terça-feira, 10 de novembro de 2015

A maldição do petróleo atropela o Rio Crise na Petrobras e queda do preço do barril põem economia fluminense na corda bamba

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro. / FERNANDO FRAZÃO/ AGÊNCIA BRASIL
O Rio de Janeiro não conseguiu escapar da maldição do petróleo. A queda de cerca de 50% do preço do barril do tipo Brent em menos de um ano e a crise desatada na Petrobras após a Operação Lava Jatoescancararam que nem o Brasil, nem muito menos o Rio, de onde sai 80% da produção nacional, eram imunes aos vai-e-vens do setor, na época de bonança e euforia, parecia que ia resolver os problemas do país.
Petrobras, o menor desde 2008, minguaram a cadeia produtiva do gás e do petróleo, responsável por um terço do PIB do Rio. Isso gerou desemprego e faz cair a arrecadação do ICMS. O imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e prestações de serviços é a principal fonte de arrecadação nas contas do Estado e sofreu uma queda brusca de 9,7% no primeiro semestre de 2015. Do outro lado, com o preço do barril no nível mínimo, os municípios, que dependem em alguns casos em até 60% dos royalties, viram suas receitas se irem pelo ralo. “O Rio de Janeiro foi o Estado que mais perdeu receitas em 2015”, segundo reconheceu seu governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) em setembro.
Os responsáveis pelas contas do Estado exageraram as previsões otimistas de receita deste ano e as contas não fecham. O Governo não nega o erro e também não esconde sua preocupação, a tal ponto que até o secretario da Fazenda, Júlio Bueno, reconheceu que o 13º salário dos servidores públicos não está garantido. Segundo a assessoria de imprensa da Fazenda, “a previsão inicial de queda de receitas foi de 30%, mas foi feita tendo como base um Brent de 62 dólares”, mas com o barril em torno dos 50 dólares, os royalties e participações especiais, compensações pela extração de recursos naturais e segunda fonte de receita do Rio, “podem experimentar este ano uma queda de 62% com relação ao ano passado”. No total, a perda da economia do Estado do Rio em 2015, por causa da crise do setor de óleo e gás e a queda nos preços do petróleo, estaria em torno de 11 bilhões de reais – três bilhões pela redução do preço do barril, e 8 bilhões pela perda de arrecadação pelo não crescimento do Rio de Janeiro. É 13,4% do orçamento total de 81,9 bilhões nesse ano.

Alta no desemprego

Gustavo de Oliveira Barbosa, presidente do Rio Previdência, o fundo estatal de onde saem as pensões e aposentadorias dos funcionários públicos do Estado, enfrenta também uma enorme dor de cabeça. Desde 2007 boa parte do fluxo de caixa do fundo vem dos royalties da exploração de petróleo e gás natural. Com a queda do preço do barril, chave para o cálculo das compensações, porém, o rombo disparou. Para garantir os pagamentos desse ano, Oliveira fez uma manobra de emergência. O presidente usou Depósitos Judiciários, valores de terceiros relacionados a ações judiciais que ficam depositados em uma conta para garantir que as sentenças sejam cumpridas, para cobrir um buraco de 6,5 bilhões. Trata-se de 41,6% da folha de pagamento, um valor ao que não poderá mais recorrer em 2016.O desemprego é outra das preocupações em um Estado em que no começo do ano, e sustentada pelos investimentos das Olimpíadas, a taxa se mantinha abaixo da média nacional. Mas o cenário mudou. De janeiro a setembro de 2015 o Rio de Janeiro perdeu 114.191 empregos, resultado da diferença entre novas admissões e demissões, segundo dados levantados pelo economista Mauro Osório, especialista no mercado de trabalho fluminense.“Rio mostrou um desempenho pior que o resto do país e é claro que a principal influência é a crise da Petrobras, mas se deve ressaltar que a empresa já está em processo de recuperação. Estamos falando de que 17,35% as vagas perdidas no país foram aqui no Rio”, explica Osório. As áreas de construção e manutenção da indústria naval e a indústria extrativa mineral no Rio perderam no total 8.711 trabalhadores.
A previsão é que no ano que vem o fundo, cuja folha de pagamento ascenderá a 17,8 bilhões, também apresente déficit. Mesmo acreditando em uma recuperação das receitas, Oliveira está se apoiando no aluguel de imóveis e na captação de capital em operações no mercado financeiro para compensar as quedas causadas pelo petróleo. Calcula-se, no entanto, que a diferença entre a receita e as despesas vai ser de 4,7 bilhões que deverão obrigatoriamente, ser pagos, por lei, pelo combalido Tesouro do Estado. Os dados são do relatório da CPI da Petrobras da Assembleia Legislativa, que investigou durante sete meses os prejuízos causados pela “má gestão da petroleira” na economia fluminense. “Quando falta dinheiro é difícil escolher de onde cortar e o pessoal costuma ser sempre o último, mas há risco de que de que não se possa pagar o décimo terceiro”, afirma o presidente da Comissão de Tributação, Controle e Arrecadação Estadual, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB).

Petrobras em greve

A Petrobras enfrenta grave problema de caixa e reconheceu a falta de recursos para completar grandes projetos prometidos como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), um dos empreendimentos em que houve pagamento de propina e participação de um cartel de fornecedores, segundo os depoimentos dos delatores da Operação Lava Jato.
O balanço da Petrobras de 22 de abril de 2015, conforme citado no relatório da CPI da Petrobras no Rio, apontou que 6,2 bilhões de reais foram perdidos para a corrupção e que a empresa apresentou uma perda de 44 bilhões de seus ativos devido à má gestão.
Ao corte bilionário de investimentos e ao enfrentamento de suas dívidas com o dólar em alta, soma-se agora a greve dos seus funcionários em todas as unidades da estatal. Eles querem acabar com o plano de venda de ativos da estatal, que está se desfazendo de parte do seu patrimônio para fazer receita, e o fim das demissões.
Mobilizados desde a madrugada da segunda-feira (2), os trabalhadores estão reduzindo a produção diária de petróleo em entre 178.000 e 115.000 barris por dia. A companhia reconheceu perdas de entre 13% e 5,5% da produção durante a paralisação que já se estende por uma semana.

Campanha #PrimeiroAssedio expõe de tabu de violência sexual contra meninos Renata Mendonça - @renata_mendonca Da BBC Brasil em São Paulo

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Image captionAbuso sexual de meninos ainda é tabu; em 2014, 13 meninos foram abusados por dia no Brasil, segundo Disque Denúncia
Rafael* estava brincando no fliperama com um primo quando sentiu um homem estranho se aproximar demais. O menino ficou incomodado - o desconhecido estava com o pênis ereto e o esfregou nele. Rafael empurrou o primo para o lado e saiu – tinha 10 anos.
Marcelo* costumava ficar sob supervisão da vizinha quando a mãe não tinha com quem deixá-lo. Ele tinha 11 anos, mas ela insistia em lhe dar banhos que duravam mais do que o normal. O menino achava esquisito.
João Vitor* sempre brincava de "lutinha" com o pai. Depois de um tempo, porém, começou a perceber que a brincadeira tinha alguns toques por baixo do shorts que ele não gostava.
Depois de muito tempo sendo abusado e ameaçado pelo vizinho da família, Daniel* teve problemas de saúde e precisou recorrer à mãe. Ele foi para o hospital e, aos 12 anos, se descobriu com uma DST (doença sexualmente transmissível).
A BBC Brasil decidiu abordar o tema do assédio e violência sexual contra meninos após pedido de leitores em mídias sociais. "Vamos falar também das vítimas masculinas?", pediu um internauta no Facebook em discussões sobre a repercussão da campanha criada sob a hastag #primeiroassedio.
Em meio aos milhares de depoimentos de mulheres, em número bem menor, homens também revelaram episódios de assédio e violência sofridos no passado como os reunidos pela reportagem da BBC Brasil. Em outros casos, mulheres revelaram a violência sofrida por homens próximos. "Namorei um cara que tinha sido abusado sexualmente quando criança e vi o quanto isso tinha transformado ele", disse.
Proporção semelhante se encontra nos dados oficiais, que mostram um número bem inferior de vítimas masculinas. Mas essa é apenas uma das razões pelas quais o tema ganha menos espaço.

Cultura machista

Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, há uma tendência a se subestimar o problema da violência sexual contra meninos pelo fato de o tema ser visto como um grande tabu na sociedade.
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Image captionEspecialistas ressaltam a importância de campanhas para quebrar o tabu sobre o abuso sexual de meninos e meninas
"É algo que precisa realmente ser mais investigado. Nas pesquisas sobre o abuso sexual de meninos, eles notam que esses casos são mais subnotificados ainda do que o de meninas", disse à BBC Brasil Flávio Debique, gerente técnico de proteção infantil da ONG Plan International Brasil, que lida com direitos das crianças.
"Essa dificuldade de falar sobre esse tema tem a ver com nossa cultura machista e patriarcal de considerar que isso para os meninos significaria a 'perda' de sua condição de homem."
Um estudo feito na Universidade de Massachusetts revelou recentemente que um em cada seis homens sofreu algum tipo de abuso antes dos 16 anos nos Estados Unidos. No Brasil, há poucos dados sobre o assunto; mas o Disque Denúncia (o Disque 100, serviço nacional de denúncia de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes) registrou em 2014 uma média diária de 13 denúncias de abusos de meninos.
O número ainda representa menos de 30% dos casos com meninas, mas de acordo com especialistas, também é alarmante.
"O número de meninos abusados é bastante subnotificado, e isso se deve à nossa cultura. O caso de meninos assediados não vem à tona por conta do constrangimento em assumir que eles passaram por isso", disse à BBC Irene Pires Antonio, psicóloga judiciária da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Desde 2012, Irene atende meninos e meninas que passaram por experiências de abuso sexual. "Tanto os meninos quanto as meninas têm bastante dificuldade de falar sobre isso. Mas os meninos chegam aqui muito mais constrangidos, apreensivos. Vivemos em uma cultura que 'homem não chora' e 'sabe se defender sozinho'. Admitir uma fraqueza é difícil."

Denúncias

Em 2014, foram 22.450 denúncias feitas de abuso sexual de crianças e adolescentes – uma média de 61,5 por dia. Dessas, 17.630 fora abusos envolvendo meninas e 4.820 envolvendo meninos.
Fazer a denúncia já é, segundo especialistas, uma experiência traumática para crianças de ambos os sexos. Mas no caso dos meninos, o processo é ainda mais complexo. Enquanto meninas que sofrem crimes sexuais recorrem à Delegacia da Mulher (delegacia especializada para tratar casos de violência contra a mulher), os meninos precisam ir a delegacias comuns para relatar os casos de abuso.
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Image captionDos 71 casos de abuso infantil que chegaram ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo desde 2012, 73% eram de meninas e 27% eram de meninos; entre os abusadores, 97% eram pessoas conhecidas, 0,4% eram mulheres
"O mesmo delegado que está ali ouvindo o caso de roubo, de assassinato, é o que vai ouvir o caso de abuso do menino", explicou Irene.
Em algumas cidades, existem Ambulatórios de Atendimento para Violência Sexual Contra a Mulher, mas quando a vítima é um menino, não há local específico para que ele possa fazer esse atendimento.
"Não existe Ambulatório de Violência Sexual, existe um Ambulatório de Violência Sexual contra a Mulher. Lá, são apenas ginecologistas atendendo. São macas ginecológicas. O lugar não é preparado para receber meninos. Ele vai entrar em um ambiente exclusivamente feminino", disse Irene.
"É muito possível que os meninos tenham mais dificuldade pra enfrentar isso porque a própria sociedade não está pronta para receber os casos."
Alguns Estados implementaram um esquema para reduzir o constrangimento da criança ao denunciar uma situação de abuso ou violência sexual.
Antes disso, o procedimento padrão no tratamento de casos de abuso infantil previa que a criança ou adolescente tivesse de repetir várias vezes sua história, passando pelo delegado, IML (Instituto Médico Legal, onde se faz o exame de corpo de delito para detectar as provas do abuso), juiz, etc.
Mas o "Depoimento Especial" mudou isso, segundo Irene. "Antes, a criança tinha que falar sobre o abuso na frente do juiz, sozinha. Hoje, nesse método, ela precisa contar o que sofreu apenas 2 vezes e o depoimento é feito para a psicóloga, com o juiz assistindo fora da sala. O que melhorou bastante, porque antes era um constrangimento muito grande", diz ela.
"Nós fazemos um atendimento psicológico com essa criança e com a família dela, procuramos descobrir de onde veio o abuso, qual é a situação atual e tratar esse problema."

Preconceito

Na raiz da dificuldade de um menino para relatar casos em que sofreram assédio ou abuso está o temor do preconceito que pode surgir quanto a sua orientação sexual, segundo os especialistas.
"A 'pior' condenação que um menino pode ter na sociedade machista em que vivemos é ser gay", explica Flávio Debique. "Aqui o homem precisa ser macho. Então se ele for abusado por uma mulher e reclamar disso, será 'tachado' de gay, e se for abusado por um homem e denunciar, também pode ser considerado gay."
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Image captionCasos de abuso de meninos acontecem em times de futebol, por exemplo; segundo psicóloga, são ocorrências em que o menino acaba 'seduzido' quando se encontra em uma situação vulnerável
"Se a mulher aborda um homem, ainda que ele seja criança ou adolescente, espera-se que ele esteja pronto para isso."
Para Debique, a "cultura machista é a grande vilã" na maior parte dos casos de assédio ou abuso sexual de crianças, porque é ela que estabelece o "poder" do homem com relação à mulher e que determina que o homem não pode assumir a condição de vítima, ele precisa ser "durão".
A psicóloga do Tribunal de Justiça de São Paulo, no entanto, destaca um outro elemento na questão também cercado por um tabu: o papel muitas vezes ativo de mulheres como autoras da violência.
"Os cuidados maternos podem encobrir muita coisa, por exemplo. A mulher fica com o papel de dar banho, de levar ao banheiro. E às vezes o abuso acontece aí, seja pela mãe ou por uma conhecida que está tomando conta da criança", disse Irene, acrescentando, no entanto, que o número de casos é muito pequeno: 0,4% do total de casos que chegaram ao tribunal.
Segundo Debique, uma das soluções para a questão seria a de dar mais peso ao ensino de igualdade de gênero. "Tudo começa na forma como a gente assume o que é ser homem e o que é ser mulher, a desvantagem que as meninas têm, e as aparentes vantagens que os homens têm. As desigualdades de gênero afetam as pessoas de maneira diferente, mas todos saem perdendo."
Irene aponta também a importância de falar mais sobre o abuso sexual de meninos e meninas. Campanhas de prevenção e conscientização ajudam a chamar a atenção para o caso. "Toda vez que começa uma campanha ou que sai uma matéria sobre isso no jornal, aumenta muito o número de denúncias. Isso prova a importância de falar sobre o tema e acabar com o tabu", concluiu.
*Os nomes são fictícios.

Vendas de imóveis residenciais em São Paulo recuam 50% em setembro Queda é explicada em parte porque setembro de 2014 foi o 3º melhor mês. Em relação a agosto, número de lançamentos recuou quase 40%.

As vendas de moradias novas na cidade de São Paulo caíram 50,1% em setembro na comparação anual, enquanto os lançamentos recuaram 74,3%, segundo informou nesta terça-feira (10) o sindicato de habitação (Secovi-SP).
Inflação do aluguel (Foto:  REUTERS/Nacho Doce)Vendas e lançamentos de imóveis recuam em SP no mês de setembro (Foto: REUTERS/Nacho Doce)
Segundo a entidade, a queda é explicada em parte pelo fato de setembro de 2014 ter sido o terceiro melhor mês em termos de vendas e lançamentos no ano passado.
Em setembro, foram vendidas 1.392 unidades, chegando a 13.698 vendidas no acumulado dos nove meses do ano, um recuo de 4,7% sobre o mesmo período de 2014. Em 12 meses, as vendas caíram 5,4%.
O valor geral de vendas (VGV) de setembro foi de R$ 843,5 milhões, queda de 45,2% ano a ano.
"Desde então, a pesquisa vem apontando queda nas unidades ofertadas não vendidas", disse o sindicato.O estoque de imóveis na cidade de São Pauloem setembro era de 26.195 unidades (na planta, em construção e prontos), o menor volume no ano, segundo o Secovi. O maior nível de oferta em 2015 ocorreu em maio, com 28.118 unidades.
Os lançamentos foram de 1.057 unidades, com base nos dados da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp).
Frente a agosto, as vendas e lançamentos também caíram, mas em ritmo intensidade. A comercialização recuou 13,3%, enquanto os lançamentos caíram 39,9%.
Excluindo a capital, nos 38 municípios da região metropolitana, as vendas somaram 1.343 moradias novas, queda de 33,2% sobre igual mês do ano passado e alta de 55,4% diante de agosto.
Os lançamentos na região metropolitana saltaram 224,1% sobre agosto caíram e 9,6% na comparação com um ano antes, a 1.708 unidades.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Prefeito de Mariana (MG) cobra punição, mas é contra fechar mineradora

O prefeito de Mariana (MG), Duarte Júnior (PPS), defendeu nesta segunda-feira (9) que a empresa Samarco seja cobrada pelo rompimento de duas barragens, que destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues, mas rechaçou que a empresa seja fechada.
Se isso ocorrer, o prefeito disse que vai precisar "fechar" Mariana.
"Há a preocupação em indenizar quem perdeu tudo. Nós vamos trabalhar forte para que essas pessoas sejam indenizadas. Eu, como prefeito, não comungo com essa ideia porque a Samarco mineração gera mais de 400 empregos no meu município. Mais de 80% da nossa arrecadação advém da mineração. Se alguém começar a defender isso, estará me dizendo que vou ter de fechar Mariana", explicou.
Júnior afirmou que a empresa seja cobrada, mas que isso não impeça a continuidade da extração mineral.
O prefeito disse que uma reunião com a Samarco será feita para avaliar uma já prevista queda na arrecadação do município.
"Quero que sejam apresentados números reais da queda da arrecadação para que eu comece para me preparar para tomar medidas infelizmente impopulares", salientou.
O prefeito adiantou que provavelmente programas sociais serão afetados.
"Com essa nova realidade, eu vou ter que me adequar para que eu possa fazer frente a esse novo momento. Mas isso vai depender de um estudo aprofundado. Mas se o impacto for muito forte, a redução de funcionários será necessária e áreas de extrema importância do município serão afetadas', salientou.
Já em relação a medidas para tentar aliviar a situação precária dos desabrigados, ele adiantou que 172 alunos do ensino básico dos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu vão ser alocados em escolas de Mariana, a partir da semana, para que as aulas sejam reiniciadas.
Ele também adiantou que casas serão alugadas pela Samarco para famílias atualmente alojadas em hotéis da cidade. Em no máximo trinta dias, essa mudança deverá ser iniciada. Segundo ele, a empresa concordou com a demanda.

Fim de campanhas de arrecadação

O prefeito pediu para que as pessoas não iniciem novas campanhas de arrecadação de roupas, utensílios e de higiene pessoal para os desabrigados.
"O que nós temos pedido é que não comecem novas campanhas [de arrecadações de roupas e utensílios] tem chegado tem, sim, atendido muito a nossa demanda. Peço que não se inicie novas campanhas porque a gente tem a preocupação e a responsabilidade de distribuir tudo para quem precisa", afirmou.
O prefeito disse ainda ter baixado um decreto no qual o dinheiro doado seja administrado por representantes da igreja, da prefeitura e dos atingidos pelo rejeito de minério de ferro.
Duarte Júnior saiu do hospital hoje, após ficar internado por um dia com suspeita de infarto.
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Histórias da tragédia de Mariana (MG)11 fotos

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7.nov.2015 - Alexleila Agda Pinto Santos, 28, vítima do rompimento das barragens em Minas Gerais, afirma que todos estão revoltados com uma suposta ausência de apoio da empresa na hora do acidente. "Não deram um alarme para avisar a gente sobre a barragem. Se não fosse a comunidade, que é muito unida, a gente não tinha conseguido sair com vida" Rayder Bragon

Saiba porque a Nova Ordem Mundial quer o Irã a Qualquer Custo

Aguiasemrumo Semrumo

 
Os banksters de alto nível, ou seja, os Rothschilds, ofereceram 25 triliões de dólares para a Sociedade do Dragão Branco para que desapareçam. O representante da SDB solicitou 50 triliões e eles responderam sem hesitação, “absolutamente, tudo o que você quer.” O problema é que a SDB não pode aceitar dinheiro roubado ou dinheiro fraudulentamente criado. O sindicato do crime dos Rothschild e dos Bush apenas tentam comprar tempo pois eles estão a tentar iniciar a terceira guerra mundial. Israel teve luz verde por parte do chefe do guangue de Obama Rahm Emmanuel para atacar o Irã. O agente dos Bush/Rothschild, Ahmadinejad, também terá a luz verde para destruir praticamente Israel inteiro, de acordo com esta fonte de alto nível no Pentágono. Eles esperam que este desfecho trágico criará um falso cenário do fim dos tempos Gog/Magog. O povo israelita deve impedir essa loucura, logo que possível, removendo o ganster Benjamin Netanyahu do poder.

domingo, 8 de novembro de 2015

Inação sobre clima pode levar 100 milhões de pessoas para pobreza, diz Banco Mundial


A comunidade internacional deseja estabelecer como meta que a temperatura do planeta aumente no máximo 2 graus até 2050
O planeta terá 100 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza até 2030 se nada for feito para limitar o impacto do aquecimento global, de acordo com um relatório do Banco Mundial publicado neste domingo.

"Sem (...) o desenvolvimento rápido e inteligente para o clima, o aquecimento global pode levar mais de 100 milhões de pessoas para a pobreza em 2030", disse o documento publicado três semanas antes da Conferência de Paris para o Clima, COP21.
A advertência do Banco Mundial aumenta a pressão sobre os líderes mundiais que se reunirão em Paris a partir de 30 de novembro para a COP21, com o objetivo de concluir um acordo internacional que limite os gases que produzem o efeito estufa.
Também ocorre poucos dias após um relatório da ONU afirmando que os compromissos de redução das emissões de gases de efeito estufa são, por si só, insuficientes para conseguir limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius.
O Banco Mundial observa que o impacto seria particularmente forte na África, onde a mudança climática poder levar a um aumento dos preços dos alimentos até 12% em 2030.
Seria "um golpe para uma região onde o consumo alimentar das famílias mais pobres representa mais de 60% de seus gastos", afirmou a instituição.
Um efeito similar ocorreria no Sul da Ásia. Na Índia, a crise agrícola e a rápida propagação de doenças resultantes de perturbações climáticas podem levar 45 milhões de pessoas para abaixo do limiar de pobreza extrema (ou seja, com uma renda de menos de 1,90 dólar por dia).

CÚPULA DO CLIMA DE PARIS » A última chance do planeta Terra contra a mudança climática Paris se prepara para uma reunião da qual se espera pacto global contra o aquecimento

Poluição em Paris, na semana passada. / GETTY IMAGES
Não se trata de insetos e flores do campo. Falamos de secas, perdas de lavouras, fome e refugiados climáticos, cidades alagadas e empresas energéticas que debatem quando e como devem se transformar. A ciência deixou sem espaço os negacionistas da mudança climática. "Eu me enganei”, reconheceu semanas atrás o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, quando questionado sobre as dúvidas que manifestou no passado a respeito da importância do fenômeno. O aquecimento global esteve ausente da pauta legislativa do Governo espanhol durante toda esta legislatura.
Os principais líderes do planeta, deBarack Obama a Xi Jinping, passando pelo Papa e por Angela Merkel, há tempos alertam para a dimensão do problema. E há meses se preparam para a cúpula que começa no próximo dia 30 em Paris, na qual 195 países buscarão selar um acordo global contra a mudança climática.
Após 20 reuniões anuais desse tipo convocadas sob o guarda-chuva da ONU, há esperanças de que a cúpula da capital francesa finalmente leve a um acordo global que envolva todos os países. “É a última chance”, diz Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. Mas essa última chance só servirá para que este problema tenha um impacto “manejável” para a humanidade.
Porque a principal batalha já foi perdida. “Não vamos evitar a mudança climática”, alerta Figueres. A enorme quantidade de gases do efeito estufa – principalmente o dióxido de carbono (CO2) – que a humanidade já expeliu na atmosfera torna o aquecimento irreversível, conforme a ciência alertou e os 195 Governos acataram. Por isso, se trata agora de mitigar o problema e se adaptar.
E sobre mitigação e adaptação – com os respectivos financiamentos – será a discussão em Paris.
A fórmula escolhida para enfrentar a mitigação é a dos compromissos voluntários que os Estados apresentam antes da cúpula. Até agora, 156 já registraram suas contribuições para reduzir as emissões nacionais de gases de efeito estufa, geradas pela queima de combustíveis fósseis na indústria e transporte e pela atividade agrícola. “Todas as grandes economias e os grandes emissores já aderiram”, ressalta Miguel Arias Cañete, comissário (ministro) europeu de Ação Climática e Energia. Cerca de 90% das emissões globais estão atreladas a esses compromissos. Só a China, os EUA e a UE acumulam 50%. “Em Kyoto [o protocolo a ser substituído em Paris] havia 35 países e as metas só cobriam 11% das emissões globais", acrescenta Arias Cañete. China e EUA ficaram de fora daqueles compromissos de redução. “Este não é um Kyoto II. Agora é mais expansivo, e todos participam”, argumenta Valvanera Ulargui, diretora do Escritório Espanhol de Mudança Climática.
O alto nível de compromissos nacionais é a boa notícia. A má é que estes “são insuficientes”, reconhecem Figueres e o comissário europeu. Para que a mudança climática seja manejável – e que seus efeitos não sejam tão devastadores –, os cientistas fixaram um teto: que até o final deste século o aumento da temperatura não supere os dois graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais. A projeção dos compromissos nacionais apresentados faria com que até 2100 a temperatura subisse, segundo a ONU, cerca de três graus. De fato, as emissões continuarão crescendo até 2030, mas a um ritmo menor. Outras projeções falam inclusive de um incremento de até quatro graus.
Os compromissos nacionais fixam metas para 2025 e 2030. A ideia que a União Europeia defende, e que a China aceita, é que essas contribuições sejam revistas (supõe-se que para cima) a cada cinco anos. Dessa forma, seriam intensificados os esforços para cumprir a meta dos dois graus, o que implica um balanço neutro de emissões até o final deste século.
“Paris será o ponto de partida para uma revolução energética, para uma nova era energética”, sustenta Ulargui. “Mas a transição deve ser ordenada.”
Ganhadores e perdedores
“Será um processo de transformação com ganhadores e perdedores. Entre os perdedores estarão empresas e acionistas cujos investimentos estão baseados nos combustíveis fósseis. Mas abrem-se novas formas de negócios”, afirma Xavier Labandeira, catedrático de Economia da Universidade de Vigo (Espanha) e membro do IPCC, grupo de especialistas climáticos da ONU, cujo último relatório eliminava quase absolutamente as dúvidas sobre a vinculação entre o aquecimento e a ação humana.
Entre os perdedores nesse processo também haverá diferentes categorias. Um relatório do Instituto para os Recursos Sustentáveis do Reino Unido determinava que, para cumprir a meta dos dois graus, seria necessário manter sob a terra um terço das reservas mundiais já conhecidas de petróleo, a metade do gás e 80% do carvão. E essas reservas figuram nos balanços das grandes companhias energéticas. “Isso dificulta o acordo, porque há muitos interesses criados”, diz Labandeira. A Agência Internacional de Energia chegou a estimar em 300 bilhões de dólares (1,13 bilhão de reais) a desvalorização de ativos em petróleo, gás e carvão nas carteiras de empresas e investidores até 2050, contando apenas o setor energético. Labandeira, entretanto, ressalta as oportunidades que se abrem para as energias renováveis, “que estão reduzindo custos rapidamente”. A esperança que restaria para as empresas de combustíveis fósseis seria a captura e armazenamento de carbono, “mas essa tecnologia ainda está muito imatura”.
Nos rascunhos do acordo de Paris “não se fala de tecnologias concretas, nem sequer das renováveis”, observa Ulargui. Busca-se um texto suficientemente amplo para que possa ser assinado por todos. Um dos desafios está em que o acordo seja legalmente vinculante. Sanções, por outro lado, estão descartadas. A vinculação jurídica pode trazer problemas para Obama. “Os EUA têm uma situação comprometida, e o Senado poderia não ratificar um acordo muito concreto", adverte Arias Cañete. Assim aconteceu com o Protocolo de Kyoto. “Se os compromissos de redução de emissões forem vinculantes, como quer a UE, o Congresso e o Senado [dos EUA] poderiam impedir a ratificação”, acrescenta o comissário.
Esse pode ser um dos problemas em Paris. Mas a lista é ampla. Na adaptação, que depende de financiamentos para que os Estados mais afetados pela mudança climática possam se transformar, um dos pontos em discussão será a “diferenciação”. Existe o compromisso de chegar a 100 bilhões de dólares (377 bilhões de reais) anuais para um Fundo Verde a partir de 2020, com a contribuição de Estados, bancos e outras entidades privadas. Mas quais Estados devem contribuir? Teoricamente, só os chamados países desenvolvidos. Mas ficariam de fora dessa lista potências como a China. “A UE quer atualizar esse assunto, que não mudou desde os anos noventa. É preciso ver isso com espírito flexível, e que não só os países desenvolvidos financiem e façam esforços”, argumenta Arias Cañete. O outro bloco argumenta que as nações ricas do Ocidente desencadearam o problema com suas emissões nas décadas anteriores.
Sobre a mesa de negociação também estará a importância de um sistema de revisão transparente e homogêneo dos compromissos de redução das emissões, além da transferência de tecnologia reivindicada por países como a Índia, o que poderia acarretar conflitos com os direitos de propriedade intelectual, segundo o comissário europeu.
Arias Cañete acrescenta uma incerteza adicional: “Qualquer país pode bloquear o acordo”, alerta, ressalvando que isso “seria uma enorme irresponsabilidade”. “É o maior desafio da humanidade e teria um custo político tremendo.”
Se os acordos de Paris forem realmente efetivos, José Manuel Moreno, biólogo e também integrante do IPCC, acredita que “acarretarão mudanças fundamentais em nossos modos de vida”. A ideia é reconciliar “nosso uso do planeta Terra com suas capacidades”, conclui Moreno.