quarta-feira, 25 de novembro de 2015

ÁUDIO: ouça a gravação que embasou a prisão do senador Delcídio do Amaral


Uma gravação com 1 hora e 35 minutos revela como o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), ofereceu R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal
- Ouça acima a íntegra do áudio
Clique aqui para ler a íntegra dos diálogos.
Ouça ao final trechos selecionados dos diálogos
No diálogo ocorrido no dia 4 de novembro em um quarto do hotel Royal Tulip, em Brasília, o petista também propôs ao filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, que, se o ex-diretor realmente optasse por um acordo com os procuradores da República, ele não o citasse.
A gravação embasou a prisão de Delcídio nesta quarta-feira (25) pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O parlamentar petista é acusado pela PGR de estar atrapalhando as investigações.
A gravação foi feita em um celular de Bernardo. Além de Delcídio e do filho de Cerveró, também participou do encontro o advogado Edson Ribeiro, que era responsável pela defesa de Cerveró na Lava Jato.
No dia 19, a Procuradoria Geral da República recebeu o áudio com a íntegra da conversa por meio de uma advogada de Bernardo, que atuou no acordo com o Ministério Público.
No dia seguinte, Cerveró e o filho prestaram depoimento, separadamente, aos procuradores da República, segundo apurou o Blog. Os depoimentos ajudaram na conclusão do pedido de prisão do senador do PT, do banqueiro, do advogado Edson Ribeiro e do chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira.
Ribeiro é acusado de participação no crime de obstrução de Justiça apontado pelo MPF, juntamente com Delcídio e o banqueiro André Esteves – dono do Banco BTG Pactual, que foi preso pela PF nesta quarta no Rio. Ribeiro estava à frente da defesa de Cerveró, mas foi acusado por investigadores de fazer um "jogo duplo" no caso. Há um pedido de prisão contra o advogado ainda não cumprido.
O ex-diretor da área internacional da Petrobras fechou acordo de delação premiada em 18 de novembro. O acordo precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Veja abaixo a transcrição de trechos da conversa:

PAGAMENTO MENSAL DE R$ 50 MIL A CERVERÓ

Advogado Edson RibeiroSó pra colocar. O que que eu combinei com o Nestor que ele negaria tudo com relação a você [Delcídio] e tudo com relação ao (...). Tudo. Não é isso?" [...] "Tá acertado isso. Então não vai ter. Não tendo delação, ficaria acertado isso. Não tendo delação. Tá? E se houvesse delação, ele também excluiria.


Delcídio do Amaral
É isso [...] E aí a gente encaminha as coisas conforme o combinado. Vê como é que vai ser a operação de que jeito contratualmente, aquilo tudo que eu conversei com você.

Delcídio do AmaralBernardo, esse é o compromisso que foi assumido, né? E nós vamos honrar.

INTERFERÊNCIA NO STF
No pedido de prisão enviado ao STF, Janot transcreve trechos das conversas de Delcídio do Amaral com o filho de Nestor Cerveró. Em um dos trechos, o senador diz que precisa "centrar fogo no STF", referindo-se a ministros com quem teria conversado para tentar blindar o ex-diretor da Petrobras.
Delcídio do AmaralEu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora, eu conversei com o Teori [Zavascki], conversei com o [Dias] Toffoli, pedi para o Toffoli conversar com o Gilmar [Mendes], o Michel [Temer] conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o [Jorge] Zelada, e eu vou conversar com o Gilmar também.

Após a PGR disponibilizar trechos das conversas de Delcídio que serviram como base para a prisão dele, a assessoria de imprensa do vice-presidente Michel Temer informou que ele “jamais” tratou desse tipo de tema com Delcídio do Amaral.

Além disso, após sessão do STF, o ministro Dias Toffoli declarou que a Corte "não vai aceitar nenhum tipo de intrusão nas investigações que estão em curso" e o ministro Gilmar Mendes negou ter recebido “apelo” para ajudar Cerveró. “Não tive oportunidade de receber qualquer referência em relação a esse fato”, disse.

PLANO DE FUGA
Em outro trecho da conversa entre Delcídio e o filho de Cerveró, o petista afirma que o “foco” deve ser tirar o ex-diretor da Petrobras da prisão. “Agora a hora que ele sair tem que ir embora mesmo”, sugere o senador.
Logo depois, o filho de Cerveró diz ao petista que estava pensando em uma rota de fuga pela Venezuela e que o “melhor jeito” seria fugir em um barco. Pouco depois, Delcídio sugere, então, que a melhor rota de fuga seria pelo Paraguai.
Delcídio do AmaralTem que pegar um Falcon 50 [modelo de avião], alguma coisa assim. Aí vai direto, vai embora. Desce na Espanha”. [...] “Falcon 50, o cara sai daqui e vai direto até lá

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OUTROS TRECHOS DE DIÁLOGOS
DELCÍDIO: Agora, agora, Edson e Bernardo, é eu acho que nós temos que centrar fogo no STF agora, eu conversei com o Teori, conversei com o Toffoli, pedi pro Toffoli conversar com o Gilmar, o Michel conversou com o Gilmar também, porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada, e eu vou conversar com o Gilmar também.
EDSON: Tá.
DELCÍDIO: Porque o Gilmar ele oscila muito, uma hora ele tá bem, outra hora ele tá ruim e eu sou um dos poucos caras...
EDSON: Quem seria a melhor pessoa pra falar com ele, Renan, ou Sarney...
DELCÍDIO: Quem?
EDSON: Falar com o Gilmar
DELCÍDIO: Com o Gilmar, não, eu acho que o Renan conversaria bem com ele.
 EDSON: Eu também acho, o Renan, é preocupante a situação do Renan.
 DELCÍDIO: Eu acho que, mas por que, tem mais coisas do Renan? Não tem...
 EDSON: Não, mas o..., acho que o Fernando fala nele, não fala?
 DELCÍDIO: Fala, mas fala remetendo ao Nestor.
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EDSON: É. Eu tô com aquele outro HC que tá na mão do Fachin.
DELCÍDIO: Tá com, tá com o Fachin?
EDSON: Tá. [vozes sobrepostas]
DELCÍDIO: Ah é você me falou (…)
EDSON: Que é pra anular (...)
DELCÍDIO: Conversar com Fachin.
EDSON: Se a gente anula aquilo, a situação de todos tá resolvido por que aí eu vou anular em cadeia, eu anulo a dele, Paulo Roberto, anulo a do Fernando Baiano. [vozes sobrepostas]
EDSON: A do Fernando Baiano eu anulo.
DIOGO: É pra anular a delação premiada.
EDSON: Eu peço aí, aí, oh só. [vozes sobrepostas]
EDSON: Paulo Roberto, por que, por que foi homologada pelo Supremo, aí eu consigo anular a do Ricardo Pessoa, enquanto Supremo também eu peço suspensão e anulo aquela porcaria também em situação idêntica. Consigo anular a do Fernando Baiano, a do Barusco e a do Júlio Camargo. Pô cara!
DELCÍDIO: E tá com o Fachin? Eu tô precisando fazer uma visita pra ele lá hein!
EDSON: Essa é a melhor por que acaba a operação. Por que se na decisão disser que não anula apenas [vozes sobrepostas]
DIOGO: É a 130 a 106?
EDSON: eu tenho aqui, eu tenho aqui (…) espaços, por que se isso aqui for anulado e se a decisão disser a partir [vozes sobrepostas].
DELCÍDIO: Você quer atender?
EDSON: Não, é mensagem, mas a partir da anulação tudo resta nulo, tudo.
DELCÍDIO: Isso tá com o Fachin?
EDSON: E o bom, a nossa tese é cível, e ele é civilista.
DIOGO: Exatamente. EDSON: Isso foi a melhor coisa que aconteceu (…) foi pô, Fachin (…) [vozes sobrepostas]
BERNARDO: O problema é ele, ele, tem a possibilidade de ele redistribuir uma porra assim?
EDSON: Não!
BERNARDO: Não!
DIOGO: Não, não, acho que não!
EDSON: É ele. Não tem jeito!
DELCÍDIO: Diogo, nós precisamos, nós precisamos marcar isso logo com o Fachin, viu!
DIOGO: Hum rum!
DELCÍDIO: Fala com o Tarcisio lá.
DIOGO: Tá!
DELCÍDIO: Pra ver se eu faço uma visita pro Fachin.
EDSON: Esse todo mundo devia cair em cima e pedir por que resolve tudo
DELCÍDIO: Esse mata tudo... Quer dizer sobre o ponto de vista jurídico em função do HC só tá faltando o Gilmar.
DIOGO: Han rã!
DELCÍDIO: E eu vou essa ideia do Edson é boa, e eu vou falar com Renan também ... é, é, e na verdade tá tá Renato e e
EDSON: Isto, são os dois
DELCÍDIO: E Nestor está na mesma, na mesma, (...)
EDSON: E aí vai servir para Zelada também que é igual [vozes sobrepostas]
DELCÍDIO: E outra é falar com Tarcísio para marcar um café meu com Fachin ... é importante isso.
EDSON: Nesse o Zelada vai junto. Ele vai dar extensão pro Zelada.
DELCÍDIO: Aí puxa... Bom, depois, havendo a soltura aí são outros quinhentos que tem que avaliar.
EDSON: Isso aí.
BERNARDO: Sim, a gente a gente operacionaliza rapidamente e a gente só vai precisar do...
EDSON: Eu preciso mantê-lo aqui por enquanto, mas eu quero examinar analisar muito calmo essa situação do TRF, questão de tempo.
BERNARDO: É, acho que vai depender muito do resultado desse HC, por que até [vozes sobrepostas] sim (...)
EDSON: Só depende do HC.
BERNARDO: Não, do do Fachin, por que aí (...) é sinal que a coisa aí ele (…) teria mais motivo pra ficar.
EDSON: Ah, sim!
BERNARDO: Se se se começar a anulação.
EDSON: Tudo anulado não tem porque fugir porra. Não vai dar nada pra ninguém... Bom, então é ... Eu não falei com Kakay, eu falei por alto com Kakay. Eu encontrei com ele num restaurante no Leblon, ele até me pediu uma cópia desse HC, eu não mandei a cópia pra ele, tá, eu esperei falar com vocês pra saber se falo ou não falo com ele … por que eu tenho medo.
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DELCÍDIO: Hoje eu falo, porque acho que o foco é o seguinte, tirar; agora a hora que ele sair tem que ir embora mesmo. 

BERNARDO: É, eu já até pensei, a gente tava pensando em ir pela Venezuela, mas acho que... deve se sair, sai com tornozeleira, tem que tirar a tornozeleira e entrar, acho que o melhor jeito seria um barco... É, mais porque aí chega na Espanha, pelo menos você não passa por imigração na Espanha. De barco, de barco você deve ter como chegar... 

EDSON: Cara é muito longe. 

DELCÍDIO: Pois é, mas a idéia é sair de onde de lá? 

BERNARDO: Não, da Venezuela, ou da... 

EDSON: É muito longe. 

DELCÍDIO: Não, não..... 

BERNARDO: Não, mas o pessoal faz cara, eu tenho um amigo que trouxe um veleiro agora de... 

EDSON: Não, tudo bem, (vai matar o teu velho).

BERNARDO: É … mas não sei, acho que... 

EDSON: [risos] … Pô, ficar preso (...) 

BERNARDO: Pegar um veleiro bom... 

DELCÍDIO: Não mas a saída pra ele melhor, é a saída pelo Paraguai... 

BERNARDO: Mercosul... 

EDSON: Mercosul, porque o pessoal tem convenções no Mercosul, a informação é muito rápida. 

DELCÍDIO: É? E

EDSON: É 

EDSON: E ao inverso… seria melhor, porque ele tá no Paraná, atravessa o Paraguai... 

DELCÍDIO: A fronteira seca... 

EDSON: (…) Entendeu, e vai embora, eu já levei muita gente por ali, mas tem convênio, quando você sai com o passaporte, mesmo... 

DELCÍDIO: Eles trocam... 

EDSON: (…) Rápido, Venezuela não tá no Mercosul, então a informação é mais demorada, um pouco mais demorada, então quanto mais você dificultar, melhor. 

DELCÍDIO: Mas ele tando com tornozeleira como é que ele deslocaria? 

BERNARDO: Não, aí tem que tirar a tornozeleira, vai apitar e já tira na hora que tiver, ou a gente conseguir alguém que... 

EDSON: Isto a gente vai ter que examinar. 

BERNARDO: É... 

EDSON: Por que a minha expectativa é que o Moro faça uma nova preventiva, se bem que não existe motivo nenhum DIOGO: É isto que eu tô pensando. 

BERNARDO: Mas isto não impediu ele no passado... 

EDSON: O ideal seria, ele sai, deixa (com a lei), tranquilo, se o Moro vier com uma nova preventiva, sem motivo nenhum, a gente faz até uma reclamação no Supremo, entendeu... 

DELCÍDIO: Eu acho que a gente... 

EDSON: Tecnicamente o ideal é não fugir agora. 

DELCÍDIO: Edson, a gente tem que fazer o possível pro Nestor ter tranquilidade aqui. 

EDSON: É. 

DELCÍDIO: Até por questões de caráter familiar... 

BERNARDO: É, a gente já evitou dele... 

EDSON: se o Supremo solta, não vai ter nenhum elemento, o grande problema é que os processos estão correndo rápido, né [sopreposição de falas]... 

DELCÍDIO: Você acha que eles estão tentando encaminhar pra terminar isto ou não? 

EDSON: Sim. 

DELCÍDIO: A idéia, impressão de vocês é esta? 

EDSON: Tá correndo, então já vai julgar segunda instância agora do Nestor, as sondas, aí eu tenho recurso especial extraordinário que não tem efeito suspensivo, então meu medo qual é? Que o tribunal julgue e determine a prisão, entendeu, e aí eu vou ter que entrar com outro HC pra enviar (...), embora eu tenha... 

DELCÍDIO: Que tribunal que julga? 

EDSON: TRF 4, Porto Alegre, esse é meu medo, entendeu... 

DELCÍDIO: TRF 4 (...) 

EDSON: E aí se determinar a prisão meu amigo, vai dividir (…), eu vou ter que entrar com outro HC, e aí tem recurso especial e extraordinário me dá o efeito suspensivo, mas enquanto isto corre outro tormento pro teu pai, então eu vou analisar muito bem esta questão, esses dias agora, a gente vê horário, tudo certinho, o que que dá pra fazer, até um avião particular, embora pra lá, talvez seja o ideal, entendeu... 

BERNARDO: É... 

EDSON: Não sei o custo disso, vou apurar tudo isso eu tenho amigos que tem empresa de taxi aéreo, de aviação, entendeu, ver com eles qual o custo disto, a gente bota no avião e vai embora. 

DIOGO: Mas estes de pequeno porte eles cruzam? 

EDSON: vai até... Hã... 

DIOGO: Estes de pequeno porte eles cruzam? 

BERNARDO: Deve parar na Madeira, alguma coisa assim 

EDSON: Depende, se você pegar um... 

DELCÍDIO: Não, depende do avião. 

EDSON: Citation 

DELCÍDIO: Não, não Citation tem que parar no meio..., tem que pegar um Falcon 50, alguma coisa assim...

DIOGO: Mas pára na Venezuela... 

DELCÍDIO: Aí vai direto, vai embora... 

EDSON: Se for direto ótimo. 

DELCÍDIO: Desce na Espanha 

DIOGO: Sai daqui já desce lá 

DELCÍDIO: Falcon 50, o cara sai daqui e vai direto até lá...

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DELCÍDIO: Bom, aí eu cheguei lá, sentei com o André, falei ó André eu tô com o pessoal... é, eu já conversei com a turma, … já falei com o Edson, vou conversar com o Bernardo, é, eu acho que é importante agora a gente encaminhar definitivamente aquilo que nós conversamos. É, você mesmo me procurou, né, até pra (distoriar) que ele me procurou, ele tava preocupado, né, especialmente com relação aquela operação (…) dos postos, né.
BERNARDO: Sim.
DELCÍDIO: É, aí e eu procurei o Edson, a gente entende que você tava e nós também nos distanciamos quando vocês deram o sinal também, nós.
BERNARDO: Sim.
DELCÍDIO: Ficamos de longe até em função do que tava acontecendo lá, e o próprio as próprias ações do Nestor e nós procuramos respeitar, por isso que nós distanciamos, né, por que nesse momento quem.
EDSON: É, foi até pedido do Bernardo.
DELCÍDIO: Pedido de vocês. Quem tem a temperatura das coisas melhor que isso, são vocês. Ele disse não Delcídio, não tem problema nenhum, oh, eu tô interessado, eu preciso resolver isso, oh, o meu banco é enorme se eu tiver problema com o meu banco eu tô fudido, só para (distoriar) vai que você não conhece essa estória, oh eu quero ajudar, quero atender o advogado, quero atender a família, ajudo, sou companheiro, pá pá. E a conversa fluiu bem. A única coisa que eu achei estranho foi o seguinte: é no meio da, por que banqueiro vocês conhecem, vocês sabem como é que banqueiro é foda, né. Ele quer ajuda, ele quer apoio, ele dá apoio, mas ele chora as pitangas e vai criando, onde ele puder enganchar, ele engancha. Ele trouxe um paper, aquele paper.
EDSON: Hum!
DELCÍDIO: É, do Nestor. Mas com anotações que suponho tem a ver com as do Nestor. Vocês chegaram a ter acesso algum documento assim?
EDSON: Eu não, você viu?
BERNARDO: Ele fazia mas ficava com ele na cela.
DELCÍDIO: Pois é, então ou alguém reproduziu isso.
BERNARDO: Esse, esse que é o lance... o que foi vazado a gente acha que pode ter sido vazado ali de dentro, Youssef na cela com ele, uma coisa assim.
DELCÍDIO: Por que aí.
BERNARDO: Mas, não sei.
DELCÍDIO: Ele complementa
DIOGO: Até mesmo o que a gente tem, ele vem complementando.
DELCÍDIO: E ele vem complementando. Então vou dar um exemplo.
EDSON: Olha só... O que eu tenho é o original porque a Alessi me passou e passou pra vocês.
DELCÍDIO: Pois é, mas esse, tem anotações a mão.
EDSON: Tinha umas anotaçõezinhas do Nestor (…) num tem jeito
DELCÍDIO: Aí... ele pegou. Porque eu não tinha. Não tinha falado nada que eu tinha o documento. Num falei nada. Dentro daquilo que nós combinamos. Num falei porra nenhuma. Aí ele falou olha, Delcidio ta aqui ó. Aí ele pegou e viu lá no (embandeiramento) Você disse que não ia falar. Ai porque eu peguei... dei uma desviada né. Eu sabia há muito tempo...
BERNARDO: Mas eu não sei porque tem uma versão que ficou com a Alessi. Eu até tenho um e-mail com Edson falando isso, que é a versão que a gente apresentou para os procuradores. São tópicos e tem muita coisa que não vai.
DELCÍDIO: Não mas esse que ele tava é igual a esse do Edson
DIOGO: Era de 44 (páginas)
BERNARDO: Eu falei (…) não vamo tirar. A gente tira.
EDSON: … Foi aquele caderno que a Alessi me entregou e eu entreguei pra quem? Pra você ou pro Riera? Pra você...
BERNARDO: Pro Riera.
EDSON: Direto. Então é o mesmo
BERNARDO: Pode ter sido.
EDSON: Então quer dizer... Foi esse que foi entregue à Procuradoria?
BERNARDO: Não
EDSON: Não foi?
BERNARDO: Não.
EDSON: É menos?
BERNARDO: É menos.
DELCÍDIO: Essa tese do Bernardo pode ter acontecido que tiraram de lá da cela.
BERNARDO: Sim. Só pode.
EDSON: De qualquer maneira...
BERNARDO: Porque o Fernando... (Vozes Sobrepostas)
EDSON: Só pra colocar. O que que eu combinei com o Nestor que ele negaria tudo com relação a você e tudo com relação ao (...)1 . Tudo. Não é isso?
BERNARDO: Sim
EDSON: Tá acertado isso. Então não vai ter. Não tendo delação, ficaria acertado isso. Não tendo delação. Tá? E se houvesse delação, ele também excluiria. Não
DELCÍDIO: É isso.
EDSON: É isto.
DELCÍDIO: Bom, aí mas porque que eu to falando isso.
EDSON: Porque aí não tem nada assinado.
BERNARDO: É, basicamente isso.
EDSON: Não e mais existe um termo de confidencialidade que mesmo que tenha a letra do Nestor... um grafotécnico... o grafotécnico só pode ser feito no original... Depois desse termo se o MP fizer ele tá ocorrendo em crime. Ele tá vedado. Então valor probatório nenhum. Isso vira prova nula.
DELCÍDIO: Mas Édson, entendo... coloque na situação... Ele pegou porque.... Vocês conhecem o André Esteves ou não?
EDSON: Não
DELCÍDIO: André tem 43 anos.
BERNARDO: É novo.
DELCÍDIO: É um puta de um gênio cara. Você conversa com ele é uma máquina, uma locomotiva o cara. Aí ele oh Delcídio, porra! porque que eu... me veio a isso... Como ele chegou a isso eu não sei te dizer. Não sei. … fiquei na minha... e eu fingi surpresa. Porra André, você conseguiu como? E aí ele mostrou o paper e com anotações. Então por exemplo... aí ele foi virando as páginas e eu fui vendo... No paper que você me mandou tem lá por exemplo: o Jorge Lúcio, Jader e Renan. Aí tem uma anotação que eu suponho que é do Nestor e bota assim (Del)2... no caso, então supostamente, corrigir. Depois...
BERNARDO: Eu saberia... saberia identificar a letra dele né...
DIOGO: É pois é, eu não tenho...
DELCÍDIO: Eu não podia nem pedir isso
BERNARDO: Não, o que? Tem o que? Essas anotações?
DELCÍDIO: Não, mas você tem essa anotação?
EDSON: Eu tenho e você conhece.
BERNARDO: Isso já foi mexido
DELCÍDIO: Não, não, não... Mas esse documento o Edson é o documento padrão. (não é digitado)
EDSON: Vamos ver se é isso aqui...
DELCÍDIO: Mas aí, eu comecei a ver, e eu achei, eu comecei, quando eu fui vendo, aí ele viu, viu BTG e tal não sei o que. É.. eu falei porra Delcídio, não fala nada. Olha eu desconheço, eu vou checar direitinho, o advogado dele tá fora, né. É.. eu eu não tenho falado com... até citei o teu nome, perdoe-me Bernardo citei o teu nome. O...
BERNARDO: Eu entrei nesse processo mais para o final, nas primeiras reuniões eu tava. Falei não, eu preciso ajudar aqui pra conduzir até porque a gente passou a conversar. Mas...
DELCÍDIO: Bom, mas aí eu comecei a ver... é...é.. e ele folheando, aí eu olhava, lia, fingia que tava lendo, né. Eu já tinha visto, já tinha me dado, tinha mandado. Mas aí, e comecei a ver as anotações e eu peguei todas elas e aí eu fui olhando página por página as anotações, né. Tem várias anotações. É, tem várias anotações e o que me chamou atenção que eu achei que poderia ser, é... é... é... a letra do Nestor, na última página dá uma olhada...na última página. tem assim ó, é... acordo 2005 Suíça.
BERNARDO: Hurum.
DELCÍDIO: Aí, ele bota assim ALSTOM.
BERNARDO: Hum!
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DELCIDIO: Agora, então... o que eu queria combinar com vocês... ... Que eu vou ter que voltar pro meu inferno lá. (Risos discretos). É, é ... eu amanhã tô lá, aí nós já agendamos. Eu vou tentar ver se a gente faz uma conversa no Rio de Janeiro.
EDSON: Ok.
DELCIDIO: É melhor. E aí a gente encaminha as coisas conforme o combinado. Vê como é que vai ser a operação de que jeito contratualmente, aquilo tudo que eu conversei com você.
BERNARDO: É...sim... tá ok.
DELCIDIO: E aí, Bernardo...
EDSON: Mas fala, pode falar.
BERNARDO: Não, aquela questão de talvez botar no contrato...
EDSON: fazer um contrato de honorários incluindo a parte...
BERNARDO: Talvez
EDSON: ... botar uma coisa só?
DELCIDIO: É, eu, eu acho, amanhã eu vou terminar de conversar com eles, porque eu confesso que eu levei um susto quando ele veio com aquele negócio lá. Ou seja, eles têm informação...
EDSON: É até bom que seja no contrato, comigo porque aí a gente tem garantia.
DELCIDIO: É...
EDSON: ... de que isso vai acontecer, senão executa, papapá,
BERNARDO: ... no longo prazo é... Bom, a gente tá trabalhando então com (...) é claro que a gente quer que ele saia, mas se for o caso de ficar dois anos não precisa saber que esses dois anos vão...
DELCIDIO: Claro!
BERNARDO: ... vão... a gente vai estar assistido.
DELCIDIO: Não, não, não tem... Bernardo... Esse é o compromisso que foi assumido, né?...E nós vamos honrar
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AUDIO
Ouça trechos do diálogo entre Delcídio e o Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró: