quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Liberar porte de drogas sem diferenciar traficante e usuário pode gerar injustiça, diz ativista Thiago Guimarães Da BBC Brasil em Londres

Image copyrightSTF
Image captionPlenário do STF em julgamento sobre porte de drogas para consumo pessoal, em 20 de agosto; sessão é retomada nesta quarta-feira
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira o julgamento sobre a posse de drogas para uso pessoal. Em pauta, o artigo 28 da Lei Antidrogas, de 2006, que define como crime adquirir, guardar ou portar drogas para si.
Embora a lei tenha abrandado as punições para a posse, quem é flagrado com drogas para consumo pessoal ainda está sujeito a penas alternativas, como prestação de serviços comunitários. E fica sujeito ao crivo de autoridades policiais e judiciárias, que acabam fixando a diferença entre usuário e traficante, pois a lei é omissa nesse sentido.
Em meio a especulações sobre a opinião dos ministros - o relator do caso, Gilmar Mendes, votou pela descriminalização antes de o julgamento ser suspenso -, um ativista pró-descriminalização dá uma opinião que foge do senso comum: mesmo uma liberação pode ter consequências negativas.
Para o jornalista e documentarista Tarso Araújo, os desdobramentos do julgamento dependerão, sobretudo, dos critérios de distinção entre usuário e traficante a serem estabelecidos pelo STF.
De passagem por Londres, o autor de Almanaque das Drogas (Editora Leya, 2012) e diretor do filme Ilegal (2014), sobre a luta de mães no Brasil pela legalização de remédios derivados da maconha, conversou com a BBC Brasil sobre os possíveis cenários após o julgamento no STF e aspectos da política de drogas no Brasil e no mundo.
BBC Brasil - Quais serão os impactos jurídicos e sociais de uma eventual decisão do STF pela descriminalização do porte de drogas para uso pessoal?
Tarso Araújo - Não acho que devamos esperar um súbito aumento do consumo, porque a experiência de outros países que já adotaram essa medida, como Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, República Tcheca, entre outros, mostra que não há um efeito significativo sobre o uso.
Podemos esperar mais usuários "saindo do armário", pois o estigma sobre o uso se reduz.
Juridicamente, pode haver um número alto de pedidos de revisões de casos, porque a maioria das pessoas presas nos últimos anos por crimes de drogas foram detidas com pequenas quantidades, mas enquadradas como traficantes.
Image copyrightMidia Ninja
Image captionAtivistas pró-legalização da maconha em marcha no Rio de Janeiro em maio de 2015; descriminalização do porte de drogas para uso pessoal é outra demanda do movimento
Essas consequências podem mudar dependendo de como a descriminalização for implementada. Descriminalizar por si só não quer dizer muita coisa. É preciso ver o que o STF usará como critério para distinguir usuário de traficante. (Não há, contudo, garantia de que o STF apontará, no julgamento, os critérios de distinção entre usuários e traficantes. Alguns ministros já afirmaram que haverá dificuldades para fixar parâmetros objetivos e defenderam que isso continue sendo analisado caso a caso por juízes).
Por exemplo: se será a quantidade (de drogas que porta quando flagrado), se estabelecerão penas, ainda que alternativas - podem inclusive manter punições vigentes hoje, o que continuará submetendo o usuário a uma espécie de prisão.
Outro ponto muito importante é o que irão definir sobre quem decidirá, afinal, a distinção entre usuário e traficante. Dependendo da combinação desses fatores, podemos ter resultados positivos e até negativos para a sociedade.
Um exemplo: em 2006, a lei de drogas brasileira mudou para tirar a prisão da relação de penas previstas para o usuário. A ideia era reduzir o número de pessoas que entravam no sistema carcerário, mas o que aconteceu foi: na dúvida, o policial trata os usuários como traficantes, e na dúvida, promotor e juiz acatam essa determinação. E houve uma escalada no número de presos por crimes de drogas no Brasil.
BBC Brasil - E qual será o cenário caso a descriminalização não passe?
Araújo - Iremos continuar sobrecarregando a polícia e o Judiciário com casos de drogas de pequena importância. E continuaremos a sobrecarregar o sistema penitenciário - hoje, por exemplo, mais de 60% das mulheres presas no Brasil são detidas por crimes de drogas, em geral pequenas quantidades que levavam para dentro da cadeia.
Se a lei não mudar ou se a mudança não for bem implementada, continuaremos tratando como criminosos pessoas que precisam, no máximo, em caso de dependência, de ajuda.
Vamos continuar cometendo um erro que até os EUA estão percebendo que precisa ser revertido, e eles são nossa grande referência em política de drogas.
BBC Brasil - O debate sobre a questão no STF está sendo uma boa oportunidade para o país discutir o assunto ou estamos vendo apenas cada grupo em sua trincheira defendendo sua posição, sem abertura para mudanças de opinião?
Araújo - O nível do debate foi muito superficial. O tempo foi curto, e na verdade só começou depois que a votação começou no STF. E o lado contra a descriminalização só começou a se manifestar de fato após o início da análise da questão.
E nessas últimas semanas o que vimos de argumentos do grupo contrário foi o mesmo de sempre: argumentos equivocados, baseados em informações falsas e superficiais, como a ideia de que o consumo irá aumentar com essa medida.
BBC Brasil - Você esteve recentemente no Colorado, Estado americano que regulamentou o comércio de maconha. Quais são os resultados dessa medida após um ano de vigência, não há uma explosão perigosa da indústria?
Araújo - O Colorado aumentou muito a arrecadação com taxas e impostos e economizou com a polícia, que passou a se dedicar a crimes de maior relevância. A indústria da maconha está crescendo, mas até agora tem sido positivo, pois tem gerado arrecadação e empregos. E há um controle de qualidade maior sobre o que os usuários estão usando.
O turismo da maconha aumentou, mas ainda é principalmente interestadual e pequeno, sobretudo porque no Colorado não há clubes, você não pode fumar na rua. O consumo aumentou pouco entre adultos e chegou a diminuir entre menores de idade. Mas um ano não é suficiente para avaliar o impacto de uma política como essa.
Image copyrightBBC World Service
Image captionLoja de comércio de maconha no Colorado, nos EUA; Estado foi a primeira jurisdição no mundo a regulamentar venda
BBC Brasil - Você esteve à frente de uma campanha informativa sobre maconha medicinal que acabou levando o governo a autorizar a importação do CBD (canabidiol, um composto da maconha) para uso médico. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) começou a liberar pedidos de importação, mas há pouco informou que só liberará para casos de epilepsia. Como avaliou a campanha em geral e esse novo posicionamento da Anvisa?
Araújo - Acho que a campanha foi um grande avanço. No início de 2014 o público em geral sequer sabia que a maconha poderia ser usada com fins terapêuticos, e hoje a população não apenas sabe como também está a favor da regulamentação desse uso.
Infelizmente as autoridades brasileiras não compreenderam a importância dessa regulamentação.
Parece que criaram um conjunto de regras para calar a boca das pessoas que demandavam tratamento, mais especificamente das mães de crianças que precisam de tratamento. Porque nenhuma das regulamentações, nem do CFM (Conselho Federal de Medicina) nem da Anvisa, atende a demanda da maioria dos pacientes que podem se beneficiar do uso terapêutico da maconha, que são aqueles que dependem de THC (princípio ativo da maconha) para dores crônicas, esclerose múltipla.
E não chegaram nem perto de entender que a própria erva pode ser usada com sucesso em muitos casos. Esse recuo da Anvisa só confirma essa impressão.
Image copyrightRodrigo Braga
Image captionImagem do documentário "Ilegal" (2014), de Tarso Araújo e Raphael Ericksen, que impulsionou a luta de famílias pela importação de compostos medicinais derivados da maconha
BBC Brasil - Fala-se muito na existência de uma "epidemia de crack" no Brasil. Você concorda com essa avaliação?
Araújo - O maior estudo sobre o consumo de crack feito no Brasil diz que temos cerca de 370 mil usuários nas capitais, o que corresponde a 0,8% da população dessas cidades. É claro que se trata de um problema. Mas o levantamento sobre padrões de consumo de álcool na população brasileira feito pela Secretaria Nacional de Drogas em 2007 mostrava que a dependência de álcool atinge 9% da população adulta brasileira.
Image copyrightDivulgacao
Image captionTarso Araújo: 'Falar em epidemia de crack cria pânico social e estigma sobre usuário'
São milhões e milhões de pessoas, e ninguém fala em epidemia de álcool. Ou seja, o consumo de álcool representa um problema de saúde pública muito importante, sobre o qual nem a mídia nem o governo dão importância. Falar em crack virou uma forma de vender jornais e de ganhar votos, mas cria um ambiente exagerado de pânico social que desvia nossa atenção do consumo problemático de álcool, que certamente é o nosso principal problema de drogas no país.
É uma contradição em termos de política pública. O fato de a venda de álcool ser lícita não diminui de modo algum o custo social dessa droga, que também produz muito dano aos usuários crônicos. Fala-se muito em cirrose, mas o álcool é um dos principais fatores de risco para doenças mentais, câncer e doenças cardiovasculares, sem falar nos acidentes e na violência que ele costuma provocar.
O termo epidemia também cria um estigma sobre os usuários, dando a ideia que devem ser isolados, quando na verdade são pessoas muito vulneráveis que precisam é de proximidade das pessoas e dos serviços de saúde.

Brasil tem IR menor que o da OCDE, mas carga tributária total maior Levy comparou Brasil com outros países dizer que governo estuda IR maior. Carga tributária alcançou 35,9% do PIB, ante média de 34,1% na OCDE.


Os brasileiros pagam menos imposto sobre  renda que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Enquanto aqui a alíquota máxima é de 27,5%, nos 30 países que fazem parte da organização – a maioria considerados desenvolvidos – a média é de 41,58%. Levantamento da consultoria KPMG mostra que o país cobra também menos que a média da América Latina (31,87%), União Europeia (33,78%) e América do Norte (34,3%).
Esses dados foram usados na quinta-feira (8) pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para sugerir que uma elevação na cobrança do Imposto de Renda brasileiro "pode ser um caminho" para ajudar a equilibrar o orçamento do governo.
PESO DOS IMPOSTOS
IR em % da renda; carga em % do PIB
27,541,5835,9534,1Brasil IROCDE IRBrasil carga tributáriaOCDE carga tributária01020304050
Fontes: Receita Federal e OCDE
Mas a carga tributária no país – a soma de todos os impostos pagos pelos cidadãos e empresas em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB) – segue há anos acima da média da OCDE e de diversos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Isso porque o  Brasil tem uma carga maior de impostos indiretos, ou seja, embutidos nos produtos ou serviços.
Segundo os dados da Receita Federal, de toda a riqueza produzida no Brasil, 35,95% foram pagos em impostos em 2013 (último dado divulgado), um novo recorde. No mesmo ano, a carga tributária média nos países da OCDE foi de 34,1% do PIB.
O percentual de impostos pagos pelos brasileiros sobre o total da economia supera o que é pago por países como Estados Unidos (25,4%), Reino Unido (32,9%), Japão (24,3%), Turquia (29,3%), Canadá (30,6%) e Chile (29,3%). A carga tributária do Brasil perde apenas para a de países altamente desenvolvidos e que oferecem serviços públicos de elevada qualidade como Suécia (42,8%), Finlândia (44%), Bélgica (44%), França (45%) e Dinamarca (48,6%). Veja comparativo entre países da OCDE
Reforma tributária
Especialistas em tributação ouvidos pelo G1 criticaram a proposta de um aumento do imposto de renda desatrelada de uma discussão sobre todo o sistema tributário brasileiro.
“Há alíquotas maiores de imposto de renda em outros países. Ocorre que lá fora a possibilidade de deduções é bem maior. Então, não dá para fazer uma comparação só em termos de alíquotas. Falar só em aumentar o imposto de renda sem haver uma reestruturação dele não irá trazer justiça tributária”, diz o advogado tributarista Gilberto Luiz do Amaral, presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
“Nos posicionamos contra qualquer tipo de aumento de tributo sem que haja uma revisão completa do sistema tributário brasileiro, uma vez que ao longo dos anos a carga tributária vem subindo e atingindo recordes”, acrescenta.
O tributarista diz ainda que não é possível comparar somente as cargas tributárias dos países sem analisar também a qualidade dos serviços públicos oferecidos. Há 5 anos, o Brasil aparece naúltima colocação do ranking feito pelo IBPT que mede o retorno oferecido à população em relação ao que o contribuinte paga em impostos nos 30 países com as maiores cargas de tributos.
Para José Roberto Rodrigues Afonso, pesquisador do do IBRE/FGV e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), uma mudança no IR só faria sentido dentro de uma reforma tributária mais ampla.
“Quem seriam os candidatos a suportar mais carga tributária: pessoas físicas ou jurídicas?”, questiona o economista. “Em tese, teria que mexer no imposto de renda das empresas e dos indivíduos de forma consistente e conjunta. Não é uma empreitada fácil e nem para curto prazo”, destaca.
Ele observa ainda que, se por um lado, as alíquotas de IR para pessoa física não estão entre as mais altas, no sentido inverso, as alíquotas para pessoa jurídica estão entre as mais altas do mundo.
“Ao contrário do resto do mundo, uma parcela crescente e já importante de trabalhadores no Brasil não é mais pessoa física, não tem emprego com carteira assinada”, afirma, citando os casos de microempresas e dos microempreendedores individuais. “Se aumentar a alíquota do IRPF vai empurrar os que ainda seguem como celetista para se transformarem em empresas individuais. Só vai sobrar na alíquota mais alta os servidores públicos e os funcionários de empresas estatais, pois só no setor público não se pode fazer essa migração”, alerta.
Empresários e agentes do mercado financeiro têm defendido uma maior redução dos gastos do governo no lugar da elevação da arrecadação como instrumento de controle das contas públicas.
“O ajuste fiscal tem que ser baseado na redução do gasto e redução do tamanho do estado, e não em aumento de imposto. A carga tributária do Brasil é maior do que a média da OCDE e a segunda maior da América Latina”, afirma Gesner Oliveira, sócio da consultoria GO Associados, que defende inclusive o lançamento de privatizações. “Não precisa ser nada selvagem. Vende alguns ativos, abate a dívida, reduz o gasto com juros e isso irá permitir melhorar o superávit”, sugere.

Os partidos políticos brasileiros entram na batalha pela audiência Programa policialesco, humor e selfies: a nova propaganda partidária quer a sua atenção Na TV, PT promete expulsar corruptos condenados e ouve panelaço

Apresentador simula programa policial na propaganda do PP. / PARTIDO PROGRESSISTA
O apresentador manda "parar o mundo" e anuncia, na TV, um refrigerador frostfree de 460 litros por "apenas 990 reais". Enquanto o vendedor tenta emplacar a oferta, a câmera foca um casal sentado no sofá, que celebra a possibilidade de comprar a geladeira, mas se questiona: onde ela está sendo vendida? "Em Miami", responde o apresentador, porque, segundo ele, no Brasil a promoção seria outra: "compre dois e leve um", já que, por conta dos elevados impostos, esse mesmo produto custaria 2.290 reais por aqui. Na sequência do comercial, surge a presidenta nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Cristiane Brasil. Ao perceber, enfim, que estava assistindo a uma propaganda político-partidária, você busca o controle remoto para mudar de canal, mas já é tarde: o partido conseguiu lhe passar a mensagem que queria.
ADVERTISEMENT
A propaganda do PTB é apenas um entre os vários exemplos de como os partidos políticos brasileiros têm batalhado pela atenção do eleitor numa época de disputa acirrada pela audiência. Enquanto os produtores de conteúdo brasileiros tentam enfrentar a concorrência de seriados e reality shows estrangeiros na TV a cabo e na internet, os marqueteiros se viram para convencer o telespectador a permanecer em frente à tela durante os 5 ou 10 minutos (a depender do tamanho da bancada no Congresso Nacional) que têm assegurados por lei a cada semestre.
Longe da clássica monotonia do político que faz promessas em frente a um fundo branco e muito próximas das megaproduções que marqueteiros como João Santana - que produziu as campanhas vitoriosas do PT - estabeleceram como parâmetro, essas legendas têm recheado seus programas com referências ao mundo virtual e convites para os jovens se engajarem em suas fileiras. O Partido Democrático Trabalhista, por exemplo, exibe a hashtag #PDT ao longo de todo o programa, em meio a chamadas para suas redes sociais e seu site. No programa, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, o líder do partido no Senado, Acir Gurcacz, e o líder na Câmara, André Figueiredo, aparecem com laptops e tablets nas mãos — Figueiredo simula, inclusive, deslizar com o dedo, em seu tablet, o símbolo do partido para fora da tela da TV. O programa termina com imagens de Leonel Brizola, entre outras figuras históricas do partido, expostas como se estivessem reproduzidas no Youtube.

Em busca de jovens

A internet e a busca por filiados jovens também é a aposta do pequeno Partido Republicado Progressista (PRP), que tem apenas três deputados federais e apoiou a candidatura de Marina Silva à presidência no ano passado. "Queríamos ter feito o programa todo no estilo selfie, mas os nossos deputados entenderam que o programa acabaria parecendo amadorístico", diz Lelé Arantes, secretário-geral da executiva nacional do PRP. Na propaganda, em meio aos vídeos feitos por seus eleitores, o partido exibe na tela, durante as dramatizações de jovens interessados em participar do debate político, as mensagens de texto trocadas entre os atores — um artifício narrativo utilizado em seriados norte-americanos comoHouse of Cards.
Na batalha por atenção, vale até deixar os políticos de fora da propaganda, como fez o Partido Social Democrata (PSD). Os melhores quadros da legenda criada por Gilberto Kassab, como os governadores do Amazonas, Omar Aziz, e de Santa Catarina, Raimundo Colombo, têm seus feitos apenas mencionados por um dos três apresentadores, enquanto a propaganda exibe imagens dos políticos atuando. Afinal, nem toda legenda tem um patrimônio midiático como o deputado federal Tiririca, que encerra o programa do Partido Republicano (PR) batendo uma colher de pau em um penico para defender a liberdade de manifestação e dizer que atualmente tudo é possível, "até palhaço falar sério” (a hashtag aqui é #vemdarua).
E que tal propor medidas para combater a violência ao longo de um programa policial? O Partido Progressista (PP) ainda estava no foco da Operação Lava Jato quando sua propaganda foi ao ar, em maio. Em meio ao pedido de investigação de boa parte de sua bancada no Congresso Nacional, o partido optou por debater temas ligados a drogas com a mediação de um apresentador no melhor estilo "põe na tela", celebrizado por Marcelo Rezende e José Luiz Datena — ironicamente, meses depois Datena se apresentaria como aspirante à prefeitura de São Paulo pelo partido. “Recebemos o desafio com os temas do partido, que estava em um furacão, numa confusão. Eles queriam falar de maioridade penal, drogas, violência. Se fosse de outra forma, as pessoas não iam assistir”, conta Juratan Jesuíno, produtor do programa do PP, que foi realizado pela S/A Propaganda.
Em meio a tantas tentativas diferentes de chamar atenção, a pergunta que se impõe é: está dando certo? Quando questionados, representantes dos partidos garantem que a aceitação das propagandas é muito boa, mas dizem que é difícil medir a efetividade, mesmo pelo fluxo de filiações. Os programas também não dão qualquer sinal de ter influenciado na audiência e a quantidade de visualizações no Youtube só parece significativa nos partidos protagonistas, como o PT, com quase 300.000 views no último programa, e o PSDB, com mais de 100.000. A medida que realmente conta, contudo, só será aferida em 2016 e em 2018, quando o país realizar suas próximas eleições municipais e majoritárias, respectivamente.

MP investiga destino de recursos de multas de trânsito em São Paulo Promotor vai questionar prefeito e secretário municipal de Transportes. SPTV mostrou falta de transparência sobre dinheiro aplicado das multas.

 Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu inquérito nesta quarta-feira (9) para investigar o destino das multas de trânsito aplicadas na cidade de São Paulo e quanto a Prefeitura arrecadou. A investigação começou a pedido do Promotor Marcelo Milani, da Promotoria de Patrimônio Público, segundo o SPTV.
O promotor irá solicitar explicações do prefeito Fernando Haddad e do Secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto. No dia 1º de setembro, o SPTV denunciou a falta de informações sobre como é gasto o dinheiro proveniente dessas autuações, após pedido de detalhamento feito à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Em nota, a Prefeitura informou que ainda não foi notificada e que "prestará todas informações que forem solicitadas".
Do total arrecadado das multas, 5% são destinados ao Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset). O restante é aplicado em melhorias no trânsito, fiscalização e programas de educação de trânsito, de acordo com determinação da Lei nº 14.488/05, que criou o Fundo Municipal de Desenvolvimento de Trânsito (FMDT).
A CET aplicou 6.098.229 multas no primeiro semestre deste ano aos motoristas infratores na cidade de São Paulo. Isso representa um aumento de 22% em relação ao primeiro semestre de 2014.
Segundo levantamento realizado pela produção do Bom Dia São Paulo, a Prefeitura teria arrecadado cerca de R$ 7,5 milhões apenas com as multas aplicadas com este radar, considerando que os motoristas foram penalizados com uma infração leve no valor de R$ 53,20. A velocidade máxima no local é de 60 km/h, e os radares flagram excesso de velocidade, rodízio e zona máxima de restrição a caminhões e fretados.O radar que mais aplicou multas neste período está localizado na Avenida dos Bandeirantes com a Washington Luís, na altura do viaduto João Julião da Costa Aguiar, no sentido Imigrantes, na Zona Sul de São Paulo.
O segundo radar que mais multou na capital paulista nos primeiros 6 meses do ano está na Marginal Pinheiros, na altura da ponte Cidade Universitária, no sentido Castello Branco, na Zona Oeste de São Paulo. Foram mais de 60 mil motoristas flagrados, e as multas somam R$ 3 milhões.
Veja reportagem do SPTV do dia 1º de setembro sobre as multas em São Paulo:
5%
Um levantamento da Secretaria Municipal de Transportes mostra que, em 2014, menos de 5% dos motoristas cometeram a metade das infrações. O carro campeão de infração da capital paulista acumula 1.528 multas.
Os dados mostram que os donos de 71% da frota – a cidade tinha menos de 8 milhões veículos no ano passado - não receberam nenhuma multa em 2014. Segundo a Prefeitura, apenas 4,9% dos veículos foram responsáveis por 51% das infrações. E 24% dos veículos licenciados na capital receberam 49% das multas no ano passado.
Neste ano, a concentração de infrações de trânsito deve se manter. Os números mostram que, até este mês de agosto, apenas 19% dos veículos foram multados. Ou seja, 81% dos motoristas não cometeram nenhuma infração.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

PIB da zona do euro é revisado para cima com crescimento maior na Itália Segundo a Eurostat, alta foi de 0,4% frente ao trimestre anterior. PIB italiano foi revisado de 0,2% para 0,3%; o grego, de 0,8% para 0,9%.

A economia da zona do euro cresceu mais que o estimado inicialmente, segundo dados divulgados nesta terça-feira (8), principalmente devido ao crescimento mais rápido na Itália e na Grécia.
Segundo a agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat, o Produto Interno Bruto (PIB) dos países que compartilham o euro cresceu 0,4% no período de abril a junho frente aos três meses anteriores. A primeira estimativa, divulgada no mês passado, apontava para uma alta de 0,3%.
PIB EUROPEU
Por países, frente ao trimestre anterior, em %
0,40,510,20,40,70,9100,70,30,51,20,70,51,10,10,10,90,40,10,70,80,210,7BélgicaBulgáriaRep. TchecaDinamarcaAlemanhaEstôniaGréciaEspanhaFrançaCroáciaItáliaChipreLetôniaLituâniaHungriaMaltaHolandaÁustriaPolôniaPortugalRomêniaEslovêniaEslováquiaFinlândiaSuéciaReino Unido00,511,5
Fonte: Eurosta
Considerando todos os 28 países que fazem parte da União Europeia, o crescimento também foi de 0,4% frente aos três meses anteriores. Na comparação com o mesmo trimestre de 2014, o crescimento do PIB da zona do euro ficou em 1,5% e o da União Europeia, em 1,8%.
Países
O PIB da Itália foi revisado de um crescimento de 0,2% para uma alta de 0,3%. Na Grécia, a taxa estimada de 0,8% no segundo trimestre foi revista para 0,9%.
Do primeiro para o segundo trimestre, a economia cresceu em todos os países membros da União Europeia – exceto a Françaque ficou estagnada. A maior expansão foi registrada na Letônia, de 1,2%, seguida porMalta (1,1%, República TchecaEspanha eSuécia (todos com 1%), Grécia e Polônia(ambos com 0,9%), Eslováquia (0,8%),EstôniaCroáciaLituâniaEslovênia e Reino Unido (todos com 0,7%).
Já as menores taxas de expansão foram registradas na HolandaÁustria e Romênia, que cresceram 0,1%. A Alemanha, maior economia do bloco, teve expansão de 0,4%.