domingo, 15 de novembro de 2015

Mariana, a dependência da mina que paga pouco à região que devastou Tragédia evidencia que retorno econômico da mineradora é pequeno diante dos danos

Moradores voltam ao vilarejo de Bento Rodrigues depois da tragédia. / ANTONIO CRUZ  (AGÊNCIA BRASIL)
tragédia de Mariana trouxe à tona novamente os riscos da mineração para as áreas do entorno das minas ao mesmo tempo que evidenciou a lógica de dependência econômica dessas cidades que contam com a atividade como principal fonte de renda dos municípios. O rompimento das duas barragens da Samarco, que contabiliza ao menos 7 mortos, 18 desaparecidos e causou danos incalculáveis, também deixou claro que o retorno econômico que a mineradora dá a cidades, como Mariana, se torna muito pequeno diante dos estragos gerados pela atividade.
"Os valores são muito pequenos, irrisórios quando você avalia os vários problemas que chegam junto com as mineradoras. São cidades bastante castigadas pelo impacto das minas. Por isso queremos tanto que o novo marco legal, discutido há anos, seja aprovado o mais rápido possível no Congresso", explica o presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas (AMIG) e prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro (PSDB), o Zelinho. O projeto prevê que as mineradoras paguem o dobro do percentual atual: os royalties passariam de até 2% para 4%. Em comparação com outros países, os percentuais estão bastante defasados. Na Índia, por exemplo, a alíquota do setor pode chegar a 10%.No ano passado, a Samarco, controlada pela Vale e pela australiana BHP, pagou em royalties pela exploração em Minas Gerais cerca de 54 milhões de reais, sendo que desse total 20 milhões ficaram em Mariana. O valor que a cidade recebeu não chega a 1% do lucro líquido da mineradora em 2014, que chegou a 2,8 bilhões de reais. A quantia repassada, no entanto, está dentro da lei. Segundo a legislação atual, as mineradoras são obrigadas a repassar até 2% do seu faturamento líquido de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos (CFEM), dos quais 65% fica com o município da mina, 23% com o Estado e 12% vai para a União. A proporção é criticada por prefeitos de cidades mineradoras que cobram uma compensação maior.
Para Zelinho, os moradores de cidades mineradoras estão cada vez mais preocupados com a presença de minas já que a cada dia fica mais evidente que "não há barragens de rejeitos 100% seguras". "Criou-se um pânico generalizado. Foi uma catástrofe muito grande. O prejuízo que houve não tem preço que pague. O momento também é de repensar essas licenças ambientais, de rever a distância que essas comunidades precisam estar dessas barragens", explica.

À esquerda, imagem tirada da região de Mariana após o rompimento das barragens. À direita a imagem feita antes da tragédia no dia 21 de julho.
DigitalGlobe/Divulgação
Para aumentar o temor de um novo capítulo da tragédia, a Samarco informou nesta semana que a barragem Germano, localizada no mesmo complexo em que as duas outras contenções de rejeitos se romperam, requer um reforço estrutural. Nesta sexta-feira, o diretor de Projetos e Ecoeficiência da empresa, Maury Souza Júnior, informou que uma das paredes de sustentação da barragem está com coeficiente de segurança abaixo do mínimo, ainda que tenha garantida que o local está estável.

Prefeito contra paralisação

O futuro incerto da Samarco em Mariana, que teve suas atividades embargadas, não preocupa apenas os acionistas da companhia, mas também os trabalhadores da empresa e o prefeito da cidade, Duarte Júnior (PPS). No início da semana, ele declarou ser contra a paralisação definitiva das atividades da mineradora, alegando que 80% das arrecadação de Mariana vem das atividades mineradora que gera cerca de 1.800 empregos diretos e 2.000 indiretos.
De janeiro a outubro deste ano, Mariana recebeu 24,3 milhões de reais de Cfem. "A Cfem me rende 3,5 milhões reais por mês, sem ela teremos que rever a folha de pagamento e refazer cortes", explicou Duarte Júnior.
O assessor técnico da Prefeitura de Mariana, Isreal Quirino, explica que uma interrupção definitiva da companhia impactaria não apenas a arrecadação do royalties, mas uma cadeia de atividades dependentes. "Minas Gerais traz no próprio nome a mineração. Dezenas de cidades giram entorno da atividade e a participação da Samarco na região é muito importante. Não se pode mudar uma matriz, um viés econômico assim da noite pro dia, a toque de caixa. O que precisamos agora é discutir uma legislação mais adequada para a exploração mineral", afirma.
Outra discussão em curso é quem deve ser chamado a pagar pelos estragos de Mariana. Nesta semana, a presidenta Dilma Rousseff, criticada pela demora em ir até às áreas afetadas, anunciou a primeira multa para a Samarco, determinada pelo Ibama, no valor de 250 milhões de reais, menos de 10% do lucro líquido da empresa em 2014. É provável que outras multas, vindas de prefeituras e dos Estados afetados, sejam determinadas nas próximas semanas. A presidenta citou nominalmente as controladoras Vale e a australiana BHP como responsáveis pela tragédia. Na sexta-feira, a consultoria de risco Eurasia distribuiu a clientes boletim prevendo mais incerteza para o setor e pouca mudança legal prática no curto prazo, apesar das pressões. "De maneira mais ampla, o acidente traz mais incerteza para o setor da mineração no Brasil, que vem enfrentando baixos preços e a recessão. O grande risco é que a Vale a BHP possam ser consideradas passíveis de punição no caso de a Samarco não poder pagar pelos danos."

15/11/2015 03h52 - Atualizado em 15/11/2015 06h11 Holly Holm nocauteia Ronda com chute na cabeça e leva título do UFC Desafiante ao cinturão peso-galo do Ultimate surpreende e toma o título de "Rowdy" com vitória aos 59s do segundo round, na luta principal do UFC 193, na Austrália

Holly Holm escreveu seu nome na história do MMA, neste sábado, no UFC 193, na Austrália. Discreta, a atleta fez seu trabalho durante a semana sem alarde e foi de "zebra" a campeã do peso-galo ao nocautear Ronda Rousey com um chute na cabeça aos 59s do segundo round. A potência do golpe derrubou "Rowdy", cuja fama de imbatível vinha crescendo à medida que despachava com facilidade suas adversárias. A invencibilidade da judoca foi pulverizada pela multicampeã de boxe, responsável por interromper um reinado que parecia não ter prazo de validade. 

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Holly Holm Ronda Rousey MMA UFC 193 (Foto: Paul Crock/AFP/Getty Images)Holly Holm desfere o chute que definiu a vitória surpreendente sobre Ronda Rousey (Foto: Paul Crock/AFP/Getty Images)

Atônita após a vitória, Holm encontrava dificuldades para encontrar palavras que pudessem descrever o tamanho da proeza que acabara de conseguir. 
- Eu não sei, estou tentando absorver isso, mas é muita loucura. Eu cheguei aqui e recebi tanto amor e carinho, que não poderia fazer nada além de retribuir.
Estrela do Ultimate e fenômeno de mídia , Ronda Rousey perdeu pela primeira vez no MMA após domínio no Strikeforce e no UFC, onde debutou faturando o título, em fevereiro de 2013. Atleta premiada no boxe, Holm - que somava duas vitórias sem brilho no Ultimate - segue sem saber o que é derrota nas artes marciais mistas e, agora, acumula dez triunfos.
A luta
Holly Holm no UFC 193 (Foto: Getty Images)Holly Holm celebra a vitória no UFC 193 (Foto: Getty Images)
O clima de animosidade visto na pesagem fez Ronda Rousey entrar no octógono à caça de Holly Holm, perseguindo a adversária por todos os cantos, demonstrando ímpeto ofensivo e pitadas de afobação, que resultaram em dois cruzados em seu rosto. Especialista em jiu-jítsu, "Rowdy" conseguiu levar o duelo para sua zona de conforto, o chão. Atacou em sua especialidade, a chave de braço, arma que costuma utilizar para finalizar as rivais, mas foi frustrada pela oponente, que se levantou.

Na trocação, Holm conseguia atingir a compatriota por meio de golpes limpos e ainda a derrubou. Pela primeira vez no UFC, Ronda ia ao intervalo com o rosto vermelho, marcado, e com ares de frustração por ver que seus ataques não surtiam efeito. O obstáculo à sua frente era maior do que poderia imaginar. 
Ronda Rousey no UFC 193 (Foto: Getty Images)Acostumada a vencer, Ronda Rousey sentiu o amargo sabor da derrota pela primeira vez no MMA (Foto: Getty Images)



No segundo round, Holm conectou um forte direto, que, mais uma vez, entrou limpo. A afobação de Ronda ficava cada vez mais nítida. Ela queria resolver a situação, mas parecia perdida. Ronda tentou agarrar-se à Holm, a desafiante se livrou e, quando a campeã se virava para ela, recebeu um violento chute alto e desabou. O árbitro Herb Dean ainda esperou "Rowdy" levar outros golpes para ter certeza de que a vitória era mesmo da "zebra".

RESULTADOS COMPLETOS
CARD PRINCIPAL

Holly Holm nocauteou Ronda Rousey aos 59s do R2
Joanna Jedrzejczyk derrotou Valerie Letourneau na decisão unânime dos jurados (49-46, 49-46 e 50-45)
Mark Hunt derrotou Antônio Pezão por nocaute técnico aos 3m41s do R1
Robert Whittaker derrotou Uriah Hall por decisão unânime dos jurados (30 a 27, 29 a 28, 30 a 27)
Jared Rosholt derrotou Stefan Struve na por decisão unânime dos jurados (triplo 29 a 28)
CARD PRELIMINAR
Jake Matthews derrotou Akbarh Arreola por nocaute técnico (interrupção médica) aos 5m do R2
Kyle Noke nocauteou Peter Sobotta aos 2m01s do R1
Gian Villante nocauteou Anthony Perosh aos 2m56s do R1
Danny Martinez derrotou Richie Vaculik na decisão unânime dos jurados (triplo 30 a 27)
Daniel Kelly derrotou Steve Montgomery na decisão unânime dos jurados (triplo 29 a 28)
Richard Walsh derrotou Steven Kennedy na decisão unânime dos jurados (30 a 27, 30 a 27 e 29 a 28) 
James Moontasri derrotou Anton Zafir por nocaute técnico aos 4m36s do R1
Ben Nguyen finalizou Ryan Benoit com um mata-leão aos 2m35s do R1

Ataques em Paris: Brasileiro teve pulmão atingido mas não terá sequelas, diz médico Daniela Fernandes De Paris para a BBC Brasil

PAImage copyrightPA
Image captionBrasileiro jantava com amigos em restaurante quando ocorreu ataque
O brasileiro Gabriel Sepe Camargo, baleado durante os ataques em Paris, teve um pulmão atingido mas passa bem e não terá sequelas, de acordo com um dos médicos que o atendeu.
Segundo a equipe médica do hospital Bichat, o arquiteto passou por duas cirurgias, uma no pulmão e outra na tíbia. Ele não corre risco de morrer.
Camargo estava com um grupo de amigos no restaurante Le Petit Cambodge, nas proximidades do canal Saint-Martin, quando o recinto foi alvejado por vários tiros. Doze pessoas morreram no local.
Não está claro quantos tiros teriam atingido Camargo. O médico Sebastien Tanaka disse à BBC Brasil que ele deve ficar alguns dias na unidade de tratamento intensivo e depois será transferido para o departamento torácico do hospital.
O brasileiro teve parte do pulmão direito afetada mas, segundos o médico, isso não terá consequências em sua saúde no futuro.
Um dos amigos que estava com ele no restaurante conversou com Camargo nesta tarde e disse que ele está bem, falando normalmente, e que se lembra do atentado ontem.
A cônsul-geral do Brasil na França, Maria Edileuza Fontenele Reis, havia anunciado esta manhã que o brasileiro não corria trisco de vida.
Camargo e os amigos estavam em Paris para participar de um evento de arquitetura. Outra brasileira integrante do grupo também foi atingida - ela passa bem.
Testemunhas que estavam no restaurante Le Petit Cambodge disseram à imprensa francesa que cerca de 20 a 30 tiros foram disparados contra o local, provavelmente com armas automáticas.
A capital parisiense foi alvo de uma série de ataques na noite desta sexta-feira. Pelo menos 127 pessoas morreram e outras 180 ficaram feridas - 99 em estado grave.
O grupo autodenominado 'Estado Islâmico' reivindicou autoria dos ataques. Em comunicado, eles afirmaram que o ataque foi uma resposta a ações da França em seu território.
O presidente da França, François Hollande, disse que o ataque foi um "ato de guerra" e prometeu uma guerra "impiedosa" contra terroristas.

Ataques em Paris: veja quem são os mortos na série de atentados Capital francesa teve série de ataques com bombas e armas de fogo. Estado Islâmico reivindicou autoria do pior ataque à França na história recente.

O grupo radical Estado Islâmico reivindicou neste sábado (14) a responsabilidade por ataques que mataram mais de 120 pessoas em Paris. É o pior ataque à França na história recente.
Em uma declaração oficial, o grupo disse que seus combatentes presos a cintos com explosivos e carregando metralhadoras realizaram os ataques em vários locais no centro da capital francesa.
Veja quem são algumas das vítimas:
Djamila Houd - francesa de 41 anos, era da cidade de Dreux, a 80 km de Paris.
Guillaume B. Decherf - jornalista francês que escrevia sobre música, tinha 43 anos, e estava no show no Bataclan. Pai de duas filhas.
O jornalista Guillaume Decherf (Foto: Reprodução/Facebook Guillaume B. Decherf)O jornalista Guillaume Decherf (Foto: Reprodução/Facebook Guillaume B. Decherf)
Juan Alberto González Garrido - o espanhol de 29 anos morava em Paris e estava com sua mulher na casa Bataclan, que foi invadida por terroristas armados.
Mathieu Hoche - francês de 38 anos, técnico da TV France 24, também morto no show. Um amigo postou em rede social que ele era fascinado por rock.
Nick Alexander - britânico de 36 anos que estava vendendo produtos da banda US band Eagles of Death Metal na casa de shows Bataclan.
Nick Alexander (Foto:  Reprodução/Twitter/LM Britt)Nick Alexander (Foto: Reprodução/Twitter/LM Britt)
Noemí Gonzalez - era estudante da California State University e foi a primeira americana a ter a morte confirmada nos ataques.
Nohemi Gonzalez, estudante americana (Foto: Reprodução/Facebook/Strate Ecole de Design)Nohemi Gonzalez, estudante americana (Foto: Reprodução/Facebook/Strate Ecole de Design)
Thomas Ayad - francês de 34 anos trabalhava na gravadora Mercury Records. Estava na Bataclan com dois amigos que também morreram.
Valentin Ribet - advogado francês de 26 anos especializado em crimes do colarinho branco. Estava na casa Bataclan quando foi invadida pelos terroristas.
Valentin Ribet (Foto: Reprodução/Linkedin/Valentin Ribet)Valentin Ribet (Foto: Reprodução/Linkedin/Valentin Ribet)

France Presse 15/11/2015 01h40 - Atualizado em 15/11/2015 05h54 Digital em dedo ajudou a identificar terrorista de atentados em Paris Segundo procurador, francês de 29 anos foi autor de ataque no Bataclan. Pai e irmão dele foram detidos para prestar esclarecimentos à polícia.

Um dedo cortado revelou a identidade do terrorista francês que detonou na noite sexta-feira (13) seu cinto de explosivos, depois de ter atirado sobre o público durante um show no Bataclan: ele era um delinquente comum do subúrbio de Paris, que acabou sucumbindo ao Islã radical. De acordo com fontes policiais, seu nome era Omar Ismaïl Mostefaï. A série de ataques praticados simultaneamente em vários lugares de Paris na noite de sexta-feira (13) deixou ao menos 129 mortos e 352 feridos, sendo que 99 em estado grave.
O homem de 29 anos (nasceu no dia 21 de novembro de 1985) foi formalmente identificado por "análise de digitais" colhidas em um dedo encontrado na casa de shows parisiense, informou neste sábado (14) o procurador de Paris, François Molins.
Natural de Courcouronnes, município situado ao sul de Paris, ele tinha cometido apenas pequenos delitos até então. Seu histórico consta oito condenações de 2004 a 2010, sem nenhuma ordem de prisão. "Em 2010, ele foi fichado por radicalização, mas nunca foi aberto contra ele um caso de associação de terroristas", ressaltou o procurador.
De acordo com uma fonte próxima da investigação, Omar frequentava uma mesquita em Lucé, perto de Chartres, outra cidade ao sul de Paris. Os investigadores ainda buscam confirmar se o homem-bomba viajou à Síria em 2014. O jornal "Le Monde" informa que Mostefai "possivelmente" foi à Síria durante vários meses durante os invernos de 2013 e 2014.
'Coisa de louco'
Seu pai e seu irmão foram detidos na noite de sábado. O irmão, de 34 anos, se apresentou por conta própria na delegacia de Créteil (perto de Paris), e mostrou-se surpreso quando soube que o caçula estava envolvido nos atentados, mais especificamente na tomada de reféns do Bataclan, que terminou em banho de sangue, com ao menos 89 mortos.
"É coisa de louco, devo estar delirando", reagiu o irmão em entrevista à AFP, com a voz trêmula, antes de ser colocado sob custódia. "Ontem, eu estava em Paris, e vi toda a merda que aconteceu por lá", relatou.
Ele confirmou que seu irmão "teve problemas com a justiça, detenções provisórias, coisas assim".
Por mais que tenha cortado relações com Omar há muitos anos, por conta de "problemas familiares", o irmão mais velho não imaginava que o caçula pudesse se tornar um islamista radical.
"Ele viajou para o país de origem dos nossos pais, a Argélia, com sua família, e sua filha pequena. Já fazia um tempo que eu não tinha notícias", explicou.
Pai de família, que vive numa casa modesta no subúrbio parisiense, o irmão do terrorista revela que tem outros dois irmãos, com os quais também cortou relações, e duas irmãs.
"Liguei para minha mãe, mas parece que ela não sabe de nada", completou.

Rede de apoio
A polícia francesa procura possíveis membros de redes de apoio aos terroristas que morreram após cometerem o pior atentado da história recente da França.  A Bélgica fez ainda três prisões relacionadas aos ataques, segundo informou a procuradoria federal do país. As detenções foram feitas na fronteira. Um dos veículos utilizados nos atentados tinha matrícula da Bélgica e foi alugado por um francês.

Outra pista que está sendo seguida no caso é a de um homem de 51 anos preso na semana passada na região da Bavária, na Alemanha. O país europeu investiga se ele tem ligações com os ataques de Paris, afirma a AP.
Ele foi detido com diversas armas e explosivos em seu carro perto da fronteira com a Áustria no dia 5 de novembro. O GPS do carro dele continha um endereço de Paris.
“Há uma conexão com a França, mas não sabemos se há ligação com esses atentados”, disse Thomas de Maiziere, ministro do interior da Alemanha.
A polícia de Montenegro, país de origem do detido, rejeitou a possibilidade de haver conexão com os ataques e afirmou, em nota, que ele não tem antecedentes criminais e que as informações disponíveis até o momento não mostram ligação do homem com grupos terroristas.
Pessoas saem em choque da casa de shows Bataclan, alvo de ataque terrorista em Paris (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)Pessoas saem em choque da casa de shows Bataclan, alvo de ataque terrorista em Paris (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)

Três equipes de terroristas
François Molins, afirmou no início da tarde deste sábado que os atentados foram realizados aparentemente por três equipes de extremistas, segundo o prourador Molins. "Podemos dizer nesta fase da investigação que provavelmente havia três equipes coordenadas de terroristas por trás deste ato bárbaro ", disse.
No pior dos ataques, o procurador afirmou que homens armados assassinaram a tiros de forma sistemática pelo menos 89 pessoas na apresentação de rock na casa de shows Bataclan, antes de policiais antiterroristas lançarem um ataque ao prédio. Dezenas de sobreviventes foram resgatados.
Cerca de 40 pessoas foram mortas em cinco outros ataques na região de Paris, afirmaram as autoridades, incluindo um aparente duplo atentado suicida a bomba do lado de fora do estádio nacional Stade de France, onde Hollande e o ministro do Exterior alemão assistiam a um jogo amistoso internacional de futebol.

Entre os feridos no Bataclan estão três brasileiros que, segundo a cônsul-geral do Brasil na França, Maria Edileuza Fontenele Reis, passam bem. De acordo com o governo francês, oito terroristas morreram -- sete deles acionando cintos explosivos.
Ação e reação
O grupo radical Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelos atentados. Em declaração oficial, o grupo disse que seus combatentes presos a cintos com explosivos e carregando metralhadoras realizaram os ataques em locais que foram cuidadosamente estudados.
"Oito irmãos com explosivos na cintura e fuzis fizeram vítimas em lugares escolhidos previamente e que foram escolhidos minuciosamente no coração de Paris, no Stade de France, na hora do jogo dos dois países França e Alemanha, que eram assistidos pelo imbecil François Hollande, o Bataclan onde estavam reunidos centenas de idólatras em uma festa de perversidade assim como outros alvos no 10º arrondissement, e isso tudo simultaneamente. Paris tremeu sob seus pés e as ruas se tornaram estreitas para eles. O resultado é de no mínimo 200 mortos e muitos mais feridos. A gloria e mérito pertencem a Alá”, diz o comunicado.
O comunicado do grupo afirma ainda que a França e os que seguem o seu caminho devem saber que eles são os principais alvos do Estado Islâmico e que continuarão a "sentir o odor da morte por ter colocado a cabeça na cruzada, ter ousado insultar nosso profeta, se vangloriar de combater o islamismo na França e atingir os muçulmanos na terra do califa com seus aviões". "Esse ataque é só o começo da tempestade e um alerta para aqueles que quiserem meditar e tirar lições."

O presidente da França, François Hollande, reagiu e disse neste sábado (14) em uma declaração à nação que os atentados da noite de sexta-feira (13) em Paris "são um ato de guerra do Estado Islâmico contra a França". Além disso, Hollande afirmou que os ataques foram organizados "no exterior da França" e que contaram com "cúmplices no interior" do país.

sábado, 14 de novembro de 2015

BBC 14/11/2015 17h17 - Atualizado em 14/11/2015 17h53 Por que novamente em Paris? Sentimento de exclusão de muçulmanos, sociedade dividida e envolvimento do país em ações no Oriente Médio ajudam a entender por que o país foi atacado novamente.

França declarou estado de emergência após ataques, que foram reinvindicados pelo 'Estado Islâmico' (Foto: REUTERS/Jacky Naegelen)

França declarou estado de emergência após ataques, que foram reinvindicados pelo 'Estado Islâmico'  (Foto: REUTERS/Jacky Naegelen)
Foi o segundo grande ataque a atingir Paris em menos de um ano, e uma das tantas perguntas que surgem é: por que a França novamente?
O grupo autodenominado "Estado Islâmico" assumiu a autoria dos ataques na capital francesa na sexta-feira, que deixaram pelo menos 129 mortos e 352 feridos. O grupo disse que os atos foram "cuidadosamente estudados", mas ainda estão emergindo os detalhes sobre como eles foram concretizados.
O presidente francês, François Hollande, disse que os ataques foram planejados e organizados no exterior, com ajuda interna. Pouco se sabe sobre os sete atiradores que foram mortos: um seria francês, e dois passaportes, um egípcio e outro sírio, foram encontrados.
Veja abaixo cinco pontos que ajudam a entender por que a França tornou-se alvo novamente.
1. Fricções étnicas
Ataques chocaram a França, dez meses depois do ocorrido no semanário 'Charlie Hebdo'
A França tem a maior população muçulmana na Europa: cerca de 5 milhões, ou 7,5% dos habitantes. E, segundo analistas, é uma das sociedades mais divididas no continente.
A integração de muçulmanos no resto da sociedade francesa já era questão delicada no país antes dos ataques de janeiro ao semanário satírico Charlie Hebdo e a um supermercado judeu, que chocaram a França e o mundo - e essa integração ainda pode piorar, dizem especialistas.
Há um aparente questionamento de gerações mais novas de famílias de imigrantes, supostamente descontentes quanto ao estilo de vida mais liberal do Ocidente, a tolerância e diversidade religiosa e a liberdade de expressão.
"Os ataques são uma lembrança das fricções étnicas que se arrastam na França", disse a consultoria de análise política Stratfor.
Muitos muçulmanos teriam, ainda, a percepção de estarem à margem da sociedade, isolados ou mesmo excluídos.
"A França é o país na Europa onde o debate sobre o lugar do Islã dentro da sociedade é o mais difícil e mais duro. A maioria dos franceses acha que o islamismo, em geral, não é compatível com a laicidade francesa. E há uma tensão muito forte entre os radicais islâmicos e a França", disse à BBC Brasil Alfredo Valladão, professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris.
A polêmica proibição do uso do véu islâmico por mulheres, por exemplo, foi interpretada por alguns muçulmanos como uma decisão contra o islamismo.
Os ataques atingiram bares e restaurantes, um show de uma banda de rock e os arredores de um estádio de futebol em horário de grande movimento. O 'EI' afirmou que Paris é a "capital da abominação e perversão".
Segundo Valladão, Paris é alvejada por ser um "símbolo de liberdade".
"A questão do Islã e dos muçulmanos em geral se transformou num grande debate ideológico interno. E é claro que com uma coisa desse tipo (...) é possível que eles (muçulmanos) sejam ainda mais estigmatizados, o que pode criar ainda mais radicalismo".
2. Radicalização e extremismo
A França tem sido a maior fonte, na Europa, de combatentes estrangeiros que se juntam a grupos radicais no Oriente Médio.
Um relatório do Centro Internacional para o Estudo de Radicalização e Violência Política do King's College, de Londres, apontou no início deste ano que das cerca de 4 mil pessoas que deixaram a Europa Ocidental para se juntar a grupos extremistas como o EI na Síria e no Iraque, aproximadamente 1,2 mil saíram da França. E muitos deles retornaram.
A França, aliás, fica atrás apenas de Arábia Saudita, Tunísia, Jordânia, Marrocos e Rússia como maior emissor de combatentes para estes grupos, segundo o relatório. Estima-se que 20 mil estrangeiros de 80 países tenham ido à Síria e ao Iraque para lutar com militantes.
Por muitos anos, os subúrbios de Paris e outras cidades foram vistos como terreno fértil para extremistas islâmicos, que recrutavam jovens muçulmanos descontentes com desemprego e ostracismo.
Outro lugar fácil para radicalização, dizem especialistas, são as prisões francesas: estima-se que 60% dos 70 mil detentos no país tenham origem muçulmana, e grupos extremistas estariam se aproveitando disso para recrutar colaboradores.
"Eles foram destruídos pelo fracasso educacional, problemas de família e emprego. São muito frágeis", disse à BBC Missoum Chaoui, líder muçulmano de Paris.
3. Imigração
Os ataques ocorrem, ainda, no momento em que a Europa enfrenta discordâncias internas sobre como lidar com a maior onda migratória desde a Segunda Guerra Mundial.
Alguns países europeus instituíram controles de entrada e instalaram barreiras nas fronteiras em resposta ao fluxo. A maioria dos imigrantes foge dos conflitos na Síria, no Afeganistão e em partes da África.
Em alguns países, grupos contrários à imigração se fortaleceram. Um ministro da Grécia disse que o dono do passaporte sírio encontrado tinha chegado à União Europeia pela ilha de Leros em outubro. É bom lembrar que há um comércio fértil de passaportes sírios.
Apesar de nenhuma ligação ter sido oficialmente feita entre os autores dos ataques e as condições de permanência deles na Europa, os atentados deverão alimentar o debate sobre o fluxo migratório.
"(Os ataques) criam um problema sério dentro da Europa e vão dar muita corda para todos os movimentos nacionalistas e extremistas xenófobos que querem acabar com a União Europeia, fechar as fronteiras, criar governos autoritários e racistas. Isso vai criar uma situação complicada para a Europa", disse Valladão.
4. Operações francesas na Síria e no Iraque
A França participa da coalizão militar liderada pelos Estados Unidos que tem conduzido ataques aéreos contra o EI na Síria e no Iraque e é um dos países mais ativos nesses ataques contra o grupo.
O país realizou também uma intervenção contra extremistas islâmicos no Mali, em 2013.
Algumas testemunhas disseram que militantes gritaram "Deus é grande" em árabe antes de atacar o show de rock na sexta-feira e que um dos atiradores teria dito: "É culpa do Hollande, é culpa do seu presidente, ele não deveria ter intervindo na Síria".
O EI disse que as ações eram resposta às operações francesas contra seu território e que o objetivo era "ensinar a França e todas as nações que seguem o seu caminho que eles ficarão no topo da lista de alvos do 'Estado Islâmico' e que o cheiro de morte não sairá dos seus narizes enquanto eles participarem da campanha".
5. Falhas de inteligência?
Segurança foi reforçada na França e estado de emergência foi declarado no país
O que aconteceu em Paris foi exatamente o que as agências de inteligência e segurança na Europa temiam e tentavam evitar: ataques simultâneos em locais movimentados numa grande cidade, com um elevado número de vítimas.
Além das perguntas naturais sobre quem organizou a operação, o uso de armas automáticas e a coordenação dos ataques levarão à questão: os serviços de segurança franceses falharam?
Nas ações de janeiro em Paris, a inteligência também ficou sob suspeita, já que dois dos autores eram conhecidos de serviços secretos europeus e americano: um já tinha sido preso por tentar se juntar a jihadistas no Iraque; outro tinha ligação com a Al-Qaeda no Iêmen.
O trabalho de identificar e monitorar suspeitos não é simples, disse à BBC Shashank Joshi, do Royal United Services Institute, após os ataques de janeiro.
"O desafio é identificar quais redes de indivíduos merecem atenção especial. A França tem poderosas agências de inteligência, mas nenhuma agência ocidental tem poderes legais ou logísticos de realizar a vigilância intrusiva e constante de milhares de cidadãos que não foram acusados de nenhum crime".
Outra pergunta ainda sem resposta: se aconteceu em Paris, poderá acontecer em outra cidade europeia?

Terroristas agiram em Paris com três equipes muito coordenadas Cinco foram detidos em operações na Bélgica ligadas aos atentados da capital francesa

Polícia belga em ronda no bairro de Molenbeek. / OLIVIER HOSLET (EFE)
Um dos oito agressores mortos nos atentados de Paris foi identificado, segundo a imprensa francesa. É um cidadão francês na casa dos 30 anos, conhecido pelo serviço de inteligência do país. Foi identificado graças a pistas encontradas no local da explosão da casa de shows Bataclan, conforme afirma o jornal Le Monde. Autoridades parisienses subiram para 129 o número de mortos no atentado desta sexta-feira, com 352 feridos, dos quais 89 em estado crítico. Oito dos agressores morreram.
O ministro da Justiça da Bélgica, Koen Geens, declarou em entrevista à rede flamenca VRT que cinco pessoas foram detidas e que as operações em Molenbeek têm ligação com os atentados na França, especificamente com o carro encontrado perto do Bataclan, que tinha licença belga. O veículo era alugado. Aparentemente há um segundo carro belga no palco de outro dos atentados. A promotoria do país, encarregada da investigação, fornecerá informações oficiais em algumas horas.A Bélgica, país vizinho, parece fazer novamente parte da trilha que leva aos terroristas, da mesma forma que ocorreu nos dois atentados que abalaram Paris em janeiro. A polícia local fez várias operações neste sábado no bairro bruxelense de Molenbeek, com um grupo de policiais fortemente armados.
Além do bairro de Molenbeek, que tem importante núcleo de população árabe, vários distritos de Bruxelas tiveram forte presença policial. Três dos terroristas envolvidos nos acontecimentos na França saíram desse bairro, segundo informa o jornal belga La Dernière Heure. E testemunhas dos atentados disseram ter visto uma placa da Bélgica entre os veículos usados pelos envolvidos. A imprensa francesa explica que foram canhotos de estacionamento de carros com placas belgas encontrados em Paris que levaram os investigadores a Molenbeek.

Passaporte sírio

Os investigadores acharam também um passaporte sírio perto do corpo de um dos suicidas de Saint Denis, sem conseguir determinar se há ligação entre ele e o documento. O passaporte sírio encontrado foi emitido no dia 10 de outubro na ilha grega de Leros, de acordo com o ministro grego de Proteção ao Cidadão, Nikos Toskas. No comunicado, o ministro ressaltou que não há certeza se o passaporte pertencia à pessoa que o levava nem se é um dos terroristas ou uma vítima.
Por ora, a Bélgica não elevou seu nível de alerta – já alto desde os atentados de janeiro em Paris -, mas faz checagens especiais nas fronteiras, segundo o Governo. Além disso, será implantado mecanismo especial de segurança na próxima terça-feira, em razão do jogo de futebol entre a Espanha e a Bélgica no estádio Rei Balduíno, no bairro de Heysel, em Bruxelas. As autoridades recomendam não levar mochilas ou outras coisas que requeiram inspeções de segurança além das normais.
Na Alemanha, a polícia da Bavária deteve no dia 5 de novembro um montenegrino com metralhadoras, granadas de mão e vários quilos de explosivos. O sistema de navegação indicava o caminho de Paris. "Agora se investiga se isso significa que haja conexão com os atentados ou não", disse o ministro do Interior, Thomas de Maizière, informa Luis Doncel.