quinta-feira, 29 de março de 2012


Na primeira noite, eles se aproximam

 e colhem uma flor de nosso jardim.

 E não dizemos nada



Na segunda noite, já não se escondem,

 pisam as flores, matam nosso cão.

 E não dizemos nada.



Até que um dia, o mais frágil deles, entra

 sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,

 e, conhecendo o nosso medo,

 arranca-nos a voz da garganta.



E porque não dissemos nada,

 já não podemos dizer nada.



Maiakovsky

 (Poeta russo “suicidado” por ocasião da revolução de Lenin)



Algum tempo depois, escreve Bertold Brecht:

 Primeiro levaram os negros.

 Mas não me importei com isso.

 Eu não era negro.



Em seguida levaram alguns operários.

 Mas não me importei com isso.

 Eu também não era operário.



Depois prenderam os miseráveis.

 Mas não me importei com isso.

 Porque eu não sou miserável.



Depois agarraram os desempregados.

 Mas como tenho meu emprego,

 também não me importei com isso.



Agora estão me levando.

 Mas já é tarde.

 Como não me importei com ninguém,

 ninguém se importa comigo.



Em 1933, Martin Niemöller, símbolo da resistência aos nazistas, escreve:



Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.

 Como não sou judeu, não me incomodei.



No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista.

 Como não sou comunista, não me incomodei.



No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico.

 Como não sou católico, não me incomodei.



No quarto dia, vieram e me levaram;

 Já não havia mais ninguém para reclamar...



Em 2007, Cláudio Humberto escreveu:



Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima.

 Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles.

 Depois fecharam ruas, onde não moro.

 Fecharam então o portão da favela, que não habito.

 Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...





Evidentemente, todos escreveram a partir do texto de Maiakovski.

 Difícil é compreender como, todo este tempo passado, ainda somos tão submissos, tão facilmente imobilizados pelo poder dominante, que aos cidadãos deixa apenas os ossos ruídos pela corrupção e o medo da expressão.

Faz-se silêncio. A palavra há muito deixou de ser ouvida...



AJA AGORA em defesa dos DIREITOS de nossos ANIMAIS.

 De preferência, antes que "exportem" também nossos cães e gatos antes da Copa e das Olimpíadas, para "limpar, não as estradas", mas as nossas cidades.

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