quarta-feira, 27 de julho de 2016

Clínicas do DF já têm lista de espera por vacina da dengue


Daniel Guimarães/ A2img


Em algumas redes da capital, o imunizante começará a ser comercializado nos próximos dias e deverá custar entre R$ 132,76 e R$ 138,53. Subsecretaria de Vigilância à Saúde estuda a viabilidade de ofertar o composto na rede pública



Os brasilienses já correm à procura da vacina contra a dengue, que deve chegar à rede privada nos próximos dias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definiu, na segunda-feira (25/7), o preço da dose. O imunizante, produzido pela empresa Sanofi, deverá custar entre R$ 132,76 e R$ 138,53. E algumas clínicas particulares do Distrito Federal têm lista de espera pela imunização.


Não é para menos. Em 20 de julho — data do boletim epidemiológico mais recente —, a Secretaria de Saúde do DF confirmou 16.764 casos da doença. No mesmo período de 2015, foram 8.968. A incidência da enfermidade faz o GDF estudar a possibilidade de disponibilizar o composto na rede pública. Até agora, no entanto, a medida está apenas em fase de estudo.
Enquanto isso, o jeito é pagar. Na clínica Imunocentro, pelo menos 20 pessoas aguardam a chegada da vacina. Segundo o administrador da empresa, Aloísio Novaes, 50 doses do imunizante foram encomendadas. “Os lotes não chegaram porque estávamos aguardando a divulgação do preço. Embora o valor tenha sido divulgado ontem (segunda), ainda não definimos quando vamos começar a aplicar a vacina”, explicou Novaes. Com duas unidades no Plano Piloto, a Imunolife informou que vários pacientes mostraram interesse em receber a imunização. O número exato de pessoas que aguardam a vacina, no entanto, não foi divulgado.
O Sabin também comprou os lotes da vacina e, até a segunda quinzena de agosto, começará a comercializá-las. A infectologista Ana Rosa Santos, responsável pelo Sabin Vacinas, esclareceu que cada frasco do imunizante tem cinco doses. “Se um deles é aberto pela manhã, terá que ser usado completamente em um prazo de seis horas, que é o tempo útil da vacina”, explicou Asa Rosa. Por esse motivo, a rede de clínicas atenderá os clientes por meio de um agendamento.
O tratamento inclui três doses, com seis meses de intervalo entre elas. Outros imunizantes estão sendo produzidos contra a doença — entre eles, a vacina do Instituto Butantã, que iniciou testes com voluntários em junho de 2016.
Paciente
A recepcionista Kaely Pereira Cavalcante, 24 anos, teve dengue em abril deste ano. Após passar duas semanas sem conseguir levantar da cama, ela conta que, assim que as clínicas começarem a disponibilizar o imunizante, tentará garantir uma dose para evitar uma nova infecção.
Sofri demais. Meu corpo e cabeça não paravam de doer. Farei de tudo para não ter que enfrentar as dores que senti"
Kaely Pereira Cavalcante, recepcionista
Segundo a infectologista Ana Rosa, testes apontaram que, em 75% dos casos, a vacina teve eficácia. Em 93% das incidências graves, também mostrou-se efetiva. Ana Rosa disse ainda que o imunizante previne a internação em 80% dos casos. Ela, contudo, reiterou que o combate ao mosquito transmissor da doença não pode ser abandonado. “Tivemos ótimos resultados com a vacina, mas precisamos continuar combatendo os focos do Aedes Aegypti”, concluiu.
Rede públicaProcurada pelo Metrópoles, a Subsecretaria de Vigilância à Saúde (SVS) do DF comunicou, em nota, que analisa a viabilidade epidemiológica e econômica da compra do imunizante. No texto, a SVS informou que “tem interesse em adquirir a vacina, principalmente, levando em consideração a elevação no número de casos que ocorreram no início deste ano, mostrando-se um quadro atípico em relação aos anos anteriores”.
O estado do Paraná deu início, nesta terça-feira (26), a uma campanha de vacinação contra a dengue com a vacina da Sanofi. O número de doses não foi informado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).













Hillary faz discurso surpresa e destaca dia histórico para as mulheres

Agencia EFE
27/07/2016 00h38 - Atualizado em 27/07/2016 06h27

Vídeo com discurso de Hillary foi exibido em telão da convenção democrata.

Ela vai aceitar indicação do partido para concorrer à Casa Branca na 5ª.

Da EFE
A candidata democrata à presidência dosEstados UnidosHillary Clinton, discursou nesta terça-feira (26) por breves segundos na convenção de seu partido na Filadélfia, por meio de uma conexão de vídeo a partir de Nova York, para exaltar as mulheres.
"Pode ser que me torne a primeira presidente dos EUA", afirmou Hillary dirigindo-se às mulheres que a estavam escutando naquele momento. "Mas a próxima pode ser você".
Oficialmente, a ex-secretária de Estado deve participar pessoalmente e discursar para aceitar oficialmente a nomeação do partido democrata para concorrer à Casa Branca apenas nesta quinta-feira (28), no último dia da convenção nacional, mas Hillary apareceu em vídeo ao vivo no telão da convenção.
A mensagem surpreendeu aos delegados que participavam da convenção democrata e acompanhavam ao vivo uma apresentação da cantora Alicia Keys. Em meio aos acordes de "Girl on fire", os telões exibiram imagens dos 45 presidentes dos EUA e, quando os delegados exaltavam Barack Obama, Hillary surgiu em vídeo cercada por crianças.
"Que incrível honra vocês que deram!", disse a ex-secretária de Estado americano no governo Obama - e agora candidata à presidência -, que agradeceu a "todos os que lutaram tanto para que isto fosse possível".
Democratic Presidential nominee Hillary Clinton speaks to the convention via satellite during the Democratic National Convention in Philadelphia, Pennsylvania, U.S. July 26, 2016. (Foto: Lucy Nicholson/Reuters)Hillary fez discurso surpresa por telão  (Foto: Lucy Nicholson / Reuters)
Marido e ex-presidente
Em seu discurso, o ex-presidente americano - e marido de Hillary - Bill Clinton enviou uma mensagem a latinos e muçulmanos, alvos frequentes dos ataques do candidato republicano, Donald Trump, para que ajudem a candidata democrata a ganhar a eleição de novembro. "Hillary nos fará mais fortes juntos".
Ele lembreou que se tornará o primeiro "primeiro-cavalheiro" dos EUA caso Hillary vença a corrida à Casa Branca.
A última parte do discurso de Clinton foi um tratado a favor da integração, em contraste com a mensagem habitual de Trump. "Se você é muçulmano e ama os EUA e a liberdade - e odeia o terror -, fique aqui e nos ajude a ganhar [a eleição]", afirmou o ex-presidente, que também defendeu a aprovação de uma reforma migratória no país.
Clinton também questionou os presentes sobre as diferenças entre a imagem de Hillary apresentada pelos democratas e pelos republicanos. "Uma é real, a outra é inventada", disse entre risos o ex-presidente, que acusou os rivais de terem criado uma "caricatura" de sua esposa para concorrer contra ela em vez de enfrentar a "real".
Bernie Sanders.
Bernie Sanders, representando o estado de Vermont, abriu mão da sua candidatura e apresentou a moção de declaração de Hillary como candidata oficial do partido.
"Apresento a moção de suspender as regras (...), a moção de que Hillary Clinton seja escolhida como a indicada pelo Partido Democrata para presidente dos EUA", disse.
Em meio a uma ovação ensurdecedora, a responsável pela condução da sessão fez uma rápida consulta com os delegados e a moção de Sanders foi aprovada por aclamação.
Quase imediatamente, Hillary publicou na sua conta de Twitter uma foto dela mesma durante um ato de campanha, agradecendo aos delegados pela histórica jornada.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Polícia Federal indicia ex-ministro Paulo Bernardo por corrupção

26/07/2016 17h13 - Atualizado em 26/07/2016 17h57

Ele foi preso no dia 23 de junho pela da Lava Jato e solto seis dias depois.

Político é suspeito de integrar organização que fraudava crédito consignado.

Do G1 em São Paulo
A Polícia Federal indiciou o ex-ministro Paulo Bernardo, alvo da Operação Custo Brasil, desdobramento da 18ª fase da Operação Lava Jato, por corrupção passiva e por integrar organização criminosa.  Segundo a PF, as investigações mostraram indícios de materialidade e autoria de Paulo Bernardo. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público na última sexta-feira (22). 

O MPF poderá apresentar denúncia à Justiça Federal, reenviar o inquérito policial para a PF para a realização de novas diligências investigativas ou requerer o arquivamento da investigação à Justiça.
A Operação Custo Brasil foi deflagrada em 23 de junho para apurar o pagamento de propina a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos ligados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, relacionado a contratos de prestação de serviços de informática, entre os anos de 2010 e 2015.

Foram indiciadas ao todo 22 pessoas pelos seguintes crimes:  

integrar organização criminosa (18 pessoas indiciadas)
- corrupção ativa (8 pessoas indiciadas)
- corrupção passiva (3 pessoas indiciadas)
- tráfico de influência (5 pessoas indiciadas)
- lavagem de dinheiro (13 pessoas indiciadas).
Paulo Bernardo, que foi ministro do Planejamento do governo Lula e das Comunicações no primeiro governo Dilma Rousseff, é suspeito de integrar uma organização formada para fraudar um serviço de gestão de crédito consignado a funcionários públicos.
A advogada de Bernardo, Verônica Sterman, disse que não teve acesso aos documentos sobre o indiciamento, mas divulgou nota reiterando a inocência de seu cliente.

"O ex-ministro Paulo Bernardo reitera que não participou ou teve qualquer ingerência na celebração ou manutenção do acordo de cooperação técnica celebrado autonomamente entre a Secretaria de Recursos Humanos do MPOG e as associações de Bancos e Previdência (ABBC e SINAPP). Também reitera que não recebeu qualquer quantia da Consist, direta ou indiretamente", diz a nota. 
Preso no dia 23 de junho, Bernardo  foi solto no dia 29, após uma determinação que partiu do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Ele prestou depoimento no último dia 19. 
A empresa contratada para o serviço, o Grupo Consist, cobrava mais do que deveria e repassava 70% do seu faturamento para o PT e para políticos, segundo informaram a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público Federal.
A propina paga entre 2009 e 2015 teria chegado a cerca de R$ 100 milhões. "Dezenas de milhares de funcionários públicos foram lesados", disse o superintendente da Receita Federal em São Paulo, Fábio Ejchel.
Liberdade
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu no dia 29 de junho o pedido do ex-ministro Paulo Bernardo e revogou a prisão dele, mas recusou outra solicitação da defesa do petista para que o caso fosse encaminhado da Justiça Federal de São Paulo para a Suprema Corte.
Apesar de a decisão de Toffoli apenas ser destinada a Bernardo, o juiz da primeira instância que determinou a liberação concedeu a liberdade aos outros sete investigados. "Ressalto que deixo de determinar outras medidas cautelares para o investigado João Vaccari pelo fato de já estar preso por outro Juízo", disse o juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal de São Paulo.
Defesa de Paulo Bernardo
Após ser divulgado o despacho de Toffoli, os advogados do petista afirmaram, por meio de nota, que a decisão do Supremo mostra que a ordem de prisão tinha "motivos genéricos e que não havia requisitos legais para a detenção.
"A decisão do ministro Dias Toffoli, acolhendo pedido da defesa técnica, desconstruiu todos os fundamentos da prisão de Paulo Bernardo. Deixou claro que os fundamentos eram genéricos e que os requisitos legais e constitucionais não estavam presentes", observaram os defensores.
No despacho no qual determinou a soltura de Paulo Bernardo, Toffoli afirmou que houve um "flagrante constrangimento ilegal" na prisão do ex-ministro. Na visão do magistrado, a decisão do juiz federal de primeira instância de mandar prender o petista se baseia, "de modo frágil", na conclusão pessoal de que, em razão de ser ex-ministro e ter ligação com outros investigados e com a empresa suspeita de ter cometido as irregularidades, Paulo Bernardo "poderia interferir na produção de provas".
Toffoli ressaltou na decisão que o magistrado da Justiça Federal de São Paulo não indicou no mandado de prisão "um único elemento fático concreto que pudesse amparar essa ilação".
"Vislumbro, na espécie, flagrante constrangimento ilegal passível de ser reparado mediante a concessão de habeas corpus de ofício", destacou o ministro do STF em trecho da decisão.
"A prisão preventiva para garantia da ordem pública seria cabível, em tese, caso houvesse demonstração de que o reclamante estaria transferindo recursos para o exterior, conduta que implicaria em risco concreto da prática de novos crimes de lavagem de ativos. Disso, todavia, por ora, não há notícia", complementou Toffoli.

Por Aguiasemrumo: Romulo Sanches de Oliveira

“É lamentavelmente inacreditavelmente, verdadeiramente”.
Absolutamente,
Reconhecidamente,
Inegavelmente,
Que esse País foi descoberto por pessoas de índole e mente perigosa e que o nosso futuro a Deus dará?”

Comando manda prender bombeira do Paraná que tirou fotos sensuais "Que espetáculo de mulher!"

26/07/2016 17h57 - Atualizado em 26/07/2016 20h14

Caso aconteceu em Curitiba em fevereiro, mas punição só saiu neste mês.

Pela transgressão, a soldado Lilian Villas Boas pode ficar oito dias detida.

Samuel NunesDo G1 PR
Delegada do Rio de Janeiro foi quem denunciou o caso, diz fotógrafo (Foto: Reprodução/Facebook)Delegada do Rio de Janeiro foi quem denunciou o caso, diz fotógrafo (Foto: Reprodução/Facebook)
O comando do 7º Grupamento do Corpo de Bombeiros do Paraná determinou que a soldado Lilian Villas Boas, de 32 anos, seja presa por oito dias. O motivo é porque ela participou de um ensaio fotográfico em fevereiro deste ano, para um projeto do fotógrafo Arnaldo Belotto. Nas fotos sensuais, ela aparecia com parte dos seios à mostra.
Segundo Belotto, as fotos ficaram no site do projeto por menos de 24 horas. "Uma delegada civil do Rio de Janeiro acabou printando as fotos e enviando ao comandante aqui em Curitiba", conta. Desde então, Lilian começou a receber pressão dos comandantes para que as imagens fossem retiradas do ar.

Lilian ainda teve que responder pelo processo disciplinar. Segundo a nota de punição publicada em um boletim interno do 7º Grupamento, a punição foi por ela ter exposto "a intimidade e privacidade de seu corpo". A falta foi considerada média pelos superiores, culminando na pena dos oito dias de prisão. O documento é assinado pela tenente Giselle Machado, que é comandante do grupamento.
A bombeira participou do ensaio porque algumas amigas dela também já tinham feito fotografias para o projeto de Belotto, que de acordo com ele, tem o objetivo de exaltar o empoderamento feminino e a beleza das mulheres, sem o uso de técnicas de manipulação de imagem. Mas a pressão sofrida por Lilian continuou, mesmo após a retirada das fotos do site. "Já fui prestar duas vezes depoimento no quartel", diz o fotógrafo.
G1 tentou contato com Lilian, mas ela preferiu não se manifestar a respeito. Disse apenas que recorreu da sentença e que a pena ainda não foi cumprida.
Em nota, a Polícia Militar do Paraná informou que não pode se manifestar sobre o caso, pois a bombeira ainda poderá recorrer à corporação para mudar a sanção que recebeu.
Leia a nota da Polícia Militar na íntegra:
O exercício do poder disciplinar da origem e da solução final do procedimento em relação à bombeira citada se deu no âmbito do 7º Grupamento do Bombeiro, por isso o Comando do Corpo de Bombeiros e o Comando Geral da Polícia Militar do Paraná, se instados em grau de recurso farão a reavaliação sob todas as óticas, seja dos fundamentos da punição ou em relação às suas circunstâncias e dosimetria da pena.
Tanto o Comando do Corpo de Bombeiros quanto o Comando Geral da Polícia Militar do Paraná não podem emitir juízo de valor prévio, pois em algum momento podem ser provocados em grau de recurso.
Boletim interno circulou pelo 7ª Grupamento dos Bombeiros de Curitiba (Foto: Reprodução)Boletim interno circulou pelo 7ª Grupamento dos Bombeiros de Curitiba (Foto: Reprodução)
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Ensaio tinha como objetivo mostrar o empoderamento feminino, de acordo com o fotógrafo (Foto: Reprodução/Facebook)Ensaio tinha como objetivo mostrar o empoderamento feminino, de acordo com o fotógrafo (Foto: Reprodução/Facebook)
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Infelizes com a Vila Olímpica, suecos chamam táxi e deixam o local

Membros do time olímpico da Suécia se queixaram da limpeza e do acabamento dos apartamentos




ESPORTE PAPELÃOHÁ 2 HORAS
POR NOTÍCIAS AO MINUTO


Membros da delegação da Suécia abandonaram a Vila Olímpica na noite desta segunda-feira (25) pelo mesmo motivo do time australiano: as condições dos apartamentos.


De acordo com o Globoesporte.com, os suecos não gostaram nada do estado de limpeza dos banheiros e do acabamento dos apartamentos, que, segundo eles, não estão prontos. Os membros do time chamaram táxis credenciados e seguiram em direção a condomínios da região.
A Suécia devem ficar fora da Vila dos Atleta pelos próximos dois dias, tendo que bancar comida e estadia. Enquanto isso, o Comitê Organizador dos Jogos promete os apartamentos finalizados na próxima quinta-feira (28).
Faltam 10 dias para o início dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Venda de produtos para consumo de maconha ‘sai do armário’

Crescem as vendas de artefatos para usuários da cannabis.

Debate sobre legalização das drogas no Judiciário completa um ano

Zé Gabriel, proprietário da Inca Headshop, em São Paulo.
Zé Gabriel, proprietário da Inca Headshop, em São Paulo. 

No mês que vem se completará um ano que o Judiciário brasileiro entrou na discussão sobre a descriminalização do uso das drogas. Foi em agosto do ano passado que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciaram o julgamento da constitucionalidade do artigo 28 da Lei Antidrogas (11.343/2006), que trata das penas para quem for pego portando ou consumindo alguma substância ilícita. O delicado debate, porém, durou menos de um mês. Ao longo desse tempo, dois ministros votaram a favor da legalização do consumo e porte da maconha especificamente: Edson Fachin e Luís Roberto Barroso. O ministro Gilmar Mendes foi além e votou a favor da descriminalização do uso de "todas as drogas". Pela ordem, o próximo a votar seria o ministro Teori Zavaschi, mas ele pediu mais tempo para analisar o processo e nunca mais voltou a falar no assunto.


Supremo pode até não ter se decidido ainda. Mas longe do Judiciário, o consumo da maconha já é liberado há algum tempo no Brasil. "A realidade é que nas regiões ricas da cidade a maconha já é legalizada", diz Zé Gabriel, proprietário da Inca Headshop, uma loja de artefatos para fumar, inaugurada há um mês na Vila Madalena. "Só é proibida na periferia".
Ao mesmo tempo em que o debate sobre a legalização do consumo da maconha não avança no Supremo, o uso da cannabis sai do armário nas ruas das regiões ricas das cidades e, nessa onda, cresce no Brasil o mercado das chamadas head shops. Assim como o estabelecimento de Zé Gabriel, são lojas que vendem sedas, dechavadores (peças cilíndricas feitas de duas partes iguais, com dentes no meio, para triturar o fumo), cachimbos, piteiras e outros artefatos “para você fumar tabaco ou o que você quiser”, como explica Verena Isaack, sócia, juntamente com Alexandre Perroud, da Ultra 420, “a primeira head shop que surgiu no Brasil”, segundo Perroud.
Quando a dupla inaugurou a loja, em 1994, a legislação brasileira era diferente. Naquela época, tanto o usuário quanto o traficante eram punidos com detenção se fossem pegos portando alguma substância ilícita. A lei mais rigorosa fazia com que pouca gente se assumisse como consumidor de maconha. “Naquela época, ser chamado de maconheiro era um insulto", conta Perroud. Ele afirma que, por isso, os clientes tinham vergonha de entrar na loja, que era "até meio escondida". "Meus amigos diziam que eu seria preso”.
Isso não aconteceu, mas o empresário contabiliza sete batidas policiais em seu estabelecimento no início. "Eu andava com um habeas corpus no bolso já", diz. Como nenhuma droga era encontrada, a polícia ia embora de mãos vazias e a loja seguia aberta. Foi somente em 2006, com a aprovação da Lei Antidrogas, que as penas mudaram. Desde então, quem for pego com certa quantidade de droga que caracterize como usuário, e não traficante, cumpre medidas educativas. É justamente o artigo 28, que trata da punição, que estava em debate no Supremo.
Com as mudanças na legislação, o comportamento do consumidor das head shops também mudou. Hoje, a loja de Perroud, instalada desde o início na Galeria Ouro Fino, um mini-shopping no coração dos Jardins – bairro onde também estão instaladas lojas de grifes — tem uma fachada laranja, chamativa. Não fica mais escondida. O chão e as paredes brancas em conjunto com uma forte iluminação, deixam o lado de dentro da loja claro, e nada se parece com o que era no início. “Eu não quero me esconder mais”, diz o proprietário.

Perroud não só parou de se esconder, como está colhendo os frutos da coragem de ter aberto um negócio desses há mais de 20 anos. Hoje, a Ultra 420 tem três lojas físicas que, junto com as vendas online, contabilizam em torno de 150.000 reais de faturamento ao mês. Mais da metade dos produtos vendidos são de fabricação da própria marca, que agora está partindo para um projeto de expansão de franquias. "Nosso plano é abrir 100 franquias em cinco anos", diz Perroud.
A alguns quilômetros da Galeria Ouro Fino, na Vila Madalena, bairro boêmio de São Paulo, o fotógrafo Zé Gabriel abriu Inca Headshop Café. Nos mesmos moldes que a Ultra 420, a loja de Gabriel vende diversas parafernálias - como são chamados os artefatos para o consumo do fumo - todas "aprovadas pela Anvisa”, como frisa o proprietário. Com a venda dos apetrechos, a expectativa de Gabriel é de alcançar vendas de 30.000 reais ao mês. "As head shops estão crescendo", reconhece.
A Inca Headshop segue a mesma linha sem vergonha do movimento de expansão das lojas do gênero: fica de frente para a rua, é bem iluminada e arejada. "Por isso, entra todo o tipo de cliente", diz Zé Gabriel.

“Não tem recheio”

Marcelo Evangelista Meneses, sócio da marca Bem Bolado Brasil, é outro empreendedor do ramo. Sua grife carimba dois tipos de seda, dechavadores, latinhas e estojos que levam desenhos coloridos. Pelo site, vende, desde 2012, os produtos próprios e de outras marcas, como a seda espanhola PayPay.
Para ele, o crescimento do mercado das head shops no Brasil tem duas razões principais: o fato de o brasileiro querer se livrar da indústria do cigarro e comprar o próprio tabaco; e a tendência de se assumir como consumidor de maconha. "A questão agora não é mais se a maconha vai ser ou não legalizada", diz Meneses. "Mas sim, quando ela será".

GUIA DA ETIQUETA NA HEAD SHOP

Após ouvir perguntas absurdas e presenciar comportamentos um tanto constrangedores de alguns clientes, Alexandre Perroud, da Ultra 420, criou um pequeno manual do que não deve ser feitoem uma head shop:
- Mentir a idade
- Pedir para trocar ou devolver um produto já usado porque não gostou
- Solicitar usar o WC e fumar um lá dentro
- Perguntar se tem "recheio"
- Pedir para enrolar um baseado dentro da loja
- Fazer piadinhas sobre cada produto
- Perguntar se tem para vender a droga, onde vende ou se conhece alguém que tem...
- Pedir para retirar ou retirar sem pedir uma folha de seda do livreto à venda
- Colocar a boca no bocal dos cachimbos e bongues
- Pedir para usar ou usar sem pedir os isqueiros que estão a venda
- Pedir a balança emprestada
- Pedir um "test drive "
O negócio é tão sério para Meneses, que ele foi atrás de descobrir onde se fabrica o melhor papel do mundo para enrolar cigarros. "Achei que fosse na China, onde fabricamos a seda Bem Bolado". Mas descobriu que, na verdade, é no município valenciano de Alcoi, na Espanha. Com a descoberta, passou a produzir uma seda premium ali, além da seda chinesa.
As pesquisas de Meneses, que passou três anos estudando o mercado brasileiro antes de lançar sua marca, também resultaram no traçado dos diferentes comportamentos dos consumidores brasileiros. "Descobri, por exemplo, que no Rio de Janeiro e em São Paulo o consumidor prefere a seda tamanho king size. Na Bahia, não. Preferem a seda menor", conta.
Conhecendo o mercado brasileiro mais profundamente, os frutos logo renderam para Meneses: ele afirma que no ano passado os produtos da Bem Bolado Brasil renderam 1,5 milhão de reais de faturamento. E a expectativa para este ano é de chegar a 3 milhões de reais.
As head shops surgiram nos Estados Unidos na década de 1960 com a proposta de vender as chamadas parafernálias, como os proprietários chamam os artefatos para fumar. Não são a mesma coisa que os coffee shops, onde o cliente entra, compra e fuma maconha ali mesmo, muito comuns na Holanda e agora em regiões dos EUA e no Uruguai. As head shops não vendem maconha nem nenhuma outra substância ilícita. Perroud, da Ultra 420, conta que é muito comum entrar gente na loja que não entende – ou finge não entender – essa regra. “Todo dia tem gente que entra aqui e pergunta se a gente vende o recheio”, diz. O"recheio", claro, é a cobiçada maconha pelos que esperam a sua liberação.

TABACARIA X HEAD SHOP

Tabacaria e head shop não são a mesma coisa. Há muitas diferenças entre esses dois modelos de negócio.

As tabacarias, além dos apetrechos óbvios como tabaco, charuto e papel para enrolar o cigarro, também têm nas suas vitrines canivetes e outros objetos para presente. Têm uma cara um pouco mais sóbria, geralmente são lojas pequenas, feitas com balcões e armários de madeira maciça. Atrás do balcão, um senhor com cachimbo vende os produtos. É quase um padrão.

As head shops vendem sedas de diversas marcas, cores, tipos e matéria-prima. Dechavadores (são cilindros, feitos de plástico ou de metal, geralmente. Contêm duas partes, cada uma delas com dentes no meio, que juntas, são giradas de um lado para o outro para moer o fumo), bongs ou water pipe. Esta última é feita de vidro, numa espécie de vaso com canudo, servem para purificar o fumo: no fundo, coloca-se água, e em outra parte, coloca-se o fumo. A ideia é que, em contato com a água, o fumo seja purificado, porque a fumaça é resfriada, o que ameniza efeitos como tosse e pigarro depois de fumar.
Além de vender produtos diferentes, as head shops também costumam ter uma cara mais moderna que as tabacarias.