sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Por que o Brasil massacra 1 milhão de animais por dia em suas estradas? Thiago Guimarães Da BBC Brasil em Londres

Image copyrightLeonardo Mercon
Image captionOnça-parda atropelada às margens da BR-101, em uma das áreas de mata atlântica mais preservadas do país
BR-101, norte do Espírito Santo, setembro de 2015. Um caminhoneiro sente um cheiro forte e localiza uma anta - o maior mamífero terrestre brasileiro - na margem da pista, em estado avançado de decomposição.
Cinco meses antes, no mesmo trecho da rodovia, biólogos encontraram uma fêmea adulta de harpia, a maior ave de rapina das Américas, debilitada por fraturas e hematomas. Por ali, restos de retrovisor de caminhão. No mês anterior, a vítima fora uma onça-parda.
As cenas com espécies ameaçadas de extinção são um retrato de um filme que não sai de cartaz no Brasil: a matança de animais por atropelamentos em estradas.
Image copyrightLeonardo Mercon
Image captionEm um ano, ao menos quatro antas foram atropeladas no trecho crítico da BR-101; 20 mil animais são mortos por mês em segmento de 25 km
Image copyrightLeonardo Mercon
Image captionTamanduá-mirim atingido por veículo nas imediações da BR-101; duplicação de trecho da BR, prevista para 2025, preocupa especialistas
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionCotia atropelada em estrada de terra dentro da Floresta Nacional de Carajás, no Pará
Essa é, de longe, a principal causa de morte de bichos silvestres no país, superando caça ilegal, desmatamento e poluição. São 15 animais mortos por segundo, ou 1,3 milhão por dia e até 475 milhões por ano, segundo projeção do CBEE (Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas), da Universidade Federal de Lavras (MG).
Quem puxa a lista são os pequenos vertebrados, como sapos, cobras e aves de menor porte - respondem por 90% do massacre, ou 430 milhões de bichos. O restante se divide em animais de médio porte (macacos, gambás), com 40 milhões, e de grande porte (como antas, lobos e onças), com 5 milhões.
A situação, dizem especialistas, é o resultado natural para um país que desconsiderou os bichos ao planejar as rodovias e ainda dá os primeiros passos na adoção de medidas para minimizar os impactos das vias.

Corrida contra o tempo

"Está acontecendo uma desgraça total e não temos tempo nem de estudar o que ocorre", disse à BBC Brasil Áureo Banhos, professor do departamento de biologia da Universidade Federal do Espírito Santo.
Banhos coordena um time que monitora os atropelamentos no trecho de 25 km da BR-101 que corta uma das manchas verdes mais intactas do país. É um mosaico de 500 km² (ou um terço da cidade de São Paulo) de unidades de conservação rasgado pela pista única da via.
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionTrânsito na BR-101 no trecho que corta a reserva de Sooretema; área é último refúgio na região para grandes mamíferos
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionRodovia que une a área urbana de Parauapebas, no Pará, e a Floresta Nacional de Carajás; país tem mais de 15,5 mil km de estradas cortando unidades de conservação
Um exemplo do alerta do professor: das 70 espécies de morcegos identificadas na região, 47 já foram atropeladas na estrada - e uma delas era desconhecida da ciência até então. Ao todo, 165 espécies de diferentes animais perderam a vida por ali (10 anfíbios, 21 répteis, 63 aves e 71 mamíferos) – são 50 mortes por dia apenas nesse ramo da rodovia, ou 20 mil por ano.
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionTamanduá-bandeira atropelado na MS-178, que liga Bodoquena a Bonito, em Mato Grosso do Sul
Essa floresta integra as reservas de mata atlântica da Costa do Descobrimento, patrimônio natural da humanidade desde 1999. Por ser um raro fragmento contínuo de mata, é o último refúgio na região para várias espécies ameaçadas, como a anta, a onça-pintada, o tatu-canastra e a harpia.
O fotógrafo Leonardo Merçon, do Instituto Últimos Refúgios, fez um trabalho de registro da Reserva Biológica de Sooretama, a maior peça do mosaico verde da região. Impressionado pelos atropelamentos, acabou se engajando nas ações de conscientização para a gravidade do problema.
"Você nem precisa de dados para ver o impacto real do problema", afirma ele. Um vídeo do instituto que registrou uma onça-parda atropelada na estrada teve mais de 1 milhão de visualizações.
Em locais como esse, a perda de um único indivíduo pode ter impacto muito grande sobre a biodiversidade. "Engenheira" dos ecossistemas, por dispersar sementes e servir de presa para grandes predadores, a anta, por exemplo, leva 13 meses na gestação (com um filhote por vez) e demora dois anos entre as concepções.
Um possível caminho para os animais cruzarem para o outro lado da via são os dutos de drenagem de água sob a pista, mas nem sempre é simples mudar os hábitos dos animais.
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionTamanduá-mirim faz travessia por manilha construída na origem da BR-101 para escoamento de água
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionPesquisador da UFES Áureo Banhos em trabalho para adaptar os dutos de água fluvial para passagem de fauna; ao alto, um morcego passa pela manilha: ao menos 47 espécies desse mamífero já foram atropeladas na rodovia
"No parque nacional Banff, no Canadá, os ursos demoraram oito anos para começar a usar esse tipo de passagem", afirma Alex Bager, coordenador do CBEE. No caso da BR-101, apenas 15% dos bichos atropelados usam as manilhas.
Ou seja, talvez seja mais fácil mudar os hábitos dos motoristas, por meio de ações como redução de velocidade, radares inteligentes que multam pela média de velocidade (e não em apenas um ponto) e placas de advertência.
Image copyrightParks Canada
Image captionEstrutura para passagem superior de fauna construída no parque nacional Banff, no Canadá
A Eco-101, concessionária responsável pelo trecho da BR-101 em questão, diz que o segmento tem dois radares fixos, velocidade máxima de 60 km/h (especialistas defendem 25 km/h) e dez placas educativas. Afirma ainda promover ações de conscientização e que estuda a "ampliação dos dispositivos de segurança para os animais silvestres".

Ausência de normas

A situação da BR-101 no Espírito Santo – que ainda enfrenta a perspectiva de duplicação até 2025 – é uma amostra aguda de um problema nacional. São mais de 15,5 mil km de estradas atravessando áreas de conservação.
Os pontos críticos estão por todo o Brasil. Um levantamento do Instituto de Pesquisas Ecológicas em três trechos de rodovias de Mato Grosso do Sul (1.161 km nas BRs 267, 262 e 163) entre abril de 2013 e março de 2014, por exemplo, localizou 1.124 carcaças de 25 espécies diferentes, como cachorro-do-mato (286 mortes), tamanduá-bandeira (136) e jaguatirica (7).
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionCruz deixada por pesquisadores em local onde harpia foi encontrada morta na BR-101
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionRéptil passa por medição na BR-101; desafio é entender o impacto das rodovias nas populações de animais
E não há normas nacionais específicas para a construção de rodovias que cortam reservas naturais. Tudo tramita como um licenciamento ambiental padrão.
O problema vem mobilizando a classe acadêmica no país. Paralelamente a um boom nos estudos em ecologia de estradas, há articulações institucionais em curso no Congresso e em órgãos ambientais.
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionExemplares empalhados de espécies atropeladas na BR-101
Um fruto recente desse debate é o PL (Projeto de Lei) 466/2015, do deputado federal Ricardo Izar (PSD-SP), que busca tornar obrigatórias ações como monitoramento e sinalização em áreas "quentes" de atropelamentos, além da criação de um cadastro nacional de acidentes com animais silvestres.
Sobre essa última medida, um esforço nesse sentido já partiu da própria academia, com a criação do Sistema Urubu, uma espécie de rede social para compartilhamento e validação de informações sobre atropelamentos de bichos.
No ar há um ano, a iniciativa do CBEE conta com um aplicativo gratuito pelo qual qualquer pessoa pode fotografar e enviar imagens de acidentes com animais. Os registros são enviados para uma base de dados central e são validados por especialistas cadastrados no sistema, tudo online.
Image copyrightJoao Marcos Rosa
Image captionEm audiência com Procuradoria em abril, Áureo Banhos indica trecho de mata cortado pela BR-101; profissionais se articulam por medidas emergenciais e contra duplicação da via
Já são cerca de 15 mil usuários cadastrados e mais de 20 mil fotos enviadas. Para entrar no sistema, cada registro precisa ser validado por cinco especialistas, e ter o consenso de três deles sobre qual é a espécie em questão - são 800 "validadores" ativos na rede, cada um especializado numa classe animal.
"Muitas vezes, as pesquisas sobre o tema no Brasil são muito regionalizadas, restritas ao raio da universidade por falta de recursos. Com o sistema poderemos criar um mapa de áreas críticas de atropelamentos no país e usá-lo como política pública de conservação", afirma Alex Bager, do CBEE.
Diante da perspectiva da fase mais explosiva de construção de estradas na história, com pelo menos 25 milhões de km de novas rodovias no mundo até 2050, especialistas defendem que essas intervenções passem, cada vez mais, por estudos de custo-benefício.
Seria um modo de evitar a proliferação de vias em regiões de alto valor ambiental mas potencial agrícola apenas modesto, como a bacia Amazônica. "Construir estradas é abrir uma caixa de Pandora de problemas ambientais, e ainda estamos na pré-história da mitigação de impactos", afirma Banhos.
Image copyrightLeonardo Mercon
Image captionJabuti-tinga, espécie ameaçada, se arrisca na tentativa de atravessar a BR-101; perspectiva de 25 milhões de km de novas rodovias no mundo até 2050 exige ação urgente, afirmam especialistas

Rio de Janeiro proíbe o Uber Prefeito quer copiar o aplicativo para fiscalizar melhor o serviço dos táxis tradicionais “Não é Táxi x Uber, não é um ou outro, os dois funcionam juntos”

Taxistas protestam contra o Uber no Rio. / TÂNIA REGÔ/ AGÊNCIA BRASIL
Rio de Janeiro é a mais nova cidade a proibir o trabalho dos motoristas do Uber, o aplicativo que conecta passageiros e choferes particulares através do celular. O prefeito, Eduardo Paes (PMDB), sancionou na quarta-feira uma lei que garante exclusividade aos taxistas no transporte de passageiros e multa até com 2.000 reais aos motoristas sem autorização.
O prefeito também aproveitou a lei para aumentar ainda mais o número de licenças de táxis na cidade. O Rio, maravilhoso por sua paisagem e seus engarrafamentos, terá um taxímetro rodando para cada 193 cariocas, enquanto em Nova York existe um táxi para cada 630 habitantes. Paes também quer que a Prefeitura crie seu próprio aplicativo, obrigatório para todos os taxistas da cidade. Com ele, os passageiros poderão pagar as corridas com cartão, os motoristas não poderão recusar serviços – algo comum, apesar de proibido, entre os taxistas cariocas – e um serviço que o próprio prefeito considera “ruim” poderá ser melhor fiscalizado.
A empresa respondeu à decisão com uma carta pedindo que não se proíba o uso da tecnologia na cidade sem antes consultar seus habitantes. “Nós usamos a tecnologia. A Uber só não pode se achar tão auto centrada assim e achar que eles são a representação datecnologia. É uma plataforma inteligente que eu vou até copiar nos táxis da cidade”, respondeu Paes.
A decisão da Câmara Municipal, depois sancionada por Paes, responde à exigência dos taxistas que protagonizaram no final de julho uma grande manifestação contra o Uber, enquanto a empresa norte-americana oferecia descontos aos seus clientes. “Não é que o aplicativo atingiu muito nossa atividade, mas o pessoal está revoltado porque o movimento caiu por causa da crise. Sem crise ninguém perceberia se o Uber está na rua ou não. O Uber, na verdade, é mais um. Há um monte de concorrência desleal no Rio”, explica o taxista Josué Rozostolaco, de 53 anos.
Antes de Paes, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT),amado e odiado por sua política de construção de ciclovias, também proibiu o uso do aplicativo, mas abriu uma porta a sua regulamentação. Na semana passada o prefeito deu dez dias de prazo para a preparação de uma série de normas que evitariam o conflito de interesses entre os cerca de 30.000 taxistas tradicionais e os motoristas do Uber. “Precisamos buscar um caminho que não deixe a cidade sem a tecnologia moderna, mas que, por outro lado, não se esqueça que sem o olhar do Estado, sem cuidado e sem fiscalização, ao invés de modernizar podemos estar infringindo as leis”, disse Haddad em Paris, durante a comemoração do dia sem carro.O paradoxal da polêmica é que se o Uber fosse regulamentado e legalizado na cidade não seria difícil achar taxistas que largariam o táxi e trabalhariam com o aplicativo para evitar as altas diárias pagas para alugar os veículos. Josué entre eles. “Eu com certeza iria para oaplicativo. Compraria um carro financiado e deixaria de pagar a fortuna que eu pago”, diz Josué, que destina quase a metade (cerca de 4.000 reais) dos seus ganhos mensais ao pagamento de diárias aos donos do seu táxi. “E ganho isso só porque trabalho 14 ou 15 horas por dia”, frisa.
Em Belo Horizonte, os taxistas circularam há uma semana com fitas negras em seus retrovisores em sinal de protesto pela entrada do Uber em suas ruas. A proibição do aplicativo ainda não foi votada na Câmara Municipal.
Para Luiz Gustavo de Oliveira, mestre em direito processual civil e especialista em litígios envolvendo tecnologia, a proibição do Uber pelas prefeituras é inconstitucional. "A Constituição prevê que é da competência exclusiva da União legislar sobre transporte", afirma Oliveira. "Cabe ressaltar ainda que estamos falando de um contrato de transporte privado, firmado entre dois particulares, atividade absolutamente lícita e que não se confunde com a atividade do taxista, que tem por objeto o transporte público individual de passageiros".

Caixa Econômica Federal adia IPO da Caixa Seguridade

Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - A Caixa Econômica Federal anunciou nesta quinta-feira o adiamento da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade, devido ao "momento atual do mercado".
A decisão acontece num momento de fraqueza do mercado doméstico de capitais, refletindo a combinação de recessão econômica e crise política no país, que levou o principal índice acionário brasileiro, Ibovespa, ao nível mais baixo em uma década, em dólares.
Na semana passada, a Reuters publicou, citando fontes, que a decisão sobre o IPO da Caixa Seguridade e do IRB Brasil Re ainda este ano seria tomada nesta semana e que os bancos coordenadores das operações sugeriam fortemente o adiamento.
A Caixa Seguridade reúne participações da Caixa em seguros e previdência. Quando a operação de venda de ações da Caixa Seguridade foi lançada, fontes afirmaram à Reuters que a oferta poderia levantar cerca de 10 bilhões de reais.
Segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto, a decisão foi tomada nesta quinta-feira em reunião do Conselho de Administração da Caixa Seguridade, por unanimidade.
A medida representa um revés para o governo federal, que contava com as receitas de vendas de participação na companhia para ajudar na composição de um superávit primário em 2015.
Pelo cronograma da oferta, cuja análise foi submetida à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em agosto, o prazo para submissão dos documentos, antecedendo os encontros formais com investidores para formação do preço, expira nesta semana.
Para que a operação seja retomada, o prospecto da oferta agora terá que ser atualizado com resultados trimestrais mais recentes.
Uma decisão sobre que destino terá a oferta de ações do IRB Brasil Re também deve sair em breve, dado que o pedido de análise da operação aconteceu em agosto, na mesma semana em que foi submetido o da Caixa Seguridade.
Consultado, o IRB Brasil Re afirmou que nenhuma decisão sobre o assunto foi tomada ainda.
 

Aviões supostamente russos bombardeiam cidade ocupada pelo Estado Islâmico na Síria

BEIRUTE (Reuters) - Aviões supostamente russos bombardearam durante a noite uma cidade tomada pelo Estado Islâmico a 130 quilômetros de Damasco, relatou o Observatório Sírio para Direitos Humanos, sediado na Grã-Bretanha, nesta sexta-feira.
O Estado Islâmico capturou a cidade de Qaryatain em agosto. Rami Abdulrahman, diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, disse à Reuters que os aviões eram possivelmente russos.
(Por Tom Perry)

Paris endurece lei contra bitucas e sujeira nas ruas Daniela Fernandes De Paris para a BBC Brasil

APImage copyrightAP
Para combater a sujeira nas ruas de Paris, a prefeitura da capital francesa começará a aplicar a partir desta quinta-feira uma multa de 68 euros (cerca de R$ 300) a quem jogar pontas de cigarro ou qualquer outro detrito nas calçadas.
A limpeza das ruas foi um dos principais temas da campanha nas eleições municipais do ano passado.
Paris, uma das cidades mais visitadas do mundo, vem sofrendo críticas nessa área por parte de turistas e também de seus próprios moradores.
Uma pesquisa feita pelo site de viagens Trip Advisor classificou Paris no 24° lugar em relação à limpeza entre 40 cidades. A mais bem colocada foi Tóquio e a última colocada foi Mumbai, na Índia.
No ano passado, a imprensa internacional destacou fotos do jardim do Louvre infestado de ratos, atraídos pelos restos de comida deixados por visitantes que costumam fazer piquenique no local durante o verão.
A multa instituída a partir desta quinta-feira em Paris será aplicada contra qualquer ato de incivilidade, inclusive contra quem urinar na rua, mas tem como alvo principal os fumantes que jogam bitucas de cigarro pelas calçadas.
Segundo a prefeitura da capital, 350 toneladas de pontas de cigarro são recolhidas anualmente das ruas pelos quase 5 mil garis que limpam os 2,9 mil quilômetros de calçadas em Paris.
Nas últimas semanas, fotos de montanhas de bitucas de cigarro foram colocadas nos caminhões de lixo da cidade para alertar sobre o problema.
A Prefeitura informa ter instalado 30 mil novas lixeiras na rua nos últimos meses, dotadas de um espaço para apagar o cigarro, o que representa um cesto de lixo desse tipo a cada cem metros.
Basta passar no horário de fechamento em frente a um bar com mesas na rua ou onde as pessoas costumam beber e fumar em pé na calçada para ver a enorme quantidade de cigarros pelo chão.

'Sentado em um cinzeiro'

O paulistano Luiz Alberto Gabrilli Neto, em visita a Paris, disse à BBC Brasil ter se sentido incomodado ao ver tantas pontas de cigarro pelo chão nos terraços dos cafés parisienses.
"Dá a impressão de estar sentado em um cinzeiro", afirma. "Em São Paulo, é proibido fumar nos terraços dos bares e restaurantes porque são áreas cobertas por toldos, mas em Paris é permitido. O chão fica muito sujo", diz Gabrilli.
A prefeitura de Paris pediu aos donos de bares, hotéis e restaurantes da cidade que colocassem cinzeiros à disposição dos clientes nas calçadas.
"A cidade é limpada diariamente, mas a situação hoje não é satisfatória", afirma Mao Peninou, secretário municipal responsável pela limpeza de Paris.
"Fizemos primeiro campanhas de informação e, em uma segunda etapa, instalamos novas lixeiras e distribuímos cinzeiros de bolso, e também criamos urinóis em áreas muito frequentadas. Agora vamos multar de maneira maciça quem não respeitar as regras", diz Peninou.
As 350 toneladas de pontas de cigarro pelas ruas não são o único problema relacionado à limpeza de Paris. Apesar dos banheiros públicos serem gratuitos desde 2006, em algumas partes da cidade, como nas escadarias de Montmartre, há calçadas impregnadas por um forte cheiro de urina.
Foto: Daniela FernandesImage copyright
Image captionMulta visa principalmente fumantes mas também outros atos de incivilidade (Foto: Daniela Fernandes)
Uma das soluções estudadas pela prefeitura para combater o problema da urina seria utilizar nos muros das áreas problemáticas uma tinta hidrofóbica que repele líquidos, como já existe na Alemanha, o que acabaria sujando a pessoa que comete a infração.

Mutirões de limpeza

A prefeitura de Paris e as de alguns bairros vêm organizando operações mutirões com os habitantes para a limpeza da cidade.
Uma grande operação desse tipo, organizada pela prefeitura de Paris, foi realizada em maio.
Comparada a outras cidades internacionais, não é possível dizer que Paris seja uma cidade muito suja. Mas em alguns bairros, como o 10° distrito da capital, área popular que está na moda e onde estão sendo abertos inúmeros bares e restaurantes, é muito comum ver lixo e objetos, inclusive móveis, jogados pela rua.
É no 10° distrito que fica o badalado Canal Saint-Martin. O local atrai inúmeros visitantes, principalmente nas noites mais quentes, e tem enfrentado problemas crescentes de lixo pelas ruas e jogado no próprio canal.
Em julho, fotos na página "Welcome to Canal Saint-Martin", publicadas na conta no Instagram aberta por uma moradora da região, mostravam o canal repleto de garrafas de bebida, latinhas e sacos de comida. As imagens se tornaram virais nas redes sociais.

Brigada

Anne Hidalgo, prefeita de Paris, declarou que estuda atualmente a possibilidade de criar uma "brigada contra a anticivilidade", como já existe em Cannes, no sul da França.
"Essa brigada será encarregada de reprimir a anticivilidade e também atuará como mediadora para facilitar a tranquilidade pública", disse Hidalgo.
Em novembro, a prefeitura irá lançar um novo plano para reforçar a limpeza de Paris, que levará em conta "os novos hábitos dos turistas e dos parisienses", segundo o secretário Peninou.
Para alguns críticos, a nova multa de 68 euros contra sujeira nas ruas serádificilmente aplicada em razão do pequeno número de fiscais, apenas cerca de cem.
A prefeitura estuda ampliar o número de fiscais por meio de uma colaboração com a Secretaria de Segurança Pública da capital.

‘Isso já virou rotina’, diz Obama após novo massacre; presidente defende controle de armas

Após o massacre que deixou pelo menos 9 pessoas mortas em uma faculdade no Oregon, nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama disse que "isso já virou rotina".
"Isto já virou rotina, de certa forma. A notícia é rotina. Minha resposta aqui, neste púlpito, acaba sendo rotina. Ficamos anestesiados diante disso", afirmou.
Obama disse que a resposta das pessoas que se opõem ao controle de armas também "virou rotina".
"Precisamos de mais armas, eles irão argumentar", completou o presidente.
Obama questionou se alguém realmente acredita no argumento e defendeu alterações na lei.
"Há uma arma praticamente para cada homem, mulher e criança nos EUA. Então como você, seriamente, pode argumentar que mais armas trarão mais segurança?"
O ataque ocorreu na Umpqua Community College e deixou pelo menos sete pessoas feridas.
De acordo com a mídia local, um atirador entrou no local e disparou contra os estudantes. A polícia informou que o criminoso, Chris Harper Mercer, morreu em troca de tiros com policiais.