- 21/05/2018
Mário Miranda, operador de propinas do MDB, confessou crimes e deixou à disposição da Justiça US$ 7,2 milhões em valores repatriados. Segundo ele, o montante é oriundo de práticas ilícitas em contratos da Petrobras.
O depoimento, sob sigilo, envolve contrato que, segundo a Odebrecht e os investigadores, beneficiou o MDB em 2010, em suposto acerto com políticos da cúpula do partido, dentro do escritório de Michel Temer em São Paulo. O termo foi assinado após a prisão de Miranda na 51.ª fase da Operação Lava Jato, que mira suspeita de propinas em benefício do partido.
O advogado Antonio Figueiredo Basto afirmou ao juiz federal Sérgio Moro que Miranda, “procurou a Polícia Federal e Ministério Público Federal ainda em 2016 e antes da colaboração da Odebrecht com a finalidade de iniciar uma colaboração.”
Em janeiro deste ano, o operador do MDB voltou a encaminhar, por meio de sua defesa, ofício à força-tarefa no qual diz estar à disposição para colaborar e para os trâmites relativos à devolução de valores decorrentes de crimes. No entanto, ele acabou preso na Lava Jato. Para os procuradores, há “contas secretas ainda mantidas no exterior e que não tiveram saldos sequestrados”, como a offshore Fairfamily Foundation, mantida por Miranda nas Bahamas.
Entre as contas de valores ilícitos repatriados e já postos à disposição das autoridades pelo operador estão uma mantida no banco suíço Julius Bar, com saldo atualizado em 2 de abril de 2017 no valor de US$ 1.834.682, e outra no Credit Suisse, com saldo atualizado em 17 de março de 2017 no valor de US$ 5.449.540.
De acordo com Miranda, o valor totaliza US$ 7.284.222, a ser atualizado. Ainda restaria conferir o “saldo na conta mantida nas Bahamas cujos demais dados desconhece”.
Miranda foi preso preventivamente na Operação Dejà Vu, 51.ª etapa da Lava Jato, no dia 8. Essa investigação mira contrato da área Internacional da Petrobras no valor de US$ 825 milhões que teria rendido propinas de US$ 40 milhões ao MDB, em suposto encontro entre delatores da Odebrecht, os ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha e Temer, então candidato a vice-presidente, em 2010.
Ele e outro operador, Sérgio Bocaletti, são suspeitos de receber US$ 31 milhões por meio de contas mantidas por operadores financeiros no exterior e supostamente representavam políticos do MDB.