quinta-feira, 5 de novembro de 2015

AFP.com

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Corpos de 33 vítimas de acidente de avião no Egito foram identificados As autoridades da Rússia afirmaram que o avião se desintegrou no ar 23 minutos após decolar e atingir uma altitude de mais de nove mil metros

Russian Emergency Situations Ministry
O número de vítimas identificadas do acidente do avião da Metrojet A321-200, que levava turistas russos de Sharm el-Sheikh no Egito de volta para a cidade de São Petersburgo, subiu para 33 nesta quarta-feira, à medida que equipes de resgate no Egito procuram no Deserto do Sinai por mais destroços da fuselagem do avião. A aeronave, que levava 224 pessoas à bordo, caiu no início de sábado.
Apenas um corpo foi liberado para ser enterrado por sua família na Rússia. Os parentes das vítimas identificaram 33 corpos e os papéis para liberação estão quase prontos para 22 destes, o que significa que as famílias poderão enterrar o mais breve possível seus entes queridos, disse Igor Albin, vice-governador de São Petersburgo.
As autoridades da Rússia afirmaram que o avião se desintegrou no ar 23 minutos após decolar e atingir uma altitude de mais de nove mil metros. Entretanto, abstiveram-se de anunciar a causa da queda, alegando que a investigação está em andamento.
A Metrojet, proprietária da aeronave, e as autoridades russas ofereceram teorias conflitantes sobre o que ocorreu. A Metrojet insiste que o incidente ocorreu devido a um “impacto externo”, não uma problema técnico ou erro do humano. Já as autoridades russas afirmam que é muito cedo para ter uma conclusão.

Alunos da UnB relatam problemas na Casa do Estudante um ano após reforma milionária Infiltrações e rachaduras estão entre os transtornos enfrentados pelos universitários. Obras custaram, em média, R$ 100 mil por apartamento Leticia CarvalhoLETICIA CARVALHO 05/11 5:35 , ATUALIZADO EM 05/11 2:18

Michael Melo/Metrópoles
Imagine o que você faria se tivesse R$ 100 mil para reformar um apartamento de 60 metros quadrados. Provavelmente, o acabamento seria de primeira qualidade, as instalações elétricas e hidráulicas estariam impecáveis e, de repente, sobraria dinheiro para comprar eletrodomésticos modernos, certo? Na Universidade de Brasília (UnB), a realidade é diferente.
A instituição gastou R$ 9 milhões em melhorias nos 90 apartamentos dos dois prédios da Casa do Estudante Universitário (CEU), onde, atualmente, moram 280 alunos. As obras, iniciadas em 2011, foram concluídas em setembro de 2014, com inauguração oficial três meses depois. Pouco mais de um ano após a intervenção, sobram problemas
Metrópoles visitou 35 apartamentos — dos 75 habitados hoje — e constatou falhas em ao menos 18. A lista de contratempos é grande: rachaduras, vazamentos, infiltrações, mofo, problemas elétricos, piso solto, eletrodomésticos quebrados, armários com defeitos… Até o pilotis de um dos blocos não ficou ileso. Uma infiltração atingiu o teto do Bloco A e parte dele despencou.
Michael Melo/Metrópoles
Na foto, Leonço mostra o chuveiro que está quebrado há quase seis meses
Banho frioNa lista de reclamações, uma é frequente: banhos gelados. “Nosso chuveiro está quebrado desde que eu me mudei para cá, em maio. Fizemos vários pedidos para a administração fazer o conserto. Os funcionários chegam, olham, mas nunca resolvem o problema. Tomamos banho frio”, diz Daniel Antônio Leonço, 19 anos, aluno do curso de filosofia. O chuveiro quebrado não é exclusividade do apartamento de Leonço. Outros estudantes também têm dor de cabeça com o equipamento.
Gustavo Peixoto, 21 anos, estuda comunicação organizacional e conta que o chuveiro do apartamento dele simplesmente caiu há alguns meses. Até o dia da visita do Metrópoles, em 27 de outubro, o aparelho não havia sido reparado. “Tomamos banho com a água gelada que cai da estrutura que sobrou”, reclama. Além disso, ele e os outros universitários que dividem a residência salientam que ficaram duas semanas sem água: “Tínhamos que usar um balde para poder dar a descarga”.
Michael Melo/Metrópoles
Banheiro do apartamento de Peixoto: sem chuveiro e muito mofo
MofoNo rol de queixas, o mofo é um item constante. Sem ventilação, os cômodos que abrigam o chuveiro e o vaso sanitário frequentemente apresentam acúmulo de fungos. Entre os universitários entrevistados, alguns ainda citaram que desenvolveram alergia por causa do problema. “Aqui tinha tanto mofo que a direção teve que pintar o teto do nosso banheiro”, explica a estudante de letras Sanny Mayara Carvalho, 20 anos. O “jeitinho” adotado pela administração da Casa, aliás, tem sido muito empregado para solucionar o transtorno paliativamente.
Piso
As estudantes Karine Dias, 22 anos, e Ingrid Barbosa, 23 — que cursam engenharia elétrica e letras, respectivamente —, relatam que várias partes do piso se soltaram, principalmente nos locais embaixo dos móveis. O material colocado no chão dificulta bastante a limpeza das residências, conforme relato das alunas.
Michael Melo/Metrópoles
Ingrid Barbosa conta que várias partes do piso de soltaram

 A estrutura é muito frágil. Quando me mudei, me disseram que, se a gente pagasse mensalmente R$ 60 para os funcionários responsáveis pela limpeza do prédio, eles poderiam usar uma máquina que faria o serviço sem causar danos ao piso. Mas isso é inviável"
Wellington Moura, 23, do curso de filosofia, também queixou-se das condições do piso
InfiltraçõesA assessora do Decanato de Assuntos Comunitários, Carolina Cássia Batista, informou que uma perícia foi feita nos dois blocos da CEU. Segundo ela, foram encontradas infiltrações que serão sanadas ainda este ano. Para isso, a Prefeitura do Campus (PRC) iniciará uma parte do processo de impermeabilização da laje dos edifícios, mas, ainda de acordo com a assessora, não é possível determinar prazo para o fim das obras. “As infiltrações não são problemas pós-moradia. Elas podem ser resultado de algo que ocorreu durante as obras”, justifica Carolina.
Em relação aos chuveiros, o órgão esclareceu que o transtorno está dentro do “previsível”, e que pode ocorrer em qualquer residência. O decanato diz que o mais importante nesses casos é o estudante comunicar o problema imediatamente à administração da CEU.

ElevadoresAlém das questões estruturais, os alunos reclamam de quedas constantes da energia e da internet, além da falta d’água. O funcionamento dos elevadores também foi outro ponto de reclamação levantado pelos universitários. Eles contam que os equipamentos só são ligados em caso de emergência.
Nos diferentes dias e horários em que o Metrópoles visitou a CEU, todos estavam desligados. Um dos porteiros informou que, se um estudante quiser utilizar os elevadores, basta contatar um funcionário.
Há quem considere as queixas um exagero. Para a estudante de enfermagem Gabriela Alencar, 22 anos, os problemas relatados são “frescura de gente que não tem o que estudar”.
Previsão equivocadaA Casa do Estudante Universitário foi desocupada em 2011 para o início das reformas. A previsão inicial era de que a atividade fosse concluída em oito meses, ao custo inicial estimado em R$ 2,2 milhões. No entanto, após uma série de adiamentos — e de aumentos exorbitantes no valor do empreendimento —, as unidades voltaram a ser habitadas apenas em setembro do ano passado.
Segundo informações publicadas pela UnB em 2 de dezembro de 2014, todos os apartamentos “ganharam bancadas em granito, e os equipamentos de infraestrutura (banheiros, pias, tanques e esquadrias) foram renovados. As unidades são mobiliadas com camas, sofá, televisão, escrivaninhas, cadeiras, fogão, geladeira, micro-ondas e filtros de parede. Dois apartamentos cumprem requisitos mundiais de acessibilidade para atender pessoas com deficiência”.
Ao todo, a CEU, construída em 1973, tem capacidade para acomodar 360 alunos, e a lotação máxima deve ser atingida ainda neste semestre. O edital para a moradia estudantil já está disponível na página da UnB.
O local atende a alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com renda familiar mensal de até um salário mínimo e meio per capita, regularmente matriculados em disciplinas dos cursos presenciais de graduação e cujas famílias não possuam imóveis no DF.

Série inédita brasileira mostra salto da desigualdade no começo da ditadura Com método de Piketty, estudo de Pedro Ferreira de Souza constrói histórico desde 1927 Dados do 1% mais rico pós-64 refutam ideia de desigualdade como efeito do milagre Medeiros: “A desigualdade do Brasil é disfuncional para a democracia”

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Tanques em Brasília em 1964. / ARQUIVO DF - SENADO
É preciso crescer o bolo para depois distribuí-lo. O debate sobre a frase clássica da ditadura brasileira para explicar o salto dadesigualdade na década de 1960 acaba de ganhar um novo capítulo. Série histórica inédita sobre a concentração de renda nas mãos do 1% mais rico da população do Brasil, de 1927 a 2013, mostra que a acumulação de renda no topo da pirâmide deu um salto nos primeiros anos de regime militar. Os novos números identificam um aumento do fosso entre os mais ricos e os mais pobres antes domilagre econômico. Ou seja, não foi apenas em decorrência do crescimento acelerado da economia iniciado em 1968 —e da demanda insatisfeita por trabalhadores mais qualificados provocado por ele— que a alta da desigualdade se deu. As medidas dos anos de recessão e o ajuste do começo do período, que incluíram isenções fiscais, arrocho salarial e repressão a sindicatos, foram determinantes para a reversão rápida, entre 1964 e 1968, de uma trajetória de queda da disparidade
  • SEm 1965, a fração recebida pelo 1% mais rico, considerando apenas os rendimentos tributáveis brutos (só o passível de pagar tributo), era cerca de 10% do bolo total. Apenas três anos depois, a cifra vai a  16%. Em outras palavras, se em 1965 o 1% mais rico ganhava cerca de 10 vezes a renda média do país, em 1968 esse número subiu para 16 vezes. É a partir desse patamar, já alto, que durante o milagre, a disparidade segue aumentando.
O assalariado vai querer ganhar mais apenas para consumir; a empresa desejará maiores lucros para investir, criar novas fábricas, novos empregos, de que o país precisa – logo, ela tem prioridade
Texto da Veja, em 1972, em reportagem que citava a visão da ditadura: crescer primeiro
As conclusões acima fazem parte dos resultados preliminares do estudo feito por Pedro Ferreira de Souza, pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da UnB. Souza integra um núcleo pioneiro do estudo da desigualdade no Brasil, que vem usando, pela primeira vez sistematicamente, informações das declarações doImposto de Renda de quase um século de registros tributários brasileiros. Ao lado de Fabio Castro e do orientador Marcelo Medeiros (UnB e IPEA), utiliza a mesma metodologia do francês Thomas Piketty, que deu novo impulso ao debate global sobre as consequências econômicas e sociais da desigualdade com seu livro O Capital do Século 21 (2014).
Piketty não tratou de Brasil em seu livro —há dados apenas de Argentina e algo da Colômbia— e a maior parte da reflexão do francês está voltada às economias desenvolvidas. Por isso, os dados de Souza também ajudam a inserir a economia brasileira e da América Latina nos novos estudos sobre a desigualdade e a trajetória dela no tempo. O pulo do gato desta linha de pesquisa está em, ao usar dados do imposto de renda, corrigir distorções na medição de desigualdade que aparecem quando se utilizam pesquisas de amostragem como a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE. No Brasil e no resto do mundo, esse tipo de pesquisa acaba subestimando a renda dos ricos: quer porque eles são menos acessíveis, quer porque têm menos habilidade ou intenção de falar de maneira precisa sobre seus ganhos.
Fonte: Elaboração do autor a partir de publicações da Receita Federal e órgãos predecessores, Ministério da Fazenda, IBGE e outros.
"A emergente literatura sobre 'top incomes' (a concentração de renda no topo) conseguiu operar uma mudança nas interpretações da desigualdade nos países desenvolvidos. A ambição da análise dos meus dados é contribuir para isso no Brasil. Mudar o ponto de vista ajuda tanto a iluminar novas dimensões de antigos fenômenos quanto a revelar mudanças e características até então pouco visíveis”, escreve Souza.

Um debate acalorado

Com seus dados sobre o período da ditadura, o pesquisador de 33 anos está enveredando por uma discussão que movimentou os principais nomes da literatura econômica do país nos últimas décadas. Foi um debate extremamente acalorado nos anos 70, quando saíram os dados do Censo daquele ano. As cifras registraram, em comparação ao Censo de 60, uma alta da desigualdade.
Numa época de polarização ideológica e rejeição à ditadura, duas principais correntes se firmaram. De um lado, estavam o brasileiro Rodolfo Hoffmann e o americano Albert Fishlow que apontavam para o arrocho salarial  —o salário mínimo, já descontada a inflação, perdera 20% do seu valor real entre 1964 e 1967—, além da repressão, como fator de importância na desigualdade. O outro lado se firmaria em 1972, quando veio à luz o hoje clássico estudo de Carlos Langoni, que seria depois presidente do Banco Central nos anos 80. Usando dados exclusivos do Censo e outros dados tributários cedidos pelo então ministro Delfim Netto, Langoni usou a chamada teoria do capital humano para apontar o nível de educação como principal fator isolado para explicar o aumento da desigualdade. Como o Brasil crescia a taxas altas no milagre, a demanda por profissionais qualificados era maior que a oferta deles no mercado, forçando o aumento dos salários e, portanto, da renda, dos que estavam nesse topo.
Fonte: elaboração do autor a partir de publicações da Receita Federal e órgãos predecessores, Ministério da Fazenda, IBGE e outros.
Obviamente, nenhuma das duas correntes explicava o todo, ainda mais quando se levaria tempo até ter dados organizados e anuais. Para complicar o panorama, a ditadura viu no estudo de Langoni um meio de construir a narrativa do “bolo em crescimento”, o que carimbaria a análise dele por muito tempo.
A solução que a ditadura deu para a crise econômica e fiscal de 1964 a 1967 foi fazer um ajuste recessivo brutal. Por vários caminhos, as decisões político-econômicas diminuíram o custo do trabalho e aumentaram os ganhos de capital
Pedro Ferreira de Souza
"A filosofia do ministro pode ser assim entendida: se a riqueza nacional cresce de 100, não é possível distribuir senão esses 100; daí uma política ter que optar: quem ficará com essa nova fatia, ou com a maior parte dela? A resposta é esta: o assalariado vai querer ganhar mais apenas para consumir; a empresa desejará maiores lucros para investir, criar novas fábricas, novos empregos, de que o país precisa – logo, ela tem prioridade”, escreve a revista Veja em 1972 sobre a filosofiade Delfim Netto citando o trabalho de Langoni. Pelo texto, o jornalista Paulo Henrique Amorim ganharia o Prêmio Esso, o mais prestigioso do jornalismo.
Na interpretação de Souza, a série histórica da desigualdade no Brasil que ele produziu faz o debate pender para Fishlow e Hoffmann quase quatro décadas depois. “Tudo mudou muito rapidamente após a ruptura institucional em 1964 e não há nenhuma explicação melhor para o salto da desigualdade. A solução que a ditadura deu para a crise econômica e fiscal de 1964 a 1967 foi fazer um ajuste recessivo brutal. Por vários caminhos, as decisões político-econômicas diminuíram o custo do trabalho e aumentaram os ganhos de capital”, descreve o pesquisador.
A questão está longe de soar ultrapassada. No prefácio da terceira edição do estudo de Langoni lançado em 2005, outro expoente do estudo da desigualdade do Brasil, Marcelo Neri, da FGV e ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos sob Dilma Rousseffescreve: "Ouso dizer que o estudo de Langoni não foi superado. Seja pela atualidade da técnica utilizada (...), seja pelos resultados substantivos, que permanecem tão atuais quanto antes".
"A ironia da história é que o argumento de Langoni pode ter sido relativamente pouco relevante para entender a mudança na desigualdade na década de 1960, mas certamente é relevante, pelo menos parcialmente, para entender os níveis e tendências da desigualdade no Brasil nas últimas décadas”, diz Souza, que passou o último ano na Universidade da Califórnia (Berkeley), sob a supervisão do francês Emmanuel Saez, parceiro de Piketty.
Com a série histórica, Souza não joga luz apenas no imbróglio da ditadura. Em seu trabalho, o pesquisador relaciona os ciclos políticos brasileiros e a desigualdade. Houve aumento dela durante a Segunda Guerra Mundial, quando a incipiente indústria nacional foi beneficiada pela forçada substituição de importações. No período depois e até a chegada na ditadura, há queda no índice, que chegou ao ponto histórico mais baixo. Sobre os dados de antes de 60, também inéditos, o pesquisador diz que ainda não tem uma interpretação definitiva sobre a queda da desigualdade: era um ciclo democrático, de substituição de importações, de urbanização. Uma pista é que na Argentina, também uma economia primária em transformação, o comportamento é parecido.
"O que os dados do Pedro (Souza) estão mostrando é que o caso brasileiro, de certa forma alinhado com o caso argentino, sinalizam que as explicações clássicas da desigualdade talvez não sirvam para todos os países do mundo. Talvez a gente precise de um outro tipo de explicação. Talvez não exista uma explicação geral, mas sim explicações locais", diz Medeiros, seu orientador na UnB.
Assim como nos anos 60 e 70, os 80 são de alta da desigualdade mais uma vez, mas, pondera o pesquisador,  há “ruído” na tabela por causa da hiperinflação. É possível, afirma, apontar que a partir de "algum momento dos anos 1990", já na democracia, a desigualdade começa a cair.
O 1% mais rico na França tem 10% da renda, nos EUA a taxa é de 20%. No Brasil, 25%, a mais concentrada e desigual entre as grandes economias 

Ciclos políticos e Governo Lula

Parte dos dados tributários, usados em trabalhos conjuntos dele com Medeiros e Fabio Castro, também complexifica a trajetória da desigualdade na era Lula-Dilma. Se as medições baseadas na PNAD mostraram uma queda da desigualdade depois de 2001, os números calculados com base nos dados tributários mostram uma estabilidade (mesmo na PNAD, há estabilidade em 2012 e 2013 no índice). Ou seja: pode ter havido redistribuição de renda, e consequente maior bem-estar, para grupos da base da pirâmide sem que isso tenha mexido na fatia relativa ao 1% mais rico. Por causa disso, na tabela da desigualdade no topo, há pouca alteração. O dado que contestava a narrativa sobre queda de desigualdade sob Lula provocou controvérsia durante as eleições presidenciais no ano passado.
“A pergunta que mais me fascina é: sob que condições sociedades democráticas e capitalistas conseguem redistribuir renda? A ênfase da literatura de top incomes é no papel de choques mais ou menos exógenos, principalmente a Segunda Guerra, para a queda da desigualdade”, conta Souza. Ele lembra que, ao contrário do que o senso comum pode induzir a pensar, os países desenvolvidos tiveram, no começo do século 20, patamares de desigualdade próximos ao dos países latino-americanos e do Brasil na mesma época. Agora, as taxas se afastaram: enquanto o 1% mais rico na França tem 10% da renda, nos EUA a taxa é de 20%. No Brasil, 25%, a mais concentrada e desigual entre as grandes economias para as quais há dados.
“Não há casos bem conhecidos de países que tenham saído de um nível brasileiro e gradualmente, sem sobressaltos ou catástrofes, tenham chegado a níveis de desigualdade franceses, por exemplo. Não quero soar pessimista, talvez inventemos algo para resolver isso”, lança o pesquisador, sem muita convicção. É um pensamento sombrio, ainda mais quando o país em crise discute como sair do maior retrocesso do PIB em 25 anos sem perder o que avançou em termos de combate à desigualdade e pobreza no período.

Funcionária do gabinete de Teori Zavascki morre sem atendimento no Hospital de Base

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Uma funcionária do gabinete do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), morreu sem atendimento adequado no Hospital de Base de Brasília.
A mulher de 44 anos passou mal no trabalho na última quinta-feira (29), foi socorrida no posto médico do STF e levada às pressas para o pronto socorro.
Ao chegar ao Hospital de Base, ela precisou ser submetida a aplicação de desfibrilador cardíaco, mas o equipamento estava quebrado, segundo o relato de assessores do ministro.
Ela, então, foi transferida para o Hospital do Coração, mas chegou sem vida.
O relator da Lava-Jato está inconformado.

Governo estima R$57 bi em pedaladas em 2015, incluindo encargos

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O governo calculou que as chamadas "pedaladas fiscais" somarão 57,013 bilhões de reais no final deste ano, incluindo encargos da dívida, segundo documento enviado à Comissão Mista de Orçamento (CMO) e obtido pela Reuters nesta quarta-feira.
Desse total, 22,438 bilhões de reais são referentes aos pagamentos em atraso ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros 20,737 bilhões de reais ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Também há 1,509 bilhão de reais relativos à Caixa e 12,329 bilhões de reais ao Banco do Brasil BBAS3.SA.
Com isso, se o governo for obrigado a pagar esses passivos à vista, o setor público consolidado poderá amargar déficit primário de 117 bilhões de reais neste ano. O pior número que havia surgido era de rombo de 115 bilhões de reais, num cenário que também considera a não obtenção de receitas com leilão de hidrelétricas. [nL1N12T3CB]
O Tribunal de Contas da União (TCU) ainda não decidiu se o pagamento das pedaladas deverá ser de uma só vez ou poderá ser parcelado.
De acordo com fonte do Palácio do Planalto, o governo negocia com o TCU para acelerar a decisão, e existe uma tendência que o órgão aceite o parcelamento. A intenção é que os débitos com os bancos públicos possam ser parcelados em até 60 meses (cinco anos), uma proposta defendida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. No entanto, mesmo com o parcelamento, a interpretação do governo é que todo o montante da dívida deve ser colocado no Orçamento deste ano como déficit.
Sem contar os encargos da dívida, as pedaladas fiscais --pagamentos que o governo deveria ter feito a bancos públicos por conta de programas sociais e subsídios-- somarão 51,488 bilhões de reais no final deste ano, segundo cálculos do governo enviados à comissão.
Os números foram entregues após parlamentares da oposição na CMO pedirem detalhes sobre o pagamento das pedaladas e seu impacto sobre as contas públicas.

O governo tenta aprovar no Congresso nova mudança na meta fiscal deste ano, que era de superávit primário equivalente a 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) no setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais).

"Furacão da CPI" critica GDF no Facebook após comentário de Rollemberg Governador disse que secretário de Segurança Pública e comandante-geral da PM vão ficar no cargo, e a ex-assessora parlamentar rebateu

Reprodução/Facebook

Denise Rocha, que ficou conhecida como o Furacão da CPI do Cachoeira em 2012, aproveitou as redes sociais para comentar a situação dos serviços públicos de Brasília. Em um post do Facebook do Correio, onde o governador Rodrigo Rollemberg afirma que não aceitou a demissão de comandante da PM, Denise comentou: “Não deveria aceitar também deixar os hospitais sem médicos e as escolas sem professores”.

O comentário repercutiu entre os leitores. “Cala boca que você nem usa o serviço público”, respondeu um deles. Denise entrou no debate com os internautas sobre a situação do governo do Distrito Federal.

Furacão

A ex-assessora parlamentar ganhou fama quando teve um vídeo íntimo divulgado na internet. Na época, ela trabalhava para o senador Ciro Nogueira (PP-PI). A CPI do Cachoeira investigava as atividades de Carlinhos Cachoeira no ramo de jogos ilegais no Goiás. Nogueira era um dos parlamentares que fazia parte da comissão.