terça-feira, 9 de junho de 2015

Greve na Argentina faz TAM e Gol cancelarem voos; veja lista Voos entre São Paulo e Buenos Aires serão cancelados nesta terça. Argentina faz greve nacional no setor de transporte por melhores salários.

Homem caminha em uma estrada vazia durante greve nacional de transporte em Buenos Aires, na Argentina. Sindicatos de transporte se juntaram durante uma greve geral por salários mais altos (Foto:  Victor R. Caivano/AP)Homem caminha em uma estrada vazia durante greve em Buenos Aires (Foto: Victor R. Caivano/AP)
Voos da TAM e da Gol de São Paulo para Buenos Aires, na Argentina, foram cancelados nesta terça-feira (9) por conta da greve de 24 horas de condutores de ônibus, trens, caminhões, aviões, barcos e metrô para exigir melhores salários no país vizinho.
A paralisação, apoiada por sindicatos da oposição na Argentina, teve início no primeiro minuto desta terça, a cinco meses das eleições gerais de 25 de outubro. A greve é a quinta desde que Cristina Kirchner assumiu a presidência, em 2007, e a segunda em dois meses para rechaçar o estabelecimento de tetos para os aumentos de salários acertados pelos sindicatos com as empresas.
Ao menos 15 voos das duas companhias brasileiras serão cancelados ao longo do dia. A maioria parte do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, e do Aeroparque, em Buenos Aires. Cinco voos da Aerolineas Argentinas e da Austral Lineas Aereas também foram cancelados.
"Os clientes devem entrar em contato com a Central de Atendimento por meio do telefone 4002-5700 (capitais) e 0300-570-5700 (demais localidades). Na Argentina, o telefone é 0810-333-3333. A TAM lamenta os eventuais transtornos causados aos passageiros e reafirma o seu compromisso com os mais altos padrões de segurança e qualidade de serviço", diz a nota.A TAM informou que "há possibilidade de remarcação da data da viagem para os próximos 15 dias sem qualquer custo, de acordo com a disponibilidade de assentos. Há também a possibilidade do passageiro realizar a mudança do destino, sem multas, sujeito às diferenças tarifárias correspondentes".
 A GOL orienta seus "passageiros dos voos que partem ou se destinam para o aeroporto de Aeroparque a entrarem em contato com o SAC 0800 704 0465, no Brasil, ou pelo telefone 0810 2663 131, na Argentina". "Os clientes impactados estão sendo contatados pela companhia para reacomodação em outros voos".
"A GOL reforça que não está medindo esforços para minimizar os impactos a seus clientes e aqueles que preferirem, poderão remarcar suas viagens sem taxas", diz nota.
Voos da TAM cancelados:
JJ8014
7h15
São Paulo/Guarulhos - Buenos Aires/Aeroparque
JJ8009
11h05
Buenos Aires/Aeroparque – São Paulo/Guarulhos
JJ8010
11h10
São Paulo/Guarulhos – Buenos Aires/Aeroparque
PZ723
15h25
Assunção – Buenos Aires/Ezeiza
PZ722
17h25
São Paulo/Guarulhos – Buenos Aires/Ezeiza
JJ8008
18h15
São Paulo/Guarulhos – Buenos Aires/Aeroparque
PZ723
19h
Buenos Aires/Ezeiza – São Paulo/Guarulhos
PZ722
21h30
Buenos Aires/Ezeiza – Assunção
JJ8015
22h10
Buenos Aires/Aeroparque – São Paulo/Guarulhos
Voos da Gol cancelados:
De Guarulhos (São Paulo) para Aeroparque (Buenos Aires):
G3 7680 | 8h15 – 10h50
G3 7682 | 12h20 – 15h00
G3 7684 | 18h25 – 21h15
De Aeroparque (Buenos Aires) para Guarulhos (São Paulo):
G3 7681 | 11h50 – 14h35
G3 7683 |15h50 – 18h20
G3 7685 | 22h40 – 01h35
Voo da Aerolineas Argentinas:
ARG 1249
Voos da Austral Lineas Aereas:
AUT 2241
AUT 2245
AUT 2275
AUT 2277

Ex-premier Enrico Letta renuncia a mandato na Câmara Ele vai dirigir escola de RI da Sciences Po, em Paris

Enrico Letta governou a Itália por menos de um ano (foto: ANSA)
Enrico Letta governou a Itália por menos de um ano (foto: ANSA) ROMAZLR
(ANSA) - O ex-primeiro-ministro da Itália Enrico Letta renunciou nesta quarta-feira (9) ao seu mandato na Câmara dos Deputados do país. Ele já havia anunciado sua decisão de sair do Congresso há algumas semanas, mas era previsto que isso ocorresse apenas em setembro.
    A partir do segundo semestre, Letta vai dirigir a Escola de Relações Internacionais do Instituto Sciences Po (Psia), em Paris. "Hoje [9] eu deixo o Parlamento, entreguei minha carta de demissão à presidente [da Câmara] Laura Boldrini. Porém eu renuncio ao Congresso, não à política", declarou o ex-premier em um programa da emissora italiana "La7".
    Segundo ele, essa não é uma "rendição", mas sim um necessário "passo de lado" porque a classe dirigente do país não está escutando a insatisfação dos cidadãos com as pessoas que vivem apenas da política e de recursos públicos. "Para mim é uma retomada, não ficarei quieto, continuarei dando minhas opiniões", acrescentou.
    Enrico Letta se tornou primeiro-ministro da Itália em abril de 2013, após o então secretário do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), Pier Luigi Bersani, renunciar à missão de formar um novo governo. Como ele era seu vice, acabou assumindo o encargo e conseguiu criar uma coalizão com conservador Povo da Liberdade (PDL, atual Forza Italia), liderado por Silvio Berlusconi.
    Seu mandato foi marcado por uma grande instabilidade política, principalmente devido às constantes desavenças com os sócios do PD no comando do país e às recorrentes ameaças da centro-direita de retirar o apoio ao seu gabinete.
    No entanto, a queda de Letta não seria provocada pela oposição, e sim por um aliado. Eleito secretário do Partido Democrático em dezembro de 2013, Matteo Renzi logo começou a pressionar o seu correligionário por reformas.
    Após muito negar que estivesse de olho na cadeira de premier, ele articulou para que o PD retirasse seu apoio a Letta, que decidiu então entregar o cargo. No dia 22 de fevereiro de 2014, Renzi se tornou primeiro-ministro da Itália.
    Nos meses seguintes, o ex-chefe de governo permaneceu em silêncio, mas recentemente passou a atacar o atual premier publicamente, e especula-se que ele pode deixar o PD e formar uma nova sigla ao lado de outros figurões da centro-esquerda italiana, como o próprio Bersani. (ANSA)
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Messi afirma que chega à Copa América em melhores condições que na Copa do Mundo


O jogador argentino Lionel Messi chega em La Serena, Chile, no dia 9 de junho de 2015
O astro Lionel Messi afirmou nesta terça-feira que chega à Copa América do Chile em melhores condições que na Copa do Mundo no Brasil-2014 e que espera conquistar o título continental com a Argentina, depois de participar de um primeiro treino com a seleção 'Alviceleste'.
"Acho que chego em melhores condições do que na Copa do Mundo passada", afirmou o craque argentino, em coletiva de imprensa em La Serena, cidade no norte do Chile, referindo-se à grande temporada realizada pelo Barcelona, com o qual conquistou o Campeonato Espanhol, a Copa do Rei e a Liga dos Campeões.
"Acredito que, individualmente, chegamos melhor. No Brasil, tínhamos jogadores que vinham de lesão e durante a Copa alguns jogadores se lesionaram", analisou Messi, lembrando dos companheiros de Angel di Maria, Serio Aguero e Gonzalo Higuaín.
"Espero que possamos ganhar a Copa que tanto buscamos e tanto nos foge. Adoraríamos poder conseguir esta Copa América, pelo que significa para nós, para este grupo. É uma geração que tem muita vontade de conseguir um título com a seleção", continuou.
Messi afirmou que um título no Chile não apagará as mágoas da final perdida para a Alemanha na Copa do Mundo: "São duas coisas diferentes. A ferida do Mundial vai sempre estar alí, pelo fato de termos chegado tão perto desse objetivo que é tão complicado", admitiu.
O quatro vezes melhor do mundo afirmou que a Argentina é favorita para ganhar o título no Chile, mas alertou para o fato de tratar-se de "uma das Copas mais parelhas dos últimos anos", elogiando a seleção anfitriã, a Colômbia, o Brasil, o Uruguai e o Paraguai.

EUA qualificam visita de Dilma de 'crucial'


A presidente brasileira, Dilma Rousseff, em Brasília, no dia 9 de junho de 2015
Prevista para 30 de junho, a visita da presidente Dilma Rousseff a Washington será o ponto mais alto de um ano "crucial" para as relações bilaterais, disse nesta terça-feira a subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson.
"Vejo esta visita (de Dilma) e a nossa relação em geral como algo muito positivo para os dois países", disse Jacobson.
"Vejo 2015 como um ano crucial, no qual nossa relação está em alta", completou.
Ao falar em um seminário no centro de estudos Wilson Center, Jacobson comentou que um dos passos mais importantes nesta melhoria do diálogo foi a superação da aguda crise diplomática deflagrada em 2013, após denúncias de espionagem global contra os Estados Unidos.
Um telefone de Dilma foi "grampeado" pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês), o que motivou o adiamento de uma visita de Estado da presidente programada para outubro de 2013.
Na visão de Dilma, a melhoria nas relações bilaterais ocorreu "por várias razões, em parte porque nos movemos além da crise" envolvendo a espionagem.
Para Jacobson, também existem "razões econômicas que promovem a retomada da agenda, porque uma cooperação prática é benéfica para ambos".
"Há um enorme número de coisas que podemos conseguir com o Brasil", completou.
O escândalo planetário gerado pelas revelações do ex-analista de Inteligência Edward Snowden literalmente abalou um esforço de vários anos para melhorar as relações bilaterais entre Washington e Brasília.
O presidente americano, Barack Obama, enviou seu vice, Joe Biden, ao Brasil para recuperar o nível do diálogo, em um esforço que será completado quando Dilma desembarcar em Washington no final do mês.
Dilma ficará na Blair House, residência oficial para hóspedes do governo americano, e participará em 29 de junho de um jantar com a família de Obama na Casa Branca. Em 30 de junho, Biden prestará homenagem a Dilma com um almoço no Departamento de Estado.
Dilma afirmou que a agenda de sua visita a Washington se concentrará na cooperação bilateral para ações contra a mudança climática, além de opções para o desenvolvimento de fontes renováveis de energia.

Referendo sobre permanência na UE avança na Grã-Bretanha


Cameron participa de uma entrevista coletiva na Alemanha
O projeto de lei para a realização de um referendo sobre a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia (UE) superou a primeira etapa no Parlamento britânico, nesta terça-feira.
Dos 597 deputados presentes, 544 aprovaram o texto, abrindo caminho para continuar o trâmite parlamentar. O projeto ainda deve enfrentar várias etapas na Câmara dos Comuns e na dos Lordes.
Sua adoção definitiva já é esperada, ao contar, ao mesmo tempo, com o apoio da maioria conservadora (os "tories") e da oposição trabalhista.
Uma emenda apresentada pelos nacionalistas escoceses do SNP para bloquear o texto foi rejeitada por uma esmagadora maioria - 338 votos contra 59 -, assim como a proposta de permitir a votação para jovens de 16 e 17 anos.
O texto foi apresentado pelo governo conservador de David Cameron, após sua triunfal reeleição para um segundo mandato, em 7 de maio passado. Uma das promessas de campanha de Cameron, o texto pretende perguntar aos britânicos se "o Reino Unido deve permanecer como membro da UE?".
Previsto para acontecer no mais tardar até o fim de 2017, o referendo já pode ser realizado a partir do próximo ano, em função dos resultados da negociação das condições de permanência do país no bloco, realizada pelo premiê. O próprio Cameron defende a permanência na UE.
"Esperamos poder negociar um novo acordo, que responderá às preocupações dos britânicos antes de propor o referendo prometido", declarou o ministro das Relações Exteriores, Philip Hammond, na abertura do debate.
"Precisamos de uma mudança fundamental na maneira como a União Europeia funciona", insistiu o chanceler.
Entre as demandas de Londres, está o endurecimento das condições de acesso aos benefícios sociais para os cidadãos da UE.

Mulher dá à luz após transplante de tecido ovariano congelado antes da puberdade


(Arquivo) Recepção de uma maternidade francesa
Uma mulher tornou-se a primeira no mundo a ter um bebê após o restabelecimento de sua fertilidade através do transplante de seu próprio tecido ovariano removido e congelado antes da puberdade - de acordo com uma equipe médica em Bruxelas.
O caso desta mulher de 27 anos de idade foi descrito na revista especializada Human Reproduction, da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE).
No mundo, há pelo menos 35 nascimentos após este tipo de auto-enxerto de tecidos, mas retirados de mulheres adultas, nenhum resultado de retiradas antes da puberdade, segundo os autores.
Também a capacidade do tecido ovariano imaturo para produzir ovócitos funcionais continuava carecendo de provas, ressalta a equipe médica liderada pela ginecologista Isabelle Demeestere (Fertility Clinic and Research Laboratory on Human Reproduction Erasme Hospital, da Universidade Livre de Bruxelas, Bélgica).
Nesta paciente, nascida na República do Congo, uma anemia falciforme foi diagnosticada quando ela tinha 5 anos de idade.
Após sua emigração para a Bélgica, aos onze anos, os médicos decidiram que sua doença era tão grave que ela tinha que ser tratada com um transplante de medula óssea, e o irmão seria o doador.
Para evitar a rejeição do transplante de medula óssea, o processo normalmente requer tratamento anterior consistindo de quimioterapia ou radioterapia, o que pode destruir de forma permanente a função dos ovários.
Portanto, antes de administrar a quimioterapia, quando ela tinha 13 anos e onze meses, os médicos belgas retiraram o ovário direito e congelaram fragmentos.
Ela ainda não menstruava, mas já apresentava desenvolvimento das mamas.
O transplante da medula óssea foi bem sucedido, embora ela tenha tido que continuar com imunossupressores durante os 18 meses que se seguiram por causa de uma reação ao órgão transplantado.
Como o ovário que lhe restou deixou de funcionar, uma terapia de reposição hormonal foi prescrita quando a mulher tinha 15 anos.
Dez anos depois, ela expressou o desejo de ter um filho. Para restaurar a fertilidade, os médicos descongelaram parte do tecido ovariano e re-implantaram quatro fragmentos no ovário esquerdo que restou e onze outros em outras partes de seu corpo.
Os tecidos enxertados puderam produzir ovócitos maduros. Mas a infertilidade de seu então parceiro fez com que o projeto de ter um bebê fosse adiado.
Mais de dois anos após seu transplante, ela ficou grávida naturalmente, com um novo parceiro, aos 27 anos e deu à luz um menino saudável (3.140 quilos) em novembro de 2014.

Imagens exclusivas mostram brutalidade e opressão da vida sob 'Estado Islâmico' Em Mosul, segunda cidade mais importante do Iraque, cotidiano mudou radicalmente após ocupação de militantes, que impõem controle rígido sobre os habitantes e punições severas para quem viola as regras.

Mesquita xiita em Mosul foi explodida pelo Estado Islâmico (Foto: Reprodução/BBC)Mesquita xiita em Mosul foi explodida pelo Estado Islâmico (Foto: Reprodução/BBC)
Imagens exclusivas obtidas pelas BBC em Mosul, a segunda cidade mais importante do Iraque, mostram como o grupo extremista autodenominado "Estado Islâmico" controla a vida cotidiana daqueles que vivem nos territórios conquistados pelos militantes. Assista ao vídeo.
A queda de Mosul marcou o início do veloz avanço dos militantes pelo norte do país, o que forçou milhares de pessoas a deixar suas casas em busca de refúgio do conflito.
Filmados secretamente, os vídeos obtidos pelo jornalista Ghadi Sary, da BBC, exibem uma mesquita xiita sendo explodida, escolas abandonadas e mulheres sendo forçadas a cobrir seus corpos.
Moradores relatam como é viver constantemente sob perseguição e com medo de serem punidos por desrespeitar a rígida interpretação a lei islâmica pelo "EI".
Estado Islâmico (Foto: BBC)
'Homens foram açoitados porque suas mulheres estavam sem luvas'
Feitos ao longo de vários meses, os vídeos dão mostras de como é o dia a dia sob o controle dos militantes, com destaque às exigências para que as mulheres não exibam seu corpo em público.
O código de vestimentas para elas é bastante rígido: cobrir-se de preto dos pés à cabeça. Em um dos vídeos, uma mulher é repreendida por ter deixado as mãos à mostra.
"Um dia, estava tão entediada que pedi a meu marido para me levar para passear, mesmo que tivesse que usar um khimar (um tipo de véu que encobre a cabeça, pescoço e ombros, mas deixa o rosto visível) completo", conta Hanna, mulher que mora na cidade.
"Não tinha saído de casa desde que o 'EI' tomou a cidade. Conforme me preparava, meu marido me disse que eu seria forçada a colocar um niqab (véu sobre a face). Fiquei chocada e pensei em ficar em casa, mas acabei cedendo."
"Fomos para um bom restaurante próximo ao rio que costumávamos frequentar quando éramos noivos. Assim que sentamos, meu marido me disse que eu poderia finalmente mostrar meu rosto, já que não havia militantes à vista e o restaurante era um local familiar. Fiquei feliz e ergui o véu com um grande sorriso no rosto. Instantaneamente, o dono do restaurante se aproximou, implorando que meu marido me pedisse para escondê-lo de novo, porque os integrantes do 'EI' faziam inspeções de surpresa e ele poderia ser açoitado se eles me vissem daquele jeito", relata.
"Já tínhamos ouvido histórias de homens que foram açoitados, porque suas mulheres estavam sem luvas. Os pais de outra mulher foram proibidos de dirigir. Aqueles que fizeram objeções foram espancados e humilhados. Acatamos o pedido do dono do restaurante. Mas comecei a pensar a que ponto a situação chegou."
Estado Islâmico (Foto: BBC)
'EI confiscou minha casa e marcou-a com um N (referente a cristãos)'
A filmagem secreta foi levada de casa em casa e para fora da cidade. Ela mostra como minorias étnicas e religiosas em Mosul tiveram seus bens confiscados pelo "Estado Islâmico". Muitas áreas residenciais antes habitadas por essas minorias hoje estão vazias.
Mariam, uma ginecologista cristã, foi uma das pessoas forçadas a deixar suas casas.
"Sou uma leitora voraz e tenho uma grande coleção de livros, que continuava a crescer conforme amigos e familiares me doavam seus livros ao deixar o Iraque por saberem que não iria embora e cuidaria deles. Fui ameaçada e assediada (por extremistas sunitas) antes da captura de Mosul, mas continuei a fazer partos de mulheres de todas as religiões e grupos étnicos. Nunca discriminei meus pacientes, porque acredito que todos merecem os mesmos cuidados", diz ela.
"No entanto, tive que fugir de Mosul quando a cidade foi tomada. Escapei com meu corpo ileso, mas minha alma permaneceu na cidade, em casa, com meus livros. Depois de me mudar para Irbill (região curda do Iraque), recebi notícias chocantes: o 'EI' havia confiscado minha casa e a marcado com a letra N (para nasrani, palavra usada pelos militantes para se referir a cristãos). Liguei imediatamente para amigos em Mosul e implorei para salvarem meus livros. Mas era tarde demais. Eles disseram que minha biblioteca havia sido jogada na rua. Um dos meus vizinhos conseguiu resgatar alguns livros preciosos, que agora estão escondidos."
Estado Islâmico (Foto: BBC)
'Em caso de adultério, o homem é jogado de um prédio'
Vídeos mostram mesquitas e templos sendo destruídos. Moradores relatam punições brutais para todos que violam a interpretação dos jihadistas da lei islâmica, que é imposta em todo o "califado" que os militantes disseram ter criado semanas após a tomada de Mosul.
Entre eles está Zaid: "Desde que o 'EI' tomou a cidade, o grupo vem aplicando as 'Leis do Califado', como eles as chamam. A punição mínima é o açoitamento, que é aplicada a casos como fumar um cigarro. Roubos são punidos com a amputação da mão".
"Em caso de adultério, se for homem, é jogado do alto de um prédio. Se for mulher, é apedrejada até a morte. Estas punições são realizadas em público para intimidar as pessoas, que são obrigadas a testemunhá-las", diz Zaid.
"Conheço muitas pessoas que foram presas pelo 'EI'. Algumas são meus parentes. Algumas foram mortas, porque trabalhavam nas forças de segurança. Outras foram libertadas. Elas contam histórias inimagináveis de atrocidades cometidas por militantes nas prisões. Muitas das que são libertadas preferem o silêncio. Não falam, porque morrem de medo de serem presas novamente."
Fouad foi uma das pessoas presas pelo "Estado Islâmico": "Eles vieram até minha família em busca de meu irmão. Quando não o encontraram, decidiram me levar para a prisão em seu lugar. Eles me torturaram. O cara que fez isso só parava quando ficava cansado. Ele estava o tempo todo muito nervoso e não dava ouvidos ao que os prisioneiros diziam. Ele me açoitou com um cabo de energia e me torturou psicologicamente".
"Quando meu irmão se entregou, eles descobriram que as acusações contra ele eram falsas, mas me mantiveram preso até considerarem que eu estava bem o suficiente para ir embora. Eles me bateram tão forte com aquele cabo que as marcas nas minhas costas ainda são visíveis."
Estado Islâmico (Foto: BBC)
'Até passatempos simples, como piqueniques, estão proibidos'
A vida dos moradores da cidade em nada lembra o passado. Os vídeos mostram que falta combustível, há muita poluição, a construção civil foi suspensa e muitas escolas fecharam.
Hisham diz que as mudanças são impressionantes: "Todos os militares e trabalhadores não têm mais renda, porque não há mais empregos. Os ricos vêm usando suas economias. Quem ainda ganha um salário tenta sobreviver. Mas os pobres foram deixados à mercê de Deus".
"Perdi meu emprego e fui forçado a abandonar os estudos", prossegue ele. "Assim como todos, tenho meus direitos básicos negados. De acordo com o 'EI', tudo é haram (proibido), então, fico em casa o tempo todo. Até mesmo passatempos simples, como piqueniques, estão proibidos, sob o pretexto de que são um desperdício de tempo e dinheiro."
"O 'EI' fica com um quarto do salário de qualquer um, como contribuição para a reconstrução da cidade. As pessoas não podem dizer não, porque seriam severamente punidas. O grupo controla tudo. O aluguel é pago a ele, e os hospitais são para uso exclusivo de seus membros. O grupo substituiu até mesmo os imãs das mesquistas com pessoas pró-'EI'. Muitos de nós paramos de ir à mesquita, porque quem comparece deve jurar lealdade, e odiamos isso."
"Enquanto isso, meu irmão foi punido com 20 chibatadas, porque ele não quis fechar sua loja durante o momento da oração - como se a religião pudesse ser imposta à força!"
Estado Islâmico (Foto: BBC)
'Vi meu irmão desenhando a bandeira do EI'
As filmagens mostram como os militantes têm usado formas cada vez mais sofisticadas para controlar os habitantes da cidade, como a implantação de "centros de mídia" para disseminar suas mensagens.
Mahmoud sentiu os efeitos dessa propaganda em sua casa: "Meu irmão de 12 anos permaneceu na escola mesmo após ela passar a ser controlada pelo 'EI'. Pensamos que, sem nenhuma outra alternativa, ele poderia ao menos continuar a ter algum tipo de educação e que isso seria melhor do que nada. Mas um dia cheguei em casa e encontrei meu irmão desenhando a bandeira do grupo e cantarolando uma das canções mais famosas. Fiquei doido e comecei a gritar com ele."
"Peguei o desenho e o rasguei em mil pedaços na frente dele. Ele se assustou e correu para nossa mãe chorando. Alertei que, se ele desenhasse a bandeira ou cantasse alguma música dessas pessoas, eu o colocaria de castigo, o proibiria de ver seus amigos e pararia de falar com ele. Tiramos ele imediatamente da escola, porque preferimos que ele não tenha qualquer educação a ser educado pelo 'Estado Islâmico'. Cheguei à conclusão de que o objetivo dessa organização é plantar sementes de violência, ódio e sectarismo na mente das crianças."
Estado Islâmico (Foto: BBC)
'Eles plantaram bombas e encheram a cidade com atiradores'
Nas imagens, os militantes são vistos transportando armamento pesado (em parte obtido depois que as forças iraquianas fugiram) e retaliando ataques com artilharia antiaérea.
Zaid explica que são precauções: "Eles sabem que o Exército tentará retomar Mosul. Eles destruíram a cidade cavando túneis, construindo barricadas, plantando minas e bombas e enchendo a cidade com atiradores. Apesar disso, se o governo conseguir retomar Nineveh e Mosul, ficarei muito feliz. Espero que as pessoas que se mudaram ou se refugiaram possam retornar, para que trabalhemos juntos para construir um Iraque unido e seguro. O 'EI' é inimigo da humanidade."
"Fico preocupado com a forma como o Exército retomará a cidade, no entanto. Acho que as violações cometidas em Tikrit pela Mobilização Popular (grupo pró-governo formado em sua maioria por milícias xiitas) acontecerão também aqui. O governo deveria armar a população local para que ela possa proteger a cidade por conta própria. Com a ajuda de Deus, derrotaremos o 'EI'.