sábado, 5 de março de 2016

Restaurante pede desculpas após promoção com 'anéis de lula' no RN Promoção de 50% no prato era para comemorar 'sexta-feira maravilhosa'. Postagem foi apagada; restaurante usou redes sociais para se desculpar.

Restaurante fez promoção após conduçõa coercitiva do ex-presidente Lula (Foto: Reprodução)Restaurante fez promoção após condução coercitiva do ex-presidente Lula (Foto: Reprodução)
Um restaurante em Natal usou as redes sociais para se desculpar após fazer uma promoção de 50% de desconto em anéis de lula, um dos pratos da casa. O restaurante Con Xin China, que fica em Capim Macio, bairro da Zona Sul da cidade, havia postado a promoção nesta sexta-feira (4), horas após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sido conduzido coercitivamente pela Polícia Federal para prestar depoimento ao Ministério Público Federal, em São Paulo. A postagem foi apagada ainda nesta sexta. Neste sábado (5), o restaurante postou que "pede desculpas pela postagem utilizando o tema do dia como estratégia".
Pedido de desculpas foi publicado neste sábado (5) (Foto: Reprodução)Pedido de desculpas foi publicado neste sábado (5) (Foto: Reprodução)
Na postagem inicial, o restaurante dizia que a promoção era "em comemoração a esta sexta-feira maravilhosa". Neste sábado, o Con Xin China postou o pedido de desculpas e disse que se utilizou de uma "estratégia", completando: "Nós da família Con Xin China acreditamos e respeitamos a livre opinião, por não sermos apenas uma e sim muitas famílias brasileiras".
Investigações
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a ação desta sexta-feira foi deflagrada para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-presidente Lula e pessoas associadas.
Há evidências de que o ex-presidente recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e do sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de doações e palestras.
No dia 29 de fevereiro, o procurador da República Deltan Dallagnol enviou uma manifestação à ministra Rosa Weber, doSupremo Tribunal Federal (STF), defendendo que uma investigação em curso sobre propriedades atribuídas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja mantida dentro da Operação Lava Jato, a cargo do Ministério Público Federal no Paraná.
Coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Dallagnol destacou que possíveis vantagens supostamente recebidas por Lula de empreiteiras teriam sido repassadas durante o mandato presidencial do petista.

Após ação da PF, Dilma deve se reunir com Lula em São Paulo neste sábado Previsão é que, depois da visita, presidente siga para o Rio Grande do Sul. Ex-presidente foi levado pela PF para depor em nova fase da Lava Jato.

A presidente Dilma Rouseff deve encontrar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo neste sábado (5). Depois, a presidente deve seguir para Porto Alegre (RS), onde terá apenas compromissos pessoais.
Será o primeiro encontro de Dilma com Lula depois de a Polícia Federal ter deflagrado, na sexta (4), nova etapa da Operação Lava Jato, cujo foco era o ex-presidente. Além de levar Lula para depor, em um posto da PF no aeroporto de Congonhas, os policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP), na sede do Instituto Lula, na capital paulista, e no sítio que era usado por ele em Atibaia (SP).
Segundo o Ministério Público Federal, Lula está sendo investigado porque há indícios de que ele recebeu dinheiro desviado da Petrobras por meio da execução de reformas no apartamento triplex do Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP).
Os procuradores ressaltaram ainda que há evidências de que o petista recebeu móveis de luxo nos dois imóveis e teve a armazenagem de bens em uma transportadora bancada pela construtora OAS, uma das empreiteiras investigadas na Lava Jato.
Lula
Depois de prestar depoimento à PF, Lula fez um pronunciamento. O ex-presidente disse que que se sentiu "prisioneiro" por ter sido levado coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal.
O presidente afirmou ainda que "acertaram o rabo da jararaca", mas "não mataram". E também falou sobre a presidente Dilma Rousseff: "Não permitem que a Dilma governe esse país".
Lula também afirmou, em manifestação a militantes na sede do PT em São Paulo, que vale mais "o show midiático" do que a "apuração séria".

Dilma
"Lamentavelmente, eu acho que estamos vivendo um processo em que a pirotecnia vale mais do que qualquer coisa. O que vale mais é o show midiatico do que a apuração séria, responsável, que deve ser feita pela Justiça, pela polícia, pelo Ministério Público", disse o ex-presidente.
A presidente Dilma Rousseff fez uma declaração, no Palácio do Planalto, sobre o ocorrido. Ela manifestou o "mais absoluto inconformismo" com a "desnecesária condução coercitiva" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos perante as autoridades, seja agora submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar mais um depoimento", disse a presidente.
Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

Todo esse mar de lama de corrupção, enriquecimentos ilícitos, nos dar a certeza da putrefação da política já que não existe ideologia. Um mandato parlamentar concede ao mau político a fazer negociatas com o erário público de interesses pessoais, sem o mínimo interesse com os sérios problemas e dificuldades enfrentadas pela nação, se esquecendo de que a pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. O voto no Brasil precisa deixar de ser obrigatório, pois a democracia séria e justa contempla esses benefícios a todos que não se identifiquem com as propostas de candidatos.

"Lula sabia do Petrolão", diz novo delator


O ex-presidente do PP Pedro Corrêa, preso na Lava Jato, está fechando uma delação bombástica – e o foco principal são episódios envolvendo o ex-presidente Lula

THIAGO BRONZATTO E TALITA FERNANDES

Pedro Côrrea. (Foto: Sergio Lima/Folhapress)
O ex-deputado Pedro Corrêa, preso na Lava Jato. Sua proposta de delação parece um livro de memórias  (Foto: Sergio Lima/Folhapress)
Em seu pedido de busca e apreensão para a 24ª fase da Operação Lava Jato, os procuradores da força-tarefa expuseram a anatomia do petrolão: “A estrutura criminosa perdurou por, pelo menos, uma década. Nesse arranjo, os partidos e as pessoas que estavam no governo federal, dentre elas Lula, ocuparam posição central em relação a entidades e indivíduos que diretamente se beneficiaram do esquema”. Os investigadores ainda reforçam que a corrupção só se alastrou devido a “vinculação de legendas políticas que compunham a base aliada do governo federal”. Um exemplo disso, destacado pelo próprio Ministério Público Federal, é o ex-deputado Pedro Corrêa, ex-presidente do Partido Progressista (PP) e preso na Lava Jato há quase um ano. Ele era o responsável por garantir a sustentação de seu partido ao governo. Em troca, recebia as propinas geradas a partir dos contratos fechados na diretoria de abastecimento da Petrobras, comandada pelo delator Paulo Roberto Costa. Aos 68 anos de idade, Pedro Corrêa, que teve seis mandatos no Congresso desde a década de 1970 e foi condenado no mensalão, sabe de muita coisa. Testemunhou episódios marcantes da história da República, do general João Figueiredo a Dilma Rousseff. E com base em suas próprias experiências, relatadas em primeira pessoa, ele avança em sua negociação de delação premiada, que está prestes a ser assinada. De acordo com o ex-parlamentar, Lula sabia da existência do petrolão e sabia da função exercida no esquema pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Dos 73 capítulos e dos mais de 130 agentes políticos citados na proposta de delação premiada de Pedro Corrêa, o personagem principal é o ex-­presidente, segundo investigadores ouvidos por É`POCA. A princípio, Pedro Corrêa ofereceu aos investigadores contar cinco episódios comprometedores envolvendo Lula – que, no final das contas, tornaram-se um único tópico. Foi graças a esse tópico que os procuradores da Lava Jato decidiram aceitar a colaboração de Corrêa. Nele, há diversos relatos de encontros realizados entre Corrêa e Lula. Num deles, o PP cobra mais espaço no esquema de propina da Petrobras. Lula, segundo Corrêa, teria dito que “Paulinho”, apelido de Paulo Roberto, indicado pelo ex-presidente para a diretoria de abastecimento da estatal, feudo dividido entre PP e PT, estava atendendo bem o partido da base aliada.
Marcos Valério. (Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Comprovante de pagamento a Marcos Valério (Foto: reprodução)
Em outra passagem, Corrêa relata o que seria uma interferência direta de Lula na Petrobras. Segundo o ex-deputado, entre 2010 e 2011, ele e seu colega de partido João Pizzolatti foram ao escritório do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, petista histórico e próximo a Lula. Quando chegaram lá, numa tarde durante a semana, encontraram Marcos Valério e um empresário, do qual o delator não se recorda o nome. Greenhalgh, Valério e o empresário queriam que Pedro Corrêa e Pizzolatti os ajudassem a fechar uma operação de compra e venda de petróleo com a área da Petrobras comandada por Paulo Roberto Costa. De acordo com Corrêa, o negócio geraria um lucro alto – e, portanto, o PP resolveu abocanhar uma fatia do dinheiro. Após a conversa, Corrêa e Pizzolatti foram falar com Paulo Roberto Costa, que recusou fechar contrato, porque o empresário não tinha uma boa fama dentro da Petrobras. Alguns meses depois, a operação foi feita. De acordo com o ex-presidente do PP, Lula interferiu para que a transação saísse. A partir da delação, o Ministério Público investigará para onde foram os pixulecos do negócio.
O embrião do esquema do petrolão, segundo Corrêa, era o mensalão. No anexo 2, Pedro Corrêa conta que, em meados de 2004, a Dinamo Distribuidora de Petróleo depositou R$ 1,7 milhão na conta bancária da 2S Participações, do operador Marcos Valério. Quando o repasse veio à tona, a explicação dada pela Dinamo era que a empresa tinha comprado 25 títulos da Eletrobras para quitar dívidas tributárias com o governo federal, operação intermediada por Valério. No entanto, Corrêa afirma em sua proposta de delação que o valor de R$ 1,7 milhão era a devolução a Marcos Valério de um adiantamento – adiantamento de propina paga no mensalão. Em troca, a Dinamo faturava com um contrato com a Petrobras para distribuir 45 milhões de litros de álcool anidro que estariam infectados e seriam redestilados para voltar ao mercado. “O petrolão e o mensalão são a mesma coisa”, afirma o ex-presidente do PP em sua proposta de delação. “Desde 2004, o petrolão financiava o mensalão." A pessoa responsável para pedir à Dinamo que fizesse o depósito na conta da empresa de Marcos Valério foi o ex-assessor do PP João Cláudio Genu – ao lado José Janene, morto em 2010.
Essa não é a primeira vez que a 2S, de Marcos Valério, famoso operador do mensalão, aparece ligada ao Petrolão. No ano passado, foi encontrado no escritório de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, um contrato de uma operação de empréstimo no valor de R$ 6 milhões, firmado entre a 2S Participações e a Expresso Nova Santo André, de Ronan Maria Pinto – empresário que ficou famoso no escândalo de corrupção desvendado à época da morte do prefeito Celso Daniel, de Santo André. De acordo com depoimento de Valério ao Ministério Público, em 2012, Ronan Maria Pinto ameaçou relacionar Lula e os ex-ministros Gilberto Carvalho e José Dirceu com a morte do ex-­prefeito de Santo André – e recebeu R$ 6 milhões para ficar calado. Investigadores da Lava Jato apuram se esse dinheiro teve origem num contrato de empréstimo tomado pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente e preso na Lava Jato, com o Banco Schahin. Bumlai assume apenas que tomou o financiamento da instituição financeira a mando do PT. A história já é bem conhecida – e é mais um indício de que o petrolão e o mensalão podem estar umbilicalmente ligados.
De acordo com investigadores que tiveram acesso à proposta de delação de Pedro Corrêa, os relatos são bastante detalhados – e impressionam pela capacidade de memória do ex-parlamentar. Diferentemente de outras colaborações, o ex-presidente do PP não apresenta provas robustas, extratos bancários, mas faz uma verdadeira crônica da política brasileira, apontando irregularidades e falcatruas em diversos períodos da história e em distintos partidos. Há desde líderes de partidos no Congresso a ex-presidentes. Pelo volume de informações, o grupo de trabalho dos procuradores da Lava Jato, em Brasília, gastou quase seis meses para chegar a uma resolução de acordo final. Ficou combinado que nos próximos dias a delação deverá ser, enfim, assinada. Ficou combinado, a princípio, que Corrêa pagaria uma multa de quase R$ 5 milhões – e blindaria seus filhos, entre eles a deputada Aline Corrêa, de qualquer acusação. Nesse acordo, ainda foi negociada a redução de sua pena nas duas condenações – a do Petrolão e a do mensalão. Em 2012, Pedro Corrêa foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal no mensalão a sete anos e dois meses de prisão, além de multa de R$ 1,1 milhão, por lavagem de dinheiro e corrupção. No ano passado, o ex-deputado foi sentenciado na Lava Jato a cumprir 20 anos e sete meses atrás das grades, novamente por corrupção e lavagem de dinheiro. Conhecedor da história do mensalão, Pedro Corrêa não quis acabar tendo o mesmo desfecho que Marcos Valério. Resolveu contar tudo o que sabe. E o que sabe pode ser uma nova dinamite a explodir a República –  e, em particular, o ex-presidente Lula.
Procurado, o ex-presidente Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que “não comenta supostas delações e repudia o jornalismo feito por vazamentos ilegais”. A defesa de Pedro Corrêa não quis comentar. O advogado Marcelo Leonardo, que representa Marcos Valério na Justiça, disse que não vai comentar, porque não teve acesso ao conteúdo da delação. O criminalista ainda diz que seu cliente está disposto a negociar um acordo de delação com os investigadores da Lava Jato. João Pizzolatti não foi localizado pela reportagem. ÉPOCA deixou recado no escritório do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, mas não obteve retorno

sexta-feira, 4 de março de 2016

Na contramão da euforia, ação do JBS derrete na bolsa Por: Natalia Viri 04/03/2016 às 12:45

Aletheia coloca pressão sob papéis do frigorífico
Aletheia coloca pressão sob papéis do frigorífico
A euforia do mercado financeiro após a ação da Polícia Federal envolvendo Lula, que aumentaria as chances de um impeachment, se estende por quase todas as ações da bolsa. Quase.
Enquanto o Ibovespa avança 3%, os papéis do JBS despencam 14%.
A queda no dólar tem parte da culpa. Outros exportadores, como Marfrig, Embraer e Fibria também recuam, mas bem menos, na faixa dos 4% a 6%.
Segundo analistas, a principal preocupação é a proximidade dos irmãos Batista, controladores do frigorífico, com o ex-presidente.
(Atualizada às 13h37: A área financeira da JBS atribui a queda das ações apenas ao recuo do dólar).

BRASIL MP quis prisão de Okamotto, mas Moro pediu para aprofundar provasProcuradoria acusa Okamotto de atuar na lavagem de 1,29 milhão de reais em benefício de Lula Por: Laryssa Borges, de Brasília04/03/2016 às 17:10 - Atualizado em 04/03/2016 às 17:10

O CARA - Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto funcionava como elo entre Marcos Valério e o PT
O CARA - Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto funcionava como elo entre Marcos Valério e o PT(Eduardo Knapp/Folhapress/VEJA)
O juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, negou pedido do Ministério Público para prender temporariamente o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, sob a alegação de que os investigadores ainda precisam aprofundar a coleta de provas contra o braço direito do petista.
De acordo com os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Okamotto teria viabilizado que as duas empresas de Lula, o Instituto Lula e a LILS Palestras, Eventos e Publicações Ltda, recebessem "milhões de reais" de empreiteiras investigadas no Petrobras. Levantamento do MP indica que, dos 20,74 milhões de reais repassados ao Instituto Lula, cerca de 60% dos valores recebidos entre 2011 e 2014 saíram aos caixas da Camargo Correa, Odebrecht, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez. As mesmas construtoras remeteram 9,33 milhões de reais à LILS.
Apesar de negar a prisão de Paulo Okamotto, Sergio Moro destacou que "há fundados elementos para colocar em dúvida a causa alegada para tais doações/pagamentos, sendo necessário apurar se eles não foram meros repasses de vantagens indevidas prometidas por tais empreiteiras em decorrência das fraudes por elas perpetradas na Petrobras".
O MP ainda acusa Okamotto de atuar na lavagem de 1,29 milhão de reais em benefício de Lula. Os indícios são de que os valores partiram dos caixas da empreiteira OAS e repassados à empresa de mudança Granero "sob a falsa premissa de quitação de contrato de 'armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativa de propriedade da Construtora OAS Ltda'". Na verdade, tratava-se de bens do ex-presidente armazenados pela empresa até o início do ano.

BRASIL O dia de Lula: os bastidores do depoimentoCom “cara de quem não dormiu”, ex-presidente já tinha tomado café da manhã e abriu a porta para os federais Por: Ullisses Campbell, Pieter Zalis e Kalleo Coura04/03/2016 às 18:07 - Atualizado em 04/03/2016 às 19:43

O ex-presidente Lula, na sede do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo
O ex-presidente Lula, na sede do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo(Paulo Whitaker/Reuters)
Quando a Polícia Federal bateu à porta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta sexta-feira, o petista já os aguardava. Três seguranças e um assessor de Lula estavam de plantão desde a noite do dia anterior, em seu apartamento em São Bernardo do Campo (SP). Os policiais entraram com quatro carros na garagem do prédio e de lá interfonaram para falar com Lula. Foram atendidos por um empregado, que pediu para que eles aguardassem um pouco. Enquanto isso, o porteiro ligou para o síndico, que desceu imediatamente e levou os agentes da garagem até o apartamento de Lula, que foi quem abriu a porta. O petista já havia tomado café da manhã e estava pronto para sair de casa.
Vestindo um terno azul marinho bem escuro e calça jeans, Lula entrou em um carro descaracterizado da Polícia Federal e seguiu para o Aeroporto de Congonhas, onde depôs por três horas e 40 minutos. No final, foi oferecido um cafezinho a ele. No trajeto de ida, ele ficou calado e aparentava estar abatido, "com cara de quem não dormiu a noite inteira", segundo relatos de agentes. Ele não levou telefone celular.
Assim que acabou o depoimento, Lula foi até a uma sala de embarque destinada a autoridades e recebeu cumprimentos de aliados e amigos, entre eles o ministro-chefe da Secretaria do Governo, Ricardo Berzoini; e dos deputados petistas José Mentor (PT), Paulo Teixeira (PT) e Vicente Cândido (PT). Além do secretário de transportes do município de São Paulo, Jilmar Tato e do ex-ministro do Esporte Orlando Silva (PCdoB). Esse último chegou cedo e praticamente comandou as ações de manifestação de apoio a Lula.
Ao conversar com os seus assessores, na sala VIP destinada a autoridades que embarcam em Congonhas, Lula ficou sabendo da grande concentração de militantes que gritavam palavras de ordem em frente ao prédio anexo ao aeroporto. O ex-presidente ensaiou fazer uma saída triunfal pela porta da frente. Alguns assessores chegaram a ir lá fora fazer o L com o dedo indicador e polegar, marca registrada do petista, mas perceberam que também havia gente hostilizando o petista. Com a alta temperatura na rua, os aliados decidiram que seria melhor Lula sair pelas portas dos fundos. Na saída, o petista aparentava cansaço e estava bem mais abatido do que quando entrou no carro particular que o conduziu.
Ao cumprir mandado de busca e apreensão no Instituto Lula, no bairro de Ipiranga, os policiais também perceberam que já eram aguardados pelo porteiro, apelidado de "Baianinho" que facilitou acesso. No entanto, os auditores da Receita Federal encontraram bem menos do que imaginavam, o que reforça a suspeita de que houve vazamento de informações da operação Lava-Jato. Segundo relatos de Baianinho, ele já esperava há dias que os agentes chegariam ao Instituto. Tanto que não havia nenhum armário trancado à chave, um cofre estava vazio e as notas fiscais da entidade entre 2010 e 2015 não estavam mais nos arquivos do instituto.

PF encontra parte do acervo da Presidência em galpão ao lado de sindicato Por: Vera Magalhães 04/03/2016 às 16:35

PF na frente do Instituto Lula: acervo espalhado
PF na frente do Instituto Lula: acervo espalhado
Por Leonardo Coutinho
A Polícia Federal encontrou, nesta sexta-feira, em um galpão contíguo à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, parte do acervo da Presidência da República na gestão Lula. A PF está no local inventariando as peças, que serão apreendidas.
A defesa de Lula havia informado à Justiça que todo o acervo estava armazenado no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia. A coleção de presentes recebidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seus dois mandatos foi transportada de Brasília para São Paulo no final do seu governo.
Nas últimas semanas, porém, a PF descobriu que parte importante do acervo estava armazenada em oito guarda-volumes que foram pagos pela construtora OAS, ao custo de 1,3 milhão de reais, ao longo de cinco anos. Durante as operações de busca e apreensão realizadas hoje, constatou-se que, de fato, o acervo não estava no sítio.
As peças apreendidas na manhã desta sexta-feira no depósito do sindicato somam-se a parte do acervo que já havia sido encontrada pela PF nos guarda-volumes pagos pela OAS.