domingo, 27 de novembro de 2016

Temer anuncia 'ajustamento' com Congresso contra anistia a caixa 2

27/11/2016 12h06 - Atualizado em 27/11/2016 14h49

Presidente deu entrevista conjunta com presidentes de Câmara e Senado.
Objetivo foi conter eventual movimento por anistia de crimes eleitorais.

Luciana AmaralDo G1, em Brasília

O presidente da República, Michel Temer, anunciou neste domingo (27) um "ajustamento institucional" com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a fim de impedir a tramitação no Congresso de qualquer medida que permita anistia a políticos que em eleições passadas tenham praticado caixa 2 (uso de recursos não declarados à Justiça Eleitoral).
O anúncio foi feito durante entrevista conjunta com Maia e Renan no Palácio do Planalto. Os três descartaram a hipótese de aprovação de alguma proposta que eventualmente venha a ser apresentada com a finalidade de anistiar o caixa 2 ou crimes associados a essa prática, como corrupção e lavagem de dinheiro.
Na quinta-feira (24), a votação do projeto com medidas anticorrupção acabou adiada para esta terça-feira (29) após ter sido revelada uma articulação que previa a apresentação de uma emenda para anistiar quem tivesse feito uso de caixa 2 em eleições passadas. Nos bastidores da Câmara, chegou a circular um texto de uma emenda que previa livrar, em todas as esferas (cível, criminal e eleitoral) quem tivesse praticado caixa dois.
Segundo Temer, é preciso "ouvir a voz das ruas" em relação à anistia. "Estamos aqui para revelar que no tocante à anistia, há uma unanimidade daqueles dos poderes Legislativo e Executivo", afirmou. "Não há a menor condição de se patrocinar, de se levar adiante essa proposta", declarou.
De acordo com o presidente, o objetivo da entrevista foi desestimular qualquer movimentação interna na Câmara dos Deputados com o objetivo de viabilizar uma proposta de anistia ao caixa 2. Segundo ele, "seria impossível ao presidente da República sancionar uma matéria dessa natureza".
Rodrigo Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, apontou uma "confusão de comunicação" em relação à suposta proposta de anistia ao caixa 2.
"Nossa intenção nunca foi anistiar crimes, já que o projeto [de medidas anticorrupção] enviado pela sociedade tipifica os crimes", declarou Maia.
O presidente da Câmara afirmou que pretende colocar em votação nesta semana no plenário o projeto de medidas anticorrupção enviado pelo Ministério Público que tipifica o crime de caixa 2.
"Queremos votar as dez medidas e, entre elas, existe a proposta que vem encaminhada pelo MP da tipificação do caixa dois", afirmou. Na semana passada, a comissão especial criada para discutir as medidas aprovou o texto-base do relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que prevê a tipificação do crime de caixa 2 eleitoral e estipula pena de dois a cinco anos de prisão.
Maia disse que nunca houve discussão entre os líderes partidários de proposta de anistia e que nunca houve assinatura de deputados em nenhum projeto do gênero.
"Estamos discutindo algo que não existe. Esta reunião [a entrevista coletiva] é importante para esclarecer que a anistia nunca aconteceu e nunca foi assinada por nenhum parlamentar", complementou.
Maia ainda ressaltou que, se alguma emenda vier a ser apresentada, a votação será por meio nominal.
"Do ponto de vista regimental [...], eu disse que essa emenda nunca existiu do ponto de vista legal da Casa. Ela não prosperou com o apoio de líderes nem prosperaria com o apoio do plenário. E se alguém apresentar, votação nominal", afirmou.
Renan Calheiros
O presidente do Senado, Renan Calheiros, reiterou que uma eventual proposta de anistia ao caixa 2 não terá andamento no Congresso.
"Essa matéria não deve tramitar. Devemos fazer o ajuste fiscal e vamos votar as matérias necessárias para retomar o crescimento da economia. Todas as nossas forças estarão voltadas para votarmos essas pautas, inclusive a lei orçamentária. Até o fim do ano, vamos aprovar a lei orçamentária de 2017", afirmou o presidente do Senado.
Caso Geddel Vieira Lima
O presidente Michel Temer afirmou que está "examinando com muito cuidado" o perfil do novo ocupante da Secretaria de Governo, em substituição a Geddel Vieira Lima, que pediu demissão.
Segundo ele, é preciso alguém com "lisura absoluta" e com facilidade para conversar com os integrantes do Congresso.
Temer afirmou que é "indigno" e "gravíssimo" um ministro gravar o presidente da República, em referência a Marcelo Calero, que se demitiu do Ministério da Cultura depois de denunciar ter sido pressionado por Geddel Vieira Lima para liberar a obra de um edifício no centro histórico de Salvador no qual o ex-ministro da Secretaria de Governo tem um apartamento. Calero gravou conversas com Temer e com ministros do governo sobre o assunto.
"Espero que essas gravações venham a público", disse o presidente, que afirmou que é muito cuidadoso com o que fala e que a atitude de Calero foi de uma "indignidade absoluta".
Temer disse que ainda não tomou uma decisão, mas cogita passar a fazer gravações oficiais das audiências na Presidência da República.
"Estou pensando em pedir ao Gabinete de Segurança Institucional que grave – aí publicamente –, que grave todas as audiências do presidente da República", declarou.
Temer afirmou que, se Geddel tivesse pedido demissão antes, "talvez teria sido melhor". "É claro que ganhou uma dimensão extraordinária. A demora não foi útil", disse.
O presidente disse que "não estava patrocinando nenhum interesse privado" ao "arbitrar" a divergência entre Marcelo Calero e Geddel Vieira Lima e ter sugerido ao então ministro da Cultura encaminhar o caso para a Advocacia Geral da União (AGU).
"Você verifica que eu estava administrando conflitos de natureza pública. Quando ele [Calero] falou que não queria despachar, falei para mandar para a AGU", disse.

Ao ser questionado sobre o ministro-chefe da Casa Civil, Temer defendeu o subordinado e disse que ele apenas "sugeriu" a Calero o que a lei determina.
Eliseu Padilha
No depoimento que deu à Polícia Federal, Calero disse que conversou com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, sobre a obra embargada em Salvador. Em nota divulgada nesta quinta-feira (24), Padilha confirmou que discutiu a questão com o ex-ministro da Cultura sugerindo que procurasse a AGU. O ex-ministro ignorou minha sugestão”, afirmou Padilha.
Para Temer, sugerir que a AGU fosse consultada foi a medida correta a ser tomada por Padilha. De acordo com o presidente, uma das funções do órgão é justamente ajudar a mediar conflitos quando um ministro não quer "despachar" uma decisão.
"O que o Padilha fez foi exatamente o que, de alguma maneira, eu disse. Porque ele [Calero] conversou com o Padilha e disse que tinha esse conflito. Padilha sugeriu aquilo que a lei determina", afirmou Temer.
Odebrecht
Questionado sobre a hipótese de os acordos de delação premiada de executivos da empreiteira Odebrecht na Operação Lava Jato atingirem integrantes do governo, Temer disse que isso, de fato, é uma preocupação.
Segundo ele, há uma preocupação "de natureza institucional". "Dizer que não há preocupação, estaria sendo ingênuo", afirmou.
O presidente disse que, depois de os termos das delações se tornarem conhecidos, vai analisar caso a caso. "Vou ver qual o gesto concreto em relação a ministros porque [as delações] ainda nao foram assinadas", afirmou.
Crise econômica
Na avaliação do presidente Michel Temer, os resultados concretos do crescimento econômico só serão visíveis a partir do segundo semestre de 2017. Segundo ele, é preciso combater a ideia de que os problemas se resolverão de uma hora para outra.
"Essa coisa de céu azul, as coisas não são assim. Quando isso realmente se consolidará? A equipe econômica está trabalhando ativamente. Vejo que eventuais resultados se darão no segundo semestre do ano que vem. Não estamos parados, estamos trabalhando para gerar o crescimento", afirmou.
Para Temer, também é necessário "desmistificar essa coisa de lua de mel" com o seu governo. "Não houve lua de mel. Pelo contrário, houve gente que fez campanha contra, inclusive física", acrescentou
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Corpo de Roberto Correa, do 'Golden Boys', será velado neste domingo

publicada há 12 horasatualizada há 12 horas

Cantor de 76 anos, que estava lutando contra um câncer, morreu neste sábado, 26. Enterro também acontece no domingo, no Rio.

Yuri FernandesDo EGO, no Rio
Roberto Correa era integrante do grupo Golden Boys (Foto: Reprodução / Facebook)Roberto Correa era integrante do grupo
Golden Boys (Foto: Reprodução / Facebook)
O corpo de Roberto Correa, ex-integrante do grupo "Golden Boys", será velado e enterrado neste domingo, 27, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, no Rio. A informação foi divulgada por Roberto Filho, filho do cantor, nas redes sociais. O velório está marcado para às 13h30 e o sepultamento para 15h30.
Roberto Correa, que estava lutando contra um câncer, morreu neste sábado, 26, no Rio, aos 76 anos. A notícia foi dada pela página do grupo no Facebook e lamentada por fãs e admiradores: "É com imensa tristeza que informamos o falecimento, hoje, do nosso querido Roberto Correa (...) Força para toda a família Correa". Correa deixou três filhos e quatro netos.
Os Golden Boys (Foto: Reprodução / Facebook)O grupo Os Golden Boys surgiu na Jovem
Guarda (Foto: Reprodução / Facebook)
Cantor morreu em casa
Roberto sofria de câncer e faleceu em casa por volta das 18h, como contou o filho dele, também Roberto, em seu perfil do Facebook.
"Amigos, venho comunicar através deste post o falecimento do meu pai, Roberto Correa, hoje às 18hs. De forma branda como um suspiro feito um passarinho, nosso querido se foi levando todo amor da família e dos inúmeros amigos que colecionou durante sua vida. Fica como legado todo ensinamento de vida desse grande ser humano", escreveu ele.
Imediatamente, amigos, como a cantora Claudinha Telles, começaram a se manifestar prestando solidariedade e falando da perda.
"Pensa numa pessoa bacana, sempre alto astral, carinhosa, amiga, companheira, feliz!
Essa pessoa era Roberto Corrêa dos Golden Boys. Um querido que nos deixou hoje, bem na hora da Ave Maria. Fica seu sorriso gravado em minhas lembranças, sua marca registrada pra mim. Sempre brincalhão, sempre meninão, sempre com uma piada na ponta da língua. Beijo Betinho, leva meu carinho e respeito por você! Esse deixa uma saudade imensa.", postou ela.

Os Golden Boys começaram a carreira por volta de 1958, como versão brasileira do conjunto americano The Platters. Ganharam destaque em apresentações de rádio e televisão, e, com inspiração nos quartetos norte-americanos, gravaram discos voltados para o público jovem e participaram de vários álbuns de artistas da MPB e do pop-rock brasileiro.
O grupo
O grupo Golden Boys surgiu na Jovem Guarda no Brasil e era na sua origem um quarteto  formado por três irmãos: Roberto, Ronaldo, Renato Corrêa José Maria, e um primo, Valdir Anunciação - que morreu em 2004 - , e teve sucessos como "Cabeção", "Alguém na Multidão" e versões de músicas dos Beatles, como "Michelle" e "Ontem" ("Yesterday").
Morre integrante do grupo Golden Boys (Foto: Reprodução/Facebook)Morre integrante do grupo Golden Boys (Foto: Reprodução/Facebook)
Informações sobre o velório e enterro de Roberto Correa  (Foto: Reprodução / Facebook)Informações sobre o velório e enterro de Roberto Correa (Foto: Reprodução / Facebook)

Roberto Correa, do Golden Boys (Foto: Reprodução/Facebook)Grupo Golden Boys (Foto: Reprodução/Facebook)
Capa do disco dos Golden Boys (Foto: Reprodução/Facebook)Capa do disco dos Golden Boys (Foto: Reprodução/Facebook)

Fidel Castro 1926 a 2016



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Publicado em 26/11/2016, Atualizado em 26/11/2016
Grande líder revolucionário para uns, ditador implacável para outros, Fidel Castro, que teve a morte anunciada neste sábado (26), foi o responsável por implantar o regime comunista em Cuba, em meio à Guerra Fria

CONTROVERSO

Aousadia da revolução custou à ilha, até então um refúgio de lazer para americanos, um hiato de 53 anos nas relações diplomáticas com Washington. A reaproximaração só veio em 2014.

Após derrubar o ditador Fulgêncio Batista, “El Comandante”, como era conhecido, foi exaltado pela população por elevar as taxas de alfabetização e universalizar a saúde.

Apesar disso, restringiu liberdades civis. Sindicatos foram proibidos de fazer greves, a imprensa censurada, e instituições religiosas perseguidas. Opositores foram extirpados: executados, presos ou exilados à força. Sob seu governo, cerca de 12 mil pessoas foram mortas, segundo entidades de defesa dos direitos humanos.

Saindo de cena progressivamente ao longo da última década, Fidel passou o bastão a seu irmão Raúl. Em agosto de 2016, durante a comemoração de seus 90 anos, uma das suas últimas aparições, ele estava frágil. Ainda assim, Fidel atraiu 100 mil pessoas.

Fidel Castro em discurso feito em 1998 em Barbados.

REVOLUÇÃO

Em 1952, o general Fulgêncio Batista, ex-presidente de Cuba (1940-1944), cancela as eleições e derruba o governo. Recém-formado em direito, Fidel organiza uma insurreição com outros membros do Partido Ortodoxo. Em 26 de julho de 1953, cerca de 150 pessoas atacam o quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em uma tentativa de derrubar Batista. O ataque falha e Fidel é capturado. Após julgamento, é condenado a 15 anos de prisão. O incidente, entretanto, o torna famoso no país.

Em 1955, após ser anistiado, Fidel funda o movimento 26 de Julho, de oposição ao governo. Nessa época, ele se encontra pela primeira vez com o revolucionário Ernesto ‘Che’ Guevara e se exila no México.

Os embates continuam até que, em 30 e 31 de dezembro de 1958, as vitórias revolucionárias assustam Batista, que foge de Cuba para a República Dominicana. Aos 32 anos, Fidel consegue assumir o controle do país.

Os embates continuam até que, em 30 e 31 de dezembro de 1958, as vitórias revolucionárias assustam Batista, que foge de Cuba para a República Dominicana. Aos 32 anos, Fidel consegue assumir o controle do país.

Fidel Castro e Ernesto 'Che' Guevara

COMUNISMO

Fidel assume como primeiro-ministro em 1959, após a renúncia de José Miro Cardona. Nesta época, Cuba inicia relações com a então União Soviética. A partir daí, o líder começa a implantar o comunismo. Em 1960, nacionaliza a indústria açucareira de Cuba, sem pagar indenizações. Três anos depois, amplia a reforma agrária ao estatizar as fazendas.

Em 1961, o governo proclama seu status socialista, o que gera uma fuga em massa dos ricos do país para Miami, nos Estados Unidos, que rompem as relações diplomáticas com Cuba. Quatro anos depois, como líder do Partido Comunista cubano, Fidel lança campanha para apoiar a luta armada contra o imperialismo na América Latina e na África.

Fidel Castro durante encontro em Kuala Lumpur em 2001.

O REGIME

Poucas figuras históricas são tão controversas quanto Fidel Castro. Em 1967, Che é assassinado na Bolívia dois anos depois de deixar Cuba para expandir a revolução. Com isso, Fidel vira o único rosto da Revolução Cubana.

Apesar de os EUA se comprometerem a não invadir a ilha, houve ataques de outras formas, como o bloqueio econômico e centenas de tentativas de assassinato contra Fidel. O líder cubano disse que, se driblar tentativas de assassinato fosse esporte olímpico, ele ganharia medalhas de ouro. As relações diplomáticas entre norte-americanos e cubanos, rompidas em 1961 quando a ilha se declarou socialista, só foi retomada em 2014.

Em seu governo, Fidel investiu na educação – foram criadas cerca de 10 mil novas escolas, e a alfabetização atingiu 98% da população. Os cubanos têm um sistema de saúde universal, que reduziu a mortalidade infantil para 11 a cada mil nascidos vivos.
Entretanto, as liberdades civis foram confiscadas. Sindicatos perderam o direito de realizar greves, jornais independentes foram fechados e instituições religiosas perseguidas. Castro removeu opositores com execuções, prisões e exílio forçado.

Em 1986, instituições de defesa dos direitos humanos realizaram em Paris o “Tribunal de Cuba”, onde ex-prisioneiros da ditadura deram seu testemunho. Entidades calculam que cerca de 12 mil pessoas morreram nas mãos do governo.

Centenas de milhares de cubanos fugiram do país ao longo das décadas, muitos para a Flórida, nos EUA, bastante próxima da costa da ilha. A maior saída ocorreu em 1980, quando o governo autorizou a saída: 125 mil deixaram Cuba – 15 mil delas se jogaram ao mar amarradas e canoas, pneus e botes.

Em 1996, Cuba bombardeia dois aviões civis pilotados por exilados cubanos em Miami, retomando as tensões com os EUA. No ano seguinte, Fidel apontou seu irmão, Raúl, como seu sucessor.

Em 2002, o presidente dos EUA George W.Bush EUA cria uma prisão para suspeitos de terrorismo na base de Guantánamo, em território cubano. A decisão, impulsionada pelos atentados de 11 de setembro de 2011, foi seguida pela inclusão do país na lista dos que apoiam o terrorismo.

Fidel Castro e seu irmão Raúl, que o sucedeu no poder

GUERRA FRIA

No dia seguinte ao que Fidel formalizou Cuba como estado socialista, cerca de 1,3 mil exilados cubanos apoiados pela CIA atacam a ilha pela Baía dos Porcos. A tentativa de derrubar o governo foi um fracasso – centenas de mortos e quase mil capturados. Os EUA negam seu envolvimento, mas admitem que os exilados foram treinados pela CIA. Décadas após o incidente, o país confirmou que a ação era planejada desde 1959.

O ataque fez Fidel consolidar seu poder. Ainda em maio de 1961, ele anuncia o fim das eleições democráticas, denuncia o imperialismo americano e nomeia Che Guevara para o Ministério da Indústria. A resposta dos EUA veio em 1962, com um bloqueio econômico total à ilha que isola o regime.

Fidel intensifica a relação de Cuba com a União Soviética e aceita financiamento e ajudas militares. Em outubro de 1962, o Moscou concebe a ideia de implantar mísseis nucleares em Cuba. Instala-se uma crise com os EUA, que quase gera uma guerra nuclear. Dias depois, o premiê soviético concorda em retirar os mísseis desde que os EUA se comprometam a não invadir Cuba. Fidel, porém, não participa das negociações.

A ajuda comercial dada pela União Soviética à Cuba acaba em 1989, com a queda do muro de Berlim. O bloco também retira seus 7 mil militares da ilha.

Fidel Castro e Vladimir Putin, presidente da Rússia

VIDA PESSOAL

Orevolucionário nasceu em 13 de agosto de 1926, em Mayarí, na província de Holguín, sul de Cuba, e foi batizado como Fidel Hipólito. Lina Ruz Gonzalez, sua mãe, trabalhava para a mulher de seu pai, o latifundiário espanhol Ángel Castro. Apenas quando Fidel chega à adolescência, seu pai se separa da primeira mulher e assume a família com Lina, com quem teve outros cinco filhos. Nesta época, Fidel é assumido oficialmente pelo pai e recebe o nome de Fidel Alejandro Castro Ruz.

Apesar de não registrado pelo pai na infância, Fidel sempre estudou em escolas particulares e em meio à riqueza, um ambiente diferente da pobreza do povo cubano. Inteligente, o jovem se interessava mais esportes do que por estudos. Ainda assim, o líder cubano entra na Universidade de Havana em 1945, onde conhece o nacionalismo político cubano, o anti-imperalismo e o socialismo, e se forma em direito em 1950.
Em 1948, Fidel se envolve em sua primeira luta revolucionária. Viaja à República Dominicana, onde fracassa ao tentar derrubar o ditador Rafael Trujillo. Ao voltar para a faculdade, junta-se ao Partido Ortodoxo, fundado para acabar com a corrupção no país.

No mesmo ano, Fidel se casa com Mirta Diaz Balart, de família rica. Eles têm só um filho, Fidelito. O casamento acaba em 1955. Durante a união, Fidel mantém um caso com Naty Revuelta, com quem tem uma filha, Alina Fernández-Revuelta. Em 1993, ela se passa por turista espanhola para fugir da ilha para os Estados Unidos, onde se asila e de onde passa a disparar críticas contra o pai. Além da filha Alina, uma das irmãs de Fidel, Juanita Castro, também se mudou para os EUA, no início da década de 1960.

Com sua segunda mulher, Dalia Soto del Valle, Fidel tem outros cinco filhos homens cujos nomes começam com a letra "A": Alexis, Alexander, Alejandro, Antonio e Ángel. Na noite de 31 de julho de 2006, Fidel Castro surpreende Cuba e o mundo ao anunciar que cedia o poder ao irmão Raúl, em caráter provisório, depois de sofrer hemorragias. Foi a primeira vez que saiu do poder.

Sem revelar sua doença, Fidel admite estar à beira da morte. Perde quase 20 quilos nos primeiros 34 dias de crise, passa por cirurgias e depende por muitos meses de cateteres. Em dezembro de 2007, o comandante cubano escreve não estar aferrado ao poder, nem que obstruiria a passagem das novas gerações. Em janeiro de 2008, porém, é eleito deputado e fica tecnicamente habilitado para uma reeleição – o que não ocorre.

Desde março de 2007, já afastado do cenário público, e visto só em vídeos e fotos, Fidel Castro se dedica a escrever artigos para a imprensa sob o título de "Reflexões do Comandante-em-Chefe". Ele só deixou o poder definitivamente em fevereiro de 2008.

Fidel Castro e o ex-jogador argentino de futebol Diego Maradona





Trajetória de Fidel Castro marcou a segunda metade do século 20

Edição do dia 26/11/2016
26/11/2016 22h18 - Atualizado em 26/11/2016 22h18

Quase três quartos da população cubana só conheceram um governante.

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Fidel Castro teve uma trajetória que marcou a segunda metade do século 20. Quase três quartos da população cubana só conheceram um governante na vida.
Fidel Castro Ruz nasceu em 1926. Aos 13 anos, já demonstrava a disposição rebelde. Liderou uma greve de lavradores no canavial do pai, um latifundiário. Dizia-se chocado com o contraste entre a vida confortável que tinha e a miséria da população.
Formou-se em direito na Universidade de Havana e se lançou candidato a deputado nas eleições de 1952. O partido dele liderava as pesquisas, mas a votação foi cancelada quando o general Fulgencio Batista deu um golpe militar e assumiu o poder. Fidel Castro passou a defender a luta armada. 
Em 26 de julho de 1953, ele e o irmão Raúl comandaram um ataque ao quartel de Moncada. Oito revoltosos morreram no combate. Oitenta foram executados pelo exército. Os dois irmãos foram presos. No julgamento, Fidel fez o primeiro grande discurso, chamado “A história me absolverá”. Ironicamente, era uma defesa da liberdade de expressão contra um regime opressor.
Dois anos depois, Fidel e Raúl foram anistiados. Exilaram-se no México, onde criaram o movimento guerrilheiro 26 de Julho, com a ajuda do argentino Ernesto Che Guevara.
No fim dos anos 50, de volta a Cuba, Fidel, Raúl e Che Guevara iniciaram combates de guerrilha contra as forças do ditador Fulgencio Batista nas montanhas de Sierra Maestra. Em dezembro de 1958, o general presidente fugiu.
Em fevereiro de 1959, Castro prestava juramento como primeiro-ministro e formava o primeiro governo marxista do Ocidente.
 Fidel Castro chegou ao poder derrubando um ditador. Mas logo instalou um regime que também ficou marcado pela repressão.
Durante a ditadura de Fulgencio Batista, 20 mil pessoas foram executadas em Cuba. Ao assumir o poder, Fidel fez o mesmo.
Fidel Castro tinha prometido eleições livres. No poder, mudou o discurso e assumiu o perfil de ditador. Argumentou que a união nacional seria comprometida pela disputa entre partidos rivais, e passou a mandar prender os opositores. Muitos acabaram mortos no paredão ou “paredón”.
Segundo o historiador americano Thomas Skidmore, foram 550 execuções nos primeiros seis meses do regime. O britânico Hugh Thomas estima que em 1970 o número chegava a 5 mil.  A Fundação Cubano-Americana, um grupo de exilados cubanos nos Estados Unidos, afirma que mais de 12 mil cubanos foram executados desde a revolução de 1959. Em 2001, o governo cubano anunciou uma moratória das execuções. Mas três cubanos que sequestraram uma barca dois anos depois acabaram fuzilados.
Sindicatos perderam o direito de realizar greves, jornais independentes foram fechados e instituições religiosas perseguidas.
Cubanos contrários ao comunismo passaram a fugir para os Estados Unidos. Só nos três primeiros anos da revolução, 250 mil pessoas deixaram o país. A pequena ilha fica a apenas 140 km do estado americano da Flórida.
O maior êxodo ocorreu em 1980, quando o governo autorizou a saída dos insatisfeitos e 125 mil pessoas partiram.
Em 93, Fidel sofreu uma humilhação pessoal. A filha dele pediu asilo político aos Estados Unidos.
A proximidade de um regime comunista se tornou incômoda para os Estados Unidos. E em plena guerra fria, Cuba quase se tornou o pivô de uma guerra nuclear.
No início dos anos 50, durante a ditadura de Fulgencio Batista, investimentos estrangeiros tinham feito de Cuba uma das economias de maior crescimento na América Latina. A presença de empresas americanas havia se fortalecido. O país era o primeiro da América Latina, e quinto no mundo, em número de aparelhos de TV por habitante, por exemplo.
O governo revolucionário desapropriou terras para a reforma agrária. As propriedades rurais não poderiam ter área maior do que quatro mil metros quadrados nem pertencer a estrangeiros. Aluguéis tiveram preços cortados pela metade. Empresas de capital estrangeiro foram nacionalizadas. Boates e cassinos, que atraíam turistas, acabaram fechados.
E a ditadura comunista virou fonte de preocupação para os Estados Unidos. Documentos do governo americano revelam que operações para derrubar o regime comunista começaram a ser planejadas já em 1959.
O serviço de segurança de Fidel Castro não apresenta provas, mas afirma que a agência de espionagem americana tentou matar Fidel Castro mais de 600 vezes, até com charutos que explodiriam. Uma comissão do Senado americano revelou um plano que incluía a participação da máfia, interessada em reabrir os cassinos.
Enquanto Fidel Castro governava Cuba com mão de ferro, dez presidentes passaram pela Casa Branca. O primeiro deles, Dwight Eisenhower, impôs as primeiras sanções econômicas em resposta ao confisco de terras e à nacionalização de empresas americanas.
E a ilha de Cuba se transformou em palco da guerra fria. A União Soviética e países comunistas do Leste Europeu passaram a comprar o açúcar cubano, boicotado pelos Estados Unidos.
Durante o governo de John Kennedy, dois episódios quase transformaram a ilha no centro de uma guerra nuclear.
Em abril de 1961, mercenários e exilados cubanos tentaram invadir a ilha, na Baía dos Porcos, com apoio militar dos Estados Unidos. Financiada pelo o serviço secreto americano, a tentativa fracassada aproximou o ditador Fidel Castro ainda mais da União Soviética.
No ano seguinte, sob o argumento de proteger Cuba, a União Soviética enviou mísseis nucleares que seriam instalados na ilha. Kennedy cercou Cuba com a marinha americana, e o mundo esteve à beira de uma guerra entre as duas superpotências. No fim, o premiê soviético Nikita Kruschev mandou retirar os mísseis, depois de receber de Kennedy a promessa de não invadir Cuba. Meses depois, mísseis americanos eram retirados de bases militares na Turquia, perto da União Soviética.
 Depois da revolução, Cuba passou por transformações sociais e graves crises econômicas.
No governo, Fidel reprimiu impiedosamente a oposição ao regime. Mesmo assim, o carisma e os programas sociais o tornaram um governante popular em Cuba, com grandes avanços na saúde e na educação.
Antes da revolução, 23,6% da população não sabiam ler e escrever. Nas áreas rurais, a situação era pior: 61% das crianças não frequentavam escolas. Fidel convocou estudantes das cidades a irem para o campo ensinar, e erradicou o analfabetismo.
A maioria dos seis mil médicos de Cuba trabalhava na capital, Havana, em clínicas particulares. Fidel ordenou que fossem espalhados pelo país. Mas metade preferiu fugir. E, para substituí-los, Fidel criou três novas escolas de medicina. Com mais acesso à saúde pública, o índice de mortalidade infantil se tornou o mais baixo entre os países em desenvolvimento.
Mas a economia estagnou. O país não produzia, e os cubanos sobreviviam com o mínimo. A ajuda soviética aliviava o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos. Mas essa dependência teve um preço.
O fim da União Soviética, em 1991, pôs a ilha de Fidel Castro em crise. Sem dinheiro para a manutenção de máquinas agrícolas, por exemplo, a produção de açúcar e tabaco caiu. Sem o maior parceiro comercial, agravou-se o desabastecimento. A falta de combustível provocou paralisações na indústria. A Venezuela de Hugo Chávez passou a fornecer metade do combustível usado em Cuba.
Cuba passou a estimular a recepção de turistas e legalizou o dólar, para facilitar a remessa de dinheiro de parentes de cidadãos cubanos que viviam no exterior.
 A revolução cubana influenciou movimentos de esquerda em vários países. Mas, nos últimos anos, as preocupações com a saúde de Fidel dominaram as manchetes.
De Cuba, o ditador se tornou uma espécie de exportador de revoluções. Uma influência que foi sentida principalmente nos países em desenvolvimento.
Cuba treinou guerrilheiros do Brasil nos anos 1960 e 1970. Com apoio soviético, soldados cubanos lutaram ao lado da facção marxista na guerra civil de Angola.
A visita ao Chile de Salvador Allende, em 1971, alarmou os militares, preocupados com a influência comunista de Fidel. Dois anos depois, Allende foi deposto por um golpe militar que levou Augusto Pinochet ao poder.
Cuba também ajudou o movimento sandinista a derrubar a ditadura de Anastasio Somoza na Nicarágua, em 1979.
Na América Latina de hoje, os principais seguidores de Fidel são o venezuelano Nicolás Maduro e o boliviano Evo Morales.
Fidel se tornou também conhecido pelo prazer que tinha em falar em público. Em 1960, fez o discurso mais longo da história da assembleia geral da ONU: quatro horas e meia.
Em 2001, depois de sete horas de discurso, passou mal. Mas no mesmo dia voltou à televisão para completar a fala.
As preocupações com a saúde de Fidel passaram a se agravar em 1998, quando surgiram boatos, logo desmentidos pelos médicos, de que ele teria problemas no cérebro.
Em outubro de 2004, tropeçou e caiu após um discurso. Fraturou o joelho e o braço direitos. Dois meses depois, voltava a andar.
Em 2005, agentes da CIA afirmaram que Fidel Castro sofria de mal de Parkinson. Ele negou. Em julho de 2006, uma infecção intestinal fez com que Fidel fosse hospitalizado e submetido a uma cirurgia.
Passou em 2008 o comando do país ao irmão, Raúl, que começou uma série de reformas econômicas.
Desde então, apareceu poucas vezes na TV cubana, geralmente no hospital, quando recebia visitas de líderes estrangeiros.
Mesmo depois da reaproximação com o inimigo de sempre, seguiu criticando os Estados Unidos.
Em abril, no congresso do Partido Comunista, com a voz frágil, disse que a hora dele estava próxima.
A última aparição foi numa homenagem pelo aniversário de 90 anos, em agosto passado.

sábado, 26 de novembro de 2016

Show do Capital Inicial com a presença do Sergio Moro