terça-feira, 19 de julho de 2016

Trump é oficializado candidato Republicano à Casa Branca



"Amamos você, papai", disse um emocionado Donald Jr,. ao lado dos irmãos Eric, Ivanka e Tiffany, na convenção em Cleveland (Ohio)


MUNDO ELEIÇÕESHÁ 1 HORA
POR FOLHAPRESS


O empresário Donald J. Trump, 70, foi consagrado nesta terça-feira (19) o candidato do Partido Republicano à Presidência dos EUA.

Após uma longa e acirrada campanha, na qual teve seu nome contestado pela elite do partido, Trump viu a marca oficial de 1.237 votos de delegados -os membros do partido que representam o eleitorado de cada Estado na convenção- ser anunciada por seu próprio filho, Donald Jr., que serviu de porta-voz para a delegação de Nova York, Estado onde a família vive.
"Amamos você, papai", disse um emocionado Donald Jr,. ao lado dos irmãos Eric, Ivanka e Tiffany, na convenção em Cleveland (Ohio).
Trump deve falar ainda na noite desta terça, por volta das 22h (hora de Brasília), mas seu discurso oficial é aguardado apenas para o último dia de convenção, quinta-feira.
Na próxima semana, o partido Democrata realiza em Filadélfia (Pensilvânia) sua convenção para consagrar a candidatura de Hillary Clinton. Com informações da Folhapress.


Primeiro ‘food cart’ vegano de Campinas oferece churros sem nada animal e com muito estilo

E as fotos são de cair o queixo: confira no fim da matéria.



Depois do food truck, um outro termo tem ganhado as grandes cidades do país. Seguindo o mesmo conceito de levar a cozinha para as ruas, os food carts oferecem comida em qualquer lugar com a vantagem de serem mais acessíveis aos empreendedores.
Em Campinas, no interior de São Paulo, um jovem casal vegano resolveu apostar em um carrinho de churros chamado The Boinas, em referência às boinas que fazem parte do uniforme. O uniforme e toda a comunicação do The Boinas, aliás, é um ponto forte do negócio.
Thiago d’Almeida e Carol Atauri são da área de comunicação e, após uma viagem à Europa, ficaram inspirados para criar um novo comércio na cidade onde moram. “Nos inspiramos no design de restaurantes franceses, visando trazer um toque nostálgico em cada detalhe: desde os uniformes e a estrutura do carrinho retrô, até o formato original do churros e o modo de servi-lo.” – disse Thiago, em entrevista ao Vista-se.
No cardápio, quatro sabores: doce sem leite, chocolate, goiabada e recheio do dia. Esse último, como o nome sugere, é surpresa. Todos eles podem receber cobertura coco ralado, amendoim, granulado colorido ou granulado de chocolate. Os churros simples, que têm apenas com recheio dentro, saem por R$ 6,00 cada. Com R$ 1,00 a mais é possível incrementar com recheio também por fora e qualquer uma das coberturas. Para acompanhar, um saboroso chá do dia.
Ainda sem endereço fixo, o food cart The Boinas deve figurar nos principais eventos de Campinas. Por ocupar pouco espaço, o carrinho pode ser também contratado para aniversários, casamentos e outras comemorações.
Serviço
Siga no Facebook para saber onde encontrar o The Boinas (clique aqui)


TCU não pode dar 'conforto prévio' ao governo, diz ministro do tribunal

19/07/2016 06h00 - Atualizado em 19/07/2016 07h34

Fazenda tem pedido aval antes de liberar verba não prevista no Orçamento.

Segundo Bruno Dantas, tribunal criou ‘insegurança tremenda’ para o governo.

Laís AlegrettiDo G1, em Brasília

Tribunal de Contas da União (TCU) está numa “posição incômoda” por ter que responder a consultas feitas pela equipe econômica do presidente em exercício, Michel Temer, sobre a liberação de verbas não previstas no Orçamento, segundo afirmou em entrevista ao G1 o ministro Bruno Dantas. Para ele, não é papel do órgão dar “conforto prévio” ao governo federal.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem enviado consultas ao tribunal para saber se o governo pode abrir créditos extraordinários por meio de medida provisória. As consultas são como um pedido de autorização e dão garantia ao governo de que, no futuro, os ministros não apontarão irregularidades nessas operações.

"Ter colocado entre os 23 pontos de questionamento à presidente referente às contas do ano passado a liberação de crédito extraordinário por MP, nos colocou na posição incômoda de sermos confrontados, semana após semana, com essa realidade [consultas do governo]", disse Dantas ao
 G1.Esse cuidado excessivo da equipe econômica começou depois de o TCU apontar a abertura de crédito extraordinário por meio de MP como um dos indícios de irregularidades nas contas de 2015 da presidente afastada Dilma Rousseff.

Socorro ao Rio e à Justiça
Nos últimos dias de junho, o tribunal deu aval para que o governo federal desse um socorro de R$ 2,9 bilhões ao Rio de Janeiro, a serem gastos com a segurança da Olimpíada.
Poucas horas depois do julgamento pelo TCU, o Palácio do Planalto anunciou que Temer assinou a MP.

Na semana seguinte, o tribunal respondeu outra consulta de Meirelles e deu respaldo à edição de uma medida provisória com crédito extraordinário para a Justiça do Trabalho. Durante a análise desse processo, Dantas criticou o pocisionamento do TCU.
Ao sugerir que a liberação de crédito por medida provisória fora das hipóteses constitucionais é motivo de rejeição de contas, criamos no governo uma insegurança tremenda para governar. Governar é administrar recursos escassos, e o tribunal não pode ficar dando conforto prévio para o governo tomar decisões."
Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)
"Estamos questionando a presidente afastada e estamos aqui dando a resposta ao que ela vai apresentar em última analise. Estamos dizendo que basta a senhora colocar cópia deste acórdão que o tribunal terá obrigatoriamente que acolher a razão de justificativa. O que me parece é que estamos antecipando a apreciação da justificativa da presidência", disse ele.
Uma das mais recentes consultas de Meirelles ao tribunal está sob análise de Dantas e deve ser levada ao plenário do órgão nesta quarta-feira (20). Desta vez, o Ministério da Fazendapede aval para liberar crédito extraordinário para o Ministério da Integração Nacional. Dantas antecipou que vai sugerir ao plenário que “autorize” a liberação da verba – o mesmo entendimento dos processos anteriores.

“Ao aceitar tantas consultas sobre temas cruciais, o TCU se transforma, em certa medida, em corresponsável pela gestão”, apontou o ministro.
O tribunal é ligado ao Congresso e tem, entre as suas responsabilidades, a análise das contas do governo.

Insegurança
Ao apontar a abertura de crédito extraordinário por meio de MP como possível irregularidade das contas de Dilma em 2015, o próprio TCU se colocou na posição de ter de dar uma espécie de autorização prévia ao governo Temer, segundo Dantas. Para ele, não compete ao tribunal “dar blindagem” ao governo.

“Ao sugerir que a liberação de crédito por medida provisória fora das hipóteses constitucionais é motivo de rejeição de contas, criamos no governo uma insegurança tremenda para governar. Governar é administrar recursos escassos, e o tribunal não pode ficar dando conforto prévio para o governo tomar decisões”, disse o ministro.

A Constituição estabelece que o governo pode abrir crédito extraordinário quando estiver diante de despesas “imprevisíveis” e “urgentes”, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.

“O problema é que, ao respondermos a consulta sobre a Justiça do Trabalho, dissemos que o questionamento que fizemos à presidente Dilma é insubsistente (destituído de fundamento ou valor)”, criticou Dantas.

Para ele, há “fortes motivos” para o tribunal avaliar a rejeição das contas de Dilma. “Mas a realidade está mostrando a fragilidade desse motivo em particular”, acrescentou o ministro.

A abertura de crédito extraordinário por meio de medida provisória foi um dos 23 pontos sobre os quais o TCU identificou indícios de irregularidades nas contas de 2015. Agora, a presidente tem até dia 25 de julho para dar explicações. Depois disso, o TCU terá de sugerir ao Congresso a aprovação, aprovação com ressalvas ou reprovação das contas do ano passado. O TCU apenas faz a sugestão. Cabe ao Congresso aprovar ou reprovar as contas.

Lewandowski manda Moro separar áudios que envolvem Lula e políticos

O áudio envolvendo Lula e Dilma foi retirado do processo



POLÍTICA LAVA JATOHÁ 11 HORAS
POR NOTICIAS AO MINUTO


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, determinou nesta segunda-feira (18) a separação de parte da investigação da Operação Lava Jato que envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e políticos com foro privilegiado. Os processos estão sob a condução do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba.


No entendimento de Lewandowski, a parte da investigação em que Lula aparece em conversas grampeadas com políticos deve ser separada para que o ministro Teori Zavascki, relator do processo, analise a legalidade da investigação ao retornar das férias, no dia 1º de agosto. Lewandowski decidiu a questão devido ao período de recesso na Corte.
A decisão foi motivada por um recurso apresentado pela defesa do ex-presidente. Os advogados pediram  liminarmente que toda a investigação sobre o ex-presidente da República volte a tramitar no STF porque os parlamentares citados em diálogos com Lula têm foro privilegiado e, por isso, só podem ser julgados pela Corte.
Na decisão, Lewandowski negou todos os pedidos dos advogados de Lula, mas entendeu que as gravações questionadas pela defesa devem seguir separadamente para não gerar nova nulidade das provas.
“Assim, sem prejuízo do regular andamento das centenas de feitos em trâmite perante o juízo reclamado, convém que, por ora, as gravações apontadas como ilegais permaneçam sob sigilo e isoladas dos demais elementos de prova já colhidos nos demais processos em curso na instância de piso, até o exame definitivo da presente reclamação pelo ministro Teori Zavascki”, decidiu o ministro.
Zavascki
As investigações sobre o ex-presidente foram remetidas para Moro em junho, após decisão de Teori Zavascki, que anulou uma gravação, feita durante a Lava Jato, de uma conversa telefônica entre Lula e a então presidenta Dilma Rousseff.
Na decisão, o ministro entendeu que a escuta deve ser retirada do processo porque foi gravada pela Polícia Federal após a decisão de Sérgio Moro de suspender o monitoramento. Conforme o entendimento de Zavascki, Moro usurpou a competência da Supremo, ao levantar o sigilo das conversas. No entanto, as demais provas, como conversas envolvendo políticos, foram devolvidas ao juiz.
Em manifestação enviada na semana passada ao Supremo, Moro afirmou que está cumprindo a determinação de Zavascki e que o áudio envolvendo Lula e Dilma foram retirados do processo, conforme decisão do ministro. Para o juiz, o restante da investigação continua rígido, e não há motivos para remeter os processos novamente para o Supremo, conforme quer a defesa. Com informações da Agência Brasil.

Envolvimento no petrolão coloca Engevix e executivos na mira da AGU


Internet/Reprodução

Advocacia-Geral da União abre processo contra a empreiteira e inclui integrantes do segundo escalão da construtora. Ação do governo pede ressarcimento de R$ 2,6 bilhões por fraudes em contratos com a Petrobras


As 16 empresas que, juntas, integravam o chamado “Clube VIP” que cartelizou os contratos da Petrobras durante anos estão na mira de diversas ações da Justiça. A maioria delas, inclusive, pede a prisão de alguns dos seus principais mandatários. O segundo escalão dessas companhias, no entanto, vinha conseguindo se livrar da Justiça pela dificuldade em provar a intenção — ou dolo, no verbete jurídico — em pilhar os cofres públicos. Mas agora esse grupo começa a entrar na mira de ações da força-tarefa da Lava Jato, sobretudo aquelas encabeçadas pela Advocacia-Geral da União (AGU).


É o caso de três executivos da Engevix, empresa-membro do agrupamento responsável por surrupiar cerca de R$ 20 bilhões da principal estatal brasileira. Membros da diretoria da empresa, como Carlos Eduardo Strauch Albero, Newton Prado Junior e Luiz Roberto Pereira, haviam sido absolvidos de ações na Justiça justamente pela dificuldade em mostrar dolo na participação deles na assinatura, por exemplo, de contratos com as empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. Dessa forma, não houve como mostrar que eles eram de fato corruptos. O trio acabou absolvido.
Uma nova ação civil pública da AGU, protocolada no dia 14 de março deste ano, porém, muda o foco da denúncia e passa a cobrar explicações desses executivos por improbidade administrativa. Dessa forma, junto à empresa na qual trabalhavam e ao lado de outros personagens conhecidos do escândalo — como o próprio Alberto Youssef e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa —, eles estão sendo cobrados a ressarcir os cofres em R$ 2,6 bilhões devido ao superfaturamento de oito obras da Petrobras.
Também serão processados o ex-diretor de serviços da estatal Renato Duque, ligado ao petista José Dirceu; e o sócio e vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada. Ambos são réus em outras ações de corrupção no âmbito da Lava Jato. As empresas Jackson Empreendimentos, Skanska Brasil, Queiroz Galvão, Niplan Engenharia, NM Engenharia e Promon Engenharia também são alvos solidários, ou seja, que terão de dividir o ressarcimento.
Essa ação, que tem como principal foco a atuação de Almada e da Engevix no processo de cartelização da Petrobras, é uma das quatro da AGU que, somadas, pedem o ressarcimento de R$ 25 bilhões por sobrepreço em obras da petroleira. A advocacia se baseia em um cálculo econométrico elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que estima em uma média de 17% os aumentos no preço real das obras tocadas pelo Clube VIP.
CartelA acusação é baseada em um conjunto de documentos de vários órgãos, como o próprio TCU e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Com isso, a AGU busca mostrar que houve uma formação de cartel com base em manifestações desses órgãos e delações premiadas de envolvidos no esquema. De acordo com a peça, as empresas se organizavam profissionalmente para fraudar licitações de grandes obras da Petrobras, eliminando a concorrência e elevando artificialmente os preços cobrados.
A soma dos contratos em jogo nessa ação é de R$ 4,2 bilhões. Além do sobrepreço, é aplicada também uma multa nas empresas que fraudaram as licitações da Petrobras, que pode chegar a três vezes o valor do proveito econômico auferido.
A ação é feita em conjunto entre a AGU e a Procuradoria-Geral da União no Estado do Paraná, e leva a assinatura dos quatro advogados da União que fazem parte da força-tarefa da Lava Jato: Rogério Pereira, Julio Cesar Bertuzzi, Vitor Cesar Bertuzzi e Clênio Luiz Parizotto. A ação vai correr na 2ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba.







Governo Temer prepara pacote de bondades para afagar a classe média

Linhas de financiamento terão juros mais baixos na compra da casa própria. Caixa se antecipa e eleva a R$ 3 milhões o valor máximo de imóveis voltados a clientes de alta renda. Medidas integram agenda de retomada do crescimento


 postado em 19/07/2016 07:07

Embalado pelas pesquisas de popularidade, mostrando que metade da população prefere Michel Temer a Dilma Rousseff no comando do país, o governo prepara um pacote de medidas para estimular o crescimento e beneficiar a classe média. O presidente interino quer garantir o apoio político dessa parcela da população e, para isso, deve lançar linhas de financiamento para a casa própria com juros mais baixos. A Caixa Econômica Federal se antecipou e deu um afago às construtoras, estendendo para R$ 3 milhões o valor máximo de imóveis de alto padrão que podem ser financiados pela instituição, sem uso do FGTS — o teto anterior era de R$ 1,5 milhão.

Temer ficou tão empolgado com o resultado das sondagens que, para aproveitar o clima favorável, queria definir as medidas ontem mesmo. Chegou a marcar uma reunião com o núcleo econômico do governo, mas, sem encontrar alguns ministros em Brasília, desistiu. Pega de surpresa, a equipe pediu um tempo para se preparar e o encontro foi postergado para hoje, às 11h.


Algumas medidas podem ser anunciadas ainda hoje, ou na sexta-feira, para contrabalançar o impacto negativo do esperado corte de verbas do Orçamento (leia mais na página 8). “Não virá nada que mexa com o mercado. São temas como a elevação do teto de financiamento da casa própria e medidas para melhorar o ambiente de negócios, mas com algum reflexo social”, revelou uma fonte do Planalto. “O objetivo é cuidar um pouco da classe média, que ficou abandonada nos governos Lula e Dilma. Esse pessoal, que bateu panela e não foi beneficiado por nenhum programa social, apoia o presidente Temer”, acrescentou.

Ao todo, estão em análise cerca de 20 medidas, que integram uma “Agenda de Desenvolvimento e Reformas para o Crescimento”. Elas incluem maior facilidade nas concessões de projetos de infraestrutura e nas privatizações. Será ampliado o prazo entre a divulgação dos editais e a realização dos leilões para garantir que contratos sejam assinados depois do impeachment. A ampliação do crédito para microempreendedores, a securitização da dívida ativa da União e a liberação da compra de terras por estrangeiros também podem fazer parte do pacote.

Desmonte do Estado por governo interino ameaça as próximas gerações











Em seminário realizado em São Paulo, analistas falam da situação do país e das graves consequências das políticas que Michel Temer tenta implementar em áreas essenciais como saúde e educação

por Eduardo Maretti, da RBA publicado 19/07/2016 08:14

Michel Temer
Para analistas, direitos e conquistas estão seriamente ameaçados em apenas dois meses de governo Temer
São Paulo – A Plataforma Política Social e o Le Monde Diplomatique Brasil promoveram na noite de ontem (18), em São Paulo, o seminário "Austeridade Contra a Cidadania: O Desmonte do Estado Social", em que se discutiu a conjuntura política do país com o governo interino de Michel Temer e as implicações de sua política na sociedade. Participaram do debate o ex-ministro da Saúde (2007 a 2010) José Gomes Temporão e os economistas Sérgio Gobetti, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e Sérgio Haddad. A mediação foi do também economista Eduardo Fagnani.
Segundo os analistas, o país passa por grave momento político-institucional e a supressão de direitos e conquistas ameaça seriamente as próximas gerações. Temporão falou da gravidade do cenário a partir da visão do governo interino, segundo a qual é preciso diminuir os gastos com saúde, de acordo com o princípio de que “não cabe no orçamento”. No Brasil, 52% dos gastos com saúde são de origem privada, enquanto 48% vêm do setor público. Na Inglaterra, 85% dos gastos são públicos.
“Deveríamos estar como a Inglaterra. Para isso, deveríamos ampliar os gastos públicos, mas vai-se diminuir. O setor conservador vê a saúde como um gasto. A distorção que já existe vai ser ampliada se as propostas do governo forem implementadas”, disse Temporão.
Ele lembrou que o ministro interino, Ricardo Barros, propõe “planos de saúde baratinhos para desafogar o SUS”. “Não satisfeito, disse que a maioria dos pacientes imaginam que estão doentes. Enquanto isso, para usufruir de um plano de saúde do Senado, basta exercer o mandato por 180 dias. O país vive um sistema de castas.”
Na sexta-feira (15), Barros disse que o brasileiro tem uma cultura de fazer exames desnecessariamente e que a maioria dos pacientes "imagina" doenças, aumentando os gastos públicos.

Temporão destacou ainda a agenda liderada por parlamentares da bancada BBB (bala, boi e bíblia) no Congresso. Hoje, há cerca de cinco dezenas de projetos de lei que buscam destruir os direitos alcançados e impedir a conquista de novos. Ele citou propostas “pelo porte de armas, restrições ainda maiores sobre a legislação medieval que temos sobre o aborto, aniquilação do SUS, revisão da Lei Maria da Penha, aprovação de ‘Escola sem Partido’”, entre outras. “É uma agenda muito preocupante da direita ou extrema-direita”, afirmou.
Na educação, as perspectivas não são menos sombrias, segundo a palestra de Sérgio Haddad. Segundo ele, o país volta a uma aliança já conhecida no Ministério da Educação, formada pelo PSDB e DEM.
A privatização volta a ser uma diretriz de Estado, o que pode ser observado em textos publicados pela imprensa. Ele mencionou artigo de Alexandre Schneider, ex-secretário municipal de Educação de São Paulo, na gestão de Gilberto Kassab, que, na semana passada afirmou na Folha de S. Paulo: “Chegou o momento de discutir com a sociedade brasileira a cobrança de mensalidade nas universidades públicas”.
Por trás dessa sugestão, a ideia é desmontar um sistema educacional sistêmico e universal, “focando” em uma área em detrimento do todo. No caso, a justificativa de cobrar mensalidades na universidade pública seria a de que o Estado precisa ter dinheiro para o ensino básico. “Essa lógica que predominou no governo Fernando Henrique Cardoso deve se impor em época de restrição orçamentária. Vamos viver um tempo de ‘focalização’ e se pode ver isso nos debates colocados na mídia” disse Haddad. “Estamos vendo uma crescente presença do setor privado nas estruturas que definem as políticas de educação.”
Ao lado das questões econômicas, há hoje no país a preocupante escalada censória e ideológica, simbolizada pela proposta Escola sem Partido, que se alastra por legislativos municipais, estaduais e federal. Fora todas as consequências na educação, “o ministério e as secretarias contarão com organismos de delação”, disse Haddad, em referência ao artigo 8° do PLS 193/2016, que tramita no Senado, e prevê: “O ministério e as secretarias de Educação contarão com um canal de comunicação destinado ao recebimento de reclamações relacionadas ao descumprimento desta lei, assegurado o anonimato”.

Economia

Já Sérgio Gobetti, do Ipea, teceu uma série de críticas à condução da política econômica não apenas pelo governo Dilma Rousseff, mas também pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o Brasil é um dos poucos países do mundo que não tributam dividendos para acionistas que recebem transferências de lucros, e os governos petistas não enfrentaram a situação. “Passamos 12 anos de governo sem enfrentar isso e nem mesmo colocar no debate.”
De acordo com Gobetti, o grupo dos muito ricos do país é formado por 70 mil pessoas que receberam, em média, R$ 4 milhões, cada um, por ano, e pagaram 6% sobre esse valor. O grupo de pessoas da alta classe média, formado por quem ganha de R$ 200 mil a R$ 300 mil por ano, desembolsa 12% em média. “A alta classe média vive de salários, que é tributado pelo Imposto de Renda, enquanto os muito ricos vivem de aplicações financeiras ou de dividendos. Isso é algo escandaloso.”
Segundo os dados disponíveis, esses 70 mil contribuintes concentram pouco menos de 25% da riqueza no país. “Não existe paralelo no mundo de países que disponibilizam estatísticas como essas”, disse Gobetti.
Ele criticou também algumas políticas econômicas e opções dos governos petistas, como “a obsessão em não fazer nada que contrariasse o mercado”. Um dos equívocos, segundo ele, foi a desoneração da folha, pela qual o governo pretendeu incentivar o crescimento. “A desoneração começou na indústria, se estendeu para o turismo, aos hotéis, bares e restaurantes, comércio varejista e construção civil. A cereja do bolo foram os meios de comunicação. A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), comandada pela Rede Globo, foi lá, pediu e levou.”
Segundo Gobetti, a desoneração da folha, que o governo decidiu fazer em 2011, quando a indústria estava muito fragilizada, principalmente pela concorrência chinesa, custou R$ 25 bilhões por ano para o governo.