domingo, 24 de julho de 2016

DJAMILA RIBEIRO | PESQUISADORA EM FILOSOFIA POLÍTICA E ATIVISTA FEMINISTA “É preciso discutir por que a mulher negra é a maior vítima de estupro no Brasil”

Ao EL PAÍS, pesquisadora fala sobre a importância de combinar a luta contra o machismo e o racismo

Mestre em filosofia política, é uma das principais referências no movimento feminista negro


Djalmila Ribeiro, mestre em filosofia política, ativista feminista e secretária-adjunta de Direitos Humanos de São Paulo.
Djalmila Ribeiro, mestre em filosofia política, ativista feminista e secretária-adjunta de Direitos Humanos de São Paulo. 



estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeio provocou um intenso debate sobre a cultura do estupro, além de uma série de manifestações pelo país contra o machismo —e também contra o racismo. O motivo: a violência contra mulheres negras disparou e, embora há quem queira desqualificar o debate (chamando-o de um mimimi feminista), além desse episódio (a vítima era uma jovem negra e pobre), dados do Mapa da Violência de 2015 confirmam o problema. Para Djalmila Ribeiro, 35 anos —uma das mais conhecidas ativistas do movimento feminista negro atual—, somente desconstruindo o mito de país harmônico livre de racismo é que será possível criar políticas eficazes para enfrentar a violência de gênero.

Djalmila é pesquisadora e mestre em filosofia política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), blogueira, mãe de uma menina de 11 anos, e que há dois meses é também a secretária-adjunta de Direitos Humanos da cidade de São Paulo. Em entrevista ao EL PAÍS, ela falou sobre as diferentes lutas dentro domovimento feminista e o racismo enraigado em nossa cultura.
Pergunta. O caso do estupro coletivo no Rio, em maio, provocou uma reação feminina muito forte no país. E também levantou um debate sobre a questão do racismo e da cultura do estupro. Qual a relação entre esses dois problemas?

“Se eu luto contra o machismo mas ignoro o racismo, eu estou alimentando a mesma estrutura”

Resposta. A cultura do estupro ficou evidente porque houve um ato brutal no Rio. Mas ficou claro como a maior parte da sociedade vê isso como um fenômeno, algo pontual. Essa discussão feita pelo movimento feminista é importante para mostrar que isso faz sim parte de uma cultura, um desdobramento do machismo.

Na questão racial, a gente precisa discutir por que as mulheres negras são as que mais sofrem esse tipo de violência. Uma pesquisa da Unicef chamada Violência Sexual mostra que as mulheres negras são as mais vitimadas por essa violência. Não é um fenômeno. Faz parte de uma estrutura. Se for pegar o contexto histórico do Brasil, a gente tem um país com mais de 300 anos de escravidão, uma herança escravocrata. E que no período da escravidão as mulheres negras eram estupradas sistematicamente pelos senhores de escravo. Quando a gente fala de cultura do estupro é necessário fazer essa relação direta entre cultura do estupro e colonização. Tudo está ligado, um grupo que combina a dupla opressão: além do machismo, sofre o racismo. Claro que todas as mulheres estão vulneráveis, suscetíveis a essa violência sexual. Mas quando a gente fala da mulher negra existe esse componente a mais que é o racismo. Existe também essa questão de ultra-sensualizar a mulher negra, colocar ela como objeto sexual, como lasciva... São tão desumanizadas que até a violência contra elas de alguma forma se quer justificar. Se eu luto contra o machismo, mas ignoro o racismo, eu estou alimentando a mesma estrutura.


P. Existe uma falha no diálogo dentro do movimento feminista?
R. Dentro do feminismo, existe uma discussão que as mulheres negras tentam levantar desde os anos 70, que as mulheres brancas, de certo modo, acabaram universalizando a categoria mulher, não percebendo que existem varias possibilidades de ser mulher: a mulher negra, a mulher branca, a mulher indígena, a mulher lésbica, a mulher pobre... Mas quando a gente não pensa nessas diferenças entre nós, deixamos um grupo grande de mulheres de fora desse diálogo. O movimento feminista, durante muito tempo foi um movimento de mulheres brancas da classe média que estavam preocupadas com as opressões que atingiam somente a elas, ignorando as opressões que as outras mulheres, numa posição ainda mais vulnerável, sofriam. Não ter esse entendimento de que somos diferentes faz com que muitas vezes as mulheres que têm algum privilégio fiquem reproduzindo opressões sobre as que estão numa posição mais vulnerável. Essa é a discussão que o movimento feminista negro traz. A gente também quer ser representada. A gente não pode pensar somente naquilo que nos atinge, senão vamos perpetuar o mesmo poder que queremos combater. Então é preciso que as mulheres que têm algum privilégio se abram para o debate. Não vejam isso como uma afronta ou como briga.
P. Você escreve em um dos seus artigos sobre essas diferentes lutas dentro do movimento feminista. Que em determinado momento da história, as mulheres brancas lutavam pelo direito ao voto, ao passo que as mulheres negras lutavam para serem vistas como seres humanos pela sociedade. Trazendo para os dias de hoje, quais as principais diferenças entre as bandeiras atuais dentro do movimento?
R. Acho que o diálogo melhorou bastante de uns anos pra cá. Mas vamos pegar por exemplo a questão da violência doméstica. A pesquisa Mapa da Violência 2015 mostrou que nos últimos dez anos, período desde o qual existe a Lei Maria da Penha, diminuiu em 9,6% o assassinato de mulheres brancas no Brasil e aumentou em 54,8% o de mulheres negras. É um número absurdamente alto. Se for pegar a questão do mercado de trabalho, por exemplo, o número de empregadas domésticas: mulheres negras ainda são maioria. A questão do aborto: as mulheres negras são as que mais morrem, porque sendo o aborto um crime, as mulheres que têm uma condição financeira melhor fazem com segurança, e essas mulheres que não têm estão morrendo... É necessário ver que as mulheres negras precisam de um olhar específico para elas. É romper com esse olhar de política universal, que muitas vezes só atinge a um grupo especifico. Se há um grupo que é mais vulnerável, aquele grupo precisa de mais atenção. É uma minoria dentro da minoria.
P. O fato de não reconhecermos que as mulheres negras são mais vulneráveis vem da dificuldade de o brasileiro reconhecer que é racista? Isso vem da nossa educação?
R. É uma ótima pergunta. Porque o Brasil é um país de maioria negra, mas a gente não debate racismo de forma efetiva. E acho que é muito por conta desse mito da democracia racial que foi criado no Brasil. De acreditar que aqui não existia racismo. De que racismo é o que existia nos Estados Unidos ou na África do Sul, porque lá estava na Constituição, enquanto que aqui no Brasil não tinha isso... Mas não reconhecendo que aqui você tem o racismo institucional. Eu sempre dou o exemplo da USP [Universidade de São Paulo], que acho um clássico: se você chega lá e vê qual a cor das pessoas que estão limpando e qual a cor das pessoas que estão dando aula? Então existe uma segregação no Brasil muito marcada, mas o que nos falta é discutir de maneira mais efetiva, porque a gente foi criado num mito de harmonia das raças, de que a gente se dá bem, de que estamos num país miscigenado. Não dizendo que parte dessa miscigenação foi fruto do estupro de mulheres negras, das mulheres indígenas... Onde querem louvar muito as pontes que existem, mas não quer falar dos muros que nos separam. E isso está muito por conta dessa dificuldade de ver o Brasil como um país racista. A gente precisa trabalhar isso de forma mais efetiva na educação. 

“Querem louvar muito as pontes que existem, mas não queremos falar dos muros que nos separam”

P. Qual deve ser o papel do homem para ajudar a acabar o machismo?
R. Eu acho que é sobretudo discutir masculinidade. Essa masculinidade hegemônica como foi construída está diretamente ligada à questão da violência e da agressividade. Desde muito cedo o menino foi criado para ser o macho, pra ser o provedor, o violento, o agressivo. Se a gente vive em uma sociedade onde os homens estupram as mulheres, é porque a gente está criando homens que acham que podem fazer isso. Isso deveria ser o ponto principal: como é que desconstrói essa masculinidade violenta? Discutindo entre eles eu acho que seria fundamental. Eles podem e devem ser parceiros e aliados apoiando nossas lutas, dando visibilidade... Se é professor, debatendo o tema em sala de aula. Se é empregador, pagando o mesmo salário para homens e mulheres na mesma função, criando maneiras de mulheres que são mães de trabalhar. Se é professor de universidade pública, apoiando a luta das alunas por creches nas escolas, porque creche também é permanência estudantil. Está no meio dos amigos, o amigo assediou uma mulher, fala pro amigo que aquilo é assédio, não é cantada. Está dentro de casa, divida as tarefas domésticas, a responsabilidade pela criação dos filhos. Isso é uma ajuda imensa ao movimento feminino, sem necessariamente ter que pegar um microfone e falar por nós. Então parte muito dessa ação concreta que eles podem fazer, que eles devem fazer, porque essa masculinidade hegemônica está matando a gente. É importantíssimo que os homens estejam dispostos a desconstruir isso.
P. Existem várias mulheres que têm medo de se assumir feministas, que acham que o feminismo é algo ruim. Como você vê isso?


Djalmila Ribeiro, em entrevista ao EL PAÍS, em São Paulo. RICARDO MATSUKAWA


R. Eu acho que ninguém nasce sabendo da opressão que sofre. É uma consciência que a gente vai adquirindo ao longo do tempo. Então tem um outro lado que o machismo conseguiu fazer muito bem que é criar esses mitos em torno do feminismo, que foi mais uma forma de impedir com que essas mulheres se juntem. Porque quanto mais as mulheres se unirem, melhor é para que a ideologia seja manifestada. Então criou-se os mitos de que feminista odeia homem, de que mulher feminista é uma mulher muito agressiva... como um modo de afastar as mulheres dessa ação. Quando você entende o que é feminismo, não tem razão nenhuma para você não querer ser feminista. Se ser feminista é lutar para que mulheres tenham equidade, para que mulheres sejam tratadas como seres humanos, para que a gente viva numa sociedade igualitária e justa, não tem porque você não ser.
P. O que é a chamada interseccionalidade do feminismo?


Djalmila Ribeiro. RICARDO MATSUKAWA


R. Os movimentos operam na mesma lógica da sociedade. Ficam excluindo e elegendo o alvo que querem trabalhar. Então o movimento negro que luta contra o racismo, por exemplo, tem um olhar muito masculino; no movimento feminista, há um olhar muito branco; já o movimento LGBT privilegia o homem gay branco... Então a interseccionalidade é pensar como criar meios de pautar nossas políticas de modo que a gente dê conta dessa diversidade. Senão vamos só continuar elegendo quais vidas são importantes e quais vidas não são. (...) Na hora de pensar políticas eu preciso ter um olhar interseccional, porque eu preciso atingir grupos mais vulneráveis. Então se eu universalizo [um grupo ou uma luta] eu não nomeio o problema. E se eu não faço isso, essas pessoas ficam na invisibilidade, os problemas delas sequer são nomeados e, se eu não nomeio o problema, eu sequer vou conseguir pensar numa solução.
P. Mudando um pouco de assunto, o que você acha do movimento Escola Sem Partido?
R. É um retrocesso. Eu acho engraçado esse argumento porque nada está isento de ideologia. A partir do momento em que eles estão usando esse argumento, estão falando a partir de uma ideologia, uma ideologia excludente. De uma ideologia que é o reforço da ordem estabelecida, para que esses temas continuem na marginalidade. Debater esses temas é justamente pra gente entender que essas pessoas existem, o quanto que é necessário a gente educar para o respeito. Eu não gosto desse termo “tolerância”. As pessoas tem que ser respeitadas. E o quanto é importante tratar esses temas nas escolas, que podem ser um espaço muito importante de transformação de mentalidade. Mas, da forma como está hoje de uma maneira geral, acaba justamente sendo um local de reprodução de violência. Tem que ensinar português e matemática, e tem que ensinar as questões de gênero, as questões raciais... porque todos esses temas são transversais e têm que ser trabalhados em todas as disciplinas. Quando a gente começa a estudar esses temas, estamos empoderando grupos, dando voz a grupos que nunca tiveram, pessoas que vão começar a reivindicar direitos. E tudo isso significa perda de privilégio dessas pessoas que estão no poder.


Crise afasta líderes e só dois do G20 estarão na abertura dos Jogos do Rio

Eleições locais e ataques terroristas pelo mundo também interferem no baixo número de chefes de Estado

Homem faz um selfie em frente ao símbolo das Olimpíadas em Copacabana.
Homem faz um selfie em frente ao símbolo das Olimpíadas em Copacabana.  REUTERS

crise política brasileira, a onda de ataques terroristas pelo mundo e campanhas eleitorais devem resultar em uma baixa presença de chefes de Estado e de Governo na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no próximo dia 5 de agosto, no Rio de Janeiro.


Até a última sexta-feira, a duas semanas do início das Olimpíadas, o Palácio do Planalto tinha a confirmação de que 44 delegações seriam comandadas pelos presidentes ou primeiros-ministros dos países. Ao todo, 206 nações participam dos jogos, o primeiro na América do Sul. Na última edição do torneio, em 2012, em Londres, 95 autoridades nacionais estiveram na abertura do torneio. Em Pequim, em 2008, foram 86.
Um fator que tem pesado na decisão de presidentes virem ao Brasil, segundo diplomatas ouvidos pelo EL PAÍS, é a instabilidade gerada por um Governo interino. Atualmente, o país tem dois presidentes uma afastada, Dilma Rousseff, e um em exercício, Michel Temer. Como o impeachment dela só deve terminar de ser julgado por volta do dia 26 de agosto, após o fim dos Jogos, alguns chefes de Estado resolveram não comparecer ao torneio. Além disso, governos sul-americanos que eram identificados com a gestão petista também estão receosos de participar do evento para não enviar a mensagem de que reconhecem legitimidade na gestão Temer. Nesse grupo estão o Equador, a Bolívia e a Venezuela.
Uma consulta feita pela reportagem junto aos membros do G20 (o grupo dos 20 países mais ricos do mundo) resultou na confirmação de que apenas dois representantes do primeiro escalão de seus países, o presidente da França,François Hollande, e o governador-geral da Austrália, Peter Cosgrove. Parte dos outros deverão ser representados por ministros de Esportes, secretários de Estado ou membros dos comitês olímpicos.
Os Estados Unidos, por exemplo, ainda não informaram oficialmente quem representará o país. Já é dada como certa a ausência do presidente Barack Obama ou de seu vice, Joe Biden. A expectativa é que o secretário de Estado, John Kerry, esteja no Rio. Ainda dentro do campo do G20, alguns importantes parceiros comerciais brasileiros como Rússia, Japão, China, Turquia e Alemanha, afirmaram que não decidiram quem virá ao país. No caso dos russos, um fator que deve contar na decisão é a exclusão de todos os seus competidores do atletismo por conta de falhas no sistema de controle de doping do país. Outros países, como México e Arábia Saudita informaram que serão representados por autoridades com cargos equivalentes ao de ministro dos Esportes. No caso da Argentina, não existe confirmação oficial da viagem, mas a visita ao Rio está na agenda do presidente Mauricio Macri. 
Países como o Canadá e a Espanha também estão para definir quem serão os enviados ao Rio. No caso dos espanhóis, as eleições internas pesaram na decisão de não enviar nem um membro da família real ou do Governo, que ainda está sendo formado. Nem países pequenos, como Finlândia, Macedônia e Suriname, confirmaram a participação na solenidade.
O chefe da Casa Civil brasileiro, Eliseu Padilha, afirmou que ainda é cedo para dizer que haverá uma baixa participação de chefes de Estado na solenidade de abertura do torneio. Alegando questões de segurança, o Planalto ainda não divulgou a lista dos presentes. No Ministério das Relações Exteriores a expectativa é que no máximo 60 chefes de Estado estejam no Brasil. Os que estiverem presentes participarão de uma recepção promovida pelo Governo brasileiro no Palácio do Itamaraty, no Rio. Na ocasião, o anfitrião será o presidente interino Michel Temer.
Em eventos como esse, é comum ocorrerem encontros bilaterais entre o país sede e alguns dos visitantes. Nenhum foi confirmado por enquanto. A presidenta afastada, Dilma Rousseff, foi convidada para participara da cerimônia de abertura, mas também não decidiu se irá.

Ministros alemães querem revisar leis sobre controle de armas após ataque

24/07/2016 05h19 - Atualizado em 24/07/2016 05h19

Jovem de 18 anos abriu fogo em shopping matando 9 e depois se suicidou.

Segundo a polícia, não há ligação dele com o Estado Islâmico.

Do G1, em São Paulo
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Pessoas evacuam shopping em Munique, na Alemanha, após tiroteio no local (Foto: AFP)Pessoas deixam shopping em Munique, na Alemanha, após o ataque (Foto: AFP)
O ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, e o vice-chanceler e ministro da Economia, Sigmar Gabriel, pediram a revisão das leis sobre o controle de armas no país, após o massacre de nove pessoas realizado em Munique por um jovem germânico-iraniano com uma pistola que possuía ilegalmente.
Em declarações publicadas pelo dominical "Bild am Sonntag", De Maizière reitera que um dos pontos-chave das investigações é reconstituir o caminho da pistola antes de chegar às mãos do jovem de 18 anos. "Uma vez que este ponto estiver esclarecido, temos que examinar se é necessário fazer reformas legais para melhorar o controle de armas", segundo De Maizière.
"Temos que continuar fazendo tudo o que estiver a nosso alcance para limitar o acesso a armas letais", disse Gabriel em declarações aos jornais do grupo Funke.
Gabriel disse que a sociedade e o estado têm que ter os olhos abertos perante pessoas com instabilidade psíquica, especialmente os jovens, e em caso necessário tomar medidas para evitar situações extremas.
De Maizière opinou que seria preciso examinar os planos de ação da Polícia para reagir diante de casos similares, apesar de a Polícia de Munique ter recebido elogios de parte do governo federal.

O atirador nasceu e cresceu em Munique. Ele estava sob tratamento psiquiátrico. As autoridades disseram que ele não tinha passagem anterior pela polícia. Armado com uma pistola Glock de 9 mm, o atirador agiu sozinho. Ele levava 300 balas, afirmou o investigador Robert Hemberger, de acordo com a Associated Press.

O jovem parecia obcecado por tiroteios destrutivos. Ele tinha um exemplar do livro “Rampage in Head: Why Students Kill" (Destruição em minha cabeça:  por que os estudantes matam, em tradução livre).
 Ataque
Testemunhas disseram inicialmente ter visto três atiradores com armas de cano longo, e a polícia chegou a alertar que eles teriam fugido. Já na madrugada de sábado, pela hora local, não havia evidências de outros envolvidos.
O centro comercial fica perto do Parque Olímpico de Munique, onde aconteceram os jogos de 1972. Relatos de um segundo foco de tiroteio na praça conhecida como Stachus, no centro de Munique, foram desmentidos pela polícia à imprensa local.
A polícia suspeita ainda que o atirador tenha invadido uma conta de uma jovem no Facebook e divulgado uma mensagem convidando as pessoas a ir até o centro comercial às 16h, no horário local. “Ganharão algo que quiserem e que não seja muito caro”, dizia a mensagem. A mulher denunciou pouco depois que a sua conta havia sido pirateada.
A chanceler alemã, Angela Merkel, evocou uma "noite de horror" ao falar do ataque. "O povo de Munique passou uma noite de horror. Uma noite como esta é muito difícil para todos", declarou neste sábado.

Solar Impulse 2 sai do Egito para a última etapa de sua volta ao mundo

France Presse
23/07/2016 23h56 - Atualizado em 23/07/2016 23h57

Projeto do avião movido a energia solar iniciou sua jornada há um ano.

Decolagem foi atrasada em uma semana por problemas climáticos.

Da France Presse
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Solar Impulse 2 durante decolagem na capital do Egito (Foto: Khaled Desouki/AFP)Solar Impulse 2 durante decolagem na capital do Egito (Foto: Khaled Desouki/AFP)
O avião Solar Impulse 2 decolou neste domingo (24) do Egito rumo a Abu Dabi para a última etapa de sua volta ao mundo iniciada há mais de um ano. Nesta 17ª e última etapa, o avião é pilotado pelo suíço Bertrand Piccard, que realizou o primeiro voo transatlântico em um aeroplano capaz de voar sem combustível, graças a suas baterias que acumulam energia solar.

"É um projeto para a energia e para um mundo melhor", afirmou Bertrand Piccard aos jornalistas reunidos no aeroporto.
Entre aplausos e gritos de apoio da equipe de terra, o avião decolou do aeroporto do Cairo para uma viagem que deve levá-lo a Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, de onde partiu no dia 9 de março de 2015.
Com um peso de uma tonelada e meia, tão largo quanto um Boeing 747, o Solar Impulse 2 voa graças a baterias que armazenam a energia solar captada por 17.000 células fotovoltaicas em suas asas.
A Solar Impulse 2 devia ter saído do Egito na semana passada mas sua decolagem foi adiada pelos fortes ventos e por um problema de saúde do piloto.
O avião solar chegou ao Cairo em 13 de julho, depois de decolar de Sevilha (sul da Espanha), trajeto de 3.745 km, concluído em 48 horas e 50 minutos.
Piccard disse na noite deste sábado que essa última etapa será difícil. "É uma região muito, muito quente (...). O voo será esgotante", advertiu.

sábado, 23 de julho de 2016

Nomes falsos e religião: os hábitos dos suspeitos brasileiros na mira do FBI

Agência americana enviou alerta ao Brasil sobre suspeitos de planejar ação terrorista na Olimpíada

A Justiça brasileira confirmou nesta sexta-feira que recebeu um alerta do FBI, equivalente da Polícia Federal nos EUA, com os nomes dos suspeitos detidos no Brasil sob acusação de planejar ação terrorista durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. A partir do informe, deu-se início à investigação que levou à prisão preventiva de dez suspeitos na quinta-feira. No final da tarde desta sexta-feira, o 11º suspeito se entregou à polícia. Todos estão no presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Dentre os investigados com pedido de detenção aprovado pela Justiça, um ainda está foragido.


Suspeito chega a Brasília na quinta, antes de ser levado ao presídio de Campo Grande (MT).  AGÊNCIA BRASIL
Em comum, os detidos têm a devoção à religião islâmica e o uso de nomes falsos na Internet. Além disso, alguns deles se conheciam, o que pode reforçar a tese da possível existência de uma articulação entre eles para uma suposta açãoterrorista.
Com a alegação de que as investigações correm sob segredo de Justiça, as autoridades não confirmaram à reportagem a identidade dos suspeitos, embora a imprensa já tenha divulgado todos os nomes. Com exceção de Vitor Barbosa Magalhães, cuja detenção foi confirmada pela família, e Antônio Andrade dos Santos Junior, confirmado por duas pessoas próximas a ele, o EL PAÍS optou por não divulgar os nomes dos demais suspeitos.
Antonio Andrade dos Santos Junior, 34 anos, usava o nome falso Antonio Ahmed Andrade. Frequentou, por alguns meses, a academia de boxe de Muhammad Al-Mesquita, em João Pessoa. "Eu fiquei muito surpreso com a detenção dele", disse o treinador. "Ele não cometeu nenhum ato de terrorismo. Talvez fosse um pouco dissidente de alguma coisa, mas as coisas têm que ser investigadas".
Segundo o treinador, quando Andrade se reverteu -verbo usado pelos muçulmanos para quem se converte ao Islã, começou a ficar diferente. "Ele mudou completamente", diz, sem conseguir explicar exatamente quais mudanças ocorreram. "A partir do momento em que eu percebi que ele estava diferente, pedi para ele se afastar", conta. O treinador também diz que Andrade é muito inteligente e "fala várias línguas". Antes de se converter, Andrade era ateu "convicto", segundo o treinador muçulmano.
Entre 2013 e 2014, Andrade viajou com Vitor Barbosa Magalhães para o Egito para estudar língua e religião. Eles aparecem em uma foto, divulgada pela revistaVejajunto a uma bandeira do Estado Islâmico. Ao portal G1, a mãe de Magalhães (que usava o nome de Vitor Abdullah) disse acreditar que o filho foi preso por causa da foto. Segundo ela, há três anos, quando a foto foi tirada, o garoto não sabia que a bandeira era associada ao grupo terrorista.
Magalhães vive no bairro da Vila Nova Bonsucesso, em Guarulhos, região da Grande São Paulo, com a esposa e dois filhos, e trabalha na oficina mecânica com o pai, no mesmo bairro. Se reverteu ao islamismo há cerca de seis anos e hoje ensina árabe, chegando a publicar alguns vídeos no Youtube com dicas sobre o idioma. Os pais e a esposa do garoto negaram ao portal G1 que ele tivesse alguma ligação com o Estado Islâmico. À Globo News, a esposa de Magalhães, Larissa Rodrigues, disse que ele “melhorou 100%” depois de ter se convertido ao islamismo. Ainda afirmou que único grupo no WhatsApp que o marido participava e que tinha relação com o Islã, era um sobre árabe, que ele ajudava algumas pessoas com informações sobre o idioma.
V. R., outro suspeito, já foi detido uma vez e condenado por homicídio e roubo. Ficou preso no Presídio Barra da Grota, no município de Araguaína, no Tocantins. Participa de um grupo de motociclistas denominado Welling Motoclub. É casado e vive em Vila Bela de Santíssima Trindade, no Mato Grosso, município com cerca de 15.000 habitantes. Foi nessa mesma pequena cidade que o 11º suspeito se entregou no final da tarde desta sexta-feira. 
Na época, V. R. foi condenado juntamente com L. M., de 32 anos pelo mesmo crime de homicídio - a Justiça do Tocantins ainda não havia levantado todas as informações sobre o caso até o fechamento desta reportagem. L. M. fugiu da prisão de Araguaína, e se entregou, posteriormente, no município de Vila Bela da Santíssima Trindade.
L. M. Trabalhou em dois momentos como mecânico de máquinas agrícolas na empresa Agropecuária Mocoró, em Campos de Júlio (MT): primeiro entre 2013 e 2014 e depois entre fevereiro e abril deste ano, quando foi demitido. Segundo um funcionário da empresa, ele nunca apresentou “nenhuma suspeita”. Nos arquivos da companhia, o endereço dele consta como em Cuiabá. Na página noFacebook, consta que ele estuda Engenharia Mecânica na faculdade Anhanguera, é divorciado e vive em Campos de Júlio.
O treinador de boxe Muhammad Al-Mesquita não acredita em envolvimento dos suspeitos com terrorismo. No final da conversa, ele pediu para frisar: "Eu sou um muçulmano e nunca vou negar isso pra ninguém. A fé islâmica salvou a minha vida. Eu sou completamente contra esses animais terroristas".

Polícia Civil vai adquirir pela 1ª vez coletes balísticos femininos

As peças são confeccionados de acordo com a anatomia da mulher, o que trará mais conforto e mobilidade às policiais.


Rafaela Felicciano/Metrópoles

Pela primeira vez na história da Polícia Civil do DF serão adquiridos coletes balísticos femininos para as policiais da corporação. Inicialmente serão adquiridos 149 coletes femininos confeccionados de acordo com a anatomia da mulher. Estão em andamento três aquisições programadas para até o início de 2017.
As agentes sempre utilizaram coletes masculinos e, muitas vezes, não ficavam bem ajustados ao corpo, pois os tamanhos masculinos são maiores. Agora os equipamentos terão tamanhos femininos, o que trará mais conforto e mobilidade às policiais.
Também serão adquiridos, pela primeira vez, coletes balísticos “velados”, ou seja, sem qualquer inscrição da Polícia Civil. No total, serão adquiridos 598 coletes velados, essenciais para o trabalho de investigação, já que a Polícia Civil trabalha descaracterizada.
Só este mês a PCDF distribuiu 1,5 mil coletes balísticos. No próximo mês, chegarão mais 375 unidades que foram compradas após um aditivo feito no contrato de compras. Além disso, mais mil coletes serão adquiridos na próxima licitação. (Informações da PCDF)