sábado, 3 de outubro de 2015

Ministro Teori Zavascki autoriza depoimento de Lula na Lava Jato Ex-presidente não é investigado. Ele vai falar na condição de 'informante'. Pedido é da Polícia Federal. Depoimento será parte de um dos inquéritos.


Renan RamalhoDo G1, em Brasília
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta sexta-feira (2) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do governo dele sejam ouvidos em depoimento em um dos inquéritos da Operação Lava Jato.
O pedido para ouvir Lula foi formulado ao ministro pela Polícia Federal. O ex-presidente não é investigado no caso, mas será ouvido na condição de testemunha, como defende o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ou "informante", nas palavras do ministro.
O ministro não usou o termo “testemunha”, como Janot, para não qualificar a forma como o ex-presidente será ouvido. Em tese, num inquérito penal, uma pessoa depõe na condição de investigado (pela qual não tem compromisso de dizer a verdade) ou testemunha (em que se compromete a falar a verdade). A figura do informante só existe num processo de natureza civil e, nessa condição, também não há obrigação de dizer a verdade.
A assessoria do Instituto Lula informou que a decisão de Zavascki confirma que não há motivo para que ele seja investigado.
"A manifestação do ministro Teori Zavaski confirma o entendimento do Procurador Geral da República: o ex-presidente Lula não pode ser investigado nos inquéritos sobre a Petrobras, porque não há qualquer razão para isso. O ministro Teori vai além: Lula não pode nem mesmo ser ouvido como testemunha. O ex-presidente sempre esteve à disposição das autoridades da República para colaborar na busca da verdade e, se convidado, o fará como um dever de cidadania", diz o texto da nota.
O depoimento de Lula foi pedido no início de setembro pelo delegado da Polícia Federal Josélio Sousa no maior inquérito da Lava Jato no Supremo: o que tem atualmente 39 investigados e no qual se apura se houve a formação de uma organização criminosa na Petrobras para desvio de dinheiro público e pagamento de propina a políticos.
No pedido, o delegado apontou que o ex-presidente pode ter se beneficiado, obtendo vantagens para si, para o seu partido, o PT, ou mesmo para o seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada às custas de negócios ilícitos na Petrobras.
Na semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, concordou com o pedido, ressaltando porém que não havia nada de objetivo até aquele momento que justificasse a inclusão de novos nomes na investigação. Isso, segundo o procurador, não impede que as pessoas sejam ouvidas como testemunhas.
Embora Lula não tenha mais o chamado foro privilegiado – porque não é detentor de mandato –, o pedido da PF foi enviado ao STF porque o inquérito envolve políticos que só podem ser investigados pelo tribunal."Para que a condição jurídica das referidas pessoas seja alterada – de testemunhas para investigados – é necessário que a autoridade policial aponte objetivamente o fato a ensejar a mudança do status, o que será oportunamente avaliado pelo titular da ação penal", diz Janot, que é quem comanda a investigação.
Outros depoentes
No mesmo despacho de Teori Zavascki, ele também aceitou prorrogar esse inquérito por mais 80 dias, como solicitado pela PF, além da tomada de depoimentos de outros integrantes dos governos Lula e Dilma.
Entre esses, está a ex-ministra da Secretaria de Relações Institucionais Ideli Salvatti, o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho; ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que está preso em Curitiba; e os ex-presidentes da Petrobras José Sérgio Gabrielli e José Eduardo Dutra.

Gilberto Carvalho informou que recebe a notícia com tranquilidade e que tem grande interesse em depor, para demonstrar que a citação do nome dele “não tem sentido”. A defesa de José Dirceu afirmou que, se ele for chamado, vai prestar depoimento. Sérgio Gabrielli também disse estar disposto a colaborar com as autoridades e afirmou estar " tranquilo" de que conduziu, como presidente da Petrobras, uma empresa "eficiente". Ideli também afirmou estar à disposição das autoridades para colaborar com o esclarecimento dos fatos.
O ministro também autorizou depoimentos do ex-senador Francisco Dornelles (PP-RJ); do presidente do PT, Rui Falcão; do ex-tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff José de Filippi Junior; e também de representantes das construtoras Queiroz Galvăo, Braskem, UTC, Jaraguá, Camargo Correa, Galvão Engenharia, Constran, Tome Engenharia e Alusa.
Janot também havia concordado com os depoimentos deles na condição de testemunhas; Teori Zavascki classificou todos como informantes.
Pedido sobre Dilma é negado
Em outra parte do despacho, Teori Zavascki ainda se manifesta sobre um pedido do líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), para que a presidente Dilma Rousseff também fosse ouvida no mesmo inquérito. O ministro disse que tal requerimento tem “manifesta inviabilidade”.
“Além de tratar de questão estranha ao âmbito deste inquérito, cuja provocação não dispensaria, segundo a jurisprudência aqui assentada, a iniciativa do Ministério Público […], é importante registrar que o Supremo Tribunal Federal não profere decisões de caráter meramente consultivo, sem pertinência ‘com a essência da atividade jurisdicional’”, escreveu o ministro, citando outras decisões do STF sobre pedidos do tipo.
No pedido para ouvir Dilma, Sampaio defendia que a presidente pudesse vir a ser eventualmente investigada no caso, ao contrário do que afirmava o delegado no pedido para ouvir Lula.
“A presidente Dilma pode, sim, ser investigada, pois o que a Constituição Federal veda é que ela seja processada. E, a exemplo de Lula, há elementos para que a presidente seja investigada, já que ela ocupou cargos que, por si só, a colocam no centro dos fatos criminosos. Não é possível que, tendo passado pelo Ministério das Minas e Energia, pasta à qual a Petrobras é vinculada, pela Casa Civil e ter sido presidente do Conselho de Administração da estatal, ela diga, simplesmente, que não sabia de nada”, afirmava o pedido.

Vendida como 'mini', porca de 160 kg escapa de abate e ganha cama no DF Animal recebe protetor solar e come ração especial; ela deveria pesar 30 kg. Batizado de Puca, bicho vive em chácara: 'Ela adora conforto', diz a dona.

Uma porca de 160 kg virou mascote de um abrigo para cães no Distrito Federal depois de escapar de um matadouro por ter sido vendida como mini pig, espécie do animal que chega a pesar em média 30 kg. Puca, como foi batizada, vive rodeada de cachorros em um espaço com uma cama improvisada com cobertor, sombra e um lago com lama para se refrescar do calor. Os cuidados com a porca incluem ração especial e até protetor solar.
Potes de ração da porca Puca (Foto: Isabella Calzolari/G1)Rações dadas à porca Puca (Foto: Isabella Calzolari/G1)
A estudante Luciana Moulin, dona da porca e proprietária do abrigo, conta que Puca foi colocada para adoção depois que a antiga dona rejeitou o animal, que não parava de crescer.

“Um porco vive entre 15 e 18 anos e ela só tem um ano de idade e já passou dos 100 kg. A mulher foi enganada e não quis ficar com a Puca. Eu vi em uma postagem no Facebook que ela estava precisando de um lar temporário, então disse que podia ficar já que temos muito espaço no abrigo, mas acabei me apaixonando pela Puca.”

O combinado era que o animal ficasse na chácara por três semanas, mas, quatro meses depois, a jovem de 19 anos conta que não consegue mais se desfazer da porca. “Geralmente porco é conhecido por ser mais selvagem, não muito dócil, mas ela foi criada desde pequena cheia de mimos e virou um cachorro grande", disse.
Eu passo nas padarias, pego os pães velhos que eles vão jogar fora e a gente dá para ela na boca. Ela tem uma manchinha branca na cabeça e temos que passar protetor solar porque queima mesmo. Ela adora conforto.”
Luciana Moulin
estudante
"Eu passo nas padarias, pego os pães velhos que eles vão jogar fora e a gente dá para ela na boca. Ela tem uma manchinha branca na cabeça e temos que passar protetor solar porque queima mesmo. Ela adora conforto.”

Puca foi levada para o abrigo por integrantes de uma ONG. Luciana disse que a transferência do animal foi muito trabalhosa. “Foram seis ou sete pessoas mobilizadas para colocar a Puca no carro. Precisou três dias para trazer ela para o abrigo. Ela é a bebezona daqui, é muito grande, muito. As pessoas não estão acostumadas a ver um animal desse tamanho e tão dócil.”

A mãe dela afirma que foi pega de surpresa ao chegar na chácara e se deparar com a porca. “Quando eu cheguei já estava lá e quando a porca tinha que ir embora ela não foi, mas eu não me incomodo, não. Até comecei a gostar da porca”, disse a empresária Angélica Moulin. “O cuidado com a porca e com os cachorros é um trabalho lindo, uma dedicação danada da Luciana. Ela vive praticamente em função disso e a gente fica orgulhoso. Essa porca tem vida de rainha.”
A estudante Luciana Moulin com a poca Puca, de 160 kg (Foto: Isabella Calzolari/G1)A estudante Luciana Moulin com a porca Puca, de 160 kg (Foto: Isabella Calzolari/G1)
O abrigo fica em São Sebastião, região administrativa localizada a cerca de 30 km do centro da capital federal. Inaugurado há cerca de quatro meses, o local recebe de 25 a 30 cães abandonados e é mantido com doações. Apaixonada por animais desde pequena, Luciana conta que começou a se engajar com resgate de animais aos 17 anos.

“A gente tinha essa chácara aqui e ela estava abandonada. Comecei com um grupo de amigos a pegar cachorros na zoonoses e o negócio foi crescendo. Não tinha local bom para colocar os cachorros, então a gente reativou a chácara da família, capinamos, contratamos o caseiro e fizemos um esquema para beneficiar os cachorros.”

Batizado de Pet Hostel, o abrigo tem os trabalhos divulgados nas redes sociais e vem ganhando apoiadores. O espaço também é aberto para visitações. “Doação é o mais importante, é o combustível de tudo. Sem a doação não temos para onde ir porque dependemos disso. Os voluntários também são muito importantes. As pessoas têm que se sensibilizar com os cachorros de rua, dar um pouco mais de chance para eles.”
A estudante Luciana Moulin rodeada de cães no Pet Hostel, em São Sebastião (Foto: Isabella Calzolari/G1)A estudante Luciana Moulin rodeada de cães no Pet Hostel, em São Sebastião (Foto: Isabella Calzolari/G1)

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Reforma ministerial é paliativo contra impeachment, crise continua a longo prazo; entenda

Por Jovem Pan
fonte: Elza Fiúza/Agência Brasil
Para especialistas, reforma ministerial é paliativo contra impeachment, crise continua
Um remendo em uma calça cheia de furos. Assim é possível definir a reforma ministerial feita pela presidente Dilma Rousseff, na manhã desta sexta-feira (2).

Dez pastas foram cortadas ou agrupadas e outras duas criadas (Cidadania e Secretaria de Governo). Na prática, apenas oito pastas foram reduzidas, ou seja, o número de ministérios caiu de 39 para 31.

Para o comentarista político da Jovem Pan Marco Antonio Villa, a reforma tem um objetivo principal que é evitar o impeachment. Mas, além disso, Dilma tem à frente grandes desafios, como a aprovação de um pacote fiscal no Congresso, e a aprovação da CPMF. Dessa forma, nas palavras da presidente: foi preciso reorganizar a base. O problema é como esse trabalho foi feito. "O governo acredita que obteve algum tipo de vitória, ledo engano, se desmoralizou ainda mais", explica Villa.

A reforma trouxe, por exemplo, o terceiro ministro da Educação em nove meses, sendo que a presidente começou o mandato dizendo que o Brasil seria uma pátria educadora. "Isso reforça a ideia de incoerência, o que é grave para a imagem do governo", diz o professor de pós-graduação da Fundação Escola de Sociologia e Política, Jairo Pimentel. Para ele, a presidente se deixou levar pela maré. "A ação era exatamente o que o momento exigia. Ela precisou fazer isso para continuar com o apoio do PMDB e, consequentemente evitar o impeachment", afirma. 

Para Villa, escolher os ministros de acordo com relevância política também prejudica a imagem da administração. "Nesta administração, você não é promovido por capacidade e sim se há interesse político", diz. Para o historiador, um bom exemplo disso é a indicação do ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Ele exerceu a função de ministro da Defesa por nove meses. "Não fez absolutamente nada. E agora será ministro da Casa Civil", afirma Villa. 

Futuro

Apesar de trazer um "respiro", os especialistas acreditam que somente quando a presidente colocar a casa em ordem é que ela conseguirá, de fato, deixar de lado a possibilidade de um impeachment. "Dilma terá de matar um leão por dia para se manter no governo. É impossível para ela tomar decisões de longo prazo", afirma Pimentel.  

O comentarista da Jovem Pan é um pouco mais pessimista em relação ao futuro: "a questão é muito mais complexa, não há saída para o governo. O governo Dilma acabou, só ela não sabe", afirma Villa.

Confira os novos ministros:

Casa Civil: Jaques Wagner (PT)

Ciência, Tecnologia e Inovação: Celso Pansera (PMDB)

Comunicações: André Figueiredo (PDT)

Defesa: Aldo Rebelo (PCdoB)

Educação: Aloizio Mercadante (PT)

Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos: Nilma Lino Gomes

Portos: Helder Barbalho (PMDB)

Saúde: Marcelo Castro (PMDB)

Secretaria-Geral: Ricardo Berzoini (PT)

Trabalho e Previdência: Miguel Rossetto (PT)

Novo ministro quer CPMF permanente e com repasse para a Saúde Marcelo Castro (PMDB-PI) foi escolhido por Dilma para comandar Saúde. Ele quer CPMF com bitributação e recursos para estados e municípios.


Nathalia Passarinho, Filipe Matoso e Laís Alegretti *
Do G1, em Brasília
Logo após ser anunciado como novo ministro da Saúde, o deputado Marcelo Castro (PMDB), defendeu nesta sexta-feira (2) a volta da CPMF com alíquota de 0,2%, cobrada no débito e no crédito, e repasses tanto para a Previdência Social quanto para a Saúde. Pela proposta de Castro, o imposto sobre movimentação financeira será permanente, ou seja, sem prazo para ser extinto, e os recursos deverão ser compartilhados entre União, estados e municípios.
Integrante da bancada do PMDB na Câmara, Marcelo Castro vai substituir o petista Arthur Chioro no comando da pasta mais cobiçada e com maior Orçamento da Esplanada. A troca foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff nesta sexta, como parte da reforma ministerial.
A volta da CPMF é a principal medida do pacote de ajuste fiscal do governo, já que responde por metade dos R$ 64 bilhões que a equipe econômica pretende obter com os cortes de gastos e aumento de impostos. Mas proposta enviada pelo governo para o Congresso prevê alíquota de 0,2% e recursos destinados somente para a União custear a Previdência Social.

Para Castro, parte do dinheiro precisa ir para a Saúde, para que Congresso e população se convençam da necessidade do tributo. "Esperamos que o PMDB e todos os partidos que querem salvar a saúde [apoiem a volta da CPMF]", disse.

Pela ideia do novo ministro, 50% dos recursos arrecadados com a CPMF iria para a União arcar com gastos da Previdência Social. Os outros 50% iriam para a área da Saúde, sendo 25% para estados e 25% para municípios. A alíquota seria mantida em 0,2%, mas tanto quem fizer a operação financeira quanto quem receber os recursos provenientes dessa operação terão que pagar o percentual sobre o dinheiro movimentado.

"O que estou propondo é engenhosos e simples. Não vamos aumentar alíquota e vamos dividir com estados e municípios. Ficaria assim: tudo do que for arrecadado da CPMF 50% para a seguridade social do governo e 50% para a saúde—25% para os estados e 25% para os municípios. Para sermos merecedores desse sacrifício temos que melhorar a gestão e mostrar que estamos cuidando de cada centavo", disse Castro.
 
"Como vamos arrecadar o dobro com a mesma alíquota? Cobrando no débito e no crédito. O raciocínio é: João dá R$ 1 mil a Pedro. Pedro vai no banco e compensa o cheque. O cheque vai para a conta de Pedro. Entram, então, no débito de João, R$ 1002 (R$ 1000 para Pedro e R$ 2 para a CPMF). E na conta de Pedro não vão entrar R$ 1 mil, vão entrar R$ 998, porque R$ 2 também vão para a CPMF", exemplificou.De acordo com o novo ministro, o governo vai arrecadar o dobro de recursos com a bitributação cobrada do contribuinte.
Castro também defendeu que o imposto não tenha prazo para ser extinto. Pela proposta do governo, a CPMF duraria até quatro anos.
"O meu ponto de vista, mas esta não é a tese do governo, é que isso [CPMF] seja permanente. O imposto da CPMF - e eu não sou professor tributário, sou médico psiquiatra – preenche as características do bom imposto. A CPMF preenche os requisitos, porque tem baixa alíquota, tem ampla base arrecadatória, arrecada grandes volumes, é insonegável e o governo tem gasto zero na sua arrecadação".
* Colaborou Alexandro Martello, do G1, em Brasília
Novo ministério (Foto: Reprodução)

Dilma anuncia reforma com redução de 39 para 31 ministérios PMDB aumentou participação no governo (de 6 para 7 pastas). PT tem 9. Presidente também anunciou enxugamento da máquina e redução de gasto.

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta sexta-feira (2) a reforma ministerial do governo, com eliminação de 8 das 39 pastas por meio de fusão e eliminação de ministérios, medidas de enxugamento da máquina administrativa e redução em 10% do próprio salário, do vice e dos ministros (de R$ 30.934,70 para R$ 27.841,23). No total, nove partidos controlam 23 ministérios – nos casos dos outros oito, os ministros não têm filiação partidária.
Com o novo arranjo do governo, a pasta de Assuntos Estratégicos foi extinta; Relações Institucionais, Secretaria Geral, Gabinete de Segurança Institucional, Micro e Pequena Empresa foram incorporadas ao novo ministério intitulado Secretaria de Governo; Pesca foi incorporada a Agricultura; Previdência e Trabalho se fundiram em um único ministério, assim como Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
O principal objetivo da reforma é assegurar a governabilidade, com a formação de uma nova base de apoio partidário no Congresso, a fim de o governo obter maioria parlamentar, evitar as derrotas que vinha sofrendo e conseguir a aprovação das matérias de seu interesse na Câmara e no Senado.
Composição por partido VALE ESTE (Foto: Arte G1)
Partidos
Mesmo com a redução do número de pastas, o PMDB aumentou a participação no ministério (de seis para sete). O partido com mais ministérios continua sendo o PT (nove). Ficaram com um ministério PTB, PR, PSD, PDT, PCdoB, PRB e PP. Oito ministros não são filiados a partidos (veja toda a composição do ministério).
Dilma fez o anúncio em um discurso ao lado do vice-presidente Michel Temer. A presidente justificou a partilha de cargos entre partidos, dizendo que é preciso garantir uma base aliada sólida e com maior “diálogo”. Ela destacou que o processo de escolha foi “feito às claras” e defendeu que o processo foi “legítimo”.
“[Tivemos o propósito de] de atualizar a base política do governo buscando uma maioria que amplie nossa governabilidade. Ao alterar alguns dos dirigentes dos ministérios, nós estamos tornando nossa coalizão de governo mais equilibrada, fortalecendo as relações com os partidos e com os parlamentares que nos dão sustentação política. Trata-se de uma ação legítima, de um governo de coalizão e, por isso, tudo tem sido feito às claras. Trata-se de articulação política para construir um ambiente de diálogo, um ambiente de coesão parlamentar. Trata-se de articulação política que respeita os partidos que fizeram parte da coalizão que me elegeu e que tem direito e dever de governar comigo”, declarou.
Estado 'ágil'
Ao iniciar o discurso, ela disse que todas as ações desenvolvidas buscaram construir um Estado “ágil”, baseado na meritocracia.
“Queria dizer aos senhores que todos os países, todas as nações que atingiram desenvolvimento construíram estados modernos. Esses estados modernos eram ágeis, eficientes, baseados no profissionalismo, na meritocracia e extremamente adequados ao processo de desenvolvimento que cada país estava trilhando. Nós também temos de ter esse objetivo”, disse.
Dilma disse que é preciso reconhecer a existência da crise econômica e que, se houve “erro”, precisa ser consertado. “Não estamos parados. Sabemos que existem dificuldades econômicas que devem ser superadas. Sabemos que, se erramos, precisamos consertar os erros. Se acertamos, precisamos avançar nos acertos e seguir em frente.”
Medidas anunciadas
Veja medidas anunciadas pela presidente com o objetivo de enxugar a máquina administrativa:
- Criação da Comissão Permanente da Reforma do Estado
- Extinção de oito ministérios
- Extinção de 3 mil cargos comissionados
- Eliminação de 30 secretarias ligadas a ministérios
- Redução de 10% nos salários da presidente, do vice e dos ministros (de R$ 30.934,70 para R$ 27.841,23)
- Corte de até 20% nos gastos de custeio
- Imposição de limite de gastos com telefone, passagens e diárias aos ministérios
- Revisão de contratos de serviços terceirizados
- Revisão de todos os contratos de aluguel do governo
- Revisão do uso do patrimônio público e dos imóveis da União
- Criação de uma central de transporte por ministério, com vista a reduzir a frota e otimizá-la
A presidente destacou que essas medidas de redução de gastos são “temporárias”, diante do período de crise econômica.
“Nós estamos num momento de transição de um ciclo para um outro ciclo, de expansão, que vai ser profundo, sólido e duradouro. Apesar de termos feito profundos cortes no Orçamento, e fizemos cortes significativos nas despesas, quero dizer que continuamos implementando políticas fundamentais para nossa população”, disse.
Novo ministério (Foto: Reprodução)
Novos ministros
A presidente anunciou os nomes de dez ministros novos ou que mudaram de pasta:
- Casa Civil: Jaques Wagner (PT)
- Ciência e Tecnologia: Celso Pansera (PMDB)
- Comunicações: André Figueiredo (PDT)
- Defesa: Aldo Rebelo (PCdoB)
- Educação: Aloizio Mercadante (PT)
- Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos: Nilma Lino Gomes (sem partido)
- Portos: Helder Barbalho (PMDB)
- Saúde: Marcelo Castro (PMDB)
- Secretaria de Governo: Ricardo Berzoini (PT)
- Trabalho e Previdência: Miguel Rossetto (PT)
O ministério Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, comandado por Nilma Lino Gomes, terá três secretários-executivos: Eleonora Menicucci (ex-ministras das Mulheres), de Mulheres, Ronaldo Barros (Igualdade Racial) e Rogério Sottili (Direitos Humanos).
No ministério Trabalho e Previdência, cujo ministro é Miguel Rossetto, os secretários são José Lopez Feijóo, ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores-CUT (Trabalho) e Carlos Gabas (ex-ministro da Previdência Social), como secretário de Previdência.
Agradecimentos
No final de sua fala, a presidente agradeceu aos ministros que deixam o governo e destacou o “compromisso deles com o Brasil”.
“Quero agradecer especialmente aos ministros que deram sua contribuição ao governo, por sua competência e compromisso com o Brasil. Vão continuar nos ajudando a fortalecer nosso processo de inclusão e geração de oportunidade a todos brasileiros e brasileiras”, afirmou.
Negociações“Aos meus amgios e companheiros ministro Renato Janine Ribeiro, Manoel Dias, Arthur Chioro, general José Elito, Roberto Mangabeira Unger, Pepe Vargas, Edinho Araújo, Guilherme Afif Domingos: o meu mais profundo agradecimento”, concluiu Dilma.
Dilma passou as últimas semanas em reuniões diárias com ministros, conselheiros políticos e dirigentes partidários a fim de definir as mudanças no primeiro escalão. Além de recorrer ao vice-presidente Michel Temer e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir as alterações, ela escalou ministros para dialogar com as legendas aliadas sobre como cada pasta passaria a ser ocupada.

Anunciada em agosto pela equipe econômica, a reforma administrativa inclui a redução de ministérios e o corte de cargos comissionados. Segundo estimativas do governo, as medidas reduzirão em R$ 200 milhões os gastos da União. Na semana que vem, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, apresentará também em Brasília os detalhes de como a reforma diminuirá as despesas.
Colaborou Alexandro Martello, do G1, em Brasília

Diga não!


Dilma diz a Picciani que Marcelo Castro e Celso Pansera ocuparão Saúde e Ciência

Por Agência Estado
fonte: Wilson Dias/Agência Brasil
Deputado peemedebista ocupará cargo de Arthur Chioro
Em conversa na noite desta quinta-feira, 1º, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff confirmou ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), que os deputados Marcelo Castro (PMDB-PI) e Celso Pansera (PMDB-RJ) serão ministros da Saúde e de Ciência e Tecnologia, respectivamente. O anúncio oficial será feito na manhã desta sexta-feira, 2.

Com a acomodação de Pansera no Ministério de Ciência e Tecnologia, Dilma equacionou o problema que vinha tendo com o PMDB, já que Picciani queria colocar o deputado no Ministério dos Portos, que agora deve ficar com Hélder Barbalho, que hoje comanda a pasta da Pesca.

Marcelo Castro, 65 anos, é médico psiquiatra e atua como deputado federal desde 1999. Filiado ao PMDB de 1981 a 1991, passou pelo PSDB e pelo PPR antes de retornar ao PMDB.

Neste ano, ganhou os holofotes ao se desentender com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante as discussões da reforma política. Os dois parlamentares trocaram críticas e o relatório feito por Castro foi atropelado por Cunha, que levou o debate para o plenário. Castro disputava a vaga com um aliado de Cunha, o também médico Manoel Junior (PB)

Gaúcho de São Valentim, Pansera está em seu primeiro mandato como deputado federal. Já foi secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro.

Inicialmente, o governo tentou alojar Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo) no Ministério de Ciência e Tecnologia. Eles não aceitaram. Diante da recusa, o governo procurou a solução na bancada peemedebista.

O medo do Planalto era a reação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC) por ter no ministério um novo George Hilton, que assumiu a pasta do Esporte sem ter qualquer relação com o setor. Com Pansera, este problema também fica solucionado

Até o final da tarde, Picciani resistia em aceitar Ciência e Tecnologia. Defendia que o governo mantivesse as ofertas que havia apresentado no início das negociações - o Ministério da Saúde e um outro na área de infraestrutura.

Pansera ganhou os holofotes neste ano ao ser apontado pelo doleiro Alberto Youssef como "pau-mandado" de Eduardo Cunha no esquema de corrupção da Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

Defesa

O atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, assumirá mesmo o Ministério da Defesa, em lugar de Jaques Wagner, que vai para a Casa Civil, para substituir Aloizio Mercadante. A decisão da presidente Dilma Rousseff de levar Aldo Rebelo para a Defesa foi comunicada a ele nesta quinta-feira, 1.

Aldo sempre teve o seu nome lembrado para assumir a pasta nas reformas ministeriais. Oficiais-generais das três forças consultados pela reportagem lembram que Aldo já presidiu a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, e teve participação decisiva em questões relativas à área militar, como a polêmica sobre a preservação do atual texto da Lei de Anistia, como queriam os militares, e na defesa deles, durante o funcionamento da Comissão da Verdade.