quinta-feira, 24 de março de 2016

Planalto dá cargos para tentar evitar afastamento

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff decidiu apostar nos cargos de primeiro e segundo escalões como oferta para atrair o apoio das alas partidárias que ainda resistem em aderir ao desembarque. Na quinta-feira, 24, ela intensificou o contato com os parlamentares e os líderes partidários e intensificou as negociações com aliados para ouvir suas demandas.
O principal foco das investidas palacianas é o PMDB, que detém a maior bancada nas duas Casas e tem ensaiado o desembarque do governo. O afastamento por parte dos peemedebistas é considerado como "tiro de misericórdia" no governo, uma vez que também deverá servir de fio condutor para outros partidos da base aliada tomarem o mesmo rumo.
A estratégia é atrair os ministros da legenda para próximo do governo com o objetivo de demonstrar que uma possível decisão pela debandada do PMDB até pode ser aprovada, mas não será unânime e também poderá vir a não ser cumprida pelos correligionários.
Na quinta-feira, ela deu os primeiros recados do plano. "Nós queremos muito que o PMDB permaneça no governo. Tenho certeza de que meus ministros têm compromisso com o governo. Vamos ver quais serão as decisões do PMDB e respeitaremos tal decisão", afirmou a petista.
Pouco depois, os ministros do PMDB Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) engrossaram o coro contra um possível desembarque, previsto para ser discutido na próxima terça-feira, em reunião do Diretório Nacional do PMDB. "Eu pergunto: e os mais de 1.000 cargos que o PMDB exerce no governo hoje? Como é que farão? Irão esvaziar também? Irão levar o debate político ao extremo de paralisar o País ou vamos agir com responsabilidade diante de um momento tão duro que o País passa?", questionou Pansera.
No mesmo evento, o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, disse: "Quando eu digo que não há desembarque, é porque hoje consideraria que o PMDB está rachado. Na minha opinião, não muda", considerou.
À tarde, ela se reuniu com os sete ministros da legenda. Além de Castro e Pansera, estiveram Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Helder Barbalho (Portos) e Mauro Lopes (Aviação Civil). Ali, foi feita uma apresentação com os possíveis votos na reunião do partido marcada para o dia próximo dia 29, em que será votado o desembarque. Segundo fontes, ainda há uma margem de 8 a 10 votos a favor da manutenção da aliança. Os cálculos mostram que, dos 156 delegados com direito a voto, há pelo menos nove indecisos.
O PRB foi afetado por essa estratégia. Em uma negociação, Dilma retirou George Hilton do Ministério do Esporte. Ele havia deixado a sigla na semana passada após o partido optar pelo desembarque da base aliada. A pasta agora será comandada por Ricardo Leyser, integrante do PCdoB, mas ele está afinado com setores do PRB contrários ao desembarque. Ele é o responsável por cuidar dentro do governo da Olimpíada, e ocupava a secretaria executiva do Ministério do Esporte, mas foi transferido recentemente por Hilton para a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento. O restante da pasta continuará sob o controle do PRB, que poderá ganhar mais postos na Esplanada, como compensação por recuar da decisão de romper com o governo. O partido se tornou independente, mas voltou a se alinhar informalmente.
Dilma também manteve um outro encontro, que não constou da agenda. Foi com o ex-ministro Ciro Gomes, agora no PDT. A presidente ainda se encontrou com o ministro das Comunicações, André Figueiredo (PDT), que disse ao Estado que "em hipótese alguma o PDT cogita votar a favor do processo de impeachment, contra o governo". (Colaboraram Carla Araújo e Daniel Carvalho)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

Todo esse mar de lama de corrupção, enriquecimentos ilícitos, nos dar a certeza da putrefação da política já que não existe ideologia. Um mandato parlamentar concede ao mau político a fazer negociatas com o erário público de interesses pessoais, sem o mínimo interesse com os sérios problemas e dificuldades enfrentadas pela nação, se esquecendo de que a pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. O voto no Brasil precisa deixar de ser obrigatório, pois a democracia séria e justa contempla esses benefícios a todos que não se identifiquem com as propostas de candidatos.


“Provérbios 12,34. A Justiça faz a grande a Nação, o pecado é a vergonha dos povos.”

Possível delação da Odebrecht mirou mercado financeiro e funcionários

Funcionários sentiram um clima de pânico e instabilidade após diretores e secretárias terem sido presos ou conduzidos coercitivamente para depor na 26ª fase da Lava Jato

POLÍTICA EMPREITEIRAHÁ 1 HORAPOR NOTÍCIAS AO MINUTO
A divulgação de que a empreiteira Odebrecht estaria negociando firmar acordo de colaboração "definitiva" com a Justiça mirava dois públicos: o mercado financeiro e os funcionários da empresa.
De acordo com a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, consultores da empresa contaram que um clima de pânico e instabilidade se instalou entre os funcionários após vários diretores e também secretárias terem sido presos ou conduzidos coercitivamente para depor, na terça-feira (22), na 26ª fase da Operação Lava Jato.
Atualmente a Odebrecht está devendo quase R$ 100 bilhões e necessita manter a confiança, de que é capaz de pagar as dívidas aos credores. Ainda segundo a coluna, a confirmação do acordo de delação sinalizaria que a crise da empresa pode ser estancada.


Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

Todo esse mar de lama de corrupção, enriquecimentos ilícitos, nos dar a certeza da putrefação da política já que não existe ideologia. Um mandato parlamentar concede ao mau político a fazer negociatas com o erário público de interesses pessoais, sem o mínimo interesse com os sérios problemas e dificuldades enfrentadas pela nação, se esquecendo de que a pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. O voto no Brasil precisa deixar de ser obrigatório, pois a democracia séria e justa contempla esses benefícios a todos que não se identifiquem com as propostas de candidatos.


“Provérbios 12,34. A Justiça faz a grande a Nação, o pecado é a vergonha dos povos.”

Cármen Lúcia diz que Operação Lava Jato respeita as leis


Antonio Cruz/ Agência Brasil

Para Cármen Lúcia, não há sinais do chamado ativismo judicial na Lava Jato, apontado por críticos do juiz Sérgio Moro


A vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, afirmou nesta quarta-feira, 23, que não há abuso do Poder Judiciário na Operação Lava Jato e que as leis estão sendo respeitadas. A ministra disse ainda que o impeachment não é golpe, desde que o processo respeite a Constituição. Questionada se há politização da Lava Jato Cármen Lúcia respondeu: “Não. Estão sendo observadas rigorosamente a Constituição e as leis”.
Para Cármen Lúcia, não há sinais do chamado ativismo judicial na Lava Jato, apontado por críticos do juiz Sérgio Moro, da primeira instância da Justiça Federal do Paraná. “A atividade do Judiciário é acionada pelos interessados, pelo cidadão. O Poder Judiciário não atua isoladamente, não atua de ofício, como nós dizemos. Atua por provocação. Então, quando se fala em ativismo judicial, é que o Judiciário ultrapassaria (suas atribuições) e não há demonstração nenhuma de que isso esteja acontecendo”, afirmou Cármen Lúcia. A ministra esteve no Rio para receber o prêmio “Faz Diferença”, do jornal O Globo, na categoria Personalidade do Ano 2015.
Ao comentar discursos recentes da presidente Dilma Rousseff apontando como golpe a tentativa de impeachment, Cármen Lúcia afirmou que entendeu como um “alerta” de que a Constituição tem que ser respeitada. “Acredito que ela esteja exercendo, primeiro, a liberdade de expressão. Segundo, apenas um alerta no sentido de que é preciso que se observem as leis da República e isso com certeza, em um estado democrático, está sendo observado”, afirmou. “Não acredito que a presidente tenha falado que impeachment é golpe. Impeachment é um instituto previsto constitucionalmente. O que não pode acontecer de jeito nenhum é impeachment nem ou qualquer tipo de processo político-penal ou penal sem observar as regras constitucionais. Não há impeachment em andamento ainda, não tenho nenhuma dúvida que teremos que observar todas as regras constitucionais”, disse a ministra.

Grupo favorável ao desembarque do PMDB já tem votos para vitória tranquila, diz fonte quinta-feira, 24 de março de 2016 07:44

Por Lisandra Paraguassu

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BRASÍLIA (Reuters) - O PMDB já contabiliza pelo menos 75 votos a favor da decisão de deixar o governo da presidente Dilma Rousseff, em um total de 127 votantes na reunião do diretório que acontece na próxima terça-feira, dia 29, o que dá uma vitória tranquila ao grupo que defende o rompimento, disse à Reuters uma fonte que acompanha de perto o ânimo dos peemedebistas. 
O número pode ser ainda maior, chegando a 85 votos, diz a fonte. A decisão praticamente tomada pelo partido de desembarcar do governo e entregar os cargos marcará a maior derrota do governo na tentativa de manter a base unida e evitar a aprovação do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados.
Com sete ministros e a maior bancada da base aliada no Congresso, o PMDB, mesmo infiel, ainda é a maior esperança do Planalto para ter os votos necessários para barrar o processo.
Na manhã de quarta-feira, a presidente foi explícita ao declarar que o governo “tem muito interesse” que o partido permaneça na base. “Nós queremos muito que o PMDB permaneça no governo. Tenho certeza que meus ministros têm compromisso com o governo”, afirmou a jornalistas.   
Uma última tentativa para segurar o afastamento do partido foi feito na noite de terça-feira, depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente José Sarney, e a própria presidente reuniu os ministros do PMDB para fazer mais um apelo.
Os senadores, apoiados pelos ministros, tentaram empurrar a reunião do diretório para o meio de abril, no final do prazo limite de 30 dias acertado na convenção, em 15 de março.
A estratégia foi abortada em uma reunião com o vice-presidente Michel Temer.

Inicialmente marcada com os ministros, que preferiam se manter no governo, e alguns senadores do partido que concordavam com o adiamento, o encontro terminou dominado por um grupo de 30 deputados que se anteciparam e convenceram Temer a enterrar a ideia alegando que havia já consenso para manter a reunião no dia 29 e uma mudança daria a ideia de que a pressão de Lula teria surtido efeito, contou a fonte peemedebista.


Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

Todo esse mar de lama de corrupção, enriquecimentos ilícitos, nos dar a certeza da putrefação da política já que não existe ideologia. Um mandato parlamentar concede ao mau político a fazer negociatas com o erário público de interesses pessoais, sem o mínimo interesse com os sérios problemas e dificuldades enfrentadas pela nação, se esquecendo de que a pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. O voto no Brasil precisa deixar de ser obrigatório, pois a democracia séria e justa contempla esses benefícios a todos que não se identifiquem com as propostas de candidatos.


“Provérbios 12,34. A Justiça faz a grande a Nação, o pecado é a vergonha dos povos.”

Enquanto impeachment de Dilma avança rapidamente, cassação de Cunha é protelada.

"Lá [na Comissão do Impeachment] pode tudo, aqui não pode nada", diz presidente do Conselho de Ética.
Impeachment de Dilma avança, cassação de Eduardo Cunha é proteladaA reunião do Conselho de Ética desta terça-feira contou com poucos parlamentares. Câmara dos Deputados
"Se isto fosse uma corrida de Fórmula 1, nós estaríamos em um carro pilotado pelo [Rubens] Barrichello", admitiu o presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PR-BA), em sessão nesta terça-feira. O conselho estava reunido para receber a defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos poucos presentes à reunião, fez seu contraponto: "Se aqui somos Barrichello, a comissão do impeachment avança como o [Ayrton] Senna".
A ironia de Alencar reflete a crise política crônica brasileira deste momento. O processo que pode resultar na cassação de Cunha por ter mentido sobre contas no exterior durante a CPI da Petrobras está no mesmo ponto do que aquele que pede o impeachment da presidenta Dilma Rousseff por ter cometido manobras fiscais. Com a diferença que o de Cunha começou a ser debatido em outubro do ano passado, e vem sendo postergado por uma série de manobras de aliados do deputado. Enquanto isso, o processo de Dilma começou para valer desde a última quinta-feira, quando a Câmara acertou a Comissão de Impeachment. Ambos, porém, estão na etapa de estabelecimento de um roteiro de trabalho, que inclui definir o cronograma de sessões e votações. Diante do inusitado, Araújo pregou resignação: "Lá [na Comissão Especial do Impeachment] pode tudo, aqui não pode nada".
O presidente do Conselho tem um argumento simples para explicar o paradoxo. "Os ventos sopram à vontade do poder. Paciência, nós temos que nos resignar", constatou ele, que submeteu na reunião desta terça aos colegas um procedimento cuja decisão cabia apenas a ele, sob o pretexto de "prestar uma homenagem ao plenário". O plenário não parece ter se sentido tão honrado. Apenas oito deputados se posicionaram sobre a possibilidade de deliberar sobre o que não precisaria ser deliberado, e assim não foi possível somar os 11 votos necessários para a tomada da decisão, que voltou ao presidente do Conselho.
A poucos metros dali, no Plenário 1, a Comissão Especial do Impeachment avançava de vento em popa, e não exatamente por que não haja ninguém tentando atrasá-la. A exemplo do que os partidários de Cunha fazem no Conselho de Ética, os governistas pretendem se valer de passos em falso da oposição para alongar os trabalhos da comissão o quanto for possível. Nesta terça, o presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), voltou atrás numa decisão do dia anterior e anunciou que não iria considerar o recebimento de anexos como a delação do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS).
Com base na decisão, e levando em conta que a defesa de Dilma já havia sido notificada sobre a inclusão da delação no processo, deputados governistas pretendem voltar à estaca zero no prazo para defesa — até agora já estariam contando três das dez sessões a que a presidenta tem direito para apresentar seus argumentos. Faltam, portanto, sete sessões (uma por dia) para se explicar, a não ser que, como desejam deputados como Paulo Teixeira (PT) e Jandira Feghali (PCdoB), a comissão decida notificar os defensores de Dilma sobre a alteração de decisão e que isso seja entendido como um reinício do processo.

Ultrapassagem

A julgar pelos ventos do Congresso Nacional, que, como bem lembrou o presidente do Conselho de Ética, "sopram à vontade do poder", os governistas dificilmente conseguirão alongar o processo contra Dilma na Câmara. Talvez por isso o Palácio do Planalto já se prepare para tratar da questão no Supremo Tribunal Federal (STF). Agora advogado-geral da União, o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo considera apresentar ao STF um processo de controle de constitucionalidade para questionar o processo. Foi no Supremo, aliás, que o Governo conseguiu congelar por quase três meses o avanço do impeachment na Câmara. Na próxima cartada, os governistas devem argumentar que o processo aberto contra Dilma não tem base legal.
Enquanto isso, o presidente da comissão, Rogério Rosso, prevê disponibilizar o relatório final do impeachment ao plenário da Câmara na primeira quinzena de abril. É nesse momento que a Câmara fará a votação para afastar a presidenta. Se aprovado, o processo segue para o Senado. Chegou-se a aventar a possibilidade de votar o impeachment até num dia de domingo (17 de abril), sugestão dada pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), segundo aFolha de S. Paulo. O relator do caso, Jovair Arantes (PTB-GO), prometeu pressa e pode entregar o relatório inclusive antes de seu prazo limite (cinco sessões após a entrega da defesa de Dilma).
Já o processo contra Cunha deve prosseguir na mesma e lenta toada. O presidente do conselho reforçou na sessão desta terça que não pretende convocar mais de uma reunião sobre o assunto por semana. O advogado do presidente da Câmara entregou hoje sua defesa ao Conselho de Ética, negando a acusação de que o deputado mentiu sobre ter contas no exterior. Agora, o relator do caso, Marcos Rogério (DEM-RO), que está em viagem aos Estados Unidos, tem 40 dias úteis para investigar a questão, ouvindo testemunhas e analisando documentos. Tem ainda outros dez dias para formular seu relatório. Isso poderia empurrar a entrega de seu parecer para junho. Só então o julgamento de Cunha seria conduzido pelo conselho. A essa altura, Ayrton Senna já deve terá cruzado a linha de chegada há semanas.

O dedo duro de Marcelo Odebrecht Quinta-feira, 24/03/2016, às 07:28, por Helio Gurovitz

Na CPI da Petrobras, Marcelo Odebrecht negou a possibilidade de assinar acordo de delação premiada





















O empreiteiro Marcelo Odebrecht sempre fez questão de comparar os acordos de colaboração com a Justiça à traição. No depoimento que prestou à CPI da Petrobras no ano passado (foto), afirmou não ter o que “dedurar”. Numa de suas frases de efeito, disse que, na educação de suas filhas, preferia punir aquela que entregasse a irmã àquela que tivesse feito algo errado. Na ética de Marcelo, escrevi na ocasião, a lealdade à família, o silêncio diante dos crimes cometidos pelos seus têm precedência sobre a verdade.

Foi por isso que, para proteger seus executivos, ele mentiu ao longo de meses a respeito do cartel formado pelas empreiteiras para dividir os contratos da Petrobras, mentiu sobre as propinas e favores feitos a políticos em troca de benefícios do Estado, mentiu sobre as relações espúrias mantidas pela Odebrecht com governos de todos os partidos e cores ideológicas, em especial as gestões Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Num encontro com jornalistas em 2014, antes de ser preso, julgado e condenado a quase 20 anos de prisão, ele apontava o dedo para cima, batia a mão sobre a mesa e dizia num tom de voz incisivo, de quem está acostumado a mandar: “Podem investigar à vontade que não acharão nada sobre nós. Sou o único presidente (de empreiteira) que pode dizer isso a vocês de cara limpa, e estou dizendo”. Era mais uma mentira.

Preso pela Operação Lava Jato em 19 de junho do ano passado, Marcelo foi obrigado a enfrentar uma realidade distinta daquela a que estava acostumado. Convocado a prestar depoimento diante do juiz Sérgio Moro, preferiu manter o silêncio e mandou seus advogados responderem por escrito a questões formuladas a partir da peça acusatória. Mesmo diante de um juiz federal, foi incapaz de abandonar sua atitude onipotente, de alguém acostumado a ser servido, agradado e reverenciado.

À medida que o tempo passava e sua condenação se aproximava, advogados, assessores e seu próprio pai, Emílio Odebrecht, recomendavam que ele fizese um acordo de colaboração com a Justiça, única forma de obter algum alívio na pena – tamanhas e tão eloquentes eram as provas de falcatruas recolhidas contra a Odebrecht ao longo da Lava Jato. Marcelo insistia que não, queria a todo custo evitar o estigma do “dedo-duro”.

Até que, diante da última fase da Lava Jato, a Odebrecht emitiu um comunicado informando sua decisão de pôr em prática o que chamou de “colaboração definitiva” com a Justiça. Em princípio, algo nos moldes do que fizeram outras empreiteiras, como Camargo Corrêa ou UTC, envolvendo a delação premiada de executivos e acordos de leniência com as autoridades econômicas.

O Ministério Público Federal (MPF) apressou-se em negar que algum acordo do tipo esteja em andamento. Criticou o uso da imprensa para comunicar tratativas que, por sua própria natureza, deveriam permanecer em segredo. Mas quem acompanha o caso de perto sabe que Marcelo mudou de ideia sobre a delação. Ele aceita contar o que sabe. Conformou-se com a necessidade de, para usar seu próprio termo, “dedurar”.

A dúvida é para onde seu dedo vai apontar agora. Para aceitar fechar o acordo, o MPF exige a corroboração de todos os crimes já desvendados e a revelação de novos crimes, ainda desconhecidos. Marcelo precisa entregar novos nomes, e há pouca dúvida de que ele sabe muita coisa sobre Lula e Dilma. Na atual circunstância política, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não decide se Lula ficará ministro, os procuradores de Curitiba e o juiz Moro serão questionados sobre sua competência sobre qualquer revelação feita por Marcelo a respeito dos dois.

A conversa de Marcelo a respeito da delação já vinha andando bem antes da nova fase da Lava Jato e do comunicado emitido esta semana. O que retardava sua decisão eram questões internas e familiares. Numa empresa que sempre prezou a lealdade acima de tudo, a mudança de atitude seria vista como uma quebra de confiança – e confiança é um dos maiores valores nos manuais corporativos da Odebrecht. Para evitar o sentimento depressivo, seria preciso operar uma mudança cultural profunda na empresa. E como Marcelo encararia suas filhas, a quem sempre apresentara a lealdade como um valor absoluto?

Surgiu também uma divergência entre Emílio e Marcelo, sobre a extensão do que ele deveria revelar. Onipotente, Marcelo defendia fazer uma delação que se transformasse numa bomba atômica, algo capaz de “mudar o Brasil”. Cauteloso, Emílio estava mais preocupado com a sobrevivência da empresa. Preferia evitar incluir nomes que pudessem ser importantes para a situação futura da Odebrecht num novo governo, posterior a Dilma – como o oposicionista Aécio Neves, o vice-presidente Michel Temer e vários outros políticos com quem a Odebrecht sempre se relacionou.

Justamente a sobrevivência da empresa foi posta em risco com as descobertas reveladas esta semana pela nova fase da Lava Jato, batizada Xepa, e precipitou a decisão de colaborar – de modo "definitivo" – com a Justiça. O depoimento da secretária Maria Lúcia Tavares e os documentos encontrados na casa do executivo Benedicto Barbosa Júnior são devastadores para a Odebrecht. As declarações de Maria Lúcia, em especial, revelam até que ponto a corrupção estava entranhada no modelo de negócio da empresa. Toda a reconhecida competência de gestão da Odebrecht foi posta a serviço do pagamento de propinas.

Havia um departamento inteiro dedicado a isso: o Setor de Operações Estruturadas. A hierarquia de comando evitava o contado desse setor com o resto da empresa. Ele contava com funcionários dedicados (como Maria Lúcia), uma rede de apoio externa de doleiros espalhados pelo país e um sistema próprio de comunicação segura (Drousys). Todos os pagamentos eram lançados no software de gestão de contratos da Odebrecht (MyWebWay), protegidos por nomes em código e senhas. Com o avanço da Lava Jato, o departamento foi desmantelado, e os sistemas de informática, desativados. Depois das descobertas da Polícia Federal, ficou impossível – para quem ainda não era – negar o envolvimento da Odebrecht nos crimes.

Mais importantes que as revelações de Maria Lúcia, foram todos os documentos e planilhas encontrados em poder de Júnior. Eles revelam como a Odebrecht levou ao extremo outro de seus princípios de gestão: a descentralização, baseada também nos valores de confiança e lealdade. Até o pagamento das propinas a políticos foi delegado aos líderes dos negócios. Em vez de ocupar-se apenas das obras, eles tinham também de negociar com os políticos.

Havia com Benedicto planilhas com registros das obrigações de cada empresa do Grupo Odebrecht em relação a partidos e a cerca de 200 políticos identificados pelo nome. A maioria, previsivelmente, afirma que se trata de contribuições legais de campanha. Mas o fato de uma contribuição ser feita no caixa um não significa que ela não possa configurar corrupção, pois pode ser apenas um pagamento de favor, por um contrato ou obra.

Outros dois documentos parecem contratos em código, usados para estabelecer regras de um cartel – um deles estabelece o regulamento para a equipe de um “campeonato de tênis”, o outro fala no “Sport Clube Unidos Venceremos”. Pela quantidade de informações encontradas com Júnior, seria possível inferir que ele centralizava a contabilidade das propinas na Odebrecht, em tudo aquilo que não dizia respeito à Petrobras. Mesmo assim, o juiz Moro preferiu negar o pedido de prisão preventiva dele, feito pelo MPF.

Um dos documentos mais interessantes é um texto apócrifo, com críticas ao MPF e à Lava Jato, uma espécie de artigo que não se sabe se chegou a ser publicado. Boa parte do texto traz a previsível chiadeira negando o óbvio: as empreiteiras formavam um cartel para se aproveitar dos contratos na Petrobras. Há trechos, contudo, que merecem reflexão. Eles contestam de modo veemente e persuasivo a versão do MPF que atribui à Petrobras apenas a posição de vítima de executivos e empreiteiros inescrupulosos. Apesar de extensos, vale a pena reproduzi-los:

– O MP atribui a organização do esquema de corrupção às empreiteiras, e não ao governo, tratando o financiamento de partidos políticos como uma consequência, e não como a origem e o objetivo central do esquema de corrupção (…) Adota uma interpretação corporativista e leviana, que só aborda um lado da questão, colocando a Petrobras e os políticos como vítimas. (…) A Petrobras é uma empresa de grande porte, com longa tradição de licitação de empreendimentos e na sua administração contratual. Sempre foi considerada pelos seus prestadores de serviço e fornecedores como uma empresa com profissionais tecnicamente qualificados, e reconhecidos por todos os seus contratados como severos, rígidos e dotados de poder discricionário na administração contratual. (…) Basta avaliar alguns exemplos de licitações para compreender que a prática de um cartel sempre operando com sobrepreço e subjugando a Petrobras nunca poderia ter sido a tônica da Lava Jato. É a Petrobras que licita. (…) É a Petrobras que estabelece o orçamento de referência. É a Petrobras que avalia a capacidade técnica das empresas. (…) É ela que analisa as ofertas. É ela que adjudica o contrato. (…) ‘O empresário não é ingênuo,mas também não é o principal responsável pela corrupção. Essa visão foi criada pelo discurso político do governo, que, para se eximir de culpa, tenta incutir na sociedade esse pensamento.’ Que empresário, numa situação normal de concorrência, estaria disposto a se arriscar para, espontaneamente, cooptar agentes públicos a participar de esquemas de corrupção? (…) Dá para acreditar que o diretor da Petrobras “amigo Paulinho” e outros teriam sido corrompidos por propostas milionárias de suborno iniciadas por empreiteiras e que, generosamente, teriam tomado a iniciativa de dividir o suborno com dezenas de políticos e com seus partidos? Será que o Ministério Público acha que somos todos otários para acreditar nisso?

Esse é o tipo de questão que Marcelo Odebrecht poderá ajudar a esclarecer em sua delação. Mais importante do que para onde seu dedo duro apontará, é o Brasil conhecer a realidade sobre as relações espúrias entre o Estado e as empreiteiras, para poder mudá-la.


Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

Todo esse mar de lama de corrupção, enriquecimentos ilícitos, nos dar a certeza da putrefação da política já que não existe ideologia. Um mandato parlamentar concede ao mau político a fazer negociatas com o erário público de interesses pessoais, sem o mínimo interesse com os sérios problemas e dificuldades enfrentadas pela nação, se esquecendo de que a pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. O voto no Brasil precisa deixar de ser obrigatório, pois a democracia séria e justa contempla esses benefícios a todos que não se identifiquem com as propostas de candidatos.


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