sábado, 26 de setembro de 2015

Após escândalo de fraude, Ibama decide investigar a Volks no Brasil

Martin Winterkorn, ex-CEO da Volkswagen.© MICHELE TANTUSSI Martin Winterkorn, ex-CEO da Volkswagen.
Após a Volkswagen ter reconhecido que instalou um software para driblar controles de emissões de poluentes de carros nos Estados Unidos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) decidiu abrir uma investigação contra a montadora para avaliar se a fraude também foi aplicada no Brasil. "Trata-se de um caso gravíssimo", afirmou o órgão por meio de nota.

Caso seja confirmada a manipulação nos automóveis brasileiros, a Volkswagen poderá ser multada em até 50 milhões de reais e será obrigada a fazer um recall para corrigir todos os veículos que eventualmente tenham sido submetidos à alteração no software.O Ibama informou ainda que cobraria esclarecimentos da empresa nesta sexta-feira. Até o fechamento desta edição, porém, a Volkswagen afirmou que não tinha recebido a notificação.
Há uma semana, a Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA)  emitiu um aviso de violação de sua legislação de poluição atmosférica pela Volkswagen AG, pela Audi AG e pelo Grupo Volkswagen da America Inc. A EPA acusou a montadora de instalar, de forma deliberada, um programa desenhado para evitar os limites às emissões de veículos dos EUA. Os testes identificaram que esses veículos, em uso normal, emitem 40 vezes mais poluição do que o máximo permitido pela norma americana, segundo a EPA. A violação se refere a veículos movidos a Diesel de quatro cilindros comercializados pelas montadoras no período de 2009 a 2015.
Os modelos afetados incluem as versões a diesel do Passat, assim como o VW Beetle, o Jetta e o Golf. O Audi A3 também está sendo investigado. No mês passado, os modelos a diesel representaram 23% das vendas da marca VW nos EUA, segundo nota da companhia à imprensa.
Após a descoberta da fraude, a cotação da Volkswagen despencou no início da semana na Bolsa de Frankfurt, chegando ao seu valor mínimo em três anos, com uma queda próxima a 20% durante a jornada – o que representa uma redução de 15,6 bilhões de euros (70 bilhões de reais) no seu valor de mercado. Na quarta-feira, o presidente da montadora desde 2007, Martin Winterkorn, não aguentou a pressão e renunciou ao cargo. "A Volkswagen precisa se renovar, também do ponto de vista pessoal. Estou disposto a abrir o caminho da renovação com minha renúncia", disse Winterkorn em comunicado.

Apple divulga lista de apps infectados em maior ataque à App Store Entre os aplicativos afetados, estão o WeChat e o DiDi Taxi, que fazem parte dos 25 mais populares da loja

SÃO PAULO – A Apple divulgou a lista dos aplicativos que foram infectados por vírus durante o maior ataque enfrentado até agora pela App Store.
Os programas afetados incluem Baidu Music, 58 Classified-Job, Used Cars, Rent e um de música do portal NetEase, além do app de mensagens WeChat e o de chamada de transporte particular DiDi Taxi, que estão entre os 25 mais populares.
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No último domingo (20), a Apple anunciou que estava limpando a loja de apps após empresas de segurança de computadores relatarem que hackers infiltraram um malware chamado de XcodeGhost na App Store, que afeta o conjunto de ferramentas de software de construção de aplicativos.
O vírus infectou centenas de aplicativos desenvolvidos na China. A companhia diz que está trabalhando com os desenvolvedores para restaurar os apps, sendo que alguns podem ser corrigidos por meio de atualizações. 
A lista completa (que está em chinês e inglês) pode ser vista aqui

Garoto com doença genética rara gera comoção no Chile e amplia debate sobre doação de órgãos Inma Gil Da BBC Mundo

Image copyrightCORTESIA VIVIANNE PEREY
Image captionEm fevereiro deste ano, Cristóbal se sentia perfeitamente saudável - hoje sua vida corre perigo
Há algumas semanas, Cristóbal Gelfenstein Perey completou seus 14 anos de idade, mas não pôde festejar – ele está internado sob cuidados intensivos em um hospital em Santiago, no Chile.
Assim como sua irmã, Cristóbal sofre de uma doença muito rara de origem genética que afeta o sistema respiratório e pode matá-lo.
O caso dele chamou a atenção no país e o garoto virou prioridade nacional para um transplante de pulmão. No Chile, a taxa de doação de órgãos ainda é baixa, com somente sete pessoas doadoras para cada milhão – no Brasil, segundo os dados mais recentes, são 14,2 doadores por milhão.
À espera, família e amigos correm contra o relógio para evitar que Cristóbal acabe morrendo da mesma doença que já tirou a vida de sua irmã em 2012 – a hemangiomatose capilar pulmonar. A garota tinha apenas 17 anos quando faleceu.
A vida do adolescente depende do transplante, e a família tem feito campanha pelas redes sociais nas últimas semanas para tentar conseguir um doador – o lema é "Salvem o Cris" - e estimular mais chilenos a se tornarem doadores de órgãos.
"Eu perdi uma filha há três anos com essa mesma doença. Sei como é difícil encontrar esse pulmão e sei que a vida de Cris depende disso", lamentou a mãe do adolescente em um vídeo no YouTube que faz parte da campanha para salvar seu filho.
"Eu sei que ele vai aproveitar muito a vida, vai ser um garoto muito, muito feliz se tiver essa chance. Ele vai ser muito grato. E… Nós não queremos perdê-lo", completou.
A mãe diz que o menino é uma criança bastante otimista, mas tem dias que acaba ficando desanimado pela doença. Todo dia, ele faz algum tipo de exercício em aparelhos, uma caminhada na esteira ou alguns minutos na bicicleta – tudo para minimizar a perda de massa muscular, algo essencial para que ele possa se recuperar depois de um transplante futuro.

Doença rara

A hemangiomatose capilar pulmonar é uma má formação nos pulmões que dificulta o processo de oxigenação do sangue.
Ela resulta de um crescimento capilar anormal nos pulmões e acredita-se que isso esteja relacionado a uma mutação genética.
Essa anomalia gera uma hipertensão pulmonar aguda – e a consequência é um excesso de pressão no coração, que resulta em uma insuficiência cardíaca.
Image copyrightCORTESIA DE VIVIANNE PEREY
Image captionCristóbal vive com a ajuda de aparelhos que fazem seu pulmão e seu coração funcionarem
O coração de Cristóbal começou a falhar em 31 de agosto, quando ele deu entrada no hospital. Agora, tanto os pulmões quanto seu coração estão funcionando somente com a ajuda de aparelhos.
A prioridade é "cuidar do coração o máximo possível até que aconteça o transplante", conforme explicou a mãe do garoto, Vivianne Perey, à BBC.
Mas a equipe médica que cuida de Cristóbal, e que é liderada pelo mesmo cirurgião cardiovascular, Cristián Baeza, que há alguns anos cuidou de sua irmã, não sabe detalhes sobre como a doença se desenvolve, já que ela é bastante rara e pouco conhecida no mundo – até hoje, houve apenas 50 casos registrados dela em todo o planeta.
"Ninguém tem muita experiência nessa doença", disse o cirurgião.
No Chile, somente duas pessoas foram diagnosticadas com esse quadro: Cristóbal e sua irmã, Trinidad, ambos durante a adolescência.
Em outros lugares do mundo, a doença já afetou pacientes mais velhos, com mais de 40 anos, conforme explicou Baeza. Mas, no caso dos irmãos chilenos, a hemangiomatose capilar pulmonar já começou de maneira agressiva.
Em apenas seis meses, Cristóbal deixou de ser um adolescente normal, esportista e saudável a ficar em estado grave no hospital.
Em março, começaram a se manifestar os primeiros sintomas: uma fadiga mais intensa que o normal e desproporcional ao tipo de atividade que realizava. A partir daí, ele já não conseguia seguir com o ritmo esportivo que tinha no colégio.
Agora, conforme já sentenciou o pai do menino, Sergio Gelfenstein, à mídia local, "a única possibilidade de Cristóbal se salvar é por meio de um transplante".
Image copyrightCORTESIA DE VIVIANNE PEREY
Image captionMãe faz campanha nas redes sociais para conseguir doação de um pulmão para filho

Mudança na lei

Cristóbal não é o único chileno que espera desesperadamente por um transplante. Cristóbal Ferrada, de 14 anos, e Monserrat Sarmiento, de 6, também estão internados à espera de um coração.
Atualmente, 1,8 mil doentes estão na lista de espera no Chile para receber um órgão, segundo Ana María Arriagada, presidente da Corporação do Transplante no país.
Em 2013, a lei de Doação Universal foi modificada no Chile para simplificar o processo e estimular mais doações – agora, as pessoas que não quiserem ser doadoras precisam deixar isso registrado em cartório.
Ainda assim, segundo Arriagada, o índice de doadores no Chile continua entre os mais baixos da região.
Uma das dificuldades para mudar essa tendência no Chile é que as famílias frequentemente não liberam a doação de órgãos, ainda que a pessoa falecida tenha se mostrado favorável à ideia enquanto estava viva.
Segundo dados da Corporação de Transplante, cerca de 50% das famílias dizem que não nas entrevistas para liberar a doação de órgãos.
Por isso, um dos lemas usados na campanha de apoio a Cristóbal nas redes sociais é: "Sou doador e minha família sabe".

Eduardo Cunha volta a pedir rompimento do PMDB com governo Dilma "Só não vou participar (das conversas sobre reforma) como eu não quero que o PMDB participe", disse

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a defender nesta sexta-feira (25/9) que seu partido rompa com o governo da presidente Dilma Rousseff. Ele é contra a indicação de nomes da sigla para a reforma ministerial que vem sendo negociada desde a semana passada.

"Só não vou participar (das conversas sobre reforma) como eu não quero que o PMDB participe", disse, após deixar evento do grupo Lide, em Goiânia. "A minha posição é muito clara, pública. Eu defendo que o PMDB saia do governo", concluiu.

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Cunha lembrou que já foi convocado, para novembro, um congresso para definir o futuro do partido. "Acho até que deveríamos fazer uma convenção nacional", afirmou o deputado.

Apesar de manter sua fala oposicionista, Cunha aumentou o número de conversas com a presidente nos últimos dias. Na segunda-feira, os dois se falaram por telefone. Dilma o consultou sobre a reforma ministerial. Cunha considerou o gesto da presidente "uma gentileza", mas preferiu não dar opinião sobre o assunto.

Oficialmente, os líderes das bancadas do PMDB, Eunício Oliveira (Senado) e Leonardo Picciani (Câmara), foram escalados para tratar da reforma com Dilma. Nos bastidores, no entanto, toda a cúpula tem influenciado nas escolhas. Dois indicados por Picciani para o Ministério da Saúde são aliados de Cunha: Celso Pansera (RJ) e Manoel Júnior (PB). Até agora, Dilma ofereceu cinco pastas para o partido - duas para a Câmara, duas para o Senado e uma para o vice-presidente. As negociações, porém, emperraram por divergências no partido.

Por que eclipses como o deste domingo preocupam a Nasa

NasaImage copyrightNASA
Image captionA nave Lunar Reconnaissance Orbiter foi lançada no espaço em 2009
Ao longo da noite deste domingo e da madrugada de segunda-feira, grande parte do mundo, incluindo o continente americano, terá a oportunidade de desfrutar do espetáculo raro de um eclipse total da Lua junto e do evento da superlua.
O eclipse total deve deixar a Lua completamente nas sombras, pois a Terra fica entre ela e o Sol. Já a superlua acontece quando a Lua cheia ou nova se encontra em seu ponto mais próximo da Terra.
Para os entusiastas de astronomia esses eventos serão belos. Mas, para a agência espacial americana, a Nasa, será motivo de preocupação.
Os cientistas temem que a falta de luz solar devido ao eclipse deixe sem energia uma de suas naves mais importantes, a Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), cuja missão é explorar e monitorar o satélite natural da Terra.
"Duas coisas acontecem durante um eclipse: fica muito frio e não há luz para carregar as baterias (da nave). Com o eclipse, a nave vai ficar sem luz direta do Sol por cerca de três horas", disse à BBC o cientista da Nasa Noah Petro.
Apesar do temor da Nasa, a agência espacial americana já passou, com êxito, por outros três eclipses lunares nos últimos 17 meses.
"Sempre é estressante quando o eclipse está se aproximando, mas seguimos os mesmos procedimentos e não tivemos nenhum problema", afirmou Dawn Myers, do centro de voos espaciais Goddard, que faz parte da Nasa.

Lua vermelha

O eclipse total deve durar mais de uma hora. A Lua também ficará com uma cor avermelhada pois sua superfície estará iluminada por raios tênues que refletem da atmosfera terrestre.
O que gera a preocupação na Nasa é que tecnologias semelhantes às da LRO enfrentaram dificuldades durante eclipses passados. No entanto, a LRO foi projetada especificamente com esses problemas em mente.
"Normalmente a LRO recarrega as baterias com a luz do sol, então quando temos um eclipse, ficamos muito cautelosos em relação à nave", disse Noah Petro.
Mas o cientista lembra que a Nasa tem experiência em eventos como este e, desta vez, vai tomar algumas precauções.
Nasa
Image captionNoah Petro afirma que o procedimento será parecido com o que fazemos com o celular quando a bateria está a 20%
"Vamos preaquecer a nave e desligar todos os instrumentos, exceto um para manter a nave segura", afirmou. "Como no celular, toda vez que recebo o alerta de que tenho 20% (de bateria restante), posso desligar o wi-fi ou certos aplicativos (para economizar energia)."
"Prevemos que tudo ocorrerá normalmente. Estaremos preparados e prontos para enfrentar (o eclipse). Vamos observar os níveis das baterias e estamos prontos para agir se algo não sair conforme o previsto. Vamos garantir que (a nave) saia do eclipse em boa forma", disse.
O próximo eclipse lunar total deve ocorrer em 2018 e um eclipse lunar e superlua simultâneos só devem ocorrer em 2033.
E, apesar de o fenômeno ser chamado de superlua, não será vista uma diferença tão extraordinária.
"Não é como a diferença entre um homem comum e o Super-Homem. É uma Lua ligeiramente maior, em vez de superlua", disse Alan MacRobert, um dos editores da revista especializada em astronomia Sky & Telescope.
De concreto, será vista uma Lua 14% maior e cerca de 30% mais brilhante do que a Lua cheia normal.

Negros são os mais ameaçados por crise econômica no Brasil, diz relatora da ONU Hugo Bachega - @hugobachega Da BBC Brasil em Londres

Agência BrasilImage copyrightAgencia Brasil
Image captionSegundo relatora, Brasil pode fracassar em capitalizar os avanços de inclusão feitos até agora
A "pobreza tem cor no Brasil", e os negros são os mais ameaçados pela crise econômica do país, diz Rita Izsák.
Relatora especial das Nações Unidas sobre Questões de Minorias, ela elogiou políticas de igualdade adotadas pelo Brasil, mas alertou que essas comunidades "imploram" por resultados imediatos. "As pessoas estão muito impacientes", disse Izsák, em entrevista à BBC Brasil.
No relatório, apresentado na última quinta-feira, ela criticou a falta de representatividade de negros em posições públicas e privadas e disse que o país pode fracassar em capitalizar nos avanços feitos até agora se não houver diálogo e confiança. "O tecido social é muito frágil".
Foi a primeira missão oficial de Izsák no Brasil. Em 11 dias, visitou cidades na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo.
Nascida na Hungria, ela disse ainda que a mídia precisar expor mais "modelos negros" para romper o ciclo de marginalização, e que a exposição de negros na TV é, geralmente, relacionada à violência e à criminalidade. "Infelizmente, não há modelos positivos".
Veja abaixo trechos da entrevista, feita por telefone, de Brasília.
BBC Brasil - Qual é a conclusão do relatório?
Rita Izsák - Há muitas boas leis e políticas para proteger os direitos das minorias. No entanto, elas exigem medidas mais imediatas que possam se manifestar em mudanças reais em suas vidas.
Trata-se de um momento muito positivo no Brasil. (Mas) eu vejo que o tecido social é muito frágil, as pessoas estão muito impacientes, especialmente grupos que sentem que estão marginalizados há muitos anos e querem mudanças reais.
Mas, ao mesmo tempo, todo mundo reconhece que depois de 500 anos de injustiça e escravidão é muito difícil obter progresso. Mas há certas medidas e políticas que deveriam ser adotadas o mais breve possível.
Agência BrasilImage copyrightAgencia Brasil
Image captionIzsák apresentou relatório sobre minorias em Brasília e disse que 'pobreza no Brasil tem cor'
BBC Brasil - No relatório, a Sr.ª diz que os negros brasileiros são "marginalizados", apesar de todas as políticas recentes de inclusão. Como isso se dá na realidade?
Izsák - Há estatísticas claras das diferenças de expectativa de vida, renda, representação dos negros na sociedade. E há alguns dados bem chocantes que deixam claro esse 'abismo racial': em termos de representação política e poder econômico, a população negra está realmente atrás da população não-negra, branca.
O ponto bom é que isso é mostrado por dados e o governo brasileiro adotou muitas leis para superar estes desafios.
BBC Brasil - A Sr.ª disse que a violência tem uma "clara dimensão racial clara", incluindo violência policial. Negros se tornam alvo por causa da cor?
Izsák - É uma questão muito complicada. A guerra às drogas é uma fonte de violência contra brasileiros negros. A taxa de homicídios no Brasil é estimada em 56 mil pessoas por ano (O Brasil é o país com o maior número de homícidios do mundo em termos absolutos), e há estimativa que 75% das vítimas sejam negros.
Trata-se de algo preocupante. Especialmente se considerarmos que negros são 75% da população carcerária.
BBC Brasil - A Sr.ª disse que as minorias estão "impacientes". Há algum risco de revolta social?
Izsák - Eu fui a favelas e comunidades quilombolas. Favelas tendem a ficar nos subúrbios das cidades, em situações muito difíceis. E as comunidades quilombolas, muitas vezes, estão bem longe de centros urbanos.
E essas comunidades estão realmente implorando por medidas. Às vezes, o que elas pedem não é muito, como um centro comunitário. Nas favelas, a população reivindica apenas alguns serviços, para que não fique apenas nas ruas, mas tenha algo para fazer. Eles querem estudar, por exemplo.
Nas comunidades quilombolas, eles pedem a demarcação da terra, para que tenham liberdade de sobreviver e continuar com suas tradições.
E essas comunidades estão realmente ficando impacientes. Eles recebem promessas, mas dizem que isso não é o suficiente.
E na atual crise política e econômica é importante dizer que o Brasil está no caminho certo. Reconheço que houve muito progresso. Mas ele não pode parar.
Essas comunidades reivindicam que as secretarias especiais de Direitos Humanos e de Igualdade Racial mantenham suas posições, tenham seus orçamentos e autoridade. Porque, caso contrário, temo que se esses mecanismos desaparecerem, essas comunidades fiquem ainda mais desesperadas e sem esperança sobre seu futuro.
Agência BrasilImage copyrightAgencia Brasil
Image captionSegundo relatora, minorias estão impacientes e pedem por políticas públicas com resultados imediatos
BBC Brasil - Parece ser um círculo vicioso difícil de quebrar ─ os pais desses jovens passaram por dificuldades e agora são seus filhos.
Izsák - O que nós ouvimos dos jovens nas favelas é que, às vezes, eles precisam de um modelo. Porque não há professores negros. Ou modelos positivos negros na mídia.
No horário nobre, é muito difícil ver algum personagem negro positivo na TV. A comunidade negra é sempre retratada pela ótica da criminalidade e violência. Quando não há modelos inspiradores...é claro que esses jovens vão seguir os passos de traficantes que despontam como indivíduos bem sucedidos em suas comunidades.
É possível romper esse círculo vicioso, mas é necessário ter mais rostos negros no dia a dia em geral. E, para isso, é necessária uma mudança radical sobre como a mídia retrata essa população.
BBC Brasil - E por que é tão difícil para a sociedade brasileira acolher os negros, se 53% da população se diz negra (O IBGE se refere a "pretos" e "pardos" como "negros").
Izsák - Essa é a pergunta de US$ 1 milhão! Isso é o que a gente tem tentado descobrir. É dificil, porque quando nos encontramos com autoridades, elas são brancas, na maioria. São bem comprometidas e dizem "sim, a gente precisa superar isso".
Acho que é preciso uma mudança no pensamento. Negros muitas vezes se consideram vítimas. E acho que é completamente compreensível, dado o contexto histórico e escravidão.
Mas acredito que, muitas vezes, esse estigma também vem da população branca, que ainda considera negros como animadores, sambistas, por exemplo. Mas quando se trata de negros intelectuais, há uma abertura bem menor. A gente precisa superar esses estereótipos.
Image copyrightAP
Image captionManifestante em protesto no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro: relatora disse que violência no Brasil tem uma clara dimensão racial clara'
BBC Brasil - O Brasil é um país racista?
Izsák - Há pessoas racistas, mas há também progressistas, como em todo lugar. (Mas) eu não diria que o Brasil é um país racista.
Acho que uma das questões aqui é a concentração do poder político, econômico e midiático nas mãos de algumas pessoas. E, entre eles, encontramos muitos que não acreditam no potencial de negros. Não é que a maioria dos brasileiros seja racista, eu duvido disso.
BBC Brasil - A sra. disse que "a pobreza no Brasil tem cor". Os negros são os mais ameaçados pela crise econômica do país?
Izsák - Com certeza, não há nenhuma dúvida sobre isso.

Rússia e Estônia trocam espiões


Presidente da Estônia Toomas Hendrik posa com Eston Kohver em fevereiro de 2010
O serviço de segurança russo (FSB) revelou neste sábado que trocou um agente da Estônia, Eston Kohver, condenado por espionagem em Moscou, por um espião russo preso na Estônia.
Kohver, que foi sentenciado em agosto a 15 anos de prisão na Rússia, principalmente por espionagem, foi trocado em 26 de setembro por Aleksei Dressen, ex-chefe da segurança da Estônia que cumpria uma pena de 16 anos por espionagem a favor de Moscou, indicou o FSB em um comunicado citado por agências de notícias russas.
A troca ocorreu em uma ponte sobre o rio Piusa, que marca a fronteira entre os dois países.
O advogado Mark Feigin, que defendeu Kohver, disse que a troca foi organizada "a nível político" e que o momento foi escolhido para melhorar a imagem da Rússia no exterior antes do discurso do presidente Vladimir Putin na segunda-feira na ONU.
Eston Kohver, preso na Rússia mas levado, de acordo com Tallinn, à Estônia, foi condenado por "espionagem, posse ilegal de armas e por ter cruzado ilegalmente a fronteira com a Rússia", um veredicto que desencadeou protestos de Bruxelas e Washington em meio a tensões entre russos e ocidentais.
Dressen foi condenado em 2012 com sua esposa Victoria. Ele foi condenado por passar informações secretas para Moscou durante anos após a independência da Estônia em 1991.