Base e oposição têm, hoje, o mesmo número de distritais. Fiel da balança está nos “independentes”, que votarão conforme a conveniência
O carnaval está perto do fim, e o jogo de poder entre a Câmara Legislativa e o Palácio do Buriti voltará à carga total. Apesar de ter saído vitorioso na eleição das comissões permanentes da Câmara Legislativa, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não deve encontrar um cenário tão tranquilo nos próximos meses.
Hoje, a CLDF está dividida. Dos 24 parlamentares, nove são da base e outros nove se declaram oposição. Um terceiro grupo, dos independentes, é o fiel da balança. São eles que têm o poder de ajudar ou travar as pretensões do Palácio do Buriti.
Embora a maioria desses parlamentares tenha “simpatia” pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), dificilmente esses distritais vão endossar medidas impopulares. Ainda mais com as eleições de 2018 cada vez mais próximas. Dessa forma, os votos desses deputados deve flutuar de acordo com a conveniência.
Foi exatamente nesse movimento pendular que os independentes reforçaram o blocão governista que abocanhou boa parte das 10 comissões permanentes. Passada a votação, os blocos serão redesenhados. Confira, na galeria, como está o cenário hoje.
Os nove da base de Rollemberg
Os nove da oposição
Os seis independentes
EntravesAs principais dificuldades de Rollemberg serão com a ex-presidente da Câmara Celina Leão e Raimundo Ribeiro, ambos do PPS. Ao lado do senador Cristovam Buarque, os dois declararam oposição ao GDF. Celina, que mantém forte influência sobre os colegas, não conseguiu a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas é uma das integrantes do colegiado considerado o mais importante da Casa.
Também mantêm o discurso de oposição Wellington Luiz e Rafael Prudente, ambos do PMDB, Bispo Renato Andrade (PR) e os três integrantes do PT — Chico Vigilante, Wasny de Roure e Ricardo Vale. Os petistas, inclusive, têm a presidência de três colegiados: respectivamente, as comissões de Defesa do Consumidor; Educação, Saúde e Cultura; e Defesa de Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar.
“Gestão fraca”O opositor Ricardo Vale é um dos críticos do governo Rollemberg, mas tem um discurso voltado para o eleitorado. “A gestão atual já é fraca, então o PT não pode fazer uma oposição irresponsável na Câmara Legislativa. A bancada do PT vai continuar votando contra projetos que não concorda, mas, em determinadas pautas, não podemos ir contra a população”.
Serão justamente projetos impopulares que Rollemberg terá dificuldade em emplacar. No começo do ano, por exemplo, 18 distritais — inclusive governistas — votaram pela derrubada do aumento das passagens de ônibus e metrô. Posteriormente, a Justiça autorizou o reajuste.
Essa votação é um exemplo do que o Buriti pode esperar daqui até as eleições de 2018. Afinal, nem mesmo a base aliada quer ficar mal na fita com o eleitorado. Líder do governo na base, o distrital Rodrigo Delmasso (Podemos) antevê barreiras e diz que será preciso muita negociação. “Haverá dificuldade em colocar os temas em debate, mas vamos estabelecer o diálogo e, o que for bom para a cidade, os deputados vão ajudar, mesmo os de oposição”, aposta.
Projetos
Entre os projetos que o GDF quer aprovar ainda no primeiro semestre, estão um pacote de regularização fundiária, incluindo o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB); e a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos). Outra iniciativa polêmica é a que transforma o Hospital de Base em um instituto, com autonomia própria para gerir os seus recursos e até para a contratação de pessoal no regime celetista.
Entre os projetos que o GDF quer aprovar ainda no primeiro semestre, estão um pacote de regularização fundiária, incluindo o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB); e a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos). Outra iniciativa polêmica é a que transforma o Hospital de Base em um instituto, com autonomia própria para gerir os seus recursos e até para a contratação de pessoal no regime celetista.
Uma coisa é certa. A disposição na Casa é evitar atropelos na tramitação de propostas, especialmente as de grande impacto na vida do brasiliense. Após tomar posse, o novo presidente da CLDF, Joe Valle (PDT), afirmou que “os projetos vão seguir os ritos normais, sem pressa”.
O entendimento foi reforçado pelo novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Reginaldo Veras (PDT). “Os projetos vão tramitar sem atropelos. Na CCJ, os prazos regimentais serão respeitados. Não vou permitir interferências políticas. Será um trabalho técnico e vou fazer sorteio dos relatórios”, assegura.
Mas os interesses do GDF não têm garantia de aprovação. “Analisar os projetos é uma coisa. Outra é aprová-los”, resume Veras.
Procurado pela reportagem para comentar o cenário político na Câmara Legislativa, o GDF não havia se manifestado até a última atualização desta matéria.