Depois de 33 anos no PT, a ex-prefeita de São Paulo e senadora Marta Suplicy oficializou neste sábado (26), na capital paulista, a sua filiação ao PMDB.
O evento, realizado no Tuca, um dos símbolos da resistência ao regime militar, reuniu nomes como o presidente em exercício, Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Cunha foi aplaudido quando defendeu que o PMDB tenha candidatura própria à Presidência da República em 2018.
"O PMDB tem de ter candidato a presidente da República. Não podemos mais ir a reboque de quem quer que seja. Time que não joga não tem torcida. Chega de usar o PMDB apenas como parte de um processo para dar cobertura congressual para aquilo que a gente não participou. (...) Que o PMDB siga seu exemplo, vamos largar o PT", disse a Marta.
Também participaram do evento o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o ministro Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), senadores e deputados do PMDB e do PCdoB.
Vice-presidente Michel Temer e a senadora Marta Suplicy durante ato de filiação ao PMDB no Teatro Tuca (Foto: Leonardo Benassatto/Futura Press/Estadão Conteúdo)
A senadora disse que, ao olhar nos olhos do presidente nacional do PMDB, Michel Temer, sentiu confiança. Marta ainda elogiou cada um dos líderes à mesa, bem como o ex-presidente José Sarney, que não estava no evento, a quem chamou de "gigante da política".'Reunificação'
Em seu discurso, Marta lamentou a saída do PT e disse que o melhor caminho, por mais doído que seja, é o rompimento.
"Diante de relações conflituosas, sem a menor perspectiva de melhora, e que fere os nossos princípios, o melhor caminho a se tomar, por mais doido que seja, é o rompimento."
Depois de afirmar que quer ver o país livre da corrupção e de quem usa a política com objetivos pessoais, Marta disse que Temer vai reunificar o país. "A gente quer um Brasil livre da corrupção (...). Michel, conte comigo para reunificar os sonhos, reunificar o país. Vamos todos unir o Brasil", acrescentou.
O vice-presidente deu as boas vindas à colega e disse que o PMDB é um partido de "divergências internas quase permanentes, que fazem a sua grandeza". Temer afirmou ainda que os dois possuem "a mesma fé e os mesmos ideais".
Durante o evento, o locutor conclamava os militantes a gritar "Um, dois, três, quatro, cinco mil, Marta e Michel em São Paulo e no Brasil".
Saída do PT
Marta, de 70 anos, se desfiliou do PT em 28 de abril, após 33 anos na legenda. Filiada ao PT desde 1981, antes de se eleger para o Senado, Marta foi deputada federal (1995 a 1999) e prefeita de São Paulo (2001 a 2004) pela legenda.
No segundo mandato do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, ela assumiu o Ministério do Turismo. Marta ficou na pasta até junho de 2008 e se afastou para concorrer à prefeitura de São Paulo, retornando ao ministério na gestão Dilma Rousseff.
Ela tentou obter apoio do PT para disputar a prefeitura de São Paulo em 2012, mas perdeu a disputa interna para Fernando Haddad, apoiado pelo ex-presidente Lula.
Em
maio deste ano, o PT de São Paulo informou que aprovou por unanimidade requerer à Justiça Eleitoral o mandato de Marta Suplicy (PT), que tem vigência até 2019.
O PT afirmou que, após sucessivas recusas em dialogar com a direção do PT sobre as razões de suas supostas insatisfações, Marta formalizou a desfiliação do partido movida unicamente por interesses eleitorais e "desmedido personalismo". Marta Suplicy teve encontro em julho com o vice-presidente Michel Temer, no qual discutiu sua filiação ao PMDB.