ELES NÃO PODERÃO SER PUNIDOS SE REITERAREM NA ROUBALHEIRA
Publicado: 30 de novembro de 2016 às 08:05 - Atualizado às 08:18
Redação OS CONCHAVOS DE DEPUTADOS SE MULTIPLICARAM DURANTE A MADRUGADA, NO PLENÁRIO. (FOTO: LUIS MACEDO)
A Câmara dos Deputados retirou o texto do pacote anticorrupção que tratava da responsabilização de partidos políticos. Pelo projeto apresentado, o partido político que reincidisse na prática grave poderia perder o registro por determinação judicial.
"Se trata de preservar nossa democracia. Traria uma insegurança jurídica e política muito grande", defendeu o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), bancada que apresentou a proposta.
Foram 322 votos pela supressão do item e apenas 35 a favor da manutenção do texto.
A expectativa é que, combinada com outras práticas preventivas, a substância reduza consideravelmente os impactos do vírus causador da Aids
postado em 30/11/2016 08:15
Sul-africanas recebem antirretroviral: país regista mil novos casos de infecção por dia
O golpe de misericórdia no HIV. Eis a aposta de médicos e pesquisadores para um projeto de vacinação experimental que será iniciado hoje, na África do Sul. O país que contabiliza mil novos casos diários de contaminação começa um ensaio clínico inédito com 5.400 voluntários e duração estimada de quatro anos. O trabalho é apontado na comunidade científica como o mais promissor desde a identificação do vírus causador da Aids, em 1983. “Se for utilizada ao mesmo tempo que os métodos de prevenção com eficácia comprovada que já adotamos, uma vacina segura e eficaz seria o último pregão no caixão para o HIV”, acredita Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos Estados Unidos, um dos financiadores do projeto.
Batizado HVTN 702, o estudo contará com a participação de homens e mulheres sexualmente ativos, com idade entre 18 e 35 anos e moradores de 15 localidades sul-africanas. Uma parte do grupo tomará a substância imunizadora, e outra, um placebo, sendo que a divisão entre os voluntários será aleatória. Todos os participantes receberão um total de cinco injeções ao longo de um ano. A segurança deles será cuidadosamente monitorizada, com a oferta, inclusive, do padrão de cuidados para a prevenção da infecção pelo HIV. Os resultados finais são esperados para o fim de 2020.
Os sul-africanos receberão uma versão “reforçada” de uma vacina testada em 2009 na Tailândia em mais de 16 mil voluntários. À época, a intervenção, chamada RV144, reduziu em 31,2% o risco de contágio nos participantes três anos e meio depois que eles foram imunizados. Foi desenvolvida, então, uma adaptação ao subtipo do HIV que predomina na África Austral. A primeira fase, menor e tendo como foco a segurança da substância, teve os resultados anunciados em julho deste ano, na 21ª conferência internacional sobre a Aids, em Durban na África do Sul. Com duração de 18 meses, a etapa intitulada HVTN100 teve 252 voluntários, que tinham risco muito baixo de contrair o HIV. O sistema imunológico deles reagiu bem à vacina, disse, à época, Kathy Mngadi, uma das pesquisadoras participantes do projeto.
A etapa que será iniciada hoje tem o intuito de avaliar a eficácia da vacina. Segundo Lynn Morris, médico do Instituto Nacional de Doenças Contagiosas (NICD) da África do Sul, os resultados obtidos na Tailândia não são suficientes para que a vacina saia do campo experimental e comece a ser prescrita pelo mundo. “Estabelecemos um limite mínimo de eficácia em 50%”, explica. Anthony Fauci, diretor do NIAID, avalia que desempenhos nesse nível já são suficientes para causar um impacto positivo. “Até mesmo uma vacina moderadamente eficaz reduziria de forma significativa o peso da doença em países e populações muito infectadas.”
Cuidados seguem
Com 7 milhões de soropositivos, a África do Sul tem um dos índices de prevalência de HIV mais altos do mundo: 19,2%, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Anualmente, 2 milhões e meio de pessoas no mundo são infectadas pelo vírus, que, desde os anos de 1980, causou 30 milhões de mortes. Por isso, mesmo com o otimismo em torno da vacina que será testada, especialistas insistem na importância de não baixar a guarda frente à doença. “Uma vacina eficaz seria um ponto de inflexão, mas esses ensaios durarão anos. Temos que continuar utilizando os outros métodos de prevenção para reduzir os novos contágios”, reitera o médico Lynn Morris.
Melhorias no acesso ao tratamento têm permitido o controle da evolução do vírus e o aumento da expectativa de vida de soropositivos pelo mundo. A Unaids estima que, em 2015, havia um número recorde de pessoas com mais de 50 anos vivendo com HIV: 5,8 milhões, dos 36,7 milhões de infectados. No caso dos sul-africanos, a média do tempo de vida dos soropositivos é de 62,9 anos. “O HIV teve um número devastador na África do Sul, mas, agora, começamos uma exploração científica que poderá ser uma grande promessa para o nosso país. Se for encontrada uma vacina contra o HIV que funcione na África do Sul, poderia alterar drasticamente o curso da pandemia”, aposta Glenda Gray, presidente e diretora executiva do Conselho de Pesquisa Médica do país. O órgão participa do projeto com o NIAID, a Fundação Bill e Melinda Gates, os laboratórios Sanofi Pasteur e GlaxoSmithKline e a Rede de Ensaios de Vacinas contra o HIV.
Alerta na Rússia
A Rússia tem passado por um aumento preocupante do número de infectados pelo HIV, alertou ontem o diretor do Centro Federal de Luta contra a Aids, Vadim Pokrovski. Segundo ele, a quantidade de soropositivos aumenta 10% a cada ano no país. Em 2015, foram registrados oficialmente 110 mil novos casos, o equivalente a 270 por dia. “A situação só se agrava e, atualmente, ameaça a segurança nacional, pois poderia se transformar em uma epidemia generalizada antes do fim de 2021”, explicou o especialista.
Mais da metade dos novos infectados (51%) é dependente químico, enquanto 47% se contaminaram ao manter relações sexuais heterossexuais sem proteção e 1,5% adquiriu o vírus durante relações sexuais homossexuais. “A Rússia é o único país do mundo em que os dependentes (químicos) representam mais de 50% dos soropositivos”, destacou Pokrovski, ressaltando que o enfrentamento ao avanço da doença não depende apenas de apoio financeiro. “A questão não é só os fundos públicos serem suficientes. Nem sequer se fala sobre a prevenção de novos casos.”
O presidente russo, Vladimir Putin, tem apoiado a promoção de ideias conservadoras — trocou, por exemplo, as campanhas informativas por chamados à abstinência — e os poderes públicos russos focam mais no tratamento da Aids do que na prevenção. Conforme dados oficiais, os soropositivos representam 0,58% da população de 146,5 milhões de pessoas. Segundo Pokrovski, os cálculos do Centro Federal de Luta contra a Aids indicam para uma taxa entre 0,89% e 0,96% dos habitantes, o equivalente a 1,3 e a 1,4 milhão de pessoas.
A falta de combustível, causada por um erro de cálculo do piloto, pode ter motivado a queda da aeronave LaMia, que transportava a delegação do Chapecoense e caiu, a cerca de 17 quilômetros do aeroporto de Medellín, na Colômbia, onde pousaria. O avião decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Ao todo, 71 pessoas morreram e seis conseguiram sobreviver.
A hipótese começa a ganhar força entre os especialistas. As duas caixas-pretas já foram localizadas e devem ajudar a esclarecer as causas do acidente. Segundo matéria da TV Globo, em uma delas está gravada a conversa do piloto com a torre de controle do aeroporto, nos últimos trinta minutos antes da queda, e na outra estão registrados todos os comandos do voo.
Embora as autoridades colombianas estejam cautelosas e não queiram divulgar qualquer especulação sobre as causas do acidente, o que se sabe é que, entre as cidades de La Ceja e La Unión, o piloto declarou situação de emergência.
O aviso de emergência significa que o avião passava por dificuldades, mas não que estivesse necessariamente em situação desesperadora. Uma outra aeronave, um Airbus A320, também estava em emergência e com vazamento de combustível. Teve, então, prioridade para pousar.
Segundo testemunhas, o avião da LaMia teria dado duas voltas, procedimento normal antes do pouso, e só depois relatou para a torre que estava com pane elétrica. Se isto era verdade ou se o avião já estava com falta de combustível, apenas as caixas pretas poderão esclarecer.
O piloto Miguel Queiroga, que morreu no desastre, era o dono da companhia LaMia e, segundo o diretor da empresa, era bastante experiente. As autoridades bolivianas ainda informaram que a manutenção e a documentação da aeronave estavam em dia.
O relógio marcava 13h01 nesta terça-feira triste. Atencioso como sempre foi comigo desde que nos conhecemos em uma entrevista para o Correio Braziliense, o técnico do Atlético Nacional, Reinaldo Rueda, atende no segundo toque. Mal deu tempo de dizer alô. “Olá, Marcos! Como estão você e o povo de seu país? Estamos arrasados aqui na Colômbia”, antecipa-se o treinador colombiano campeão da Copa Libertadores da América neste ano e que decidiria a Copa Sul-Americana a partir desta quarta contra a Chapecoense.
Reinaldo Rueda conta que estava dormindo. O fuso-horário de Medellin em relação a Brasília é de menos três horas. O técnico soube do acidente com o avião que levava a Chapecoense à Colômbia por uma mensagem de celular enviada por um diretor do clube. O texto comunicava a tragédia e anunciava que a finalíssima da Copa Sul-Americana, com início nesta quarta, no Estádio Atanasio Girardot, estava cancelada.
“É muito cruel o que aconteceu com esses meninos, muito cruel. Estou abalado. É incrível o que eles fizeram nesta temporada. Estudamos muito a Chapecoense, estávamos preparados para uma final muito dura. É difícil aceitar que isso tenha acontecido. São duas notícias muito tristes em pouco tempo. Primeiro, a morte de Carlos Alberto (Torres), um ícone do futebol mundial que conheci pessoalmente na Copa de 2014. Agora, esse acidente com a delegação de um time de futebol”, lamentou Reinaldo Rueda.
O trinador conta que ontem, antes de dormir, estudava a biografia do técnico Caio Júnior. “Não o conheci pessoalmente, mas estava empenhado em desvendar sua trajetória, a filosofia tática, seus pensamentos sobre futebol. Como disse, seria um time difícil de ser batido”, reforçou.
Antes de se despedir, Reinaldo Rueda deu uma demonstração imensa de solidariedade e grandeza. “Sugeri à diretoria e aos jogadores que a Chapecoense seja proclamada campeã da Copa Sul-Americana. Não precisamos dividir o título. Esses meninos são heróis. O que eles fizeram na história do futebol brasileiro, sul-americano, mundial, precisa ecoar na eternidade”.
Além da criminalização do caixa 2, foi aprovada punição para juízes e membros do Ministério Público
POLÍTICABRASÍLIAHÁ 4 HORASPOR NOTÍCIAS AO MINUTO
A votação do pacote de medidas anticorrupção foi concluída pelos deputados, na madrugada desta quarta-feira (30), e segue agora para o Senado. Durante cerca de sete horas, os parlamentares aprovaram diversas modificações ao texto elaborado pela comissão especial e incluíram temas polêmicos, como a punição de juízes e membros do Ministério Público por abuso de autoridade.
A proposta que previa que os acordos de leniência (espécie de delação premiada em que empresas reconhecem crimes em troca de redução de punição) fossem celebrados pelo Ministério Público foi rejeitada.
O trecho que tornava crime o enriquecimento ilícito de funcionários públicos e previa o confisco dos bens relacionados ao crime também foi suprimido.
A criminalização do caixa dois foi aprovada sem qualquer tipo de anistia para eleições anteriores e a pena vai de dois a cinco anos de prisão e multa.
O texto original do pacote anticorrupção tinha dez medidas e foi apresentado pelo Ministério Público Federal com o apoio de mais de 2 milhões de assinaturas de cidadãos. As informações são do G1.
Mas, das dez medidas originais, apenas quatro passaram, e, ainda assim, parcialmente. Segundo o relator, acabaram ficando as medidas de transparência a serem adotadas por tribunais, a criminalização do caixa dois, o agravamento de penas para corrupção e a limitação do uso de recursos com o fim de atrasar processos.
Após a sessão, o deputado Onyx Lorenzoni, que chegou a ser vaiado em plenário, lamentou o resultado e disse que os parlamentares agiram movidos "por sede de vingança" contra o Ministério Público e o Judiciário. Para ele, houve uma "desconfiguração completa do relatório".
"O parecer não era meu, era da sociedade brasileira que tinha depositado as suas esperanças na Câmara dos Deputados. Lamentavelmente, o que a gente viu aqui foi uma desconfiguração completa do relatório, ficando de pé, objetivamente, apenas as medidas de estatísticas e a criminalização do caixa dois. E trouxeram essa famigerada situação de ameaça, de cala-boca, de agressão ao trabalho dos investigadores brasileiros. Creio que a Câmara perdeu a chance de prestar um serviço ao Brasil. E, movidos por uma sede de vingança contra o MP e contra o Judiciário, acho que começaram uma crise institucional que deve se agravar nos próximos meses", disse Lorenzoni.
Na saída do plenário, ao ser questionado por jornalistas sobre a votação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), limitou-se a dizer que a votação foi o "resultado democrático do plenário".
Os dados do 3º trimestre decepcionaram e a recuperação da economia deverá ser mais lenta do que se esperava. A recessão, que começou em 2014, deve se estender pelo menos até o início do ano que vem. O governo e parte do mercado projetam que a retomada virá a partir do 2º semestre de 2017, mas já há quem fale em estagnação. Para analistas, a crise fiscal, o desemprego alto, o endividamento de famílias e empresas e os juros altos retardam o fim da recessão. Leia abaixo entrevistas com economistas sobre o cenário econômico atual e perspectivas para 2017 e 2018.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, passou a projetar crescimento zero da economia no ano que vem diante da piora nas perspectivas para o mercado de trabalho e para o investimento. Segundo ele, é preciso entender que a recuperação será “muito lenta”, pois o cenário não está favorável e “é pior do que se imaginava”.
José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fato (Foto: Divulgação)
Diferentemente da média das projeções do mercado, você está prevendo estagnação em 2017. Há um otimismo exagerado? Não é o otimismo. Eu diria que o pessimismo está contido. Agora, eu garanto que é uma questão de tempo.
Por que a retomada será mais lenta do que se imaginava? Se olharmos o coração de tudo, o mercado de trabalho e o investimento, o cenário claramente não é favorável e é pior do que se imaginava. Até a metade do ano, a produção industrial dava sinal de que tinha parado de piorar, mas no 3º trimestre isso não se confirmou. E quando se observa a ocupação isso fica mais claro ainda. Até outro dia se dizia que o mercado de trabalho pararia de piorar do 1º para o 2º trimestre de 2017. Eu acho que vai piorar até metade do ano que vem. Agora está caindo tanto a população com carteira assinada quanto a que estava se virando com negócio próprio.
Além do desemprego, o que mais tem segurado o PIB? Outro fator é o investimento. Empresas como Petrobras e Eletrobras estão revendo para baixo os seus programas. Sobre o tal do Programa de Parcerias de Investimentos [PPI, programa de concessões e privatizações], a minha premissa é que não vai ter efeito relevante no ano que vem. E tem ainda o alto endividamento e ociosidade das empresas.
O Brasil corre o risco de não sair da recessão em 2017? Primeiro, vai parar de piorar, depois vai estabilizar, e só depois começa a melhorar. Dá para dizer que um zero a zero em 2017 é um pezinho fora da recessão, mas acho que vamos ter um cenário muito instável ainda.
Quais as principais incertezas e riscos à frente? No ano que vem vamos ter, em fevereiro, mudança na presidência da Câmara e do Senado. Imagina o ambiente! E, no meio disso, a discussão da reforma da Previdência. As notícias que chegam é que não sai até a metade do ano, que era o cenário de antes. Se não for aprovada antes de setembro, o fim de ano ficará com muita incerteza, porque no dia seguinte já será campanha [corrida presidencial]. Ou seja, num ambiente como esse é muito difícil imaginar que alguém irá assumir um compromisso importante de longo prazo relevante para a economia.
'CONSUMO PERDE GÁS'
Oeconomista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega vê a deterioração do nível de desemprego, a renda em queda e o baixo crédito como os principais obstáculos para a retomada. Ele se coloca, no entanto, ao lado daqueles que acreditam que o país irá sair da recessão em 2017. Maílson alerta, entretanto, que um novo ciclo de investimento dificilmente ocorrerá antes de 2019.
Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda do governo de José Sarney (Foto: Reprodução/TV Globo)
Os dados de atividade do 3º trimestre decepcionaram e o governo já revisou para baixo a sua projeção para o PIB de 2017. O que aconteceu? O quadro é de uma mudança de expectativas para pior em relação à recuperação da economia. O crédito não recuperou o quanto se imaginava e as famílias, por conta do desemprego e do alto endividamento, ainda não se animaram a tomar crédito. Sem crédito e com a renda caindo, o consumo perde gás.
Quando vamos sair da recessão? Esse processo de recessão é o pior em mais de 100 anos. Saídas de recessão deste tipo são sempre mais difícil de se prever. Tudo indica que, ao contrário do que se imaginava, ainda pode ter alguma recessão no 4º trimestre e, dependendo das expectativas que se formem em relação ao governo de Donald Trump, isso também poderá afetar o 1º trimestre de 2017. Mas acredito que a possibilidade de retomada em 2017 é muito elevada.
Quais os principais riscos e incertezas para 2017? O primeiro é o risco Trump. Existe uma expectativa, da qual eu não compartilho, de que ele vai fazer um governo que estará longe das suas promessas de campanha. No mínimo, a redução dos impostos e o aumento dos gastos em infraestrutura acredito que ele vai fazer. Isso irá trazer pressões inflacionárias e implicará em aumento dos juros nos Estados Unidos, o que pode dificultar a continuidade ou a intensidade no corte da Selic [taxa básica de juros] no Brasil. O segundo risco é a Lava Jato. A delação premiada da Odebrecht pode gerar problemas sérios no núcleo do governo, pelo menos isso é o que se fala.
Há um certo consenso de que a retomada será lenta. O que se pode esperar do pós-recessão? Essa recuperação é diferente das anteriores porque decorrerá de ocupação de capacidade ociosa da indústria e da força de trabalho. Não é uma recuperação gerada por um ciclo de investimento ou ganho de produtividade. Ocorre num mundo de baixo crescimento e com o risco de queda de preço de commodities. Não há uma recuperação de confiança suficiente para impulsionar um ciclo vigoroso de investimento no Brasil no curto prazo. Dificilmente acontecerá ainda no governo Temer.
'FICOU MAIS CONTURBADO'
Oeconomista-chefe da Gradual Investimento, André Perfeito, avalia que a economia ficará praticamente estagnada em 2017 e que a retomada só acontecerá de fato a partir de 2018 em razão da fraca demanda. Para ele, o principal mecanismo de estímulo para o crescimento deveria ser um corte maior na taxa de juros.
André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimento (Foto: Divulgação)
A recuperação está mais lenta do que o esperado? Está bem mais lenta. A nossa projeção inicial para o PIB do 3º trimestre era -0,3%. A confiança de consumidores e empresas melhorou, mas essa melhora se deu muito por conta da saída da presidente Dilma. Quando se pega o consumo das famílias, não vai subir porque o desemprego está em alto e a renda real está caindo. Já os empresários podem estar mais otimistas, mas a ociosidade da indústria nunca esteve tão alta. Todos os componentes da demanda apontam para queda e, no melhor das hipóteses, para estabilidade.
Quando vamos sair da recessão? Só em 2018. O mercado está falando de crescimento de 1% em 2017. Levando em conta o que a gente tombou no ano passado e neste, falar que crescer 1% em 2017 é recuperação é brincadeira. O mercado de trabalho só vai parar de piorar no segundo semestre do ano que vem. A taxa de desemprego pode até estar subindo menos agora, mas muito disso tem a ver com o desalento [desistir de procurar emprego].
Você está entre aqueles que têm uma visão mais pessimista sobre os efeitos da PEC do teto de gastos na recuperação da economia. Por quê? A pergunta que tenho feito é: ‘De onde vai vir a demanda?” O ajuste fiscal em curso tem um caráter expansionista no curto prazo, e o governo vai continuar arrecadando pouco. A minha opinião sincera é que não precisava ter feito essa PEC, bastaria voltar à Lei da Responsabilidade Fiscal. Não precisava reinventar a roda. Não precisava criar uma amarra de 20 anos. Para a PEC funcionar e ajudar no PIB, só se injetar demanda na economia. Para isso, teria que cortar os juros de forma muito mais efetiva e muito mais forte, o que não estamos vendo o Banco Central querendo fazer. O BC está muito cauteloso porque quer esperar que o governo aprove as medidas fiscais.
O que mais poderia ser feito para estimular a economia então? Existe toda uma agenda de ordem microeconômica, mas a principal questão pra mim é se os juros vão cair no Brasil, pois não será do investidor estrangeiro que virá o incentivo. Com a vitória do Trump nos Estados Unidos o mundo ficou mais conturbado. Não sabemos o que ele vai fazer em termos de política comercial e ninguém vai meter a mão no bolso antes disso.
'NÃO HÁ SAÍDAS FÁCEIS'
Oeconomista e sócio da Inter.B Consultoria, Cláudio Frischtak, está entre os que acreditam numa retomada em 2017. Ele reconhece, entretanto, que a recuperação será mais lenta do que se imaginava e aponta como risco adicional as “emergências fiscais” que estão “pipocando estado por estado”.
Cláudio Frischtak, sócio da Inter.B Consultoria (Foto: Divulgação)
Quando o Brasil conseguirá sair da recessão? Apesar de todas as dificuldades, acreditamos que a economia irá parar de contrair no 4º trimestre e vamos começar a recuperação, ainda que lenta, no primeiro trimestre do ano que vem. Estamos até um pouco mais otimistas que o governo, achamos que o PIB vai ficar um pouco acima de 1% em 2017. Só não vai ser mais forte porque o mercado de trabalho ainda tem muita inércia.
Mas a recuperação está sendo mais lenta do que se imaginava há alguns meses? Acho que tanto o governo quanto os analistas tomaram um susto com o tamanho da crise fiscal. Piorou muito nos últimos 40 dias porque ficou claro que vai muito além do governo federal. Já se sabia que os estados estavam mal. Agora, uma coisa é saber, outra coisa é ver o tamanho do buraco. E o estado do Rio de Janeiro é só a ponta do iceberg da emergência fiscal. Ou seja, não podemos contar com a sustentação dos gastos de estados e municípios para evitar uma deterioração ainda maior do mercado de trabalho. A maior parte dos analistas foram pegos nesse contrapé, porque não temos condições de fazer política anticíclica [com estímulos para reativar a economia] neste momento. Isso foi uma novidade.
Houve então uma frustração de expectativas? Após a indicação de que haveria impeachment, houve um certo ânimo e os indicadores de expectativa ficaram muito positivos. Por outro lado, a atividade andava muito lentamente. A interpretação dos analistas é que essa brecha era normal e que isso se refletiria nas atividades mais para o final do ano. Acho que agora, e essa é a grande mudança, houve uma percepção de que essa brecha é maior do que se imaginava. Ou seja, a retomada vai demorar um pouco mais. Quem sustenta a economia é o consumo, e as famílias estão fragilizadas pela queda do nível de renda e pelo medo de perder o emprego.
E por que então você afirma estar otimista? Existe ao fim e ao cabo a possibilidade real do país sair melhor do que entrou nesse processo. O país continua com um potencial colossal, mas não há saídas fáceis. Precisamos enfrentar as reformas e compreender que o populismo é o caminho mais rápido de afundar a economia. Acho que existe um potencial de termos uma vacina antipopulista para os próximos anos, até porque se não tivermos o investimento não virá.
'TRUMP É O MAIOR RISCO'
Oeconomista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, avalia que o país pode começar a sair da recessão a partir do 2º trimestre de 2017. Ele alerta, entretanto, que as empresas ainda vão demorar mais tempo para voltar a recontratar e que a vitória de Trump nos EUA pode representar um obstáculo adicional para a atração de investimentos estrangeiros.
Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating (Foto: Reprodução)
Quando o Brasil conseguirá sair da recessão? O desempenho do PIB piorou no 3º trimestre, mas pelas nossas projeções, o país pode começar a sair da recessão a partir do 2º trimestre do ano que vem. Para 2017, revisamos nossa projeção para crescimento de 1,3%. Mas para quem caiu 8% em 2 anos, crescer 1% é nada.
A recuperação está sendo mais lenta do que se imaginava? A grande diferença dessa crise são os 12 milhões de desempregados. A crise foi tão profunda, essa perda de confiança foi tão profunda que acabou afetando mais o mercado de trabalho. Então, por mais que essa confiança esteja retornando, é muito mais de esperança do que de certeza. ‘As coisas parecem que estão melhorando, acho que ano que vem vou conseguir um emprego’ é diferente de ‘as coisas parecem que estão melhorando e eu vou voltar a consumir’.
E quais são os maiores riscos e incertezas no momento? O principal risco hoje é o efetivo governo Trump. Não só para o Brasil como para o mundo. Só a partir do momento em que ele sentar na cadeira e começar a dar as canetadas, vamos sentir melhor o impacto das mudanças que ele pretende adotar na economia global e qual o impacto disso no PIB brasileiro, porque precisamos do investimento internacional para dar um pouco mais de fôlego para a economia. Do lado doméstico, o risco é não conseguir fazer o ambiente fiscal entrar nos trilhos, mesmo com a aprovação da PEC de limite de gastos, e com isso continuar patinando e não conseguir acionar o botão do crescimento econômico.
E quais as perspectivas para a economia sob o governo Temer? Para 2017, estamos falando de um crescimento gerado em cima de um preenchimento de espaços vazios. Ou seja, ganho de produtividade. As empresas farão os funcionários trabalharem mais horas antes de começar a contratar. A partir da consolidação desse cenário, a partir do segundo semestre de 2017, abre-se uma perspectiva muito positiva para 2018, caso o cenário internacional deixe, porque aí sim a confiança dos agentes econômicos estará reestabelecida e já bastante sólida, mas com um crescimento ainda puxado pelos investimentos privados.
'PIB DE 2017 SERÁ FRACO'
Para a pesquisadora do IBRE/FGV Silvia Matos o Brasil ainda deverá começar 2017 em recessão e uma retomada mais clara só deve vir no 2º semestre. Ela alerta, entretanto, que a recuperação será um processo “lento e gradual” e que 2017 ainda será um ano de ajuste para governo, empresas e famílias.
Silvia Matos, pesquisadora do IBRE/FGV e coordenadora técnica do Boletim Macro (Foto: Divulgação/FGV)
Os números do 3º trimestre decepcionaram e sinalizam que a recessão pode durar mais do que se imaginava. O que aconteceu? A gente já esperava uma contração do PIB forte, mas veio mais forte ainda. E o 4º trimestre, ao que tudo indica, terá uma nova queda. Isso significa que há uma dificuldade muito grande de retomada e que a história está ficando pior. Temos um consumidor ainda muito endividado, um mercado de trabalho muito ruim e isso limita muito a capacidade de consumo das famílias.
O fundo do poço ainda não chegou? Em nenhum momento eu imaginei que o fundo do poço chegaria neste final de ano. Imaginávamos que seria alcançado no primeiro trimestre de 2017. Agora, a grande preocupação é que o fundo do poço poderia estar mais para meados de 2017, pois ainda não está claro que vamos crescer no 1º trimestre.
Essa será a recessão mais longa da história do país? Ainda há uma certa incerteza sobre o prolongamento. Pela nossa metodologia, vamos completar 11 trimestres de recessão no 4º trimestre [mesma duração da recessão de 89 a 92, a mais longa da história segundo o Ibre] e acho que pode chegar a 12. Para sair da recessão é preciso ter número positivos. Se ficar meio estagnado, com um crescimento muito baixo, pode demorar um pouco mais.
Qual são as perspectivas para 2017? O PIB de 2017 ainda virá fraco porque ainda vai ser um ano de ajuste para governo, empresas e famílias. Acho que a retomada de fato, se tudo der certo, é mais para o 2º semestre. Talvez a boa notícia possa ser a inflação surpreender mais para baixo, o que permitiria que o Banco Central continue com uma política de redução da taxa de juros com mais segurança.
E de onde virá o gatilho para a retomada? É preciso perceber que o governo realmente vai conseguir restaurar a solvência fiscal, mesmo porque a PEC sozinha não resolve. Aí os juros podem cair mais, as empresas podem ficar menos endividadas e cria-se uma perspectiva de retomada. Mas isso é um processo demorado, esse é o ponto.
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (30/11) a 12ª fase da Operação Acrônimo.
Os policias cumprem mandados no Distrito Federal e em Tocantins. Na mira dos agentes estão licitações no Detran do Tocantins.
A Acrônimo tem como objetivo combater uma organização criminosa investigada por lavagem de dinheiro. Entre os esquemas de corrupção, está a liberação de empréstimos do BNDES em troca de pagamento de propina para o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), para financiamento de campanha eleitoral.
Aguarde mais informações
Por Aguiasemrumo:
Romulo Sanches de Oliveira
Indivíduo que pratica
atividades criminosas com legitimidade de poder público deveria devolver em
dobro tudo que recebeu, sem dó e sem piedade, inclusive os salários.
A verticalização do
crime gera criminalidade com recursos públicos e todo tipo de problema como
estamos vendo. Sou de uma época que o crime era horizontal, para sair do nada e
chegar ao topo não era qualquer um? Hoje políticos apequenados negociam direto
com o poder, ameaçam, roubam, envolvem pessoas inocentes e graças a Deus temos
uma Lava Jato!
O mais importante é:
Acabar com “incubadora de bandidos” Reforma do Artigo 17 da Constituição
Federal de 1988 Já! Urgente!
Se o STF acatar a
tese da Lava Jato, que considera propina qualquer dinheiro de empresas para
políticos, não vai sobrar ninguém mesmo e fica caracterizado o verdadeiro
prostíbulo.
Negócios fajutos com
países apequenados sem expressão nenhuma no cenário político internacional em
nome da sobrevivência de uma plataforma política falida que não congrega a
natureza da sociedade. Não existe ideologia no Brasil