Obama terá resto de mandato difícil com avanço republicano no Senado
Opção seria contornar a oposição governando com decretos.
Veja o que espera o presidente nos 2 anos que lhe restam no poder.
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Com sua popularidade no nível mais baixo e, agora, mais enfraquecido pela vitória de seus adversários no Senado, o presidente americanoBarack Obama deve encarar dois anos difíceis até o fim de seu mandato, seis anos depois de sua primeira eleição carregada de promessas que agora parecem muito distantes.
No momento em que todos já pensam nas eleições de 2016, que designará seu sucessor, Obama, que não esconde sua aversão pela disputa política em Washington, se encontra em uma posição bem desconfortável.
Como aponta a agência AFP, ele não é o primeiro presidente a ser forçado, após as eleições de meio de mandato, a lidar com um Congresso inteiramente nas mãos do partido adversário: Dwight Eisenhower, Ronald Reagan, Bill Clinton ou mesmo George W. Bush experimentaram o mesmo infortúnio em seus últimos anos no poder.
"Temos o dever de trabalhar juntos quando podemos concordar", declarou na terça-feira (4) à noite o republicano Mitch McConnell, próximo líder do Senado. Ele garantiu não estar interessado em se envolver em um 'conflito perpétuo' com os Democratas.
John Boehner, líder republicano da Câmara dos Deputados, pediu a Obama que inicie "os dois últimos anos de sua presidência, tomando decisões dos dois partidos", advertindo, em um comunicado agressivo, contra todo "contra-ataque" de sua parte.
Mas os pontos de concordância são limitados. "Vai ser quase impossível construir qualquer coisa entre a Casa Branca e o Congresso nos próximos dois anos", acredita o historiador Douglas Brinkley, da Universidade de Rice, no Texas.
Governo por decreto?
Ainda assim, este novo equilíbrio de poder não é necessariamente sinônimo de inação para Barack Obama, que poderia utilizar de forma muito mais ampla seu poder executivo deliberando por decreto.
Ainda assim, este novo equilíbrio de poder não é necessariamente sinônimo de inação para Barack Obama, que poderia utilizar de forma muito mais ampla seu poder executivo deliberando por decreto.
"Os presidentes são, tradicionalmente, mais tímidos no uso desse poder durante o seu primeiro mandato, até mesmo nos primeiros seis anos, porque sempre esperam chegar a um acordo com o Capitol Hill", explica. "De certa forma, ele estará livre".
Exemplo emblemático e sensível, a imigração poderia rapidamente esclarecer as tensões entre a Casa Branca e os eleitos da Câmara e do Senado.
Imigração
Obama anunciou que agiria até o final do ano, justificando que não poderia "sentar-se à espera do Congresso se mexer". Um decreto presidencial pode fornecer alívio para alguns dos 11 milhões de imigrantes ilegais, muitos deles há vários anos estabelecidos nos Estados Unidos.
Obama anunciou que agiria até o final do ano, justificando que não poderia "sentar-se à espera do Congresso se mexer". Um decreto presidencial pode fornecer alívio para alguns dos 11 milhões de imigrantes ilegais, muitos deles há vários anos estabelecidos nos Estados Unidos.
Seus partidários, impacientes após um primeiro relatório, e seus adversários, que consideram inaceitável contornar o Congresso sobre um assunto tão importante para a sociedade, esperam os próximos passos.
Sem se virar para o Congresso, os dois últimos anos de mandato também deverão permitir-lhe consolidar suas principais conquistas legislativas: Obamacare, a reforma do sistema de saúde que tem como objetivo proporcionar seguro de saúde a milhões de americanos desprovidos.
Ucrânia e Estado Islâmico
Quanto à política externa, duas grandes crises com um futuro incerto devem monopolizar as atenção até o final de mandato: as tensões no leste da Ucrânia alimentadas por rebeldes pró-russos; e o avanço do grupo jihadista Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Mas ainda pode esperar resultados concretos em três assuntos de envergadura antes de ceder sua poltrona na Sala Oval: um acordo sobre o programa nuclear iraniano (que deve ser alcançado até 24 de novembro), um acordo de livre comércio trans-Pacífico (TPP), que reunirá 12 países (excluindo a China) e um acordo global sobre as mudanças climáticas no final de 2015, em Paris.
Cada vez, porém, ele deverá navegar em linha estreita com o Congresso. E pode ser tentado, em parte, a contorná-lo, o que já provoca descontentamento entre os republicanos.
Desta forma, sobre o clima, enquanto um tratado deve ser ratificado por dois terços do Senado, uma hipótese impensável no contexto atual, uma abordagem jurídica diferente poderia permitir a administração de Obama evitar tal obstáculo.
Seja na política nacional ou internacional, Douglas Brinkley adverte para a tentação de fazer um balanço muito cedo, de uma forma ou de outra.
"Ele ainda tem dois anos completos para deixar sua marca. Ele ainda tem um quarto de sua presidência à frente".
Eleição
Confirmando as expectativas, o Partido Republicano manteve o controle da Câmara e conquistou a maioria das cadeiras do Senado nas eleições legislativas dos Estados Unidosdesta terça-feira.
Na disputa pelo Senado, os republicanos assumiram o controle da casa, com Mitch McConnell, vitorioso no Kentucky, surgindo como o nome forte do partido na Câmara Alta. "Está na hora de seguir em outra direção", disse McConnell, de 72 anos. "Mas temos a obrigação de trabalhar juntos nos temas onde possamos estar de acordo".
As redes de televisão também apontam a vitória da republicana Shelley Moore Capito na Virgínia Ocidental, sucedendo o democrata Jay Rockefeller; e no Arkansas, onde o republicano Tom Cotton derrotou o democrata Mark Pryor.
Cotton, um veterano das campanhas militares no Iraque e Afeganistão, conseguiu uma vitória no estado natal do ex-presidente Bill Clinton, aproximando os republicanos do objetivo de conquistar, ao menos, 51 cadeiras no Senado. Segundo a emissora "NBC News", entre os políticos que receberam um telefonema de Obama está justamente o vencedor em Arkansas.
No Colorado, o republicano Cory Gardner conquistou a cadeira para o Senado, derrotando o democrata Mark Udall, segundo as redes de TV, que também apontam vitórias republicanas em Montana, Dakota do Sul e Iowa.
No Colorado, o republicano Cory Gardner conquistou a cadeira para o Senado, derrotando o democrata Mark Udall, segundo as redes de TV, que também apontam vitórias republicanas em Montana, Dakota do Sul e Iowa.
A primeira cadeira a mudar de mãos foi na Virgínia Ocidental, onde a congressista Shelley Moore Capito venceu a democrata Natalie Tennant, que tentava conservar a cadeira que pertencia a seu correligionário Jay Rockefeller, que está se aposentando depois de representar seu estado por 30 anos.
A política republicana, de 60 anos, marcou outro feito histórico ao se transformar na primeira mulher a representar esse estado no Senado federal em mais de 50 anos.
“O povo americano depositou sua confiança no partido republicano. Isso representa uma rejeição das políticas fracassadas do presidente Obama e do Senado disfuncional de Harry Reid”, disse em comunicado o presidente do Comitê Nacional Republicano (RNC, sigla em inglês), Reince Priebus.
“O povo americano depositou sua confiança no partido republicano. Isso representa uma rejeição das políticas fracassadas do presidente Obama e do Senado disfuncional de Harry Reid”, disse em comunicado o presidente do Comitê Nacional Republicano (RNC, sigla em inglês), Reince Priebus.
Por sua vez, o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, reconheceu a vitória dos conservadores e parabenizou o senador Mitch McConnell, que a partir de janeiro ocupará seu posto.
Segundo projeções da "CBS News", os republicanos obtiveram 226 das 435 cadeiras da Câmara de Representantes, enquanto a NBC aponta 242 cadeiras para os opositores ao presidente Obama.
A Carolina do Norte foi o sexto estado, junto com Arkansas, Dakota do Sul, Montana, Virgínia Ocidental e Colorado, onde as cadeiras passaram dos democratas para os republicanos, o que deu aos conservadores o controle absoluto do Congresso durante os dois últimos anos de mandato de Obama.
De acordo com a "CNN", os republicanos venceram ainda em estados como a Georgia, Kentucky, Maine, Mississippi, Nebraska, Oklahoma, Carolina do Sul, Tennessee, Texas e Wyoming.
No total, cerca de 145 milhões de eleitores foram às urnas em 36 estados e renovaram a totalidade dos 435 membros da Câmara dos Representantes, os governos estaduais e um terço das 100 cadeiras do Senado, cujo controle era do Partido Democrata.