sexta-feira, 23 de junho de 2017

Temer comete gafes na Noruega e confunde país com 'Suécia'




Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

Temer comete gafes na Noruega e confunde país com 'Suécia'
Brasil foi criticado por corrupção por primeiro ministro norueguesa


Essa criatura parece um colegial, discursar de improviso, sem respeitar o protocolo do Itamaraty! 

Fraga: “Se Brasília desejar, estarei pronto para governá-la. Não se chuta cachorro morto”





PGR quer incluir ex-ministros de governos do PT em inquérito da Lava Jato




Atualizado em quinta-feira, 22 de junho de 2017 - 20h21


Nomes da lista de Janot incluem Guido Mantega, Antonio Palocci, Edinho Silva, Carlos Lupi e o publicitário João Santana


Janot ainda solicitou que sejam interrogados nove pessoas no processo, incluindo Lula e Dilma / Antonio Cruz/ABr
Janot ainda solicitou que sejam interrogados nove pessoas no processo, incluindo Lula e Dilma

Antonio Cruz/ABr




O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que inclua 11 pessoas, entre elas ex-ministros de governos do PT, como investigadas em um inquérito que apura a compra de horário gratuito de TV para a campanha da chapa Dilma/Temer à Presidência, em 2014.

Entre as pessoas na lista de Janot estão os ex-ministros da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci; da Secretaria de Comunicação Edinho Silva; do Trabalho Carlos Lupi; e o publicitário responsável pela campanha de 2014, João Santana. Já é investigado no inquérito o atual ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Manoel Araújo.

O inquérito teve origem nos acordos de delação premiada de executivos e ex-funcionários da Odebrecht. Segundo os delatores, Edinho Silva, então tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à reeleição, solicitou R$ 7 milhões à empresa para comprar o apoio político dos partidos que compunham a coligação da chapa vencedora em 2014.

Além do PT, partido ao qual Dilma é filiada, a coligação que reelegeu a ex-presidente era composta também pelo PMDB, PDT, PC do B, PP, PR, PSD, PROS e PRB.

“Os valores supostamente pagos pela Odebrecht aos presidentes dos partidos mencionados foram debitados na Planilha Italiano, que era o instrumento pelo qual o grupo controlava a propina devida ao Partido dos Trabalhadores em razão das negociações espúrias”, disse Janot na petição.

O procurador-geral da República solicita ainda que sejam interrogados nove pessoas no processo, incluindo os ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Caberá ao relator da Operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, decidir se acata ou não a inclusão dos novos investigados no inquérito.





Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira


A solução é alterar o Art. 17 da CF (reforma partidária) para estabelecer que os dirigentes partidários respondam pelos crimes que o partido esteja envolvido (equiparados a crimes hediondos) e seja caçado o registro do Partido e todos os mandatos dos políticos eleitos concomitantemente.

Esses corruptos são genocidas, são eles que matam as pessoas que estão morrendo nas filas dos hospitais em todo Brasil. Verdadeiramente os maiores traidores da pátria e seu povo!


A Suprema Corte de nosso país tem bandido de toga “Michel Temer diz ter 2 Ministros no Supremo; Joesley Batista diz ter 2 Juízes e 1 procurador. Notícias de vendas de sentenças? ” contra a justiça e o povo de uma nação, imagine nos estados que compõem está nação, ou seja, os bandidos de toga estão em todas as instâncias e departamento da administração pública. Com suas raras exceções!

Organização criminosa

PGR cita depoimento de Joesley sobre pagamento de “mensalidade” de R$ 400 mil a Lúcio Funaro, operador de Eduardo Cunha, e afirmação do empresário de que Temer deu sinais claros de que seria importante manter financeiramente ambos  e as famílias.

Prevaricação

Joesley relatou em conversa com Temer o plano para interferir em uma investigação em Brasília. É ilegal  um servidor público tomar conhecimento de conduta irregular de outra pessoa  e não comunicar às autoridades

Corrupção

Procuradoria-Geral menciona, entre outros elementos, depoimento de Joesley, que afirma que Temer intercedeu pessoalmente a favor dele no BNDES. Cita ainda depoimento que afirma que Temer fazia parte do  “esquema do PMDB da Câmara”.

Obstrução de Justiça

Ao citar suspeitas sobre Aécio, a PGR vê indicativos de Temer também em articulações que buscam ‘impedir que as investigações da Lava Jato avancem’, por meio de controle de medidas legislativas ou controle de indicação de Delegados para inquéritos.

gângster "indivíduo inescrupuloso, disposto a tudo para atingir seus objetivos."

Premiê da Noruega cobra de Temer combate à corrupção e se diz preocupada com a Lava Jato







 Yahoo Notícias 2 horas 17 minutos atrás 



Hakon Mosvold Larsen/NTB scanpix via AP

A primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, pressionou o presidente Michel Temer sobre o combate à corrupção e demonstrou preocupação com a Operação Lava Jato durante a visita dele ao país. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
“Estamos muito preocupados com a Lava Jato. É importante ter limpeza e soluções boas”, declarou a premiê ao lado do presidente brasileiro.
Os maiores investimentos do país no Brasil são no setor petroleiro, justamente o foco inicial da Lava Jato. Duas empresas norueguesas apareceram nas investigações.
Depois da fala da primeira-ministra, Temer afirmou que as instituições no Brasil “funcionam com regularidade extraordinária. O Executivo, o Legislativo, o Judiciário, [funcionam] com uma liberdade extraordinária”.
Solberg também demonstrou preocupação com o aumento do desmatamento na Amazônia e confirmou cortes na doação que o país faz para combater esse problema.
A respeito dessa questão, o presidente disse que explicou o que o governo brasileiro tem feito para evitar o desmatamento.
Nem fora do país Temer escapou de protestos. Do lado de fora, um grupo carregava cartazes cobrando o presidente brasileiro.






Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira.


Tenho uma distinta sensibilidade para chorar em ocasiões comuns. Não o faço apenas pelos animais, mas por sentir que cabe ao filho crescido cuidar de sua mãe, Mãe Terra! Compreendendo nosso planeta como um ser vivo, que respira e tem direito a vida.



A PEC do recall e o flerte com o modelo parlamentarista






Política

Congresso




por Tory Oliveira — publicado 22/06/2017 15h41, última modificação 22/06/2017 17h22
Para cientista político da UFABC, revogação do mandato presidencial cria instabilidade e empodera falsamente a população


Uma proposta de revogação do mandato presidencial a partir de uma petição dos eleitores, a chamada "PEC do recall", avançou na terça 20 no Senado Federal com a aprovação unânime do relatório na Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Em seu bojo, a PEC 21/2015 pode, porém, trazer ainda mais instabilidade para o sistema político atual.  
A proposta de revogação do mandato do presidente dependerá de assinaturas de 10% dos eleitores que compareceram ao último pleito, distribuídas em pelo menos 14 estados e não menos de 5% em cada um deles.
De acordo com o texto, a proposta de revogação será apreciada pela Câmara e pelo Senado, sucessiva e separadamente, e, para ser aprovada, precisará do voto favorável da maioria absoluta dos membros de cada uma das Casas.
Garantida a aprovação, será então convocado referendo popular para ratificar ou rejeitar a medida. No caso no caso de ser aprovada a revogação, o vice-presidente da República sucederá o presidente. Além disso, um dos "jabutis" inseridos na proposta não estende a possibilidade de revogar o mandato de governadores ou prefeitos. 



A aprovação repercutiu na Câmara dos Deputados. Segundo informações do G1, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a proposta de recall não avançará entre os deputados.
Maia justificou-se mencionando que a proposta criaria "fragilidade" e um cenário de "instabilidade" para os presidentes. A sugestão do presidente da Câmara é que, em vez do recall, discuta-se diretamente o parlamentarismo para o Brasil.
Diante da possibilidade de recall e de outras propostas que orbitam as discussões sobre reforma política no Congresso, o cientista social Vitor Marchetti acredita que, no fundo, está se desenhando exatamente um modelo parlamentarista, diante do enfraquecimento da estabilidade do presidente. 
"Se vamos ficar produzindo esse nível de instabilidade para o presidencialismo, para que ele se pareça cada vez mais com o parlamentarismo - com chefe do Executivo sem mandato, podendo ser revogado a depender da conjuntura - seria melhor discutir a sério tal possibilidade e não a criação de mecanismos para enfraquecer o presidente no presidencialismo", analisa o professor de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC). 
Para Marchetti, o mecanismo, da forma como está descrito na proposta, também tem potencial de agravar o clima de instabilidade política, uma vez que não há no texto uma definição clara dos motivos que poderiam levar à petição pela saída do presidente eleito.
“Já consigo antever que todo presidente eleito será vitimado pelo pedido de recall. Como o processo pede só 10% dos eleitores em 14 estados, os derrotados na eleição poderão facilmente se mobilizar para criar esse factoide”, afirma. 
O processo de recall, como descrito na PEC, reveste-se como um instrumento para aumentar o controle popular sobre os governantes. Na prática, porém, pode-se cair em um democratismo vazio, com a população a todo tempo opinando sobre autoridades eleitas, mas sem oferecer condições para dar sequência à agenda governamental.
"A PEC do recall falsamente empodera a sociedade civil, já que, na realidade, quem vai propor um recall nesses termos certamente serão os partidos derrotados nas eleições e organizações sociais. Não é um mecanismo para ouvir a vontade popular", diz.
Marchetti lembra, ainda, que uma das propostas de reforma política em debate extinguiria o cargo de vice-presidente. "Como essas coisas se combinariam? As discussões estão desarticuladas. A todo momento, o sistema político pensa em fórmulas mágicas para salvar a democracia brasileira. Todos querem ser o pai da grande solução, ainda que a solução não tenha qualquer efetividade", lamenta.  

FREIRE CRITICA ACORDO DE PARTIDOS PARA APROVAR NOVO FUNDO ELEITORAL




DESMANTELO E CORRUPÇÃO


FREIRE ACUSA GRANDES PARTIDOS PELO "DESMANTELO E CORRUPÇÃO"
Publicado: 22 de junho de 2017 às 20:59 - Atualizado às 00:30



FREIRE ACUSA GRANDES PARTIDOS DE SEREM RESPONSÁVEIS PELO "DESMANTELO E CORRUPÇÃO"



Em nota divulgada nesta quinta-feira, 22, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), criticou o acordo de presidentes de sete partidos para tentar aprovar, a toque de caixa, a criação de um fundo de R$3,5 bilhões para bancar a campanha eleitoral de 2018.
"O PPS não foi chamado e se tivesse participado teria se posicionado contra essa reforma. Elas (propostas) não ajudam no encaminhamento de soluções para a crise da representatividade política. Ao contrário, todas essas propostas visam a sobrevivência e a garantia da atual estrutura dos grandes partidos", afirmou o parlamentar.
Dirigentes do PMDB, PSDB, DEM, PSB, PP, PR e PSD fecharam um acordo para acelerar a votação e aprovar até setembro o fundo que financiará as campanhas eleitorais a partir de 2018. Com uma estimativa inicial de R$ 3,5 bilhões, o fundo terá como parâmetro 50% dos gastos das campanhas de 2014 para presidente da República, governador, senador e deputados.
Na nota, Freire acusa os grandes partidos de serem os responsáveis pelo "desmantelo e corrupção" no País nos últimos anos. "Basta ver que a cláusula de desempenho, a manutenção da estrutura do fundo partidário e do tempo de televisão beneficiam apenas esses partidos. Como se os responsáveis fossem os pequenos partidos, quando grande parte deles são meros coadjuvantes e profundamente irrelevantes nesse processo de corrupção que o Brasil vem enfrentando e combatendo", afirmou.
Fora do acordo
A nova proposta, que já está sendo elaborada pelo presidente do PMDB e líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), deverá ser apresentada na próxima semana e votada em caráter de urgência na Casa.
O entendimento dos dirigentes partidários é de que o Senado teria mais facilidade para costurar um acordo pela aprovação do texto. A Câmara, que já tem em andamento duas comissões que tratam de temas correlatos da Reforma Política, analisaria o texto em seguida.
O relator da comissão na Câmara que discute sistema eleitoral e financiamento de campanhas, o petista Vicente Cândido (SP), disse que ficou de fora do acordo por discordar das mudanças articuladas por Romero Jucá. Cândido contou que não foi procurado por integrantes do governo para discutir as propostas em curso no Senado já que seu relatório propõe regras de distribuição do fundo eleitoral baseadas nos cargos em disputa e não no tamanho das bancadas ou legendas partidárias.

Jessé Souza: “A classe média é feita de imbecil pela elite”




por Sergio Lirio — publicado 23/06/2017 00h30, última modificação 22/06/2017 20h03
Os extratos médios, diz o sociólogo, defendem de forma acrítica os interesses dos donos do poder e perpetuam uma sociedade cruel forjada na escravidão


Impeachment
Inocentes úteis? Ou só úteis?

Em agosto, o sociólogo Jessé Souza lança novo livro, A Miséria da Elite – da Escravidão à Lava Jato. De certa forma, a obra compõe uma trilogia, ao lado de A Tolice da Inteligência Brasileira, de 2015, e de A Ralé Brasileira, de 2009, um esforço de repensar a formação do País.
Neste novo estudo, o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada aprofunda sua crítica à tese do patrimonialismo como origem de nossas mazelas e localiza na escravidão os genes de uma sociedade “sem culpa e remorso, que humilha e mata os pobres”. A mídia, a Justiça e a intelectualidade, de maneira quase unânime, afirma Souza na entrevista a seguir, estão a serviço dos donos do poder e se irmanam no objetivo de manter o povo em um estado permanente de letargia. A classe média, acrescenta, não percebe como é usada. “É feita de imbecil” pela elite.
CartaCapital: impeachment de Dilma Rousseff, afirma o senhor, foi mais uma prova do pacto antipopular histórico que vigora no Brasil. Pode explicar?Jessé Souza: A construção desse pacto se dá logo a partir da libertação dos escravos, em 1888. A uma ínfima elite econômica se une uma classe, que podemos chamar de média, detentora do conhecimento tido como legítimo e prestigioso. Ela também compõe a casta de privilegiados. São juízes, jornalistas, professores universitários. O capital econômico e o cultural serão as forças de reprodução do sistema no Brasil.
Em outra ponta, temos uma classe trabalhadora precarizada, próxima dos herdeiros da escravidão, secularmente abandonados. Eles se reproduzem aos trancos e barrancos, formam uma espécie de família desestruturada, sem acesso à educação formal. É majoritariamente negra, mas não só. Aos negros libertos juntaram-se, mais tarde, os migrantes nordestinos. Essa classe desprotegida herda o ódio e o desprezo antes destinados aos escravos. E pode ser identificada pela carência de acesso a serviços e direitos. Sua função na sociedade é vender a energia muscular, como animais. É ao mesmo tempo explorada e odiada.
CC: A sociedade brasileira foi forjada à sombra da escravidão, é isso?JS: Exatamente. Muito se fala sobre a escravidão e pouco se reflete a respeito. A escravidão é tratada como um “nome” e não como um “conceito científico” que cria relações sociais muito específicas. Atribuiu-se muitas de nossas características à dita herança portuguesa, mas não havia escravidão em Portugal. Somos, nós brasileiros, filhos de um ambiente escravocrata, que cria um tipo de família específico, uma Justiça específica, uma economia específica. Aqui valia tomar a terra dos outros à força, para acumular capital, como acontece até hoje, e humilhar e condenar os mais frágeis ao abandono e à humilhação cotidiana.
CC: Um modelo que se perpetua, anota o senhor no novo livro.
JS: Sim. Como essa herança nunca foi refletida e criticada, continua sob outras máscaras. O ódio aos pobres é tão intenso que qualquer melhora na miséria gera reação violenta, apoiada pela mídia. E o tipo de rapina econômica de curto prazo que também reflete o mesmo padrão do escravismo. 
CC: Como isso influencia a interpretação do Brasil?JS: A recusa em confrontar o passado escravista gera uma incompreensão sobre o Brasil moderno. Incluo no problema de interpretação da realidade a tese do patrimonialismo, que tanto a direita quanto a esquerda, colonizada intelectualmente pela direita, adoram. O conceito de patrimonialismo serve para encobrir os interesses organizados no chamado mercado. Estigmatiza a política e o Estado, os “corruptos”, e estimula em contraponto a ideia de que o mercado é um poço de virtudes.
"O ódio aos pobres é intenso"
CC: O moralismo seletivo de certos setores não exprime mais um ódio de classe do que a aversão à corrupção?JS: Sim. Uma parte privilegiada da sociedade passou a se sentir ameaçada pela pequena ascensão econômica desses grupos historicamente abandonados. Esse sentimento se expressava na irritação com a presença de pobres em shopping centers e nos aeroportos, que, segundo essa elite, tinham se tornado rodoviárias.
A irritação aumentou quando os pobres passaram a frequentar as universidades. Por quê? A partir desse momento, investiu-se contra uma das bases do poder de uma das alas que compõem o pacto antipopular, o acesso privilegiado, quase exclusivo, ao conhecimento formal considerado legítimo. Esse incômodo, até pouco tempo atrás, só podia ser compartilhado em uma roda de amigos. Não era de bom tom criticar a melhora de vida dos mais pobres.
CC: Como o moralismo entra em cena?JS: O moralismo seletivo tem servido para atingir os principais agentes dessa pequena ascensão social, Lula e o PT. São o alvo da ira em um sistema político montado para ser corrompido, não por indivíduos, mas pelo mercado. São os grandes oligopólios e o sistema financeiro que mandam no País e que promovem a verdadeira corrupção, quantitativamente muito maior do que essa merreca exposta pela Lava Jato. O procurador-geral, Rodrigo Janot, comemora a devolução de 1 bilhão de reais aos cofres públicos com a operação. Só em juros e isenções fiscais o Brasil perde mil vezes mais.
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Souza: novo livro em agosto (Foto: Filipe Vianna)
CC: Esse pacto antipopular pode ser rompido? O fato de os antigos representantes políticos dessa elite terem se tornado alvo da Lava Jato não fragiliza essa relação, ao menos neste momento?JS: Sem um pensamento articulado e novo, não. A única saída seria explicitar o papel da elite, que prospera no saque, na rapina. A classe média é feita de imbecil. Existe uma elite que a explora. Basta se pensar no custo da saúde pública. Por que é tão cara? Porque o sistema financeiro se apropriou dela. O custo da escola privada, da alimentação. A classe média está com a corda no pescoço, pois sustenta uma ínfima minoria de privilegiados, que enforca todo o resto da sociedade. A base da corrupção é uma elite econômica que compra a mídia, a Justiça, a política, e mantém o povo em um estado permanente de imbecilidade.
CC: Qual a diferença entre a escravidão no Brasil e nos Estados Unidos?JS: Não há tanta diferença. Nos Estados Unidos, a parte não escravocrata dominou a porção escravocrata. No Brasil, isso jamais aconteceu. Ou seja, aqui é ainda pior. Os Estados Unidos não são, porém, exemplares. Por conta da escravidão, são extremamente desiguais e violentos. Em países de passado escravocrata, não se vê a prática da cidadania. Um pensador importante, Norbert Elias, explica a civilização europeia a partir da ruptura com a escravidão. É simples. Sem que se considere o outro humano, não se carrega culpa ou remorso. No Brasil atual prospera uma sociedade sem culpa e sem remorso, que humilha e mata os pobres. 
CC: Algum dia a sociedade brasileira terá consciência das profundas desigualdades e suas consequências?JS: Acho difícil. Com a mídia que temos, desregulada e a serviço do dinheiro, e a falta de um padrão de comparação para quem recebe as notícias, fica muito complicado. É ridícula a nossa televisão. Aqui você tem programas de debates com convidados que falam a mesma coisa. Isso não existe em nenhum país minimamente civilizado. É difícil criar um processo de aprendizado.
CC: O senhor acredita em eleições em 2018?JS: Com a nossa elite, a nossa mídia, a nossa Justiça, tudo é possível. O principal fator de coesão da elite é o ódio aos pobres. Os políticos, por sua vez, viraram símbolo da rapinagem. Eles roubam mesmo, ao menos em grande parte, mas, em analogia com o narcotráfico, não passam de “aviõezinhos”. Os donos da boca de fumo são o sistema financeiro e os oligopólios. São estes que assaltam o País em grandes proporções. E somos cegos em relação a esse aspecto. A privatização do Estado é montada por esses grandes grupos. Não conseguimos perceber a atuação do chamado mercado. Fomos imbecilizados por essa mídia, que é paga pelos agentes desse mercado. Somos induzidos a acreditar que o poder público só se contrapõe aos indivíduos e não a esses interesses corporativos organizados. O poder real consegue ficar invisível no País.
CC: O quanto as manifestações de junho de 2013, iniciadas com os protestos contra o reajuste das tarifas de ônibus em São Paulo, criaram o ambiente para a atual crise política?JS: Desde o início aquelas manifestações me pareceram suspeitas. Quem estava nas ruas não era o povo, era gente que sistematicamente votava contra o projeto do PT, contra a inclusão social. Comandada pela Rede Globo, a mídia logrou construir uma espécie de soberania virtual. Não existe alternativa à soberania popular. Só ela serve como base de qualquer poder legítimo. Essa mídia venal, que nunca foi emancipadora, montou um teatro, uma farsa de proporções gigantescas, em torno dessa soberania virtual.
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Um resumo das relações sociais no Brasil
CC: Mas aquelas manifestações foram iniciadas por um grupo supostamente ligado a ideias progressistas...JS: Só no início. A mídia, especialmente a Rede Globo, se sentiu ameaçada no começo daqueles protestos. E qual foi a reação? Os meios de comunicação chamaram o seu povo para as ruas. Assistimos ao retorno da família, propriedade e tradição. Os mesmos “valores” que justificaram as passeatas a favor do golpe nos anos 60, empunhados pelos mesmos grupos que antes hostilizavam Getúlio Vargas. Esse pacto antipopular sempre buscou tornar suspeito qualquer representante das classes populares que pudesse ser levado pelo voto ao comando do Estado. Não por acaso, todos os líderes populares que chegaram ao poder foram destituídos por meio de golpes.