum outro?
Joesley –
 Lúcio fazia a mesma coisa. Virava para mim e dizia: “Tem um requerimento numa CPI para te convocar. Me dá R$ 1 milhão que eu barro”. Mas a gente ia ver e descobria que era algum deputado a mando dele que estava fazendo. É uma coisa de louco.
ÉPOCA – O senhor não pagou?
Joesley –
 Nesse tipo de coisa, não. Tinha alguns limites. Tinha que tomar cuidado. Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa deste país. Liderada pelo presidente.
ÉPOCA – O chefe é o presidente Temer?
Joesley –
 O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites. Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância: nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais. Para não armar alguma coisa contra mim. A realidade é que esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida. Daquele sujeito que nunca tive coragem de romper, mas também morria de medo de me abraçar com ele.
ÉPOCA – No decorrer de 2016, o senhor, segundo admite e as provas corroboram, estava pagando pelo silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, ambos já presos na Lava Jato, com quem o senhor tivera acertos na Caixa e na Câmara. O custo de manter esse silêncio ficou alto demais? Muito arriscado?
Joesley –
 Virei refém de dois presidiários. Combinei quando já estava claro que eles seriam presos, no ano passado. O Eduardo me pediu R$ 5 milhões. Disse que eu devia a ele. Não devia, mas como ia brigar com ele? Dez dias depois ele foi preso. Eu tinha perguntado para ele: “Se você for preso, quem é a pessoa que posso considerar seu mensageiro?”. Ele disse: “O Altair procura vocês. Qualquer outra pessoa não atenda”.  Passou um mês, veio o Altair. Meu Deus, como vou dar esse dinheiro para o cara que está preso? Aí o Altair disse que a família do Eduardo precisava e que ele estaria solto logo, logo. E que o dinheiro duraria até março deste ano. Fui pagando, em dinheiro vivo, ao longo de 2016. E eu sabia que, quando ele não saísse da cadeia, ia mandar recados.
ÉPOCA – E o Lúcio Funaro?
Joesley –
 Foi parecido. Perguntei para ele quem seria o mensageiro se ele fosse preso. Ele disse que seria um irmão dele, o Dante. Depois virou a irmã. Fomos pagando mesada. O Eduardo sempre dizia: “Joesley, estamos juntos, estamos juntos. Não te delato nunca. Eu confio em você. Sei que nunca vai me deixar na mão, vai cuidar da minha família”. Lúcio era a mesma coisa: “Confio em você, eu posso ir preso porque eu sei que você não vai deixar minha família mal. Não te delato”.
ÉPOCA – E eles cumpriram o acerto, não?
Joesley – 
Sim. Sempre me mandando recados: “Você está cumprindo tudo direitinho. Não vão te delatar. Podem delatar todo mundo menos você”. Mas não era sustentável. Não tinha fim. E toda hora o mensageiro do presidente me procurando para garantir que eu estava mantendo esse sistema.
ÉPOCA – Quem era o mensageiro?
Joesley – 
Geddel. De 15 em 15 dias era uma agonia terrível. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois. O presidente estava preocupado. Quem estava incumbido de manter Eduardo e Lúcio calmos era eu.
ÉPOCA – O ministro Geddel falava em nome do presidente Temer?
Joesley –
 Sem dúvida. Depois que o Eduardo foi preso, mantive a interlocução desses assuntos via Geddel. O presidente sabia de tudo. Eu informava o presidente por meio do Geddel. E ele sabia que eu estava pagando o Lúcio e o Eduardo. Quando o Geddel caiu, deixei de ter interlocução com o Planalto por um tempo. Até por precaução.

>> Leia a reportagem em ÉPOCA desta semana




Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

Esses corruptos são genocidas, são eles que matam as pessoas que estão morrendo nas filas dos hospitais em todo Brasil. Verdadeiramente os maiores traidores da pátria e seu povo!


A Suprema Corte de nosso país tem bandido de toga “Michel Temer diz ter 2 Ministros no Supremo; Joesley Batista diz ter 2 Juízes e 1 procurador. Notícias de vendas de sentenças? ” contra a justiça e o povo de uma nação, imagine nos estados que compõem está nação, ou seja, os bandidos de toga estão em todas as instâncias e departamento da administração pública. Com suas raras exceções!

Organização criminosa

PGR cita depoimento de Joesley sobre pagamento de “mensalidade” de R$ 400 mil a Lúcio Funaro, operador de Eduardo Cunha, e afirmação do empresário de que Temer deu sinais claros de que seria importante manter financeiramente ambos  e as famílias.

Prevaricação

Joesley relatou em conversa com Temer o plano para interferir em uma investigação em Brasília. É ilegal  um servidor público tomar conhecimento de conduta irregular de outra pessoa  e não comunicar às autoridades

Corrupção

Procuradoria-Geral menciona, entre outros elementos, depoimento de Joesley, que afirma que Temer intercedeu pessoalmente a favor dele no BNDES. Cita ainda depoimento que afirma que Temer fazia parte do  “esquema do PMDB da Câmara”.

Obstrução de Justiça

Ao citar suspeitas sobre Aécio, a PGR vê indicativos de Temer também em articulações que buscam ‘impedir que as investigações da Lava Jato avancem’, por meio de controle de medidas legislativas ou controle de indicação de Delegados para inquéritos.

gângster "indivíduo inescrupuloso, disposto a tudo para atingir seus objetivos."