domingo, 22 de novembro de 2015

‘Impacto de lama no mar seria como dizimar Pantanal’, diz biólogo Luís Barrucho - @luisbarrucho Da BBC Brasil em Londres

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Image captionOnda de lama de rejeitos atingiriam 10 mil km² em região conhecida como Giro de Vitória, importante celeiro de nutrientes para animais marinhos
A chegada da onda de lama, resultado do rompimento de uma barragem em Mariana (MG) há duas semanas, ao Oceano Atlântico ─ prevista para ocorrer neste domingo ─ teria um impacto ambiental equivalente à contaminação de uma floresta tropical do tamanho do Pantanal brasileiro.
A afirmação é do biólogo André Ruschi, diretor da escola Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz, Santa Cruz, no Espírito Santo.
De acordo com Ruschi, os 62 bilhões de litros de rejeitos do beneficiamento do minério de ferro ─ o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas ─ despejados ao longo de 500 km da bacia do rio Doce atingiriam cerca de 10 mil km² numa região conhecida como Giro de Vitória, importante celeiro de nutrientes para animais marinhos, como a tartaruga-de-couro (ameaçada de extinção), o golfinho pontoporia e as baleias jubartes.
A foz do rio Doce está localizada no distrito de Regência, na cidade de Linhares, litoral norte do Espírito Santo.
Ele estima que a descarga tóxica contaminaria principalmente três Unidades de Conservação marinhas ─ Comboios, Costa das Algas e Santa Cruz, que juntas somam 200.000 hectares (2.000 km²) no oceano.
Ruschi lembra, contudo, que como o ecossistema marinho é mais vulnerável do que o terrestre, o impacto no mar seria proporcional à contaminação de uma área continental dez vezes maior ─ ou 20.000.000 hectares (200.000 km²) ─ de floresta tropical primária.
"Seria como dizimar, de uma só vez, todo o Pantanal", afirma Ruschi à BBC Brasil. O Pantanal se estende por 250.000 km² pelo Brasil, Bolívia e Paraguai.
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Image captionAmeaçada de extinção, tartaruga-de-couro pode ser afetada por mancha de lama
"O ecossistema marinho é muito mais eficiente na biossíntese do que o terrestre. Cerca de dois terços de toda a biomassa do planeta é produzida em apenas 5% ou 6% dos oceanos. Trata-se da borda dos continentes ou de regiões com menos de 200 metros de profundidade, onde as algas podem receber luz e fazer fotossíntese", explica.
Ruschi acredita que, se nada for feito, o prejuízo ambiental do 'tsunami marrom' pode demorar 100 anos para ser revertido.
"Precisamos impedir a todo custo que essa lama chegue ao mar. Caso contrário, pode se tornar um desastre de proporções mundiais, com consequências difíceis de imaginar. É um risco que não podemos correr. E o preço que pagaremos por ele será enorme", alerta.
"O fluxo de nutrientes de toda a cadeia alimentar de 1/3 da região sudeste e o eixo de 1/2 do Oceano Atlântico Sul está comprometido e pouco funcional por no mínimo 100 anos", afirma.

'Desastre ambiental'

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Image captionSegundo Ruschi, prejuízo ambiental causado por 'tsunami marrom' pode demorar 100 anos para ser revertido
Há cerca de duas semanas, toneladas de lama vazaram no rompimento de uma barragem da empresa Samarco em Mariana (MG), no maior desastre ambiental da indústria da mineração brasileira.
A Samarco, fruto da sociedade entre a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, é responsável pela exploração de minério de ferro no município.
Até agora, o 'tsunami marrom' destruiu vilarejos, como o distrito de Bento Rodrigues, deixando pelo menos 11 mortos ─ sendo sete já identificados ─ e 12 desaparecidos.
Na quinta-feira, a onda de lama chegou à cidade de Colatina, no Espírito Santo, distante 400 km de Mariana. O abastecimento foi interrompido e os moradores estão recebendo água em caminhões-pipa.
A previsão, segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que monitora a evolução da mancha de lama, é de que o contato do material contaminado com o mar, no litoral do Estado, ocorra no domingo, 22.
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) confirmou o prognóstico à BBC Brasil. Inicialmente, o órgão havia previsto que a lama contaminada atingiria o mar na sexta-feira.

Biodiversidade ameaçada

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Image captionBiólogo ressalvou que contaminação não seria imediata
Ruschi prevê que a lama poderia ser levada para uma área maior do que o Giro de Vitória, afetando o banco de Abrolhos (em cujo extremo norte se localiza o arquipélago de mesmo nome) e a Cordilheira submarina, uma cadeia de montanhas submersas originadas do afastamento das placas tectônicas.
"É este Giro de Vitória (área de ressurgência de nutrientes) que nutre toda a região (cordilheira Vitória Trindade e banco de Abrolhos) por efeito das variações estacionais e climáticas que influenciam essa dispersão", explica.
Segundo o biólogo, a longo prazo, os efeitos ambientais poderiam ser sentidos em até 20 milhões de km² no oceano, o equivalente a cinco vezes o tamanho da Floresta Amazônica.
"A lama que chega carregada pelas correntes vai se depositar inicialmente numa área menor, mas como o tempo ─ devido a chuvas, por exemplo ─ pode afetar áreas maiores", explica Ruschi.
"Estamos falando do eixo de funcionamento de todo o Atlântico Sul. Essa é a região de maior biodiversidade marinha do mundo. É um sistema especial, único, importante e fundamental", acrescenta ele.
Ruschi ressalva, porém, que a contaminação não se daria de forma imediata.
"Isso depende da caracaterização química desses resíduos industriais minerais e de outros poluentes que essa lama vem trazendo na calha do rio Doce", diz ele.
Na quinta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que a mancha de lama proveniente do rompimento da barragem em Mariana deve se espalhar por uma extensão de 9 km quando chegar ao mar. A estimativa foi baseada em um estudo feito pelo grupo de pesquisa do oceanógrafo Paulo Rosman, da UFRJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Teixeira descartou qualquer impacto ambiental no arquipélago de Abrolhos (250 km ao norte da foz do rio Doce) e nos manguezais da região de Vitória (120 km ao sul).
Segundo a ministra, foi concluída a escavação de um canal na região para tentar desviar a lama da área de desova de tartarugas de couro, espécie ameaçada. Desde o último sábado, funcionários do projeto Tamar vêm recolhendo ovos de tartaruga-de-couro na região.
O rejeito de mineração de ferro é composto por terra, areia, água e resíduos de ferro, alumínio e manganês. Ainda não se sabe se a composição é tóxica para humanos, mas, de acordo com especialistas, ela funcionaria como uma "esponja", absorvendo outros poluentes para dentro do rio.

Aquecimento global

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Image captionSegundo Ruschi, descarga tóxica poderia provocar aumento na temperatura da Terra
Ruschi também diz que a chegada da lama ao mar poderia, em última instância, elevar a temperatura da Terra.
Isso porque, segundo ele, a foz do rio Doce concentra 83% das algas calcárias da costa brasileira, um dos principais 'fixadores' de gás carbônico da atmosfera.
"Como os sedimentos tendem a cobrir as algas, impedindo a luz e a troca de gases, esses animais tendem a desaparecer da área. Quanto mais ampla for a dispersão, maior o impacto, pois pelas correntes tudo vai acabar na região da Cordilheiras e do banco de Abrolhos", explica.
"Quando não existia esse banco de algas, há 100 milhões de anos, a temperatura da Terra era 10 graus Celsius maior, assim como a concentração de CO2. Naquela ocasião, esse gás era emitido pelos vulcões. Desde então, a atividade dos vulcões diminuiu significativamente, mas o CO2 passou a ser emitido por outras fontes, como as indústrias".
"Por isso, o impacto desse material (lama tóxica) pode induzir a reprodução do clima daquele período".

Multas

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Image captionSamarco, responsável pela barragem que rompeu, já foi multada em R$ 250 milhões pelo Ibama
Na quinta-feira, a Justiça Federal do Espírito Santo determinou que a Samarco apresentasse e adotasse em 24 horas medidas para barrar a chegada ao litoral capixaba da lama oriunda do rompimento da barragem em Mariana. Se não cumprir a decisão, a mineradora será multada em R$ 10 milhões por dia.
A empresa já havia sido multada em R$ 250 milhões pelo Ibama na semana passada. Caso a lama chegue ao mar, o órgão prevê novas multas, cada uma no valor máximo de R$ 50 milhões.
Também na semana passada, a Justiça de Minas Gerais determinou o bloqueio de R$ 350 milhões na conta da Samarco. O montante deverá ser revertido para reparação dos danos às vítimas do desastre, que já produziu mais de 500 desabrigados.
Procurada pela BBC Brasil, a Samarco informou que está tomando "providências para mitigar as consequências geradas com o avanço da mancha pelo Rio Doce, no Espírito Santo". Diz ainda ter iniciado "a coleta de amostras de água nos trechos impactados".
"Nove mil metros de barreiras de contenção offshore e Sea Fence começaram a ser instaladas 18/11, na foz do Rio Doce, no Espírito Santo. Outra ação em andamento é o resgate de espécies de ictiofauna (peixes), principalmente aquelas endêmicas e ameaçadas de extinção, nas regiões de Baixo Guandu, Colatina e Linhares – Regência, seguindo as diretrizes técnicas do Ibama e Iema", disse a empresa, em nota.

'Estamos apreensivos e revoltados', diz líder comunitário sobre chegada de lama ao mar Luís Barrucho - @luisbarrucho Da BBC Brasil em Londres

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Image captionSegundo Carlos Sangália, momento é 'crítico'; 'tsunami marrom' deve começar a chegar à foz do rio Doce no domingo
Moradores do distrito de Regência, no Espírito Santo, onde desemboca o Rio Doce, estão "apreensivos" com a chegada da lama ao mar e "revoltados" com a falta de informações, segundo afirmou à BBC Brasil Carlos Sangália, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica de Barra Seca e Foz do Rio Doce e educador ambiental do Projeto Tamar.
"A comunidade está apreensiva com a chegada da lama proveniente do rompimento da barragem em Mariana ao mar. E também está revoltada pois faltam informações sobre a real dimensão do problema", disse ele.
De acordo com Sangália, o momento é "crítico".
"Estamos tentando fazer de tudo para minimizar o impacto ambiental dessa tragédia", acrescentou ele.
Previsões oficiais indicam que a lama proveniente do rompimento de uma barragem da empresa Samarco em Mariana há duas semanas deve começar a chegar ao litoral do Espírito Santo, onde se localiza a foz do rio Doce, neste domingo.
O 'tsunami marrom', como vem sendo chamado, é composto por rejeitos do beneficiamento de minério de ferro. Ainda não se sabe se a composição é tóxica para humanos, mas, de acordo com especialistas, ela funcionaria como uma "esponja", absorvendo outros poluentes para dentro do rio.
Na sexta-feira, os moradores da região realizaram um protesto contra a Samarco, mineradora controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton e considerada a responsável pelo desastre.
A empresa diz que está instalando barreiras de proteção para tentar minimizar o impacto ambiental da lama.
De acordo com Sangália, os trabalhos se concentram agora em alargar a foz do rio para permitir o escoamento do material para o mar.
"A lama não pode ficar estacionada dentro da foz, pois o impacto ambiental será muito maior. É preciso deixar que esse material chegue ao mar, onde vai se dissipar".

Divergência

O alargamento da foz do rio Doce segue determinação da Justiça Estadual do Espírito Santo, que obrigou a Samarco a adotar as medidas necessárias para facilitar o escoamento da água.
A decisão, segundo o TJ (Tribunal de Justiça) do Estado, foi tomada com base na opinião de especialistas e após encontros com representantes de órgãos como o Iema (Instituto Estadual de Meio Ambiente) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
A Justiça determinou também que a empresa resgate representantes de todas as espécies da fauna aquática nativa que têm o rio como habitat, assim como ovos de tartarugas marinhas que possam ser afetados pela lama.
A decisão da Justiça Estadual contraria determinação anterior da Justiça Federal, que, por meio de liminar, havia obrigado a Samarco a impedir que a lama chegasse ao mar sob pena de multa de R$10 milhões por dia.

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Image captionFoz do rio Doce é local de desova da tartaruga-gigante, ameaçada de extinção

Biodiversidade ameaçada

Segundo espealistas, a foz do Rio Doce é um importante celeiro de nutrientes para animais marinhos, como a tartaruga-de-couro (ameaçada de extinção), o golfinho pontoporia e as baleias jubartes.
Em entrevista à BBC Brasil, o biólogo André Ruschi afirmou que o contato da lama com o mar seria equivalente 'a dizimar o Pantanal'.
"Precisamos impedir a todo custo que essa lama chegue ao mar. Caso contrário, pode se tornar um desastre de proporções mundiais, com consequências difíceis de imaginar. É um risco que não podemos correr. E o preço que pagaremos por ele será enorme", disse ele.
Já o Ministério do Meio Ambiente prevê um cenário menos drástico. Segundo o órgão, a lama atingiria uma área de 9 km de mar ao longo do litoral do Espírito Santo. A estimativa é baseada em um levantamento feito pelo grupo de pesquisa do oceanógrafo Paulo Rosman, da UFRJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

sábado, 21 de novembro de 2015

Confira como será o plano de ação para o duelo entre Flamengo e Ponte Preta, no Mané Garrincha Estádio terá os portões abertos a partir das 16h. Jogo começa às 18h. 210 policiais trabalharão na partida Thiago Henrique de MoraisTHIAGO HENRIQUE DE MORAIS 21/11 16:13 , ATUALIZADO EM 21/11 17:33

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Duelo entre Flamengo e Ponte Preta, neste domingo (22/11), no Mané Garrincha, às 18h, contará com efetivo de 210 policiais. Os portões serão abertos aos torcedores às 16h. O trânsito terá o controle da PM, além de 16 agentes do Detran para organizarem as áreas de estacionamento e acessos à Avenida Contorno — que passa na frente o autódromo, na rotatória da via N2.
Mudanças no trânsito, após a partida, também serão feitas para facilitar o controle de saída de torcedores e evitar um tráfego intenso no Eixo Monumental. A partir das 19h, uma hora depois o início do jogo, a pista funcionará penas no sentido anti-horário.
A Secretaria de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo pede para que os torcedores evitem ir de carro para o estádio. Entretanto, o metrô não funcionará em horário especial, fechando às 19h.
Quem preferir usar o veículo próprio, poderá estacionar no lado oeste do estádio (voltado para o Palácio do Buriti), no Nilson Nelson, Parque da Cidade, Colégio Militar, Funarte, Ministério Público do DF, Setores Hoteleiros, Comerciais e de Rádio e TV. O estacionamento leste, voltado para o Brasília Shopping, é destinado a idosos e pessoas com deficiência.
Daniel Ferreira/Metrópoles
Torcedores não poderão entrar com garrafas e serão revistados antes da partida.Daniel Ferreira/Metrópoles

Dentro do estádio, não será permitido a entrada de bandeiras com mastros, além de rojões e fogos de artifícios. Os portões de entrada serão os H, F, J (em frente ao Brasília Shopping), além do portão S (Nilson Nelson). A torcida organizada do Flamengo entrará pelo protão A (autódromo), enquanto que a da Ponte Preta pelo portão O (Centro de Convenções).
Quem ainda não comprou ingressos, poderá adquiri-los no dia da partida nas bilheterias móveis próximas ao estádio. Até sábado, apenas 12 mil torcedores haviam garantido suas entradas. Os preços custam entre R$ 50 e R$ 300.
Com informações da Agência Brasília

Menos de 3% das multas ambientais cobradas no Brasil são pagas Empresas poluidoras ou responsáveis por desastres protelam pagamento por meio judicial

Localidade de Bento Rodrigues devastada após rompimento de barragem. / ROGÉRIO ALVES (FOTOS PÚBLICAS)
De cada 100 reais em multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) desde 2011 para quem infringiu regras ambientais, menos de três reais entraram nos caixas do Governo federal. Os dados constam de um relatório do órgão que é entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU) anualmente. Entre janeiro 2011 e setembro de 2015, foram aplicados 16,5 bilhões de reais em punições, por exemplo, a empresas que emitiram gases poluidores acima do limite aceitável, petroleiras responsáveis por derramamento de óleo no mar ou madeireiras que desmataram áreas proibidas, entre outros. Desse valor, apenas 494,2 milhões acabaram sendo efetivamente pagos pelas empresas infratoras.
O assunto ganha fôlego depois do acidente de Mariana que matou aos menos 11 pessoas, número que pode subir para 23, uma vez que outras 12 estão desaparecidas. No cálculo do Ibama ainda não está relacionada a multa de 250 milhões de reais aplicada à mineradora Samarco, responsável pelo desastre na cidade mineira de Mariana e no rio Doce, que atinge os Estados de Minas Gerais e o Espírito Santo. O rompimento de uma barragem desta mineradora, que é controlada pela Vale, a maior mineradora do Brasil, e pela australiana BHP (a maior do mundo), resultou em um tsunami de lama que devastou ao menos três municípios mineiros e já alcançou o estado do Espírito Santo.
Entre os motivos para se ter uma arrecadação tão baixa, em comparação com os valores de multas aplicados, é o excesso de recursos judiciais a que tem direito as companhias. Quando uma empresa recebe um auto de infração ela tem ao menos duas instâncias administrativas para recorrer dentro do próprio Ibama. Além disso, pode buscar um aparo do Judiciário para evitar ou protelar o pagamento.
O baixo número de autoridades julgadoras das ações administrativas – hoje são sete servidores com essa função nas últimas instâncias, em Brasília, para analisar cerca de 14.000 casos anuais –, também colabora para a lentidão nos julgamentos. Conforme fontes do Ibama, na área administrativa, um processo leva até três anos para ser concluído. Ou seja, com mais recursos financeiros, as empresas colocam seus advogados para brecar as punições com mais velocidade que os fiscais podem empregar para cobrar respeito à legislação. Assim, o Governo fica atrás com um funil para lidar com as agressões ao meio ambiente, que podem desembocar em tragédias como a de Mariana. A lentidão levou a milhares de crimes prescritos entre 2012 e 2013, quando 8.580 processos perderam o prazo legal para condenar os autores das infrações, segundo o relatório de gestão entregue ao TCU.
O Ibama tem defendido mudanças nas regras ambientais para alterar o limite de 50 milhões de reais. 
Há um esforço pela melhoria desse quadro há alguns anos. Em 2013, por exemplo, a média de tempo para a conclusão da análise de um auto de infração era de quatro anos e três meses. Em 2012, cinco anos e sete meses.
Os dados dos relatórios obtidos pelo EL PAÍS somados ao, em alguns casos, reduzido valor da multa em comparação com o tamanho do dano ambiental  – o teto das multas no Brasil é de 50 milhões de reais – implicam na precipitada sensação de impunidade. Ocorre que as multas não são o único instrumento para punir as empresas poluidoras ou responsáveis por desmatamentos. Para interferir no patrimônio das infratoras, o Ibama pode sugerir o embargo, a interdição ou a suspensão do registro de funcionamento. Sem poder funcionar, ela não consegue fazer o dinheiro circular e, algumas vezes, se vê forçada a pagar as multas e se adequar às regras ambientais. Isso tem ocorrido com frequência em relação às madeireiras que atuam principalmente na Amazônia.
Uma outra frente é inscrever as infratoras no Cadastro dos Inadimplentes do Governo Federal (Cadin). Uma vez com o nome sujo, as empresas não podem assinar contratos com a União nem obter uma série de benefícios como isenções fiscais ou créditos em bancos públicos.
O Ibama tem defendido mudanças nas regras ambientais para alterar o limite de 50 milhões de reais. Na última quarta-feira, em uma audiência na Câmara dos Deputados que discutiu o desastre de Mariana, o diretor de proteção ambiental do órgão, Luciano Evaristo, externou essa posição do instituto. “Quando se limita uma autuação a 50 milhões de reais, o empreendedor que tem um custo de 500 milhões de reais para segurança vai preferir deixar tudo cair, porque o valor da multa será menor. Temos que rever esse valor máximo”, afirmou.Mas, quando se compara o valor da multa inicial da Samarco (250 milhões de reais, somando cinco infrações, que vão da poluição dos rios ao lançamento de resíduos danosos à biodiversidade) com a paga pela British Petroleum, por exemplo, de 20,7 bilhões de reais pelo vazamento de petróleo no Golfo do México em 2010, a impressão é que o Brasil precisa ser mais rigoroso no assunto.
Apesar do valor das multas aplicadas pelo Ibama parecer pequeno diante do dano causado pela tragédia, o presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB Minas, Mário Werneck, ressalta que não se pode confundir essa penalidade com a indenização total que aSamarco terá que pagar. “Só com a finalização da ação civil pública será possível mensurar o que terá que ser repassado pela empresa para a recuperação ambiental da região afetada e a reparação dos danos às vítimas”, explica Mário Werneck.
"O que acontece aqui é que temos apenas 4 fiscais, estamos em cima de uma bomba atômica em Minas Gerais”.
Presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB Minas, Mário Werneck
Nesta quarta-feira, a mineradora recebeu uma nova notificação de multa. Dessa vez ,ela foi notificada pela Subsecretaria Estadual de Fiscalização de Meio Ambiente de Minas, que penalizou a mineradora em 112, 69 milhões de reais pelos danos ambientais causados pelo rompimento da Barragem Fundão, no início do mês. A Samarco confirmou o recebimento da notificação e terá o prazo de até 20 dias do recebimento do auto de infração para pagar a multa ou apresentar a defesa.
A pressão sobre a mineradora deve crescer com uma ação conjunta que deve ser impetrada pelo Governo de Minas Gerais e Espírito Santo na Justiça, segundo informa o O Estado de S. Paulo deste sábado. O governador capixaba Paulo Hartung afirmou ao jornal que um processo do gênero foi adotado nos Estados Unidos pelos Estados atingidos pelo vazamento da BP em 2010. O desastre de Mariana ganhou a boca do povo no Brasil e a cobrança por uma punição tem sido crescente. Nesta sexta, o vocalista da banda Pearl Jam, Eddie Vedder, que se apresentava em Belo Horizonte, capital mineira, leu um texto em português para falar do desastre de Mariana. “Esperamos que eles sejam punidos, duramente punidos para que nunca esqueçam o triste desastre causado por eles”, disse ele, para delírio da plateia.
Multas anistiadas
Com um programa de concessões em infraestrutura lançado este ano, que prevê investimentos de até 200 bilhões de reais, o Governo brasileiro deve ser cada vez mais cobrado por uma legislação ambiental eficiente diante dos problemas que tendem a surgir nesses empreendimentos. Atualmente, além das multas ambientais não serem pagas pela maioria das empresas, algumas infrações são anistiadas por falta de recursos para bancar os custos dos processos judiciais. Em agosto, o governador mineiro, Fernando Pimentel (PT), sancionou uma lei que permite ao Sistema Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) anistiar multas ambientais de até 15.000 reais que foram emitidas até o fim de 2012. A medida também será aplicada para infrações de até 5.000 reais que foram notificadas em 2013 e 2014 e deve anistiar cerca de 120 mil multas.
“Um processo de cobrança judicial, hoje, para o Estado de Minas Gerais, custa em torno de 16 mil reais, segundo cálculos da Advocacia Geral do Estado. Qualquer cobrança de crédito abaixo desse valor significa que o Estado paga para receber”, explicou o secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Sávio Souza Cruz por meio de nota enviada pelo Sisema.
Werneck é contra a medida já que, segundo ele, muitas empresas já deixam de pagar porque sabem que serão anistiadas. “Se eu aplico multas elas precisam ser cobradas, mas a verdade é que não há um corpo técnico para atuar. Se eles resgatassem essas multas poderiam inclusive aumentar o pessoal, a fiscalização. É um absurdo”, explica.
Para o presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB Minas, Mário Werneck, é preciso estudar um novo modelo de barragem e aplicar uma maior fiscalização da atividade já que, segundo ele, Minas Gerais possui 450 barragens de rejeitos e 45 delas estão com as licenças desatualizadas, à espera de revalidação. “Mas o que acontece aqui é que temos apenas quatro fiscais. Estamos em cima de uma bomba atômica em Minas Gerais”.

Polícia estende proibição a manifestações de rua em Paris até fim de novembro O anúncio, feito neste sábado (21) pelo departamento de polícia de Paris, lembrou a “extrema gravidade” dos ataques terroristas que deixaram 130 mortos na cidade

AP Photo/Frank Augstein
As autoridades policiais da França estenderam até o fim deste mês a proibição a manifestações de rua em Paris, citando preocupações com a segurança, que têm mantido a capital e o país em alerta máximo desde os atentados terroristas do último dia 13. O anúncio, feito neste sábado (21) pelo departamento de polícia de Paris, lembrou a “extrema gravidade” dos ataques, que deixaram 130 mortos e levaram o governo a declarar estado de emergência em toda a França.
Ele também observou a necessidade de proteger mais de 100 chefes de Estado que devem chegar a Paris para a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, a partir de sábado (28). A polícia já havia proibido manifestações planejadas por grupos de cidadãos durante o encontro de duas semanas. A proibição geral de manifestações estava para espirar neste domingo (22) à noite. Ela está em vigor em Paris desde os ataques.
A polícia, no entanto, tolerou agrupamentos espontâneos ao longo da semana do lado de fora de restaurantes, cafés e de uma sala de concertos alvejada pelos atacantes. Para marcar uma semana desde os atentados, alguns parisienses acenderam velas e fizeram vigílias tranquilas nesta sexta-feira (20) à noite. Outros cantaram e dançaram, desafiando os terroristas, na Place de la Republique, coração do bairro onde dezenas de pessoas foram mortas.
O anúncio deste sábado informou que a polícia está exigindo que todos os principais locais de concertos em Paris reforcem suas medidas de segurança.
Desde que o governo declarou estado de emergência na sequência dos ataques, a polícia realizou centenas de operações, deteve dezenas de pessoas e apreendeu arsenais em casas particulares, incluindo ao menos 18 armas de guerra.
Na sexta-feira, o parlamento da França votou pela prorrogação do estado de emergência por três meses, a partir 26 de novembro, e ampliação do seu escopo. A legislação aumentou os poderes das autoridades para deter suspeitos, desmantelar associações e bloquear sites.

Sobe para 74 o número de escolas ocupadas, diz governo de SP Reintegrações estão suspensas e caso será julgado na segunda-feira (23). Sindicato dos professores da rede estadual afirma que são 82 ocupações.

Subiu para 74 o número de escolas ocupadas no Estado de São Paulo em protesto contra a reestruturação no ensino, informou neste sábado (21) a Secretaria Estadual de Educação. São sete escolas a mais do que na sexta-feira (20).
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) fala em 82 escolas ocupadas, mas afirma que o número já chegou a 87, porque cinco foram desocupadas. As ocupações são contra a reorganização da rede de ensino do governo Geraldo Alckmin, que irá fechar 94 escolas do estado e disponibilizá-las para outro uso educacional.
Secretário diz que 'reorganização está mantida'
O secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, apresentou, durante uma audiência de conciliação ocorrida na tarde desta quinta-feira (19), as propostas para que os alunos desocupem as escolas. Ele disse, no entanto, que não irá voltar atrás na reestruturação da rede escolar, anunciada em setembro pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). A audiência de conciliação terminou por volta de 17h45 sem acordo.

Como não houve consenso, o caso será apreciado pela turma julgadora em sessão de julgamento na próxima segunda-feira (23), às 9h30. Segundo o Tribunal de Justiça, as ordens de reintegração de posse de escolas da capital já emitidas estão suspensas até o julgamento do recurso. Possível decisão do caso na próxima segunda-feira não abrangerá escolas que estejam fora da cidade de São Paulo.
"A reorganização não está em discussão. A reorganização está mantida. A reorganização está em pé. Como nós estamos falando do período letivo do ano que vem, que começa em fevereiro, a linha proposta é que durante o mês de dezembro esse trabalho ocorra na escola, na diretoria de ensino, para que eu receba a sistematização das propostas. Não tem cessar", afirmou.
O secretário propôs distribuir nas escolas material sobre a reorganização, além da realização de debates e audiência pública e indicação de participação de integrantes da comunidade na discussão. A ideia é que as escolas entendam o que é a reorganização.

Um documento apresentado pelo secretário apresenta cinco promessas, entre elas a "redistribuição do material da reorganização a todas as unidades da rede estadual de educação" 48 horas após a desocupação das escolas. Ele também prevê a realização de debates com a comunidade escolar em até cinco dias após o recebimento do material.
A audiência aconteceu em uma unidade do Tribunal de Justiça na Avenida Ipiranga, no Centro de São Paulo. Também participaram o desembargador Sérgio Coimbra Schmidt e a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, além de estudantes.
O secretário foi vaiado por um pequeno grupo de manifestantes quando chegou para o encontro. No momento em que o desembargador passou a palavra ao secretário, manifestantes ficaram de costas e impediram que ele falasse. Estudantes ocuparam o palco e ficaram em frente ao secretário e ao desembargador, de costas.
Estudantes ficam de costas para secretário e desembargador durante audiência (Foto: Roney Domingos/G1)Estudantes ficam de costas para secretário e desembargador durante audiência (Foto: Roney Domingos/G1)
Reestruturação e ocupações
A secretaria anunciou no dia 23 de setembro uma nova organização da rede estadual de ensino paulista. O objetivo é separar as escolas para que cada unidade passe a oferecer aulas de apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental I, ensino fundamental II ou ensino médio) a partir do ano que vem.
A proposta gerou protestos de estudantes e pais porque prevê o fechamento de 94 escolas, que serão disponibilizadas para outras funções na área de educação. Além disso, pais reclamam da transferência dos filhos para outras unidades de ensino.
Estudantes começaram a ocupar escolas na semana passada em protesto contra a reestruturação. A secretaria disse nesta quinta-feira.
A primeira a ser ocupada, em 9 de novembro, foi a Escola Estadual Diadema, no ABC. Uma decisão da Justiça durante uma reunião realizada nesta terça-feira (17) determinou que os alunos desocupassem a escola em até 24 horas. Os alunos não saíram e, nesta quarta, o juiz suspendeu a decisão de reintegração de posse por causa da audiência desta quinta.
A ocupação que mais chamou a atenção foi da escola Fernão Dias, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. Um grande número de policiais militares foi deslocado para a escola e a Avenida Pedroso de Morais foi bloqueada no quarteirão onde fica o colégio. Houve tumultos e um sindicalista chegou a ser detido. A Justiça chegou a conceder a reintegração de posse tanto da Fernão Dias quanto da Diadema, mas a decisão foi derrubada na sexta-feira
Entenda a proposta
A reorganização do ensino escolar irá afetar diretamente 94 escolas, que serão 'disponibilizadas', e devem continuar sendo usadas na área da educação. Desse total, 66 já têm um novo uso definido e podem abrigar unidades de ensino técnico ou ainda virar creches e escolas municipais, por exemplo. As outras 28 ainda têm destino incerto.
Ao todo, a reorganização do ensino irá disponibilizar 1,8% das 5.147 escolas do estado. No total, 1.464 unidades estão envolvidas na reconfiguração, mudando o número de ciclos de ensino que serão oferecidos. Segundo a secretaria, 311 mil alunos devem mudar de escola do total de 3,8 milhões de matriculados. A mudança atingirá ainda 74 mil professores.

A reorganização irá separar a maioria das escolas em unidades de ensino fundamental 1, para crianças do 1º ao 5º ano; ensino fundamental 2, do 6º ao 9º ano; e ensino médio.

O número de escolas com ciclo único irá subir de 1.443 unidades para 2.197, ou seja, um aumento de 754 escolas. Com isso, 43% das escolas do estado terão apenas um ciclo. Para a Secretaria da Educação, a melhora no rendimento dos alunos nas escolas de ciclo único é de 15%. O número de escolas com dois ciclos cairá 18%, indo de 3.209 para 2.635. Já a quantidade de escolas com três ciclos cairá de 495 para 315 unidades – queda de 36%.

Enfermeiro tentou salvar homem que participou dos ataques em Paris Vítima era, na verdade, o homem-bomba que havia provocado a explosão. Caso aconteceu no café Comptoir Voltaire, perto da casa de shows Bataclan


Da Reuters
David, o enfermeiro francês que prestou os primeiros socorros a um homem-bomba que se explodiu no café Comptoir Voltaire durante ataques de 13 de novembro em Paris, durante entrevista (Foto: Eric Gaillard/Reuters)David, o enfermeiro francês que prestou os primeiros socorros a um homem-bomba que se explodiu no café Comptoir Voltaire durante ataques de 13 de novembro em Paris, durante entrevista (Foto: Eric Gaillard/Reuters)
Em meio ao caos da explosão no café Comptoir Voltaire, em Paris, um dos vários alvos atingidos durante os ataques de 13 de novembro, o enfermeiro David procurou ajudar os feridos.
Entre as cadeiras e mesas reviradas estava um homem deitado que, segundo David --que pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome--, não parecia ter ferimentos graves, mas estava inconsciente. David, então, começou o processo de ressuscitação cardiopulmonar, para o qual havia sido treinado.
Porém, quando rasgou a camiseta do desconhecido, o enfermeiro percebeu que o que ele pensava ser uma explosão causada por gás no café perto da casa de showsBataclan, onde um atirador matou 89 pessoas, era na verdade algo pior.
"Havia fios: um branco, um preto, um vermelho e um laranja. Quatro cores diferentes", disse ele à Reuters. "Soube, então, que ele era um homem-bomba."
O homem que David tentou ressuscitar era Brahim Abdeslam, um dos envolvidos na série de ataques que mataram 130 pessoas em bares, restaurantes, um estádio de futebol e uma casa de shows na França. Ninguém, além Abdeslam, morreu no café.
Pessoas param para olhar flores, velas e mensagens em homenagem às vítimas em frente ao café Comptoir Voltaire, um dos locais dos atentados terroristas em Paris, na França (Foto: Charles Platiau/Reuters)Pessoas param para olhar flores, velas e mensagens em homenagem às vítimas em frente ao café Comptoir Voltaire, um dos locais dos atentados terroristas em Paris, na França (Foto: Charles Platiau/Reuters)

Em um vídeo amador obtido pela Reuters, dois homens podem ser vistos na parte externa do café tentando ressuscitar um homem que está deitado no chão. Um deles acredita-se ser David, o outro ainda é desconhecido.
Perto deles, outra pessoa está ferida no chão em meio a respingos de sangue.
"O primeiro fio que vi era vermelho. Acho que foi o detonador", disse David. "Havia algo no final."
Assim que percebeu que a pessoa que estava tentando salvar tinha acabado de tentar matá-lo, David disse que os bombeiros chegaram, entre os quais estava um colega para o qual contou o que acabara de ver. "Ele olhou para mim e começou a gritar para que todos evacuassem", disse.
Um cliente como outro qualquer
David, de 46 anos, que trabalha em um hospital em Paris, mora no bairro e conhece bem o café Comptoir Voltaire.
Ele estava jantando com um amigo naquela sexta-feira à noite. No momento que a garçonete trouxe os pedidos a explosão aconteceu.
"Havia uma enorme chama e muita poeira", ele conta. "Imediatamente eu pensei que fosse o aquecedor. Eu gritei 'cortem o gás'. Houve pânico, as pessoas começaram a correr para fora... Eu saí do salão e fui para o terraço."
Primeiro ele ajudou uma mulher, depois um homem jovem que estava deitado em uma mesa consciente, mas sangrando. Outra pessoa chegou para ajudar e David foi para Abdeslam. "Naquele momento eu pensei que ele tinha se ferido após a explosão de gás".
David disse que não viu Abdeslam entrar no restaurante. Ele acredita que o terrorista já estava no terraço quando detonou a bomba.
"Tinha uma grande abertura ao seu lado, de cerca de 30 cm", ele conta. "Quando você levanta a camisa e vê fios, percebe que aquilo não é normal".
David disse que a polícia o informou que a bomba de Abdeslam não explodiu totalmente.
"(Mais tarde) eu estava pensando como colocá-lo no chão e iniciar os primeiros socorros é um processo basante vigoroso. Eu poderia ter morrido apenas por fazer isso", ele diz.