sexta-feira, 5 de junho de 2015

Na Itália, Lula discute política com Renzi Encontro gerou críticas de deputada por caso Battisti

Na Itália, Lula discute política com Renzi (foto: EPA)
Na Itália, Lula discute política com Renzi (foto: EPA) ROMAZBF
(ANSA) – Em visita à Itália para discutir o tema da alimentação e o combate à fome, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta quinta-feira (4) com o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, em Roma. Os dois almoçaram no Palácio Chigi, sede do governo, e conversaram sobre a situação política e econômica na América do Sul e na Europa. Também participaram do encontro o prefeito de Turim e presidente a Anci, Piero Fassino, e o embaixador brasileiro na Itália, Ricardo Neiva Tavares.
    Este foi o segundo encontro entre Lula e Renzi. No ano passado, logo após o italiano assumir o governo, Lula teve uma reunião com ele na capital do país. O encontro, porém, gerou críticas da deputada Elvira Savino, do partido Forza Italia, ligado ao ex-premier Silvio Berlusconi. O parlamentar anunciou que pedirá explicações sobre o convite para almoço de Renzi a Lula, pois o brasileiro, em seu último dia de mandato, negou o pedido do governo italiano para a extradição do ex-ativista Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos cometidos na década de 70. “Lula, em seu governo, tomou a decisão vergonhosa de negar a extradição à Itália do terrorista Cesare Battisti. Agora Renzi o convida para almoçar, com despesas pagas possivelmente pelos cidadãos italianos. Apresentarei uma interrogação parlamentar para esclarecer o quanto custou aos contribuintes esse almoço”, disse a deputada. Amanhã, Lula irá discursar na sessão de encerramento do Fórum de Ministros da Agricultura da Expo Milão 2015, cujo tema é "Para além da Expo: A Agricultura para Alimentar o Planeta".
    Já no sábado (6), Lula participa da 39ª Conferência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), cujo presidente é o brasileiro José Graziano da Silva.
    Também consta na agenda do ex-presidente um encontro no domingo (7) com jovens no âmbito do evento "Rome 4 the Planet" ("Roma para o Planeta"), organizado pela Prefeitura da capital italiana. (ANSA)
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Congresso da Colômbia aprova o fim da reeleição presidencial A medida forma parte de uma reforma constitucional de equilíbrio de poderes

O presidente Juan Manuel Santos, durante um discurso. / GUILLERMO LEGARIA (AFP)
Depois de oito debates e com ampla maioria, a Câmara de Representantes da Colômbia aprovou nesta quarta-feira o fim da reeleição presidencial, da qual se beneficiaram o atual presidente,Juan Manuel Santos e seu antecessor, Álvaro Uribe. A iniciativa, que é parte da reforma constitucional de equilíbrio de poderes, vem sendo discutida desde setembro de 2014 e agora deve ser sancionada pelo presidente.

Essa foi uma das propostas que o atual presidente, Juan Manuel Santos, levou ao Parlamento colombiano após sua reeleição, por considerar que essa figura, implementada em 2004 para permitir um segundo mandato do então presidente Álvaro Uribe, rompeu com a tradição de pesos e contrapesos entre os diferentes setores do poder público. “Desmontar a figura da reeleição é a porta para o restabelecimento do equilíbrio de poderes em nosso país”, disse Santos quando apresentou a iniciativa depois de uma acirrada campanha eleitoral em que o candidato uribista, Óscar Iván Zuluaga, ganhou o primeiro turno.Por 90 votos a favor e 10 contra, fica estabelecido que “não poderá ser eleito presidente da República o cidadão que, por qualquer motivo, tiver exercido a presidência”. O texto da emenda adverte que a reeleição só poderá ser reabilitada por meio de uma constituinte ou um referendo de iniciativa popular.
A bancada uribista do Centro Democrático era contra a reforma por acreditar que, com sua aprovação, se evita uma nova candidatura do ex-presidente. No último debate, o representante desse partido, Edward Rodríguez, tentou introduzir uma proposição para permitir que Uribe se candidatasse em 2018, mas foi derrotado porque deveria tê-la apresentado desde o primeiro dos oito debates que devem ser celebrados antes de aprovar uma emenda constitucional. Com o fim da reeleição, o congressista disse que a reforma foi uma “revanche contra o ex-presidente Álvaro Uribe”.
Esta reforma entrará em vigor a partir das eleições de 2018
A reforma também prevê que não poderá concorrer à presidência quem tiver exercido o cargo de “vice-presidente, ministro, magistrado, procurador-geral, defensor do povo, controlador-geral, promotor-geral, registrador nacional, comandantes de força pública, governador ou prefeito” um ano antes das eleições presidenciais, o que obriga todos esses funcionários a renunciar para poder candidatar-se ao cargo.
O Congresso também aprovou que os candidatos à presidência e vice-presidência que obtiverem a segunda maior votação ganhem automaticamente um assento no Senado. A reforma entra em vigor a partir das eleições presidenciais de 2018. A emenda constitucional mantém o mandato dos governantes em quatro anos sem a possibilidade de voltar a concorrer, e retoma a velha tradição colombiana de alternância no poder.

Colômbia e FARC anunciam a criação de uma Comissão da Verdade

A equipe negociadora do Governo, em Havana
Os negociadores do Governo da Colômbia e da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) anunciaram nesta quinta-feira a criação de uma Comissão para o Esclarecimento da Verdade, a Convivência e a Não Repetição, que será independente, imparcial e de caráter extrajudicial. É um avanço nas negociações que se desenrolam em Havana há quase três anos, já que se trata do primeiro acordo em matéria de vítimas alcançado depois que esse ponto da agenda passou a ser abordado, há um ano.
A ideia da criação de uma Comissão da Verdade pairava nos últimos dias sobre a Colômbia. Uma das incertezas era saber o alcance que teria. Os negociadores, por intermédio dos fiadores do processo, os representantes de Cuba e da Noruega, asseguraram que ela teria caráter extrajudicial. “A Comissão não poderá transferir a autoridades judiciais informação que receber ou produzir para que seja utilizada com a finalidade de atribuir responsabilidades em processos judiciais ou para ter valor comprobatório, nem as autoridades judiciais poderão requerê-la”, diz o texto. Um dia antes, precisamente, a guerrilha das FARC havia afirmado, por meio de um comunicado, que não daria “um voto de confiança ao sistema judicial colombiano nem a simples promessas, sem garantias, de suas instituições corruptas”. “Não viemos a Havana para nos submeter”, disseram.
A Comissão funcionará durante três anos e será posta em marcha depois de firmado o acordo de paz. “O acordo obtido não pode ser considerado definitivamente fechado nem isolado do sistema que estamos comprometidos a construir e que ainda não foi concluído”, especifica o texto.
A futura comissão, que será financiada pelo Governo colombiano, terá 11 integrantes, eleitos em um período máximo de três meses por um comitê de nove pessoas. O Governo e as FARC escolherão seis delas. As outras três serão delegados de pessoas ou organizações que a mesa de Havana definir. O presidente da Comissão, que não poderá ter mais de três representantes estrangeiros, será colombiano.
Os negociadores de Havana estabeleceram que a Comissão precisa ter três objetivos fundamentais. Por um lado, “contribuir para o esclarecimento do ocorrido e oferecer uma explicação ampla da complexidade do conflito, de tal forma que se promova um entendimento compartilhado na sociedade, em especial dos aspectos menos conhecidos do conflito”. Além do mais, promove “o reconhecimento das vítimas como cidadãos que tiveram seus direitos violados” e a “convivência nos territórios”. “Assim serão assentadas as bases da não repetição, da reconciliação e da construção de uma paz estável e duradoura”, acrescenta o texto.
Ambas as partes quiseram deixar patente que o êxito da Comissão “dependerá do compromisso de todos os setores da sociedade com o processo de construção da verdade, e do reconhecimento de responsabilidades por parte de quem de modo direto e indireto participou do conflito”, no que se pode interpretar como uma clara mensagem aos setores mais críticos do processo de paz.
Ao concluir a declaração conjunta, o chefe negociador da guerrilha, Iván Márquez, leu um comunicado no qual as FARC reivindicaram a “abertura dos arquivos que revelem a existência de vitimizações sistêmicas”, ou seja, que o governo permita o acesso a documentos que tenham a ver com possíveis crimes de Estado. A guerrilha sustenta que querem lhe atribuir a responsabilidade exclusiva do conflito. “Querem transformar o processo de paz em um processo jurídico contra as FARC”, disse Márquez.
As vozes críticas ao acordo alcançado em Havana surgiram até antes do anúncio dos negociadores. O procurador-geral, Alejandro Ordóñez, afirmou que a comissão “não pode substituir a perseguição judicial dos crimes de guerra, genocídio, crimes de lesa humanidade e graves violações dos direitos humanos que não se enquadrem nessa conotação” — algo que, de acordo com o que foi anunciado, não ocorrerá.

Bolsas europeias fecham em queda, mas dados dos EUA limitam perdas

LONDRES (Reuters) - Bolsas na Europa terminaram a quinta-feira no vermelho, embora longe das míninas da sessão, diante da trégua na alta do euro e dos rendimentos de títulos soberanos, em meio a dados melhores do que o esperado sobre a economia norte-americana.
O índice FTSEurofirst 300, composto pelas principais ações europeias, caiu 0,86 por cento, a 1.557 pontos. Na mínima, recuou a 1.540 pontos.
A insistência do Banco Central Europeu na quarta-feira de que não há necessidade de ajuste na política monetária face à volatilidade minou mercados financeiros, com os yields dos papéis da dívida alemã chegando ao maior nível em oito meses.
As perdas nas bolsas diminuíram após números nos Estados Unidos mostrarem que os novos pedidos de auxílio-desemprego caíram um pouco mais do que o esperado na semana passada, apontando para uma resiliência do mercado de trabalho, o que fez o euro devolver boa parte de seus ganhos ante o dólar.
As negociações entre Grécia e seus credores seguiram no radar, com membros do partido do premiê Alexis Tsipras reagindo negativamente a termos da proposta da União Europeia e Fundo Monetário Internacional para um acordo de última hora, que inclui vendas de ativos e corte de pensões.
Uma autoridade do governo grego disse à Reuters nesta quinta-feira que Tsipras alertou a seus ministros que seu governo não pode aceitar "propostas radicais". Tsipras fará um pronunciamento ao parlamento na sexta-feira.
O índice FTSEurofirst 300 fechou em queda de 0,86 por cento, a 1.557 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 1,31 por cento, a 6.859 pontos.

Postura da UE e do FMI pode forçar a Grécia a eleições antecipadas, diz vice-ministro

ATENAS (Reuters) - O governo esquerdista da Grécia pode recorrer a eleições antecipadas se seus credores internacionais não aliviarem os termos de um acordo de dinheiro em troca de reformas, afirmou nesta sexta-feira o vice-ministro de Segurança Social, Dimitris Stratoulis, um linha-dura no governo.
Stratoulis é próximo da facção de extrema esquerda do partido governista Syriza, e não estava claro se sua declaração representa uma visão mais ampla dentro do movimento. Mas ele destaca a profunda irritação com as propostas dos credores e um crescente senso de que o partido irá buscar alternativas para evitar aceitar o plano.
"Os credores querem impor medidas duras. Se eles não desistirem desse pacote de chantagem, o governo... terá que buscar soluções alternativas, eleições", disse ele ao Antenna TV.
A Grécia adiou o pagamento de uma dívida de 300 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional que venceria nesta sexta-feira uma vez que o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, exigiu mudanças nos duros termos dos credores da UE e do FMI para conseguir ajuda e evitar o default.
É a primeira vez em cinco anos que a Grécia adia o pagamento de uma parcela de seu pacote de ajuda de 240 bilhões de euros.
(Reportagem de George Georgiopoulos)

Um dia proibido na China de Xi Jinping

paz celestialO dia de hoje é uma data proibida na China. Em 4 de junho de 1989, ocorreu o massacre da Praça da Paz Celestial, a repressão a tiros de milhares de estudantes que estavam concentrados na principal praça de Pequim em busca de reformas democráticas. A foto célebre do estudante desafiando os tanques (à esquerda) entrou para a história. Se você puser a data de 4 de junho em algum site da internet chinesa, será bloqueado e provavelmente investigado pelas autoridades. Para burlar os controles digitais, alguns chineses referem-se ao dia como 35 de maio.

Vinte e seis anos depois do massacre, a esperança de reformas democráticas está mais distante do que nunca. Em vez da abertura promovida nos países da Cortina de Ferro a partir da perestroika de Mikhail Gorbachev, a China tornou-se um regime ainda mais duro politicamente. Desde que o atual presidente Xi Jinping assumiu o poder, em 2013, a ditadura chinesa se revestiu de ainda mais autoritarismo. Xi tenta comparar sua visão econômica ao reformismo de Deng Xiaoping – que, com a adoção de princípios capitalistas, culminou por fazer da China a maior economia do mundo este ano, segundo algumas estimativas. Mas sua real inspiração política é Mao Zedong. Desde Mao, a China não vive um culto à personalidade semelhante. As consequências da liderança de Xi para o mundo ainda são nebulosas. Para a China, porém, elas já estão claras.
Presidente Dilma Rousseff recebe o presidente chinês, Xi Jinping, no Palácio do PlanaltoCom seu jeito afável e simples, Xi age como um político astuto. Pega bebês no colo, anda de microônibus em vez de limousine, ensaia chutes de futebol e segura o próprio guarda-chuva. Esse tipo de atitude, em tempos de Pepe Mujica e papa Francisco, faz dele um líder extremamente querido na população, conhecido pelo apelido Xi Dada (Tio Xi). Algumas pesquisas estimam sua popularidade em índices de dar inveja à presidente Dilma Rousseff de tempos bem anteriores a quando ela o recebeu no Palácio do Planalto no ano passado (foto). Mas não se engane. Xi é um filho da elite. Seu pai, Xi Zhongxun, era um dos revolucionários mais próximos de Mao e chegou a vice-primeiro-ministro. Foi banido durante o período da Revolução Cultural, partiu para uma espécie de exílio interno e só conseguiu fazer valer algumas de suas ideias pró-capitalistas quando Deng começou a implantar suas reformas. Mesmo assim, jamais voltou a ter um espaço maior no Partido Comunista. Seu filho teve de esconder sua origem na “aristocracia comunista” para galgar os degraus até chegar ao topo do partido. Seus antecessores, Wen Jiabao, Hu Jintao e Jiang Zemin, tinham todos origens mais modestas. Eram tempos em que aparecer demais pegava mal para um líder chinês. Todos tinham de ser discretos, em nome do bem coletivo. Com Xi, isso acabou.

Uma vez no poder, ele se cercou no Comitê Executivo Politburo de nomes de confiança, quase todos com seu perfil: um pedrigree vermelho vivo, que remonta aos tempos de Mao. São conhecidos pela alcunha de “príncipes comunistas” e se opõem à liderança anterior com um discurso de combate determinado aos corruptos que usavam seus privilégios no partido para levar vidas de nababos. Desde que assumiu, Xi perseguiu mais de 100 mil nomes no partido, sob diferentes acusações de corrupção. Os mais relevantes foram Bo Xilai – ex-chefe do partido na província de Chongqing, condenado à prisão perpétua por corrupção e abuso de poder – e Zhou Yongkang – ex-integrante da cúpula do Politburo e ex-responsável pela segurança interna, praticamente aposentado à força e depois investigado por corrupção. Com a neutralização dessas duas lideranças, Xi conseguiu abrir espaço para seu controle absoluto sobre o partido e o aparato repressor.

Em um longo perfil de Xi que publicou há algumas semanas na New Yorker, o jornalista Evan Osnos, ex-correspondente da revista em Pequim, revela que nos últimos meses ele endureceu o controle das autoridades sobre a internet e sobre as vozes dissidentes. O temor de estudiosos ouvidos por Osnos é que, em vez de uma abertura gradual, a China depois de Xi corre o risco de uma explosão incontrolável, uma outra revollução.

O maior desafio de Xi é a economia. Depois de mais de 30 anos como o país de maior crescimento no planeta, superior a 10%, a velocidade da China caiu, para em torno de 7%. Para manter o país atraente para o capital estrangeiro, Xi fez várias reformas no mercado financeiro e finalmente conseguiu fazer da Bolsa de Shenzhen um ator global de relevo. Com US$ 4,3 trilhões de reservas, a maior parte em títulos do governo americano, a China provavelmente continuará, nos próximos anos, a manter sua relação simbiótica com os Estados Unidos – os americanos compram produtos chineses; e os chineses se encarregam de financiar a dívida do governo americano.

Mas isso só funcionará se a economia chinesa continuar competitiva. E os sinais nesse campo são inequivocamente negativos. Embora seja o maior centro industrial do planeta, a China não consegue obter ganhos de produtividade com inovação. O clima de controle que vigora nas universidades e órgãos públicos não contribui para melhorar isso. A força de trabalho está envelhecendo, ficando mais educada e mais cara. Nunca houve tantas greves quanto em tempos recentes. Com as reformas financeiras, a elevada poupança chinesa começa a migrar para fora do país. Osnos cita um prêmio, concedido recentemente a pesquisadores em ciências sociais, em que sete dos dez projetos vencedores se dedicavam a analisar os discursos de Xi ou seu slogan: o “sonho chinês”. Ninguém na China parece ver contradição entre seu modelo de maior abertura econômica, maior integração com os mercados financeiros – e maior repressão política, maior censura da imprensa, maior controle da internet e maior culto à personalidade. É um modelo que, em seu todo, parece mais um pesadelo.

Primeiro transplante de crânio e couro cabeludo é feito no Texas Cirurgia feita em maio levou 15 horas e contou com mais de 12 médicos. Médicos consideram esse o 1º transplante do tipo com doador humano.

O paciente de transplante Jim Boysen sorri em coletiva de imprensa no Hospital Metodista de Houston nesta quinta-feira (4) (Foto: Mayra Beltran/Houston Chronicle/AP)O paciente de transplante Jim Boysen sorri em coletiva de imprensa no Hospital Metodista de Houston nesta quinta-feira (4) (Foto: Mayra Beltran/Houston Chronicle/AP)
Um desenvolvedor de software de 55 anos de Austin, cidade americana do estado do Texas, se tornou o primeiro paciente do mundo a receber um transplante de crânio e couro cabeludo. A cirurgia foi feita há duas semanas por equipes do Hospital Metodista de Houston e pelo Centro de Câncer MD Anderson, segundo informou a agência Associated Press.
No ano passado, médicos na Holanda já haviam substituído a maior parte do crânio de uma mulher por uma réplica feita de plástico, em uma impressão em 3D. Porém, a operação feita no Texas é considerada o primeiro transplante de crânio e couro cabeludo vindo de um doador humano, e não um implante artificial, ou uma peça elaborada artificialmente.
O paciente de transplante sorri lê em seu tablet na quarta-feira (3), ainda em recuperação da cirurgia (Foto: Pat Sullivan/AP)O paciente de transplante sorri e lê em seu tablet na quarta-feira (3), ainda em recuperação da cirurgia
(Foto: Pat Sullivan/AP)
Ferimento após câncer
Jim Boysen recebeu o transplante depois de sofrer um grande ferimento na cabeça, em decorrência de um tratamento de câncer. Ele também recebeu um rim e um pâncreas novos, e deve ter alta do hospital nesta quinta-feira (4).
Em entrevista à AP, Boysen afirmou que se surpreendeu com o fato de os médicos terem encontrado um doador com cor similar à sua pele e ao seu cabelo. "É meio chocante, na verdade, como eles acertaram. Eu vou ter muito mais cabelo do que quando eu tinha 21 anos", brincou ele durante a entrevista.
Boysen teve câncer anos depois de passar por um transplante de rim e pâncreas, em 1992, parte do tratamento de diabetes que ele sofria desde os cinco anos de idade. Como precisou tomar muitos medicamentos para prevenir a rejeição dos órgãos, o americano ficou mais susceptível a câncer, e, segundo a AP, acabou desenvolvendo um tipo raro da doença: o leiomyosarcoma.
A terapia de radiação para tratar o câncer acabou destruindo parte de sua cabeça, e as drogas de supressão imunológica impediram que seu corpo se recuperasse. Então, seus órgãos transplantados começaram a falhar, o que, nas palavras do paciente, configurou uma situação de "tormenta perfeita, que impedia o ferimento de se curar".
Como os médicos não poderiam submeter o paciente a outro transplante de rim e pâncreas enquanto a ferida estivesse aberta, Jesse Selber, cirurgião de plástica reconstrutiva do Centro MD Anderson, teve a ideia de dar ao desenvolvedor de softwares um novo crânio parcial, e couro cabeludo.
Cirurgia de 15 horas
O transplante levou 15 horas e contou com mais de uma dúzia de médicos e 40 outros profissionais de saúde. Além da inserção do novo crânio e do couro cabeludo, os médicos precisaram implantar pequenos vasos sanguíneos por toda a extensão do transplante, para não inviabilizá-lo.
A recuperação de Boysen, porém, aconteceu mais rapidamente do que o esperado pelos médicos. "Ele [médico] estava fazendo um teste todos os dias, e eu disse: 'Ai, eu senti isso'. Ele meio que pulou para trás", disse o paciente em entrevista coletiva no Hospital Metodista de Houston.
Após a alta, o desenvolvedor terá que permanecer em Houston durante mais duas ou três semanas para novos exames.
Jim Boysen descansa em seu quarto de hospital, em foto feita na quarta-feira (7) (Foto: Mayra Beltran/Houston Chronicle/AP)Jim Boysen descansa em seu quarto de hospital, em foto feita na quarta-feira (7) (Foto: Mayra Beltran/Houston Chronicle/AP)