domingo, 3 de janeiro de 2016

O que é o wahabismo, a raiz ideológica do Estado Islâmico Da BBC Mundo

AP
Era de manhã em Karbala, cidade a cerca de 100 quilômetros ao sul de Bagdá, e o mercado local estava cheio quando todos ouviram gritos.
Um grupo de homens vestidos de preto, levando espadas e bandeiras negras, invadiu o mercado matando crianças, mulheres, idosos e adultos.
Eles, então, avançaram pelas ruas até tomar o controle de toda a cidade. Alguns afirmam que, apenas neste dia, cerca de 4 mil pessoas morreram.
Os homens vestidos de preto que organizaram esta matança não eram do grupo autodenominado Estado Islâmico.
O massacre ocorreu há mais de 200 anos e o grupo era comandando por um dos primeiros governantes da Arábia Saudita, que acabava de formar um novo movimento religioso: o wahabismo.
O wahabismo, uma forma rígida e conservadora do islamismo e é, nos dias de hoje, a religião oficial da Arábia Saudita. E alguns afirmam que é o "pai ideológico" do Estado Islâmico.
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Acordo no deserto

"O wahabismo sempre foi descrito popularmente como a mãe de todos os movimentos fundamentalistas", disse à BBC o professor Bernard Haykel, especialista em teologia e lei islâmica.
"Mas, para encontrar a inspiração ideológica destes movimentos é preciso voltar ao salafismo jihadista".
AP
Image captionO Estado Islâmico baseou sua ideologia nos ensinamentos de um clérigo do século 18
Haykel explica que esta é uma corrente ideológica "muito antiga no Islã, extremamente literal na forma como aborda o texto da revelação e tende a condenar outros muçulmanos que não compartilham desta ideologia".
O salafismo remonta ao século 19 e uma das figuras mais influentes foi um homem chamado Muhammad ibn Abd al Wahhab, um pregador nascido em um lugar remoto da Península Árabe em 1703, diz ele.
"Ele acreditava que os muçulmanos tinham se distanciado da verdadeira mensagem do Islã", disse Haykel.
"Ficou horrorizado com o que via em Meca, o lugar sagrado para os muçulmanos, com os nobres vestidos de forma extravagante, fumando haxixe e escutando música."
Al Wahhab era um fundamentalista que queria "purificar" o Islã, voltando aos princípios básicos da fé. E, gradualmente, suas ideias foram se espalhando.
Mas nem todos estavam de acordo e ele acabou expulso do vilarejo onde morava.
Ele encontrou abrigo junto ao homem que governava uma pequena cidade vizinha, Muhammad ibn Saud, com quem fechou um acordo em 1744.
Com este acordo, foram firmadas as bases para a formação de toda a região: Ibn Saud se comprometeu a apoiar Al Wahhab política e militarmente e, em troca, Al Wahhab daria a Ibn Saud legitimidade religiosa.
"Al Wahhab acreditava que a jihad estava justificada contra os descrentes, incluindo os muçulmanos que não seguiam sua versão da fé", afirmou o estudioso.
Juntos, eles tomaram o controle de muitas cidades na região. Muhammad ibn Saud reinava e Muhammad ibn Abd al Wahhab pregava e colocava em prática o que acreditava ser a prática correta do Islã.
"Tinham listas de todos os membros da comunidade e assim garantiam que todos eles iam à mesquita cinco vezes ao dia para orar. Era uma imposição da fé que aplicavam quase como justiceiros, uma versão intolerante da fé que no Islã tradicional não existe", disse Haykel.
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Image captionCom um acordo de 1744 foram criadas as bases para a formação da Arábia Saudita
A aliança entre Al Wahhab e Ibn Saud continuou capturando territórios. No final do século 18 controlava quase toda a Península Árabe.
Desta forma foi estabelecida a união entre a Arábia Saudita e o wahabismo.

Globalizado

Nos dias de hoje há um debate acirrado entre os especialistas sobre se realmente Al Wahhab pregava a violência ou se suas ideias foram manipuladas por Ibn Saud e pelos partidários que vieram depois dele.
Madawi al Rasheed é professora saudita de Antropologia e Religião na London School of Economics (LSE) e autora de vários livros sobre a Arábia Saudita.
Getty
Image captionA aliança de Al Wahhab e Ibn Saud estabeleceu a união entre o whabismo e a Arábia Saudita
A especialista explicou à BBC que em 1932 os wahabistas descendentes de Muhammad ibn Saud conseguiram um ímpeto renovado com um novo acordo e, com isso, conseguiram poder suficiente para fundar o país que hoje é conhecido como Arábia Saudita.
"Com o acordo, foi dado aos wahabistas controle total da vida social e cultural do reino, o que significava que teriam o controle da educação e do sistema judiciário", disse Rasheed.
"A família al Saud tinha controle total das relações internacionais e do gerenciamento da economia. Em troca, os clérigos wahabistas deviam pregar aos cidadãos sauditas que obedecessem seus dirigentes. E isto mantinha os al Saud satisfeitos pois garantia a conformidade no nível doméstico."
Sempre que o governo queria fazer alguma mudança no país, grande ou pequena - como introduzir a televisão no reino ou permitir a educação das mulheres - devia negociar com os clérigos.
AFP
Image captionOs primeiros wahabistas do século 18 também se vestiam de preto e carregavam bandeiras negras
"Nos anos 1960 e 1970 começaram a surgir muitas ideias revolucionárias no mundo árabe e, para se proteger, os dirigentes sauditas pensaram que os wahabistas eram um bom antídoto, pois ofereciam uma narrativa alternativa sobre como obedecer aos dirigentes sem interferir na política."
Os dirigentes sauditas investiram milhões de dólares em campanhas educativas, construíram milhares de mesquitas, imprimiram milhões de exemplares do Corão para distribuir de graça, estabeleceram a Universidade de Al Madinah que ensina religião a estudantes do mundo todo para que eles voltem a seus países e espalhem este conhecimento."
Tudo isto para promover o wahabismo no mundo transformando-o em uma ideologia global.
Alguns afirmam que, ao exportar o wahabismo, a Arábia Saudita ajudou voluntariamente a conseguir recrutas para o Estado Islâmico.
"O que vimos foi a propagação de uma linguagem revolucionária que inspirou alguns indivíduos a cometer atrocidades no nome do Islã", afirmou Madawi al Rasheed.
Getty
Image captionMiles de jóvenes sauditas pelearon en Afganistán, uno de ellos fue Osama bin Laden.
"Quando o Afeganistão foi invadido pela União Soviética, o wahabismo foi utilizado pelo regime saudita para inspirar os jovens a lutar a jihad no Afeganistão contra os infiéis soviéticos."
Foi dito que os sauditas pagaram para enviar milhares de jovens para lutar no Afeganistão, entre eles, Osama bin Laden.

Despertar islâmico

Madawi al Rasheed afirma que é um erro acreditar que o wahabismo como a única influência do Estado Islâmico.
"Se beneficiou com a chegada da Irmandade Muçulmana, que foi exilada de lugares como o Egito, Síria e Iraque nas décadas de 1950 e 1960. A Arábia Saudita os recebeu. Muitos deles se transformaram em professores de religião".
EPA
Image captionMuitos fatores determinam a formação de um jihadista
"Esta fusão da religião do wahabismo com as capacidades de organização de outros movimentos islamistas levou à criação de uma nova tendência que foi chamada de 'o despertar islâmico'", afirmou.
Esta tendência mudou o tom de muitos clérigos em todo o mundo, segundo Aimen Dean, que foi membro da Al Qaeda no Afeganistão e depois de transformou em um espião para os serviços de inteligência britânicos.
"Isto aconteceu por causa da globalização. Porque muitos clérigos tinham problemas com o que viam como a expansão da cultura americana, com seus filmes de Hollywood e sua televisão por satélite", disse à BBC.
"E os clérigos responderam a isto com o método do medo. Propagando o 'temor a Deus' na mente dos jovens muçulmanos para evitar que os valores ocidentais entrassem em suas casas".
Dean afirma que este "temor a Deus" produziu uma geração de pessoas culpadas que acham que precisam se redimir e acabaram "vulneráveis a grupos como o EI ou a Al Qaeda" que ofereciam algo novo: absolvição total.
"Porque no Islã a recompensa que recebe em troca do martírio é a absolvição total".
Image captionAimen Dean se juntou á Al Qaeda e depois se transformou em espião britânico
Dean afirma que esta culpa comum a muitos muçulmanos não os transforma em extremistas, é apenas a primeira etapa de um longo caminho.
"É preciso perder todo o sentido de identidade, além da fé, e depois se identificar com os mártires do Corão que foram perseguidos."
"Aí é que se entra neste território sombrio que é a ideologia do EI, onde reza, onde jejua e onde não vacila nem um segundo para matar alguém. (...) Assim é como se forma uma jihadista preconceituoso e psicopata", disse.

A ponte entre Brasil e Guiana Francesa que ninguém pode cruzar Gerardo Lissardy Enviado especial da BBC Mundo a Oiapoque (Brasil) e St. Georges (Guiana Francesa) Há 1 hora

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Image captionPonte sobre rio Oiapoque foi terminada há quatro anos, mas ainda está fechada
"Pare. Identifique-se", diz uma placa amarela e preta no extremo brasileiro da ponte entre a América Latina e a União Europeia - e, se alguém ultrapassa os limites demarcados pelo arame, um guarda aparece ao longe e grita: "Volte!".
O grito rompe o silêncio reinante na imponente obra cinza e vazia sobre o rio Oiapoque, cujas águas marcam a fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa, na selva amazônica.
Ainda que a ponte estaiada de pilares de concreto de 378 metros de comprimento tenha sido terminada há quatro anos, nunca foi inaugurada, e seu uso está proibido.
Essa demora é um enigma para os moradores dos dois povoados remotos em ambos os lados do rio: Oiapoque na margem brasileira e St. Georges na francesa.
"Para qualquer brasileiro e francês é o maior mistério: por quê? Faz anos que está pronta", diz Alexandra Costa, dona de casa de 34 anos, enquanto tem as unhas dos pés feitas em um salão de beleza em Oiapoque.

Monumento à ineficiência

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Image captionFalta de documentos e desentendimentos impedem a ponte de funcionar
A obra foi anunciada oficialmente em 1997 pelos presidentes da França e do Brasil à época, Jacques Chirac e Fernando Henrique Cardoso.
"Ouvi falar da ponte pela primeira vez em 1973", conta Auxilio Cardoso, um aposentado brasileiro de 71 anos, sobre uma das lanchas que transportam as pessoas de um lado ao outro do rio.
Ele está indo a St. Georges "comprar um perfume francês para o Natal" e passa sob a ponte. Questionado sobre quanto falta para inaugurá-la, dá de ombros, leva as mãos ao céu e responde sorrindo: "Não sei".
De fato, ninguém na região parece saber essa resposta. Com um custo para ambos os governos de US$ 30 milhões (R$ 118,5 milhões), a ponte foi construída com base na premissa de que impulsionaria o intercâmbio e o desenvolvimento destes rincões perdidos do Brasil e da França.
A Guiana Francesa é a última área continental sul-americana que ainda pertence a uma ex-potência colonial. É um território ultramarino da França e, como tal, faz parte da União Europeia e tem o euro como moeda oficial. E a ponte prometia reduzir o isolamento que marca sua história.
Mas, agora, muitos veem a moderna estrutura como um monumento à ineficiência governamental, à burocracia e às diferenças entre os dois países.
"É bonita, mas está parada", reflete Deus Bahia da Silva, um comerciante de 40 anos, ao observar a ponte a partir da margem brasileira, ao lado de barcos de pescadores.
"Nosso Brasil está complicado, os governantes não querem olhar pelo povo, só por eles mesmos", ele acrescenta. "Oiapoque não tem nada. Nós cassamos um prefeito, agora temos outro e nada. Nem praça tem aqui: faz anos que as obras dela estão paradas também."

Vantagens e desvantagens

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Image captionOiapoque fica na margem brasileira do rio do qual leva o nome
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Image captionDo lado da Guiana Francesa, fica o povoado de St. Georges
Entre os habitantes dos dois povoados, há divergências sobre as vantagens e prejuízos que a ponte trará, como se fosse uma enorme criatura adormecida sempre a ponto de despertar.
"Oiapoque vai ficar cheia de gente", diz Roberto Carlos, de 42 anos, enquanto joga em uma tenda de tiro ao alvo com pistolas de ar comprimido, como as de parques de diversão, mas que, na cidade, fica em uma das ruas principais.
"Vai ser melhor para fiscalizar, porque agora tem muita mercadoria de contrabando", afirma Jessica Santos, uma jovem de 23 anos que está desempregada, em frente à praça de St. Georges.
De um lado, está a prefeitura do povoado, ao fim de uma esplanada cheia de besouros mortos. As bandeiras da França e da União Europeia tremulam no ar quente e úmido. No corredor da entrada, envelhecem fotos de Chirac e Cardosodo dia em que visitaram St. Georges e anunciaram a obra.
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Image captionMotorista de lancha não sabe com o que trabalhará após a ponte abrir
Outros acreditam que a ponte afastará os turistas, que seguirão em frente rumo às cidades mais próximas de Caiena, em solo francês, e Macapá, no brasileiro, sem precisar parar por algumas horas nos povoados, como fazem agora.
"Não vai ser bom, porque vai precisar de um carro para cruzar o rio e vai sair mais caro", diz Marlady da Silva, uma brasileira de 30 anos que vive em Oiapoque e vai todos os dias para St. Georges de lancha para trabalhar em uma lanchonete onde se cobra em euros.
Seus filhos perguntam o que ela irá fazer quando a ponte abrir. A passagem para atravessar a fronteira em 10 minutos custa R$ 16, e há umas 200 lanchas que fazem este serviço dia e noite, diz Reginaldo Pena de Moraes, que, com 57 anos, ganha a vida sobre uma delas.
Ele conta que seus três filhos o questionam sobre qual será seu trabalho após a abertura da ponte. "Só vamos descobrir depois que inaugurarem", ele responde. "Não sabemos quando, mas isso vai acontecer."

Pendências

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Image captionObra foi anunciada em 1997 pelos então presidentes Jacques Chirac e Fernando Henrique Cardoso
As autoridades também não têm certeza sobre os prazos. De seu escritório em Macapá, Waldez Góes (PDT), governador do Amapá, destaca que a nova meta para a inauguração é "o final do primeiro semestre de 2016".
Esse objetivo foi estabelecido durante reunião entre os representantes dos dois lados em outubro e permitiria abrir a passagem antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que serão realizados em agosto.
Mas, além do vento contrário gerado pela dura crise econômica do Brasil, que tem feito com que grandes projetos de infraestrutura sejam esquecidos, há vários requisitos para conseguir cumprir a data marcada.
Um é que o Brasil envie antes do fim do ano os documentos que permitam à França liquidar o último pagamento correspondente à construção da ponte, que ainda está pendente, explica Góes.
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Image captionPlacas e arames indicam os limites até onde é possível ir
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Image captionCabines do lado da Guiana estão instaladas, mas não há funcionários
Ele acrescenta que esse atraso, por sua vez, impede até agora que a empresa que fez a obra entregue oficialmente a ponte ao Brasil e à França. Também falta instalar na cabeceira brasileira da ponte os equipamentos para fazer o controle da fronteira, principalmente aduaneiro, além de funcionários.
Isso já foi feito do lado francês, mas as cabines de controle neste momento só são habitadas por lagartixas e insetos.
"Depois que inaugurarem a ponte, será a modernidade", diz com certa ironia um policial francês de fronteira que evita revelar seu nome, porque não tem autorização para falar com jornalistas, em um escritório com ar condicionado.
O Brasil também prometeu pavimentar a BR-156 entre Oiapoque e Macapá, que tem um longo trecho de terra, barro e buracos em seus 595 km. Mas Góes nega que a obra seja condição para a abertura da ponte.
O governador diz que a estrada é de responsabilidade do governo federal e, diante da suspeita de muitos vizinhos de que a obra atrasou por causa de corrupção, responde: "Não posso assegurar se houve ou não desvio de dinheiro."
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Image captionEstrada do lado brasileiro ainda precisa ter um longo trecho pavimentado

Visto

Outro obstáculo pendente é a falta de acordo sobre os seguros para os veículos que cruzarem a ponte, já que, do lado francês, as exigências e os custos são bem maiores, porque seguem o padrão europeu.
O Brasil ainda quer que a França dê fim à exigência de visto para os brasileirosque entram na Guiana Francesa, onde a polícia controla rigorosamente a estrada para Caiena, melhor pavimentada do que a brasileira.
A França quer evitar a entrada em seu território de imigrantes sem documentos e garimpeiros de ouro ilegais, mas muitos brasileiros dizem que o tratamento é desigual, pois os franceses não precisam de visto para entrar no Brasil.
"Os gringos vêm, fazem o que querem aqui no Brasil e lá não se pode fazer nada", protesta Ednaldo Ribeiro, taxista de 47 anos em Oiapoque. "Você chega a St. Georges e logo a polícia já está atrás de você."
Enquanto isso, a pintura da ponte descasca, a iluminação está deteriorada pela umidade, e alguns perguntam se a obra estará em condição de ser usada caso algum dia venha a ser inaugurada.
"Até os romanos, quando faziam uma ponte, sabiam a razão da construção", diz Rona Lima, empresário brasileiro de 57 anos, dono de pousada em Oiapoque. "Mas essa ponte ainda não tem uma finalidade. Não existe nenhuma economia visível que a justifique."
Para ele, a obra só serviu para fazer aflorar as diferenças entre os dois lados do rio. "A ponte veio só para quebrar o charme da região amazônica."

Uruguai capitaliza petrolífera estatal e perdoa dívida de US$ 622 milhões Ancap pode receber US$ 250 milhões para reduzir dívidas com bancos. Sessão que discutiu companhia se prolongou mais de 14 horas. Da EFE

O parlamento do Uruguai aprovou neste sábado (2) um projeto de lei para a capitalização da petrolífera estatal Ancap, a principal companhia do país, com a autorização ao Poder Executivo de perdoar uma dívida de US$ 622 milhões da empresa com o Ministério da Economia.
Em uma sessão extraordinária da Câmara dos Deputados, que começou às 10h locais (11h de Brasília) e se prolongou por mais de 14 horas, foi dado o sinal verde definitivo para o projeto de lei, que já tinha sido aprovado no Senado e que agora será remetido ao Poder Executivo para promulgação.
Além do perdão da dívida da Ancap com o Ministério da Economia, o governo solicitou um empréstimo de US$ 250 milhões ao Banco de Desenvolvimento da América Latina-CAF para diminuir a dependência da empresa dos bancos privados, com quem tem uma grande dívida acumulada, segundo o próprio Ministério.
A empresa estatal, que tem o monopólio para o refino e a distribuição de combustíveis no país, fechou o exercício de 2014 com perdas de US$ 323 milhões, que se somam aos US$ 170 milhões do ano anterior.
No total, estima-se que a dívida da companhia petrolífera uruguaia é superior a US$ 800 milhões.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Pressionando Arthur Chioro, Ministro da Saúde Retirar sugestão de consumo de animais para crianças de mais de 6 meses


paulo dias Araruama, Brasil
Exigimos a retirada do parágrafo que recomenda o consumo de alimentos de origem animal para crianças com mais de 6 meses contido no Passo 3 do folheto do Ministério da Saúde com título “DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL - Guia alimentar para crianças menores de 2 anos”.
O parágrafo desconsidera fontes de ferro de origem vegetal e induz o leitor a acreditar que somente através do consumo de carnes e vísceras é possível a obtenção do mineral privando-o da liberdade de escolha. O número de doenças que tem suas causas associadas ao consumo de produtos de origem animal é crescente, já as fontes de ferro de origem vegetal são completamente seguras devendo, essas sim, terem seu consumo incentivado.
É inadmissível que uma publicação governamental redigida, aprovada e distribuída com a chancela do Fundo das Nações Unidas Para a Infância, acessível a qualquer cidadão, seja parcial e sugira uma prática contrária à melhoria da qualidade da saúde coletiva. Segue abaixo o trecho do folheto que pode ser visualizado no endereço:
"A partir do momento que a criança começa a receber qualquer outro alimento, a absorção do ferro do leite materno reduz significativamente: por esse motivo a introdução de carnes e vísceras (fígado, rim, coração, moela de frango, etc.), mesmo em pequena quantidade, é muito importante."

Quatro israelenses serão acusados de terrorismo antiárabe Eles serão indiciados por envolvimento em incêndio de casa palestina. Pai, mãe e bebê morreram no ataque, ocorrido em Duma, na Cisjordânia.

Homem mostra foto de um bebê palestino que morreu queimado e cujos pais ficaram feridos em estado grave em um ataque de colonos israelenses que atearam fogo a sua casa na Cisjordânia ocupada. O ato doi classificado como terrorista por Israel (Foto: Majdi Mohammed/AP)Homem mostra foto de Ali Dawabshé dentro da casa da família palestina queimada. Colonos israelenses serão indiciados por envolvimnento no caso (Foto: Majdi Mohammed/AP)
Quatro judeus serão indiciados, neste domingo (3), em Israel, por envolvimento em atos de "terror violento contra árabes e suas propriedades", informou o Ministério da Justiça neste sábado. Dois dos acusados são menores de idade.
As acusações que serão apresentadas à Justiça estão relacionadas ao incêndio de uma casa palestina na aldeia de Duma, na Cisjordânia.
ComemoraçãoTrês membros de uma família palestina morreram no episódio, ocorrido em 31 de julho do ano passado. No dia do incêndio, morreu o bebê  Ali Dawabshé, de 1 ano e meio. Seu pai,Saad Dawabshé, morreu no hospital uma semana depois. A mãe, Riham Dawabshé, morreu após mais de um mês hospitalizada.
Na terça-feira (29), a polícia israelense anunciou a prisão de quatro homens suspeitos de comemorar, com outros extremistas judeus, a morte de Ali.
Eles aparecem em um vídeo divulgado por uma rede de televisão israelense, que mostra jovens judeus ortodoxos dançando durante uma festa de casamento, com armas de fogo e um coquetel Molotov enquanto apontavam para uma foto de Ali Dawabshé.
De toda a família palestina apenas uma outra criança, de quatro anos, sobreviveu. Ele sofreu queimaduras muito graves e continua hospitalizado em Israel.
Tensão
O ataque contra a família palestina Dawabshé deflagrou uma onda de indignação dentro e fora de Israel, aumentando a pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu.
O serviço de Segurança Interna, Shin Bet, manteve os suspeitos sob detenção administrativa, chegando a negar-lhes a possibilidade de receberem um advogado durante parte do tempo em que estiveram presos e até a usar força física durante as investigações.
O Shin Bet negou ter usado métodos ilegais e cometido tortura, ressaltando que a investigação foi supervisionada pelo procurador Yehuda Weinstein.

PF aponta rombo de R$ 5 bilhões no Postalis, fundo de pensão dos Correios Relatório responsabiliza 28 pessoas por mau uso das contribuições dos servidores, de acordo com reportagem da Folha de S.Paulo

Polícia Federal apura rombo de R$ 5 bi no Postalis, aponta jornal Flávio Neves/Agencia RBS
Foto: Flávio Neves / Agencia RBS
A Polícia Federal entregou, em 15 de dezembro, à Justiça Federal do Rio de Janeiro um relatório no qual responsabiliza 28 pessoas por umrombo de R$ 5 bilhões no Postalis. De acordo com reportagem daFolha de S.Paulo, publicada neste sábado (2), as investigações encontraram indícios de gestão temerária, crimes contra o sistema financeiro e organização criminosa. Entre os responsabilizados pelo mau uso das contribuições dos servidores dos Correios, estão diretores e ex-diretores do fundo, empresários e executivos do mercado financeiro.
A PF analisou investimentos dos últimos quatro anos, nas gestões de Alexej Predtechensky (o Russo) e do atual presidente, Antonio Carlos Conquista, segundo a Folha. Duas das instituições contratadas pelo Postalis para gerir as aplicações e indicar as melhores opções também estão no foco das investigações: o banco BNY Mellon e aRisk Office.
O Postalis afirma que Conquista prestou os esclarecimentos à PF e que o fundo já obteve algumas vitórias contra o BNY Mellon, tendo obtido uma carta fiança de R$ 250 milhões. E que as Riks Office não presta mais serviços ao Postalis.
Operação Positus
Em 17 de dezembro de 2015, a PF deflagrou a Operação Positus, que investiga o desvio de R$ 180 milhões do Postalis. Segundo a polícia, um ex-gestor do fundo e outros investigados cometeram gestão fraudulenta de dois fundos ligados ao Postalis. A fraude consistia na compra de títulos no mercado de capitais por uma corretora americana. Eles eram revendidos, a preços maiores, para empresas com sede em paraísos fiscais ligadas aos investigados. Em seguida, os títulos eram adquiridos pelos fundos Postalis por valores ainda maiores.
Auditoria dos Correios apontou facilitação de fraudes
Em agosto de 2015, ÉPOCA mostrou que uma auditoria realizada no ano passado pelos Correios no Postalis apontou que a gestão de Antonio Carlos Conquista contraria regras de mercado, omite documentos e facilita fraudes no fundo de pensão da estatal. Segundo os auditores, a bagunça administrativa no Postalis provocou, apenas nos últimos dois anos, prejuízo de R$ 2,6 bilhões nas contas do fundo.
Em maio de 2014, outra reportagem de ÉPOCA as evidências de fraudes no fundo dos Correios, com crimes em investigações no Brasil e até nos Estados Unidos.

Protestos após execução atingem embaixada da Arábia Saudita em Teerã Segundo agência, manifestantes invadiram embaixada e foram expulsos. Arábia Saudita executou 47 envolvidos em ataques, inclusive líder xiita.

Após ser invadido e vandalizado por manifestantes, prédio da embaixada da Arábia Saudita em Teerã, no Irã, é visto com fumaça saindo das janelas (Foto: Atta Kenare / AFP)Após ser invadido e vandalizado por manifestantes, prédio da embaixada da Arábia Saudita em Teerã, no Irã, é visto com fumaça saindo das janelas (Foto: Atta Kenare / AFP)
Manifestantes invadiram a embaixada da Arábia Saudita em Teerã, no Irã, em protesto contra a execução de um líder xiita e outras 46 pessoas acusadas de envolvimento com terrorismo.
Segundo a agência de notícias AFP, os manifestantes quebraram móveis e colocaram fogo em alguns pontos da embaixada, mas a polícia conseguiu retirar os manifestantes do prédio após a invasão.
Clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr, uma importante figura do movimento de contestação contra o regime saudita, em foto de arquivo (Foto: Saudi Press Agency/ Reuters)Clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr, importante figura
do movimento de contestação contra regime saudita
(Foto: Saudi Press Agency/ Reuters)
Execução
A Arábia Saudita executou neste sábado (2) 47 pessoas condenadas por "terrorismo", incluindo jihadistas sunitas da Al-Qaeda e o clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr, uma importante figura do movimento de contestação contra o regime, anunciou o ministério do Interior. A execução causou protestos entre os árabes xiitas.
O Irã, potência xiita cujas relações com a Arábia Saudita são tensas, imediatamente reagiu às execuções, prometendo que Riad pagará "um preço alto" pela morte do xeque Nimr al-Nimr, segundo a France Presse.
"O governo saudita apoia movimentos terroristas e extremistas, e ao mesmo tempo utiliza a linguagem da repressão e a pena de morte contra seus opositores internos (...) pagará um preço alto por essas políticas", declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Jaber Ansari.

O país também convocou um diplomata saudita para protestar contra a morte do clérigo, de acordo com a Reuters.

O grupo xiita libanês Hezbollah condenou a execução em declarações citadas pela TV oficial do Hezbollah al-Manar e pela Al Mayadeen TV. A "verdadeira razão" para a execução foi "que o xeque Nimr exigiu os direitos dissipados de um povo oprimido", disse o grupo em um comunicado, aparentemente se referindo à minoria xiita da Arábia Saudita, de acordo com a Reuters.
O sobrinho do xeque, Ali al-Nimr, menor de idade no momento da sua detenção, não está entre os executados, que geralmente são decapitados com sabre.
Os condenados - 45 sauditas, um egípcio, um chadiano - foram executados em doze cidades do reino, indicou o ministério do Interior em um comunicado oficial.
Eles haviam sido condenados, segundo as autoridades, por diferentes casos, incluindo por ter aderido a ideologia radical "takfiri" (termo geralmente utilizado para se referir a grupos radicais sunitas), por juntar-se a "organizações terroristas" ou ter participado de "conspiração criminosa".
O xeque Nimr al-Nimr, de 56 anos, crítico ferrenho da dinastia sunita Al-Saud, foi um dos líderes de um movimento de contestação que eclodiu em 2011 no leste da Arábia Saudita, cuja população é majoritariamente xiita.
Esta comunidade, que está concentrada na Província Oriental, queixa-se de ser marginalizada neste país predominantemente sunita.
A execução do xeque poderia provocar fortes reações nesta região, segundo especialistas.
Para o irmão do líder religioso, Mohammed al-Nimr, "esta ação provocará a cólera dos jovens" xiitas na Arábia Saudita. "Espero que aja um movimento de contestação pacífico", acrescentou.
O xeque Nimr tinha sido condenado à morte em outubro de 2014 por "motim", "desobediência ao soberano" e "porte de armas" por um tribunal de Riad especializado em casos de terrorismo.
Manifestantes em frente à embaixada da Arábia Saudita em Teerã, no Irã (Foto: Atta Kenare / AFP)Manifestantes em frente à embaixada da Arábia Saudita em Teerã, no Irã (Foto: Atta Kenare / AFP)
Manifestantes em frente à embaixada da Arábia Saudita em Teerã, no Irã,  (Foto: Atta Kenare / AFP )Manifestantes em frente à embaixada da Arábia Saudita em Teerã, no Irã, (Foto: Atta Kenare / AFP )
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